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U3 S9

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DIREITO CIVIL II
3 e 4 séries - 2018-2
Profª. Me. Jennifer Leal Furtado Barreto Dalalba
jennifer.barreto@aedu.com
TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES 
1. Cessão de Crédito 
Opera-se por meio de um negócio jurídico pelo qual o credor (cedente) transmite total ou parcialmente a um terceiro o seu crédito, mantendo-se a mesma relação obrigacional com o devedor.
Não há novação subjetiva, porque se mantém a mesma relação obrigacional, embora haja novo credor.A cessão de crédito pode ser: gratuita ou onerosa.
	OBS:
A mecânica do desconto de titulo da factoring se assemelha a cessão de crédito onerosa.
Em regra, admite-se a cessão de crédito. 
“Art. 286. O credor pode ceder o seu crédito, se a isso não se opuser a natureza da obrigação, a lei, ou a convenção com o devedor; a cláusula proibitiva da cessão não poderá ser oposta ao cessionário de boa-fé, se não constar do instrumento da obrigação.”
“Art. 289. O cessionário de crédito hipotecário tem o direito de fazer averbar a cessão no registro do imóvel.”
Mas, em alguns casos, veda-se a cessão de crédito.
1.1 Situações Proibitivas da Cessão de Credito
A cessão de crédito poderá ser proibida:
a) em razão da natureza do crédito. Ex: alimentos.
b) quando houver vedação legal. Ex: art. 1.749, III, CC.
“Art. 1.749. Ainda com a autorização judicial, não pode o tutor, sob pena de nulidade:
(...)
III - constituir-se cessionário de crédito ou de direito, contra o menor.”
c) quando houver cláusula proibitiva expressa (pacto de non cedendo).
A luz do princípio da boa-fé, vale ressaltar, que essa proibição deve constar do próprio contrato (instrumento contratual), conforme art. .
Nos termos do art. 290 do CC, como decorrência do dever de informação, em respeito à cláusula geral de boa-fé objetiva, embora o devedor não precise autorizar previamente, deve ser comunicado da cessão como condição de eficácia do ato, para que a cessão tenha efeitos em face dele. Nesse sentido, na cessão de crédito, não é necessária a autorização do devedor.
“Art. 288. É ineficaz, em relação a terceiros, a transmissão de um crédito, se não celebrar-se mediante instrumento público, ou instrumento particular revestido das solenidades do § 1o do art. 654.”
“Art. 290. A cessão do crédito não tem eficácia em relação ao devedor, senão quando a este notificada; mas por notificado se tem o devedor que, em escrito público ou particular, se declarou ciente da cessão feita.”
O devedor deve ser comunicado para saber a quem deve pagar ou a quem deve opor eventuais defesas.
“Art. 292. Fica desobrigado o devedor que, antes de ter conhecimento da cessão, paga ao credor primitivo, ou que, no caso de mais de uma cessão notificada, paga ao cessionário que lhe apresenta, com o título de cessão, o da obrigação cedida; quando o crédito constar de escritura pública, prevalecerá a prioridade da notificação.’
“Art. 294. O devedor pode opor ao cessionário as exceções que lhe competirem, bem como as que, no momento em que veio a ter conhecimento da cessão, tinha contra o cedente.”
1.2 Responsabilidade pela Cessão de Crédito
Nos termos dos arts. 295 a 297, a regra geral do direito brasileiro é no sentido de que, salvo estipulação em contrário, o credor originário garante apenas a existência do crédito que cedeu (cessão pro soluto); mas, havendo dispositivo expresso no contrato, o credor originário poderá garantir também a solvência (pagamento) do devedor (cessão pro solvendo).
“Art. 295. Na cessão por título oneroso, o cedente, ainda que não se responsabilize, fica responsável ao cessionário pela existência do crédito ao tempo em que lhe cedeu; a mesma responsabilidade lhe cabe nas cessões por título gratuito, se tiver procedido de má-fé.”
“Art. 296. Salvo estipulação em contrário, o cedente não responde pela solvência do devedor.”
“Art. 297. O cedente, responsável ao cessionário pela solvência do devedor, não responde por mais do que daquele recebeu, com os respectivos juros; mas tem de ressarcir-lhe as despesas da cessão e as que o cessionário houver feito com a cobrança.”
“Art. 291. Ocorrendo várias cessões do mesmo crédito, prevalece a que se completar com a tradição do título do crédito cedido.”
“Art. 293. Independentemente do conhecimento da cessão pelo devedor, pode o cessionário exercer os atos conservatórios do direito cedido.”
“Art. 298. O crédito, uma vez penhorado, não pode mais ser transferido pelo credor que tiver conhecimento da penhora; mas o devedor que o pagar, não tendo notificação dela, fica exonerado, subsistindo somente contra o credor os direitos de terceiro.”
2 Cessão de Débito ou Assunção de Dívida 
Na cessão de débito, por meio de negócio jurídico, o devedor originário, mediante consentimento do credor, transmite o seu débito a terceiro, mantendo-se a mesma relação obrigacional.
“Art. 299. É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o consentimento expresso do credor, ficando exonerado o devedor primitivo, salvo se aquele, ao tempo da assunção, era insolvente e o credor o ignorava.
(...)”
OBS:
O silêncio do credor significa recusa do novo devedor (art. 299, § único, CC).
 “(...)
Parágrafo único. Qualquer das partes pode assinar prazo ao credor para que consinta na assunção da dívida, interpretando-se o seu silêncio como recusa.”
As garantias que o devedor primitivo tinha, a partir da cedência do débito, deixam de existir, salvo estipulação em contrário.
“Art. 300. Salvo assentimento expresso do devedor primitivo, consideram-se extintas, a partir da assunção da dívida, as garantias especiais por ele originariamente dadas ao credor.”
“Art. 301. Se a substituição do devedor vier a ser anulada, restaura-se o débito, com todas as suas garantias, salvo as garantias prestadas por terceiros, exceto se este conhecia o vício que inquinava a obrigação.
O novo devedor não pode opor as defesas pessoais do devedor primitivo, embora possa opor defesas comuns e pessoais.
“Art. 302. O novo devedor não pode opor ao credor as exceções pessoais que competiam ao devedor primitivo.”
“Art. 303. O adquirente de imóvel hipotecado pode tomar a seu cargo o pagamento do crédito garantido; se o credor, notificado, não impugnar em trinta dias a transferência do débito, entender-se-á dado o assentimento.”
3 Cessão de Contrato ou Cessão de Posição Contratual
O codificador não regulou a matéria.
Segundo Emilio Betti (em sua obra clássica Teoria Geral das Obrigações), a cessão de contrato realiza a forma mais completa de substituição na relação obrigacional. 
3.1 Conceito
Na cessão de contrato, o cedente transfere a sua própria posição contratual a um terceiro, de maneira global, desde que haja consentimento da outra parte.
Não há cessão de crédito, nem de débito, mas sim verdadeira substituição da relação.
3.2 Cessão de Contrato Impróprio
Segundo Luis Borrelli, trata-se da cessão de contrato imposta por lei. Ex: art. 8º, L. 8.245/91 (Lei de Locações).
Art. 8º Se o imóvel for alienado durante a locação, o adquirente poderá denunciar o contrato, com o prazo de noventa dias para a desocupação, salvo se a locação for por tempo determinado e o contrato contiver cláusula de vigência em caso de alienação e estiver averbado junto à matrícula do imóvel.
§ 1º Idêntico direito terá o promissário comprador e o promissário cessionário, em caráter irrevogável, com imissão na posse do imóvel e título registrado junto à matrícula do mesmo.
§ 2º A denúncia deverá ser exercitada no prazo de noventa dias contados do registro da venda ou do compromisso, presumindo-se, após esse prazo, a concordância na manutenção da locação.”
Nesse sentido, se o contrato de locação for averbado no Registro de Imóvel, o adquirente de imóvel devera respeitar a locação. Para Pablo, trata-se de figura atípica.

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