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1 Ciências Sociais – Unidade nº 4 – A Antropologia e a amplitude das ciências sociais 
 
 
Ciências Sociais 
 
Unidade Nº 4 – A Antropologia e 
amplitude das ciências sociais 
 
 
Fernando Gomes Mafra 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 Ciências Sociais – Unidade nº 4 – A Antropologia e a amplitude das ciências sociais 
Introdução 
Até o momento, conferimos como a sociedade europeia criou o 
pensamento das Ciências Humanas, concentrando nosso foco na discussão das 
Ciências Sociais. Vimos que a ideia de Política nasce na Grécia Antiga junto à 
Filosofia e à Ética, no sentido de fazer o bem comum aos cidadãos de uma 
cidade e colocar cada coisa no seu devido lugar, conforme uma ordem superior 
e anterior às sociedades humanas, seguindo as ideias de Platão e Aristóteles. 
Durante a Idade Média, esta Política foi dominada pela Igreja Cristã e 
pelos poderes dos senhores locais, imersos num contexto de Feudalismo. 
Criou-se uma forma de fazer política baseada na doutrina cristã e nos laços 
familiares e da nobreza feudal. Por este motivo é o período em que o poder da 
Igreja cresce exponencialmente. Uma política bastante estática, estamental e de 
baixíssima representatividade da população camponesa, que era a maior parte 
do povo. 
Já na passagem da Idade Média para a Idade Moderna, a Política parece 
emancipar-se da Filosofia e passa a ser entendida como ciência. A disputa de 
poderes dos Estados Nacionais e Monarquias europeias cria uma situação 
necessária para tal modernidade política. Neste contexto, Nicolau Maquiavel 
escreveu seus textos como um conselheiro político, preocupado com a 
preservação do poder político nas mãos de um soberano que garantisse a 
unidade do Estado e de seu povo. Maquiavel criou uma doutrina política que 
auxiliou a governação e a concentração de poderes reais. 
Esta concentração foi tão grande que criou um regime desigual e injusto 
com o passar de alguns séculos, que ficou conhecido posteriormente como 
Antigo Regime. Tal situação tinha uma estrutura política que privilegiava com 
títulos e honras uma parcela muito pequena da população, que faziam parte da 
Nobreza e do Clero, enquanto a maior parte da população trabalhadora vivia 
em condições deploráveis de sobrevivência. A classe burguesa compra esta 
briga para si e, apoiados em ideais iluministas, passa a lutar por liberdade e 
igualdade nas chamadas Revoluções Burguesas da Europa. 
Após estas Revoluções, a burguesia promove a industrialização no 
sistema produtivo europeu, angariando ainda mais concentração de capitais e 
de poderes políticos, econômicos e sociais. Toda a sociedade se transforma a 
 
 
3 Ciências Sociais – Unidade nº 4 – A Antropologia e a amplitude das ciências sociais 
partir da Industrialização: há êxodos rurais, um processo de urbanização das 
cidades, a modernização das relações sociais e trabalhistas, uma nova 
concepção de trabalho e de trabalhador, de tempo, de espaço público e privado 
e de sistema produtivo. Estas transformações fazem nascer o campo de estudos 
da Sociologia, necessário para o entendimento desta nova sociedade 
contemporânea. 
As Revoluções Burguesa e Industrial também aproximam o ser humano 
europeu de outros povos até então desconhecidos, populações da África, da 
Ásia e também da América. Este novo contato fomentou a curiosidade e o 
estudo das diferentes culturas e povos, o que impulsionou o nascimento da 
Antropologia, que é a ciência que estuda o ser humano, portadora de diferentes 
campos, como a Antropologia Física e a Antropologia Cultural e Social. Vamos 
verificá-la mais a fundo? 
Bons estudos! 
1. A evolução humana como processo bio-cultural 
A ideia de evolução se baseia na teoria proposta pelo cientista inglês 
Charles Darwin. Ele viveu entre 1809 e 1892, viajou o mundo todo observando 
as mais diferentes espécies de seres vivos, num período muito propício para as 
pesquisas naturalistas. Propôs que todos os seres vivos (vegetais, animais etc., 
inclusive os seres humanos) tem origens em seres mais simples, que se 
modificaram com o passar de milênios de acordo com seleções seriadas 
naturalmente. 
A Seleção Natural é a ideia de que os seres vivos tem diversas dificuldades 
de sobrevivência em seus habitats naturais, por isto, aqueles indivíduos que se 
apresentam mais aptos biologicamente em determinado local tem mais 
chances de sobrevivência e de se reproduzir, passando esta aptidão genética 
para seus descendentes. 
Estas ideias evolucionistas não foram muito aceitas na época e ainda hoje 
são criticadas, principalmente, por aqueles religiosos que acreditam na versão 
bíblica da existência do mundo por origem divina, o Criacionismo. O que é 
interessante pontuar nesta discussão é que Charles Darwin não condena ou 
nega a existência de um deus criador ao propor a Evolução, mas demonstra de 
 
 
4 Ciências Sociais – Unidade nº 4 – A Antropologia e a amplitude das ciências sociais 
uma maneira científica como se porta o desenvolvimento e a origem das 
espécies no planeta Terra. 
No início do século XIX, a ideia de evolução permeava o imaginário 
científico, político e social. A sociedade europeia pensava uma História das 
Civilizações a partir de uma chave de progresso, de melhoras ininterruptas, que 
considera que a passagem do tempo traz somente experiências de melhoras e 
aperfeiçoamento para tal sociedade. 
Na época, uma corrente filosófica e sociológica muito forte era o 
Positivismo, que buscava atentar a sociedade para uma ciência totalmente pura 
e comprovada por moldes racionais. Do ponto de vista sociológico, é uma teoria 
que pensou que as sociedades tem gradações civilizatórias, como se existissem 
degraus em que estas sociedades se encaixavam e, com o tempo, iam 
“evoluindo”. O principal pensador desta corrente foi o filósofo francês Auguste 
Comte, que criou a Lei dos Três Estados. Segundo este filósofo, o entendimento 
das sociedades passa por os três níveis seguintes: 
1) Estado Teleológico, no qual o humano pensa e busca explicar a 
realidade através de entidades divinas; 
2) Estado Metafísico, meio termo entre os estados, neste ponto a 
realidade ainda está presa a construções abstratas, mas não ainda 
pensada de uma maneira racional; 
3) Estado Positivo, que seria o momento superior e final das civilizações, 
quando elas estariam sendo guiadas pela Ciência e pela Razão para 
explicar o Universo, a realidade e a própria sociedade. 
O pensamento evolucionista se casou com a corrente positivista na 
análise das sociedades. Para os europeus da época, os diferentes povos e suas 
respectivas culturas tinham etapas em sua evolução, o que os fazia classificar 
todas as culturas em diferentes estágios. 
Portanto, obviamente, consideravam-se o apogeu civilizacional e 
definiam categorias para outros povos, numa visão etnocêntrica do mundo. O 
etnocentrismo é a visão de mundo que pensa que sua nação ou cultura é mais 
importante, melhor ou correta que todas as outras, supervalorizando a própria 
e desvalorizando as demais. 
 
 
5 Ciências Sociais – Unidade nº 4 – A Antropologia e a amplitude das ciências sociais 
O Evolucionismo Biológico, teoria proposta por Darwin, se confunde 
quando pensada do ponto de vista sociológico. Esta forma de enxergar o 
desenvolvimento das sociedades ficou conhecida como Darwinismo Social. 
A teoria do Darwinismo Social serviu como justificativa para o processo 
de dominação política, social e cultural de diversos povos da África e da Ásia. Os 
governos dos países europeus divulgavam que tinham a missão de acelerar o 
progresso nestas regiões, porém estavam mesmo interessados no capital 
financeiro que podiam conquistar ali. Desta forma, subjugaram, roubaram e 
escravizaram diversos povos na época dos imperialismos. 
Os estudos antropológicos foram muito importantes para a 
compreensão das diferentes culturas. A partir deles, podemos conferir que cada 
cultura é rica e importante em simesma, no seu estado real qualquer que seja, 
pois o desenvolvimento das sociedades ocorre de diferentes formas em 
campos variados de sua compreensão, não havendo uma maneira certa ou 
errada, acelerada ou atrasada. 
2. As especificidades da Antropologia 
A Antropologia Social nasce a partir deste contexto, e analisa os símbolos 
e representações dos indivíduos dentro de uma determinada cultura. Estes 
estudos buscam enxergar a maneira como uma cultura nasce, se reproduz e se 
transforma em seus diversos aspectos, políticos, sociais, religiosos etc. Por 
exemplo, a maneira como elementos religiosos de ordem ritualística ou mística 
estão presentes numa determinada sociedade e quais são os movimentos que 
seus indivíduos fazem de aceitação, de reprodução e até de negação. 
Os antropólogos tiveram que desenvolver um método para estudar as 
diferentes culturas, porque para entendê-las não se pode apenas observar; 
antes tem-se que abandonar estereótipos, preconceitos e julgamentos. O 
método que a Antropologia mais se utiliza é a Etnografia. 
A etnografia tem a função de observação, descrição e estudo de vários 
aspectos da vida de um grupo de indivíduos inseridos numa cultura. O 
pesquisador antropólogo vai a campo e observa o grupo a ser estudado, 
anotando suas impressões, para posteriormente cotejar tais observações com 
uma bibliografia do tema, ou estudos de outras culturas, para fazer uma análise 
de culturas em paralelo. 
 
 
6 Ciências Sociais – Unidade nº 4 – A Antropologia e a amplitude das ciências sociais 
Quando este pesquisador antropólogo busca se distanciar da outra 
cultura estudada, ele se comporta como um observador. Porém, também é 
possível o estudo de uma sociedade na qual o pesquisador está inserido. 
Quando ele age desta forma, se torna um observador participante. 
No momento da pesquisa, o antropólogo tem que dar conta da questão 
da alteridade. Isto é, dar-se conta da existência do eu no outro, ou seja, o 
exercício de conscientização de que um ser humano social só existe na 
interação e, por isso, na codependência de outro. 
“A experiência da alteridade (e a elaboração dessa experiência) leva-nos 
a ver aquilo que nem teríamos conseguido imaginar, dada a nossa dificuldade 
em fixar nossa atenção no que nos é habitual, familiar, cotidiano, e que 
consideramos ‘evidente’. Aos poucos, notamos que o menor dos nossos 
comportamentos (gestos, mímicas, posturas, reações afetivas) não tem 
realmente nada de ‘natural’. Começamos, então, a nos surpreender com aquilo 
que diz respeito a nós mesmos, a nos espiar. O conhecimento (antropológico) 
da nossa cultura passa inevitavelmente pelo conhecimento das outras culturas; 
e devemos especialmente reconhecer que somos uma cultura possível entre 
tantas outras, mas não a única.” (LAPLATINE, 2003). 
Alguns estudos antropológicos são de grande interesse para a nossa 
sociedade se conseguirmos observar a forma como aqueles indivíduos se 
comportam e, posteriormente, também pensarmos em nossos elementos 
culturais que já são naturalizados e fazemos sem pensar. 
Claude Lévi-Strauss foi um importante antropólogo belga, famoso por 
fazer parte da Antropologia Estruturalista. Condenada a diferenciação dada aos 
grupos indígenas de selvagens, enquanto seríamos civilizados. Buscou ir mais à 
fundo na análise desta cultura, na "busca de elementos duradouros e 
correspondências estruturais entre sociedades de tipos diferentes para 
descobrir se existem estruturas fundamentais que seriam a base da 
Antropologia" (SARTRE, 2005). "O antropólogo é o astrônomo das ciências 
sociais: ele está encarregado de descobrir um sentido para as configurações 
muito diferentes, por sua ordem de grandeza e seu afastamento, das que estão 
imediatamente próximas do observador." (STRAUSS, 1970). 
 
 
 
7 Ciências Sociais – Unidade nº 4 – A Antropologia e a amplitude das ciências sociais 
 
Figura 1 – Mãe e filho em Sunday Island, 1916, Austrália Ocidental. Levi-Strauss se debruçou 
sobre o estudo das estruturas de parentesco em diversas sociedades indígenas. Seu estudo se 
tornou conceituado assim no campo da Antropologia. Fonte: BASEDOW, Hebert. Disponível em: 
<https://commons.wikimedia.org/wiki/Category:Photographs_by_Herbert_Basedow>. Acesso 
em: 07 mai. 2019. 
Bronisław Kasper Malinowski foi um importante antropólogo polonês que 
fundou a Antropologia Social e também a Escola Funcionalista, criticou o 
evolucionismo social e também o pensamento teleológico muito presente na 
época. Segundo esta escola, os elementos culturais não atendem a uma 
evolução social de uma única civilização, mas eles teriam uma função específica 
que só poderia fazer sentido inseridos naquele mesmo grupo humano. Então, 
não deveríamos conceder um valor evolucional observando a cultura de fora, 
mas conhecendo a sociedade e observando quais funções existem naquele 
conjunto de elementos. 
Um dos antropólogos mais influentes do século XX foi Clifford Geertz, que 
concebeu uma teoria sobre a interpretação das culturas. Para ele, o 
pesquisador deve observar e saber reconhecer os símbolos mais importantes 
de uma cultura para daí analisá-la. “A cultura humana é um conjunto de textos 
na qual o antropólogo deve saber ler por sobre os ombros daqueles a quem 
esta cultura pertence”, escreveu Clifford Geertz. 
No Brasil também tivemos grandes intérpretes de nossa cultura e 
famosos antropólogos. Primeiramente, com Gilberto Freyre, que a partir dos 
estudos históricos, tentou entender como se deu a formação da população 
https://commons.wikimedia.org/wiki/Category:Photographs_by_Herbert_Basedow
 
 
8 Ciências Sociais – Unidade nº 4 – A Antropologia e a amplitude das ciências sociais 
brasileira em “Casa Grande e Senzala”, de 1933. Criou uma teoria que busca 
flexibilizar as noções de branqueamento na população brasileira durante a 
escravidão e constrói a ideia de “democracia racial”, na qual a participação das 
diferentes etnias brasileiras teria sido equilibrada. Freyre foi muito criticado e 
ainda é debatido, pois percebemos hoje nos estudos sobre o tema que a 
questão racial sempre foi um problema da sociedade brasileira, excluindo 
populações como os negros e os indígenas dos cenários de representação 
política, econômica e social. 
Também contamos com o intelectual e político Darcy Ribeiro, que se 
debruçou nos estudos sobre as populações indígenas das Américas. Buscou 
enxergar o processo civilizatórios nestas populações, a partir de observações 
marxistas, e criar uma estrutura evolucionista a partir de “revoluções” que os 
povos passaram em sua história, como revolução agrícola, revolução urbana, 
revolução metalúrgica. Ribeiro também foi criticado posteriormente por criar 
um esquema geral para a observação das culturas, sem levar em conta os 
processos intrínsecos e inerentes a elas. 
Florestan Fernandes, antropólogo brasileiro de grande participação 
política na redemocratização, também iniciou seus estudos a partir da 
compreensão de sociedades indígenas, como a dos Tupinambás. 
Posteriormente, centra suas pesquisas na sociedade brasileira da época, 
buscando entender como foi o desenvolvimento de nosso povo estando às 
margens do Capitalismo global, enfrentando realidades, situações e crises de 
países em desenvolvimento da América Latina. Também tinha em sua leitura da 
sociedade um viés marxista que estruturava o país numa luta de classes 
permeadas de tentativas de revoluções. 
Lilia Schwarcz é a mais importante antropóloga ainda em atuação no 
Brasil. Em sua obra “O espetáculo das raças”, ela escreve sobre como as 
instituições científicas no Brasil do século XIX disseminavam ideias racistas 
deterministas sobre diferentes povos, apresentando uma História da 
Antropologia em seu texto. Mais recentemente, tem estudado importantes 
figuras políticas presentes na História do Brasil, como o imperador Dom Pedro 
II e o escritor Lima Barreto. Através destasfiguras, Schwarcz faz um estudo de 
toda uma época da população brasileira, seus símbolos e representações. 
 
 
9 Ciências Sociais – Unidade nº 4 – A Antropologia e a amplitude das ciências sociais 
3. A relação das Ciências Sociais com outras Ciências 
Humanas 
As Ciências Sociais tem uma tradição calcada na reflexão sobre a 
sociedade e as práticas do ser humano. Podemos citar as três principais 
Ciências Sociais: a Política, a Sociologia e a Antropologia. Todas buscam pensar 
na atuação do indivíduo enquanto ser reprodutor de uma cultura social, de 
símbolos e representação que só são movimentados enquanto presentes numa 
sociedade. 
Com uma abrangência mais ampla, encontram-se as Ciências Humanas, 
ou Humanidades, que buscam estudar os aspectos mais sociais do mundo 
humano, como a História, a Filosofia, a Economia, as Letras, a Ciência das 
Religiões etc. Pode ser considerada uma Ciência Humana qualquer campo de 
estudo que se debruce sobre algum tipo de feito do ser humano em contato 
com a Natureza em sua busca por sobrevivência. Por este motivo, estas Ciências 
Humanas são mais antigas, presentes no imaginário desde quando o primeiro 
humano se questionou sobre suas próprias práticas. 
Após as Revoluções Burguesas, a sociedade e o próprio homem se 
tornam mais complexos de serem estudados e requerem novas formas de 
observação, daí o nascimento da Sociologia e da Antropologia. Do ponto de vista 
do desenvolvimento do paradigma científico, as Ciências Sociais ajudaram as 
Ciências Humanas a se modernizarem para este novo tempo, de novos desafios 
e novas situações de estudo. 
 
Você sabia? A História, por exemplo, no século XX vai ser muito influenciada 
pelas pesquisas em Antropologia e criou um campo chamado História Cultural, 
que ainda é palco de estudos acerca do funcionamento de determinadas 
sociedades históricas através da análise de diferentes representações e 
símbolos culturais. Estes estudos também se aproximaram da Política quando 
criaram o termo Cultura Política, que podem ser: 
“a) o comportamento de apatia (alienação) dos cidadãos; 
 
 
10 Ciências Sociais – Unidade nº 4 – A Antropologia e a amplitude das ciências sociais 
b) os graus de confiança e de tolerância; 
c) a adesão ou recusa a determinadas formas de ação política e 
instituições, em detrimento de outras; 
d) as configurações das forças políticas atuante; 
e) as identidades partidárias; e 
f) os modos como os conflitos políticos que surgem no sistema são 
percebidos e solucionados.” 
Fonte: CANCIAN, Renato. Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação. 
Disponível em: <https://educacao.uol.com.br/disciplinas/sociologia/cultura-politica---
abordagem-culturalista-estudos-foram-influenciados-pelo-determinismo.htm>. Acesso em: 07 
mai. 2019. 
 
 Também a Economia foi atingida pelos estudos Sociais, perfazendo um 
novo campo da Economia Política, que trata de forma mais completa sobre os 
elementos que integram uma sociedade em sua produção de bens e como isto 
se reverbera politicamente. Não podemos esquecer, de igual modo, da 
Geografia Política e Cultural, que estuda a ação do humano no seu meio e como 
ele se relaciona com outras sociedades. 
Com isto, observamos que as Ciências Humanas são campos de estudo 
bastante vivos e complexos, que se adaptam às realidades, modos de pensar e 
transformações humanas, respondendo a questões colocadas a cada diferente 
época. 
4. Os novos temas das Ciências Sociais 
 Como pertencentes a estas ciências vivas e em constante transformação, 
as Ciências Sociais estão sempre ligadas a temas que se colocam na sociedade 
e que buscam responder anseios reais da população. Para todas as questões 
relativas ao funcionamento da sociedade, um novo campo e um novo tema se 
abre como propício de ser estudado. 
 Por exemplo, a Política no século XXI se apresenta como de difícil 
compreensão, por questões de novas formas de representatividade, 
distanciamento da população em relação ao jogo político-eleitoral e falta de 
https://educacao.uol.com.br/disciplinas/sociologia/cultura-politica---abordagem-culturalista-estudos-foram-influenciados-pelo-determinismo.htm
https://educacao.uol.com.br/disciplinas/sociologia/cultura-politica---abordagem-culturalista-estudos-foram-influenciados-pelo-determinismo.htm
 
 
11 Ciências Sociais – Unidade nº 4 – A Antropologia e a amplitude das ciências sociais 
incentivo educacional para sua participação. Como resposta, um tema muito 
presente atualmente é a questão das micropolíticas do cotidiano, na busca de 
entendimento de que a realidade apresenta uma disputa de forças 
rotineiras nos elementos simbólicos políticos. Ainda neste caminho, há estudos 
que buscam entender como as populações marginalizadas econômica e 
politicamente sobrevivem apesar das estruturas do capitalismo não as 
inserirem no seu processo de produção e consumo de bens. 
 Há também o tema do Racismo, que apesar de sua antiga permanência 
no debate sociológico e antropológico, retorna com força no Brasil atual por 
conta da erupção nas academias de grupos étnicos historicamente 
marginalizados, buscando serem representados e que suas questões sejam 
repercutidas. 
 Em paralelo, também podemos citar os estudos sobre a 
representatividade dos indivíduos LGBTQIAP+ (sigla que significa Lésbicas, Gays, 
Bi, Trans, Queer/Questionando, Intersexo, Assexuais/Arromântiques/Agênero, 
Pan/Polissexuais, e mais), tanto na política, quanto na própria sociedade em 
geral. 
 A saúde da população brasileira também é um tema que tem levantado 
diversos estudos, tanto na Sociologia, buscando compreender como a 
população acessa os serviços públicos de saúde; quanto na Antropologia, 
através de etnografias, sobre a atenção institucional à saúde indígena, por 
exemplo. 
 Como dito, as Ciências Sociais permanecem em constante 
transformação, assim como a sociedade que as criam. Os estudos realizados a 
partir delas são reflexo das necessidades de uma sociedade. 
 
 
 
 
 
12 Ciências Sociais – Unidade nº 4 – A Antropologia e a amplitude das ciências sociais 
Síntese 
 Nesta última unidade, pudemos discutir o nascimento da Antropologia, 
permeada de paradigmas evolucionistas que arrastavam a percepção das 
sociedades para áreas racistas de um ponto de vista etnocêntrico. Porém, 
diversos estudos foram feitos e o desenvolvimento desta ciência pode ser feito 
a partir da análise das culturas pelo viés da alteridade e do respeito cultural. 
Também discutimos algumas vertentes da Antropologia, discutindo o que 
fizeram seus principais estudiosos, no mundo e no Brasil. 
 Ao compreender esta trajetória da Antropologia, debruçamo-nos sobre a 
relação entre as Ciências Sociais e as Ciências Humanas, que são campos de 
estudo complementares, que se auxiliam na busca pelo entendimento da 
sociedade. 
Por fim, vimos que as Ciências Sociais agregam disciplinas em constante 
mutação, com temas sempre novos e dinâmicos, na tentativa de responder às 
questões dos indivíduos em suas culturas e práticas sociais. 
Neste capítulo você teve a oportunidade de estudar: 
• Antropologia Biológica; 
• Antropologia Social; 
• Antropologia Cultural; 
• Etnografia; 
• Alteridade; 
• Ciências Sociais; 
• Ciências Humanas. 
 
 
 
13 Ciências Sociais – Unidade nº 4 – A Antropologia e a amplitude das ciências sociais 
Bibliografia 
LAPLATINE, François. Aprender Antropologia. São Paulo: Brasiliense, 2003. 
SANTOS, Boaventura de Sousa. Um discurso sobre as ciências. Porto: 
Afrontamento, 2003. 
SARTRE, Jean-Paul. Sartre no Brasil: a conferência de Araraquara. UNESP; 2005 
SCHWARCZ, Lilia. O espetáculo das raças. Cientistas, instituições e pensamento 
racial no Brasil: 1870-1930. Companhia das Letras, 1993. 
STRAUSS, C.L. Antropologia Estrutural. Biblioteca Tempo Universitário, 1970.

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