RECLAMAÇÃO TRABALHISTA

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AO JUÍZO DA VARA DO TRABALHO DE PORTO VELHO/RO
João Pedro, brasileiro, estado civil..., garçom, com ... anos de idade, portador da cédula de identidade n.º ... e cadastro de pessoa física n.º ..., residente e domiciliado na Rua ..., n.º ..., bairro ..., Município de Porto Velho, vêm, respeitosamente, perante V. Exa., por seu advogado in fine subscrito, com endereço na Rua... n°... – bairro..., cidade..., constituído na forma dos instrumentos procuratórios em anexo, com fundamento nos artigos 840, caput, § 1°, da CLT e 319 do CPC, propor RECLAMATÓRIA TRABALHISTA COM PEDIDO DE LIMINAR, em face da empresa Hamburguer Mania, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o n°... e-mail..., com sede na Av..., n°..., bairro, Porto Velho-RO, CEP... pelos fatos e motivos que passa a expor:
I – DAS PRELIMINARES
I.I - DA JUSTIÇA GRATUITA
	O reclamante requer a concessão dos benefícios da Justiça gratuita, pois não tem condições de arcar com as despesas processuais, nos termos do art. 790, §§ 3º e 4º, da CLT.
II – SÍNTESE DA RELAÇÃO DE TRABALHO
	Trata-se de contrato de trabalho para a função de garçom, pelo período de oito horas diárias, de segunda a sexta-feira, usufruindo de apenas 30 minutos de intervalo intrajornada.
	A remuneração contratada para oito horas diárias foi de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) mensalmente, pactuado.
Ocorre que Pedro foi contratado no mesmo dia que Juan para exercer a mesma função, na mesma filial, contando que o trabalho se dava com a mesma perfeição técnica e produtividade, porém Juan recebia salário fixo de 2.500,00 por mês.
III – MÉRITO
1 - DA EQUIPARAÇÃO SALARIAL
O reclamante constatou que seu colega Juan, admitido na mesma data, estava recebendo um salário superior ao seu, exercendo as mesmas funções e atividades, da qual havia sido contratado, o que caracteriza latente discriminação, conforme preceitua o art. 5° da CLT, senão vejamos:
“Art. 5° – A todo trabalho de igual valor corresponderá salário igual, sem distinção de sexo.”
Portanto, não se admite a convivência de dois trabalhadores em situações idênticas recebendo salários diferentes. 
Nesse mesmo sentido dispõe o art. 461, caput, § 1°, da CLT:
“Art. 461 - Sendo idêntica a função, a todo trabalho de igual valor, prestado ao mesmo empregador, no mesmo estabelecimento empresarial, corresponderá igual salário, sem distinção de sexo, etnia, nacionalidade ou idade.”
“§ 1° - Trabalho de igual valor, para os fins deste Capítulo, será o que for feito com igual produtividade e com a mesma perfeição técnica, entre pessoas cuja diferença de tempo de serviço para o mesmo empregador não seja superior a quatro anos e a diferença de tempo na função não superior a dois anos.”
Cabe destacar que no caso concreto os dois trabalhadores estão exercendo contemporaneamente as mesmas atividades, no mesmo estabelecimento, mas com remuneração distinta, senão vejamos:
CARGO DO RECLAMANTE: GARÇOM - SALÁRIO: R$ 1.500,00
CARGO DO PARADIGMA: GARÇOM - SALÁRIO: R$ 2.500,00
Ambos possuem o mesmo tempo de atividade, pois foram contratados no mesmo dia. Diante disso requer a condenação da RECLAMADA no pagamento das diferenças salarias, bem como seus reflexos em todas as demais verbas contratuais e resilitórias, a partir da data de sua contratação.
Por fim requer a retificação da CTPS do empregado para constar o seu real salário nos termos do art. 29, § 1° da CLT.
2 – DOS DESCONTOS EFETUADOS INDEVIDAMENTE DO SALÁRIO
	Durante o pacto de trabalho, o Reclamante sofreu desconto de um dia de trabalho, pelo fato de ter comparecido em audiência trabalhista.
	Ocorre que, por ser desconto manifestamente ilegal, além de afetar diretamente a subsistência do Reclamante afetaram gravemente a sua moral, que tem em sua remuneração o resultado de seu árduo trabalho. Nesse sentido o artigo 462 da CLT é claro, senão vejamos:
	“Art. 462 – Ao empregador é vedado efetuar qualquer desconto nos salários do empregado, salvo quando este resultar de adiantamentos, de dispositivos de lei ou de contrato coletivo.”
	Afinal, se o emprego é o bem jurídico maior do trabalhador, sendo fonte de subsistência e de sua família, é porque em decorrência dele o empregado aufere salário. Assim, quando o salário sofre retaliação, de forma indevida e abusiva, as consequências para quem dele depende são desastrosas, no plano moral e material, a ponto de até mesmo as relações familiares restarem comprometidas.
	Tais circunstâncias configuram dano moral, conforme precedentes sobre o tema:
	“DANOS MORAIS. CABIMENTO. O Princípio da Intangibilidade do salário, consagrado em nosso ordenamento jurídico, tem como escopo garantir ao obreiro proteção contra descontos abusivos praticados pelo empregador. A lei é clara, inclusive ao estipular as exceções admitidas àquela vedação, a teor do art. 462 da CLT e seus parágrafos. No caso dos autos restou comprovado que o empregador repassava os riscos do empreendimento aos trabalhadores, um vez que as inadimplências dos clientes eram descontadas dos empregados. O desconto indevido de salário com o repasse dos riscos do empreendido ao trabalhador, por si só, ocasiona reparação de ordem moral em virtude da conduta abusiva do empregador, pelo que é devida a indenização por danos morais. Recurso a que se dá parcial provimento. (TRT1, 00107407120155010411, Relator Desembargador/Juiz do Trabalho: MARIO SERGIO MEDEIROS PINHEIRO, Gabinete da Presidência, Publicação: DEJT 27-04-2018) 
	Portanto considerando que a Reclamada ultrapassou os limites razoáveis do exercício de seu direito, afetando seriamente a dignidade do Reclamante, expondo-o a constrangimentos indevidos, devida indenização por danos morais.
	Isto posto, requer que a Reclamada seja condenada a devolução dos mesmos, sendo os valores acrescidos de juros e correção monetária além de condenação a danos morais.
3 – DA NÃO CONCESSÃO DE UM INTERVALO PARA REPOUSO OU ALIMENTAÇAO
	Nos termos do art. 71 da CLT, todo e qualquer trabalho contínuo, o qual sua duração exceda a seis horas, é obrigatória a concessão de um intervalo para repouso ou alimentação.
	O Reclamante foi contratado para laborar oito horas diárias, em horário comercial, de segunda a sexta-feira, todavia, durante seu contrato de trabalho, usufruía apenas de meia-hora de descanso intrajornada.
	A indenização das horas deve ser em sua integralidade com adicional de no mínimo 50%.
	Assim, o Reclamante faz jus ao pagamento de __________ horas, devidamente acrescidas em 50% (cinquenta por cento) da hora normal, em razão da não concessão do intervalo para refeição e descanso, nos termos do § 4° do Art. 71 da CLT, vejamos:
	“§ 4° do Art. 71 – A não concessão ou a concessão parcial do intervalo intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, a empregados urbanos e rurais, implica o pagamento, de natureza indenizatória, apenas no período suprido, com acréscimo de 50% (cinquenta por cento) sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho.
	
4 – DO NÃO RECOLHIMENTO DO FGTS
	Conforme extrato que colaciona em anexo, a Reclamada realizou o recolhimento do FGTS, em 4% (quatro por cento) sobre o salário do Reclamante, assim, em manifesta contrariedade à Lei 8.036/90.
	Cabe, portanto, ao Reclamado a comprovação do devido pagamento, conforme clara redação da Súmula 461 do TST:
	“FGTS. DIFERENÇAS. RECOLHIMENTO. ÔNUS DA PROVA – É do empregador o ônus da prova em relação à regularidade dos depósitos do FGTS, pois o pagamento é fato extintivo do direito do autor (art. 373, II, do CPC de 2015)
	Devido, portanto, o recolhimento das diferenças não pagas do FGTS, cumulado com multa de 40%:
	“DIFERENÇAS DE FGTS E MULTA DE 40%. Constatada irregularidade nos depósitos do FGTS, conforme extrato da conta vinculada, e ocorrida a despedida imotivada da autora, devidas as diferenças de FGTS do contrato com acréscimo de 40% (TRT-4 – RO: 00212977820155040009, Data do Julgamento, 03/10/2017, 8° Turma)
	Assim, requer o devido recolhimento do FGTS no período de ____________, devidamente atualizado.
5 – DO DANO MORAL
 Ademais, o fato do Reclamante estar recebendosalário inferior ao de seu colega Juan, bem como de ter sido descontado um dia de trabalho, em razão de ter comparecido em audiência na Justiça de Trabalho, causou-lhe aflição, angústia e sofrimento ao Reclamante, pois causou-lhe dano extrapatrimonial em sua honra e autoestima, nos termos dos arts. 223-B e 223-C da CLT.
Diante da situação vexatória, ocorrida durante o período de seu contrato de trabalho, o reclamante sofreu dano em sua esfera moral (extrapatrimonial), de natureza gravíssima, à luz do inciso IV do § 1º do art. 223-G da CLT, o que torna cabível uma indenização por dano moral no valor de até cinquenta vezes o seu salário mensal. O Código Civil e a Constituição Federal ratificam o direito à reparação, afinal aquele que causa dano a outrem, agindo culposa ou dolosamente, tem o dever de indenizar a vítima, como definem os arts. 186 e 927 do CC e o art. 5º, V, X, da CF. O reclamante, por conta disso, vem pleitear a rescisão indireta do contrato de trabalho, com fulcro no art. 483, “b” e “e”, da CLT, visto que os atos praticados pelo Reclamado traduzem “tratamento com rigor excessivo” e “ofensa à honra do reclamante”.
IV – DOS REQUERIMENTOS E PEDIDOS
	Diante do exposto requer:
	O deferimento do pedido da liminar para:
1 - Que seja expedido alvará judicial, bem como a certidão narrativa, para que o Reclamante possa sacar seu FGTS e habilitar-se no programa do Seguro Desemprego, nos termos do art. 300 do CPC, bem como seja imediatamente corrigida a notação e consequente liberação da CTPS, sob pena de multa diária, aplicando subsidiariamente por força do art. 709 da CLT; 
2 - A citação da Reclamada para, querendo, responder a presente ação;
3 – Que seja designada audiência de conciliação ou mediação na forma do previsto no art. 334 do CPC;
4 – A produção de todas as provas admitidas em direito, em especial a documental, a testemunhal, com a inversão do ônus da prova nos termos do art. 818, § 1° da CLT;
5 – Requer a concessão dos benefícios da Justiça gratuita, pois o Reclamante não tem condições de arcar com as despesas processuais, nos termos do art. 790, §§ 3º e 4º, da CLT.
6 – Seja determinado o pagamento das diferenças salariais devidas de todo período contratual, no valor devido R$ _______;
7 – Seja declarada a rescisão indireta, com pagamento das verbas rescisórias decorrentes do pacto laboral, conforme valores __________;
8 – Sejam pagas as horas de intervalo intrajornada não gozadas com acréscimo de 50%, no valor devido R$ _______;
9 – Seja a Reclamada condenada à devolução dos valores descontados indevidamente, acrescidos de juros e correção monetária, no valor devido R$ _______;
10 – A condenação da Reclamada ao pagamento indenizatório de danos morais por todo o exposto, no valor devido R$ _________;
11 – Seja a Reclamada condenada ao pagamento dos reflexos do presente pedido nas verbas trabalhistas do seguinte período ________;
a) Salários – R$ _________;
b) Horas Extras - R$ _________;
c) Férias - R$ _________;
d) Décimo terceiro - R$ _________;
e) Aviso prévio, nos termos do art. 487 da CLT - R$ _________;
f) FGTS sobre as verbas rescisórias - R$ _________;
g) multa de 40% sobre saldo do FGTS - R$ _________;
h) Repouso semanal - R$ _________;
i) multa do Art. 477, § 8° da CLT - R$ _________;
j) Outros reflexos - R$ _________;
12 – Seja condenada a Reclamada ao pagamento da multa do Art. 477, § 8° da CLT, pelo desatendimento do prazo para efetivação e pagamento da rescisão, no valor devido R$ _________;
13 – Seja condenado ao pagamento dos honorários do procurador do Reclamante na razão de 15% sobre o valor bruto da condenação nos termos do Art. 791-A, no valor devido R$ ______;
14 – Seja determinado o recolhimento da contribuição previdenciária de toda a contratualidade, no valor devido R$ ______;
15 – Seja determinado o pagamento imediato das verbas incontroversas, sob pena de aplicação da multa do art. 467 da CLT, multa se devida no valor de R$ _______;
16 – Requer a aplicação de juros e correção monetária até o efetivo pagamento das verbas requeridas;
Requer que as intimações ocorram EXCLUSIVAMENTE em nome do advogado _______________, OAB ___________
Por fim manifesta o interesse na audiência conciliatória, nos termos do art. 319, VII do CPC;
Junta em anexo os cálculos discriminados das verbas requeridas nos termos do Art. 840, § 1° da CLT;
Dá à presente, para fins de distribuição o valor de R$ ________; 
Nestes termos, pede deferimento.
Porto Velho, .... de.... de .....
Advogado
OAB
Documentos anexados:
...