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Interpretação de Gasometria Arterial

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GASOMETRIA ARTERIAL
Prof. Gabriel Sousa Silva
IAPENF
Interpretação da Gasometria Arterial
Muitos acadêmicos e profissionais, ao analisar uma gasometria, importam-se em observar apenas o pCO2 e o HCO3.
Reconhecer os distúrbios acidobásicos é essencial, mas a gasometria não é apenas isso. 
Os valores precisam ser vistos como um todo, nunca isoladamente.
Interpretação da Gasometria Arterial
Para que possamos interpretar o resultado do exame, primeiramente precisamos saber os valores de referência, que mostram se a oxigenação do paciente está adequada ou não.
	pH 	7,35 - 7,45
	pCO2 	35 – 45 mmHg
	pO2 	80 – 100 mmHg
	HCO3	22 – 26 meq/L
	SatO2 		94% - 100%
	B.E 	-2 a +2
Analisando os parâmetros de oxigenação
SatO2 e pO2
Como já vimos, os valores de referência de uma boa saturação estão entre 94% a 100% e os de pO2 80 a 100mmHg. 
Tais resultados precisam ser avaliados criteriosamente, tanto no resultado da gasometria quanto no monitor .
Por exemplo: Uma baixa saturação pode estar relacionada a uma baixa pO2.
Nesses casos, verifique a possibilidade de alteração dos parâmetros no ventilador mecânico.
Nem sempre uma SatO2 com 100% no resultado significa boa oxigenação. 
Pode ser apenas uma hiperóxia. Cuidado!
Analisando os parâmetros de oxigenação
SatO2 e pO2
Exemplo:
	Gasometria Arterial	
	FiO2	 21% (ar ambiente)
	pO2	 75 mmHg
	SatO2	89%
Esses valores estão diretamente relacionados.
Nesse caso, a oxigenação do paciente não está boa, então requer um cuidado especial para a elevação da SatO2 e pO2.
A SatO2 representa 97% de O2 circulante (ligados a hemoglobina). O pO2 refere-se aos outros 3%, encontrado no plasma.
Analisando os parâmetros de oxigenação
“Professor, mas os valores de normalidade do pO2 são iguais para todos, não é?”
SatO2 e pO2
Os valores do pO2 podem variar (diminuir) com a idade. Para que possamos avaliar qual o parâmetro normal para determinada idade,podemos utilizar a seguinte fórmula:
pO2 = 109 – (0,43 x idade)
Logo, um paciente de 85 anos: 
pO2 = 109 – (0,43 x 85)
pO2 = 109 – 36,55
pO2 = 72,45mmHg
Analisando os parâmetros de oxigenação
Relação pO2/FiO2
Avalia a eficácia da oxigenação do paciente.
Divide-se o valor da pO2 pela FiO2.
É bastante utilizada para identificar e caracterizar a Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SDRA) em: Normal, leve, moderada e grave.
Relação pO2/FiO2
Analisando os parâmetros de oxigenação
	Valores de referência	
	Normal	>300mmHg
	Leve	300 - 200mmHg
	Moderada	200mmHg
	Grave	<100mmHg
	Gasometria Arterial	
	FiO2	 21% (ar ambiente)
	pO2	 75 mmHg
	SatO2	89%
Exemplo:
RESPOSTA:
pO2/FiO2 = 75/0,21
 pO2/FiO2 = 357,1
O paciente aparentemente está apresentando hipoxemia (<pO2), mas não está com hipóxia devido o resultado estar normal.
Ei, você! Não se divide número percentual por número absoluto.
Exemplos para praticar:
Relação pO2/FiO2
Exemplo 1:
	FiO2	28%
	pO2	82 mmHg
	SatO2	92%
	FiO2	80%
	pO2	86 mmHg
	SatO2	95%
Exemplo 2:
Exemplo 3:
	FiO2	21%
	pO2	75 mmHg
	SatO2	84%
QUESTÕES
	FiO2	28%
	pO2	82 mmHg
Exemplos para praticar:
Relação pO2/FiO2
Exemplo 1:
Logo: 
pO2/FiO2 = 82/0,28
pO2/FiO2 = 292,8
Exemplo 2:
	FiO2	80%
	pO2	86 mmHg
Logo: 
pO2/FiO2 = 86/0,80
pO2/FiO2 = 107,5
	FiO2	21%
	pO2	75 mmHg
Exemplo 3:
Logo: 
pO2/FiO2 = 75/0,21
pO2/FiO2 = 357,1
RESPOSTAS
Agora que já aprendemos a interpretar os parâmetros principais que influenciam na oxigenação do paciente (pO2 e SatO2), podemos seguir em frente. 
Chegou a hora de entendermos de uma vez por todas os
Distúrbios acidobásicos.
Distúrbios acidobásicos
Para a avaliação desses distúrbios, utilizaremos primeiramente três parâmetros.
	pH 	7,35 - 7,45
	pCO2 	35 – 45 mmHg
	HCO3	22 – 26 meq/L
Dependendo dos valores obtidos no pH e no pCO2, podemos obter como resultado acidose ou alcalose respiratória, enquanto alterações no pH e no HCO3 indicam acidose ou alcalose metabólica.
“Professor, eu já ouvi falar nisso, mas não lembro como faço para saber se é acidose ou alcalose.”
Distúrbios acidobásicos
Para saber se é acidose ou alcalose, olhe para o pH. Quanto maior a quantidade de H+ (hidrogênio), menor o pH.
pH < 7,35 = acidose
pH > 7,45 = alcalose
“Professor, mas é só isso?”
Sim e não. Agora precisamos entender se a alteração é respiratória o metabólica.
Assim como no pH, os valores de pCO2 e HCO3 podem ser aumentados ou diminuídos. Ambos estão relacionados e caracterizam as alterações, mas com uma pequena diferença.
Distúrbios acidobásicos
	pH 	7,35 - 7,45
	pCO2 	35 – 45 mmHg
	HCO3	22 – 26 meq/L
Se a alteração acontecer no pH e no pCO2 = Alteração respiratória.
Se a alteração acontecer no pH e no HCO3 = Alteração metabólica.
A diferença entre esses distúrbios se dá em que a alteração do pH é inversamente proporcional a do pCO2, enquanto isso, é diretamente proporcional ao HCO3.
Logo:
Se o pH ↑ = pCO2 ↓
Se o pH ↓ = pCO2 ↑
Logo:
Se o pH ↑ = HCO3 ↑
Se o pH ↓ = HCO3 ↓
Distúrbios acidobásicos
Acidose Respiratória
Aguda: Comprometimento do SNC; intoxicações exógenas; traumas; coma.
Crônica: Lesões pulmonares; Ins. Respiratória Crônica.
 Indivíduos com DPOC conseguem conviver normalmente com ↑ pCO2 e ↓ pO2.
Recomendações para reverter o quadro de acidose respiratória:
 Analisar o que pode estar ocasionando.
 Abrir a via aérea do paciente.
 Ventilar o paciente com o dispositivo bolsa válvula-máscara.
Aspirar secreções (se necessário, pois pode ser o motivo).
Verificar possibilidade de aumentar a FiO2 (pode estar baixa).
Alcalose Respiratória
Aguda: Hiperventilação, emoções, febre, infecções, hipoxemia, pneumopatias.
Crônica: Lesões no SNC; hipoxemia; hipertireoidismo; a FiO2 no VM pode estar alta.
Recomendações para reverter o quadro de alcalose respiratória:
 Analisar o que pode estar ocasionando.
 Utilizar sedativos e bloqueadores neuromusculares para ↓ FR.
 Alterar parâmetros de ventilação no VM.
 Evitar uma FiO2 excessiva.
Distúrbios acidobásicos
Distúrbios acidobásicos
Acidose metabólica
Aguda: Ingestão de alimentos e/ou produtos ácidos; ácido acetilsalicílico; cetoacidose diabética; cetose de jejum; hipercalemia.
Crônica: Azotemia (↑ de ureia, creatinina, ácido úrico e proteínas); Ins. Renal Crônica.
Recomendações para reverter o quadro de alcalose respiratória:
 Analisar o que pode estar ocasionando.
 Primeiramente tratar a causa base.
 Ex: Se for por cetoacidose diabética, aplicar insulina.
 Ex: Se for por hipercalemia, aplicar gluconato de cálcio.
 Em seguida administra-se bicarbonato (2mel/L x Kg).
Distúrbios acidobásicos
Alcalose metabólica
Aguda: Ingestão de antiácido (perda de H+); vômitos; diarreia.
Crônica: Hipocalemia; diarreia crônica; diuréticos; infusão excessiva de bicarbonato.
Recomendações para reverter o quadro de alcalose respiratória:
 Analisar o que pode estar ocasionando.
 Primeiramente tratar a causa base.
 Ex Trata-se o vômito; a diarreia.
 Parar o consumo de antiácidos. 
 Se necessário, trata-se com Cloreto de Potássio (tarja preta).
Exemplos
Exemplo 1: Acidose respiratória
	pH	7,25
	pCO2	49%
	HCO3	22
Exemplo 2: Alcalose respiratória
	pH	7,52
	pCO2	30%
	HCO3	24
Exemplo 3: Acidose metabólica
	pH	7,25
	pCO2	38%
	HCO3	19
	pH	7,52
	pCO2	40%
	HCO3	29
Exemplo 4: Alcalose metabólica
Mecanismos de Compensação
Quando o pH é alterado, o nosso organismo reage objetivando normalizá-lo. Essa reação acontece através dos mecanismos de compensação.
Mecanismo de compensação da acidose e alcalose respiratória é o HCO3.
Mecanismo de compensação da acidose e alcalose metabólica é o pCO2.
“Professor, não entendi. O respiratório não é pCO2 e o metabólico HCO3?”
Através da ação do mecanismo compensatório, podemos afirmar se o resultado é uma acidose ou alcalose compensada, parcialmente compensada ou descompensada.
Se o pH ↓ = pCO2 ↑
Mecanismos de Compensação
Exemplo 1: Acidose respiratória
Nesse caso, o pCO2 aumenta e assim diminui o pH. 
O mecanismo compensatório (HCO3) aumentará objetivando elevar e normalizar o pH.
HCO3 ↑ 
Se o pH ↑ = pCO2 ↓ 
Exemplo 2: Alcalose respiratória
Nesse caso, o pCO2 diminui e assim aumenta o pH. 
O mecanismo
compensatório (HCO3) diminuirá objetivando reduzir e normalizar o pH.
HCO3 ↓ 
Mecanismos de Compensação
Se o pH ↓ = HCO3 ↓
Exemplo 3: Acidose metabólica
Nesse caso, o HCO3 diminui e assim diminui o pH. 
O mecanismo compensatório (pCO2) reduzirá objetivando elevar e normalizar o pH.
pCO2 ↓ 
Se o pH ↑ = HCO3 ↑ 
Exemplo 4: Alcalose metabólica
Nesse caso, o HCO3 aumenta e assim aumenta o pH. 
O mecanismo compensatório (pCO2) aumentará objetivando reduzir e normalizar o pH.
pCO2 ↑ 
Mecanismos de Compensação
Através da ação do mecanismo compensatório, podemos afirmar se o resultado é referente a uma acidose ou alcalose compensada, parcialmente compensada ou descompensada.
Descompensada: 
O pH e seu fator determinante estão alterados, mas o mecanismo compensatório continua normal.
Parcialmente compensada: 
O pH e seu fator determinante estão alterados, o mecanismo compensatório também está alterado tentando compensar, mas o pH continua fora da normalidade.
Mecanismos de Compensação
Compensada:
O pH apresenta-se normalizado pelo mecanismo de compensação. Dessa forma, o fator determinante encontra-se alterado e o mecanismo de compensação também.
Acidose respiratória descompensada
	pH	7,25
	pCO2	49%
	HCO3	22
	pH	7,25
	pCO2	52%
	HCO3	29
O mecanismo de compensação (HCO3) está normal. Não alterou-se para normalizar o pH.
O mecanismo de compensação (HCO3) aumentou para elevar e normalizar o pH, mas isso não ocorreu.
Acidose respiratória parcialmente compensada
Acidose respiratória compensada
	pH	7,36
	pCO2	53%
	HCO3	30
O mecanismo de compensação (HCO3) aumentou e conseguiu normalizar o pH. 
Mecanismos de Compensação
Use o mesmo raciocínio nos distúrbios de alcalose respiratória, acidose metabólica e alcalose metabólica.
Acidose metabólica descompensada
Acidose metabólica parcialmente compensada
	pH	7,25
	pCO2	37%
	HCO3	18
	pH	7,25
	pCO2	30%
	HCO3	18
O mecanismo de compensação (pCO2) está normal. Não alterou-se para normalizar o pH.
O mecanismo de compensação (pCO2) diminuiu para elevar e normalizar o pH, mas isso não ocorreu.
Mecanismos de Compensação
Lembre-se, como se trata de acidose metabólica, o pCO2 precisa diminuir para aumentar o pH.
Acidose metabólica compensada
	pH	7,36
	pCO2	25%
	HCO3	18
O mecanismo de compensação (pCO2) diminuiu e conseguiu normalizar o pH. 
Mecanismos de Compensação
Poderão haver vezes que uma mesma gasometria venha a apresentar alterações tanto respiratórias quanto metabólicas, obtendo um resultado misto.
Exemplo 1: Acidose mista
	pH	7,25
	pCO2	55%
	HCO3	8
Exemplo 2: Alcalose mista
	pH	7,52
	pCO2	25%
	HCO3	40
Acidose respiratória + Acidose metabólica 
Alcalose respiratória + Alcalose metabólica 
Resultado misto
A diferença entre esses valores e sua normalidade é alta, não indicando uma tentativa de compensação, mas sim um distúrbio secundário.
Referências
Adequacy of oxygenation parameters in elderly patients undergoing mechanical ventilation. Guedes LP, Delfino FC, Faria FP, Melo GF, Carvalho GA (2013).
Viegas CAA. Gasometria arterial. J Pneumol 28(Supl 3) – outubro de 2002.
SANARMED. Gasometria Arterial: interpretação, parâmetros, distúrbios ácido-básicos e mais!. Disponível em: <https://www.sanarmed.com/gasometria-arterial-como-interpretar>. Acesso em: 10. jun. 2020.

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