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Leitura e produção de texto II 4º Aula Avaliação dos textos Boa aula! Objetivos de aprendizagem Ao término desta aula, vocês serão capazes de: • diferenciar os processos de correção e avaliação de produções textuais; • mostrar a importância da reescrita; • compreender o processo de produção textual como processo de aprendizagem. Disponível em bloggrilofalante.blogspot.com Acesso em 11 jun 2016 25 1 - Você tem conhecimento de que a CORREÇÃO e a AVALIAÇÃO são dois momentos distintos? Seções de estudo 1 - Você tem conhecimento de que a CORREÇÃO e a AVALIAÇÃO são dois momentos distintos? Na correção, como vimos na aula 3, o professor intervém no trabalho do aluno, evidenciando o que pode ser melhorado, colaborando para que o mesmo perceba suas falhas e possa corrigi-las. É nesse momento, após a correção, que se deve realizar o trabalho de reescritura do texto, pois, à medida que o produtor se distancia de seu texto e recebe orientações sobre esse texto, poderá reescrevê-lo de maneira mais eficiente. Pesquisa realizada junto a alunos universitários do 1º ano de Letras/Linguística do IEL/UNICAMP, no 1º semestre de 1989, comprova que a etapa de reescrita, após leituras realizadas pelos próprios colegas de sala, “favoreceu um trabalho consciente deliberado, planejado e repensado.” (Fiad & Sabinson, 1996 p. 63) Já na avaliação, o professor faz um julgamento sobre o produto, expressando-o por meio de conceito, por nota ou por comentários, objetivando mostrar o crescimento do aluno. Trata- se de um momento da maior relevância na prática de produção textual, uma vez, dependendo da forma como é conduzida, pode favorecer ou dificultar o domínio de conhecimentos e habilidades para um bom desempenho na escrita. Com relação aos professores de Língua Portuguesa, a realidade é a mesma e isso pode ser comprovado à medida que são analisadas as informações fornecidas pelos alunos sujeitos da pesquisa nos questionários e nas memórias, em que são registradas as experiências marcantes do aprendizado da referida disciplina, principalmente quando se referem ao período de alfabetização e de prática de produção textual, particularmente no que diz respeito à avaliação. No entanto, o que se observa quando se dialoga com os professores em geral é o caráter contraditório do seu discurso, pois, insatisfeitos com o que realizam, tendem a expressar adesão a uma concepção de avaliação que se evidencia mais progressista do que conservadora. Parece que a insatisfação com os resultados alcançados conduz o professor a um discurso que nem sempre corresponde à prática. Como já afirmado anteriormente, as avaliações da produção escrita são, sobretudo, classificatórias, não favorecendo a superação das dificuldades nem o crescimento do aluno. Sendo assim, contribuem para a discriminação e a seleção, provocando, inclusive, a evasão e a repetência, que são fenômenos os quais se tornam mais evidentes à medida que o final do ano aproxima-se e que acabam, muitas vezes, determinando a exclusão do aluno. Dos que permanecem na escola, vários referem-se a traumas e a receios de escrever, quando são solicitados para tal. Aqueles professores que procuram desenvolver uma prática de avaliação mais coerente com a ideia de uma escola democrática deixam de encarar a “correção” (como mecanismo de atribuição de nota) como o “eixo” do processo de ensino e aprendizagem. Para esses professores os “erros” e as dificuldades constatadas são importantes porque indicam onde e como o aluno precisa ser ajudado para superar as dificuldades, desenvolvendo mais adequadamente suas capacidades e habilidades para a produção textual. Além disso, os professores de “perfil progressista” postulam a importância de se analisar/avaliar o texto não apenas do ponto de vista formal, privilegiando os recursos lexicais e linguísticos mas, também, do conceitual, observando, então, a coesão e a coerência. O professor de Língua Portuguesa deve estabelecer, junto aos seus alunos, quais os critérios que serão utilizados para a correção do texto solicitado, pois nem todos os tipos de textos apresentam as mesmas dificuldades. Observar a idade do aluno é fundamental, pois alguns textos só devem ser trabalhados a partir de uma certa idade; é o caso da dissertação (texto argumentativo) que, de acordo com Lowery (apud SERAFINI. op. cit. 1994, 123), “requer uma capacidade classificatória e hierarquizante que não se desenvolve antes dos quinze- dezesseis anos” e por isso “julga absurdo criticar uma criança por ter apresentado os dados de maneira pouco sistemática.” Ao trabalhar a produção textual, é necessário que o professor investigue se o aluno já conhece a superestrutura do texto desejado. De acordo com Nascimento (1994, p. 123) a noção de superestrutura foi desenvolvida por Van Dijk e é caracterizada, conforme se afirmou anteriormente, como “a estrutura global do texto, que define sua ordem e as relações entre seus fragmentos”, esclarecendo que o indivíduo que não adquiriu a estrutura esquematizada mental do tipo solicitado não conseguirá organizar o seu texto, mesmo que respeite todas as etapas do processo de escritura. Estabelecer a “racional” do texto, compreendendo-o de maneira articulada, progressiva, contínua e não contraditória, é fundamental para tal aprendizagem, e isso só se torna possível quando o aluno atinge o estágio de abstração do pensamento formal, que lhe possibilita operar com abstrações hipotéticas, conseguindo efetuar as relações necessárias para uma boa argumentação. Vale lembrar, no entanto, que a estrutura do texto não acontece “de repente” aos 16 anos, sendo necessário construí-la. A sensibilidade do professor para identificar as características do pensamento dos alunos, em função do seu estágio de desenvolvimento, merece ser mais trabalhada durante a graduação ou nos cursos complementares realizados por ele. Somente assim, conhecedor e convicto dos preceitos construtivistas, é que poderá efetuar uma prática que auxilie o educando em seu crescimento individual, articulado com o coletivo social, fazendo das pessoas indivíduos em condições de se comunicar pela escrita. E, então, percebe como é importante que você, futuro professor, sinta- se seguro para realizar o processo de avaliação de produções textuais de seus alunos? Para tanto, é preciso ler, refl etir e fundamentar–se teoricamente. Vamos recordar? Retomando a aula Parece que estamos indo bem. Então, para encerrar essa aula, vamos recordar: Leitura e produção de texto II 26 1 - Você tem conhecimento de que a CORREÇÃO e a AVALIAÇÃO são dois momentos distintos? Em resumo, abordamos que o momento da correção e da avaliação é distinto. são distintos, O aluno precisa conhecer seus erros e ter a chance de reescrever o texto. reescrevê-lo! Caso contrário, as dificuldades permanecerão. Vale a pena assistir Vale a pena Referências bibliográfi cas BECHARA, E. Ensino da Gramática. Opressão? Liberdade? São Paulo: Ática, 1998. BERNARDO, G. Redação inquieta. Belo Horizonte: Formato Editorial, 2000. KLEIMAN, A. Texto e leitor: aspectos cognitivos da leitura. Campinas, SP: Pontes, 2002. KOCH, I. O texto e a construção dos sentidos. São Paulo:Contexto, 2001. KOCH, I. Argumentação e linguagem. São Paulo: Cortez, 1987. KOCH, I. Desvendando os segredos do texto. São Paulo: Cortez, 2003. VARGAS, Suzana. Leitura: uma aprendizagem de prazer. 4ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2000. Minhas anotações
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