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Direito Desportivo Unidade: A Justiça Desportiva no Brasil Responsável pelo Conteúdo: Prof. Ms. Paulo Celso Sanvito Revisão Textual: Profa. Msa. Magnólia Gonçalves Mangolini Campus Virtual Cruzeiro do Sul | 1 | www.cruzeirodosulvirtual.com.br zzzzzzzzzzzzzzz ORIENTAÇÃO DE EST UDOS Olá caros alunos, Para que você possa ter uma compreensão adequada do tema proposto será necessária à leitura do conteúdo, de forma bastante atenta, realizando todas as atividades de sistematização e aprofundamento da disciplina. A unidade encontra-se organizada de forma a propiciar ao aluno, em primeiro lugar, uma visão geral da Justiça Desportiva, seus órgãos, procedimentos. Nesse contexto, foram abordados os Princípios da Justiça Desportiva, sua previsão Constitucional e infraconstitucional (Lei 9.615/98 e Código Brasileiro de Justiça Desportiva), sua organização e competência, assim como seus principais órgãos (STJDs, TJDs, Procuradoria e Secretarias). Por fim, foram abordados temas como os Aspectos Gerais do Novo Código Brasileiro de Justiça Desportiva, os procedimentos nele indicados, seus prazos, as provas na Justiça Desportiva, a Sessão de Instrução e Julgamento, os recursos e a possibilidade da edição de Súmulas pelos STJDs. O estudo do tema convém ser complementado com a leitura da bibliografia indicada no plano de Ensino, no texto base, além de uma pesquisa na Biblioteca Virtual, na Biblioteca Central da Universidade e na Internet. Sem a perfeita compreensão de todos os tópicos abordados nesta unidade, seu estudo ficará prejudicado. A T E NÇ Ã O: Para um bom aproveitamento do curso, leia o material teórico atentamente antes de realizar as atividades. É importante também respeitar os prazos estabelecidos no cronograma. Campus Virtual Cruzeiro do Sul | 2 | www.cruzeirodosulvirtual.com.br 2 Unidade: A Just iça Desport iva no Bras i l CONTEXTUALIZAÇÃO Em virtude de sua autonomia, garantida constitucionalmente, a Justiça Desportiva assume importante papel no ordenamento jurídico do país. Sua independência e especialização fazem com que tanto sua institucionalização, quanto os procedimentos dela decorrentes sejam peculiares, razão pela qual deve ser feito um estudo mais acurado do tema. Não se pode esquecer que o país sediará alguns dos maiores "espetáculos" esportivo do mundo, fazendo com que seja cada vez maior a quantidade de processos que tramitarão nos órgãos da Justiça Desportiva. Dessa forma, é indispensável o estudo do assunto, para se ter noções de competência (territorial ou em razão da matéria) das instituições, bem como dos procedimentos e atos processuais dessa justiça especializada. Campus Virtual Cruzeiro do Sul | 3 | www.cruzeirodosulvirtual.com.br 3 Unidade: A Just iça Desport iva no Bras i l INTRODUÇÃO Antes de entrar no assunto da Justiça Desportiva, é sempre cabível a lição do mestre Álvaro Melo Filho: “O grande desafio da Justiça Desportiva é impedir que a razoabilidade exigida da Justiça não seja comprometida pela emocionalidade inerente ao Desporto”. 1 PRINCÍPIOS DA JUSTIÇA DESPORTIVA Sobre os Princípios da Justiça Desportiva, merece destaque o texto doutrinário de Paulo Marcos Schmitt, extraído do Código Brasileiro de Justiça Desportiva Comentado, verbis: “Princípios são proposições diretoras de uma ciência. Como bem observa José Afonso da Silva, “princípios são ordenações que irradiam e imantam o sistema de normas”. Na perspectiva de um sistema desportivo, são os seus sustentáculos, alicerces, bases e fundamentos. (...) Os princípios têm a função de auxiliar no processo interpretativo das normas aplicáveis ao desporto, permitindo o adequado preenchimento de lacunas aparentes”.2 1 MELO FILHO, Álvaro. As recentes alterações do Código Brasileiro de Justiça Desportiva. Disponível em <http://cidadedofutebol.com.br/cidade2006/Materia.aspx?IdArtigo=2005>, acessado em 01/08/2012. 2 SCHMITT, Paulo Marcos (coord.). Código Brasileiro de Justiça Desportiva Comentado. São Paulo: Quartier Latin, 2006. p. 22. Campus Virtual Cruzeiro do Sul | 4 | www.cruzeirodosulvirtual.com.br 4 Unidade: A Just iça Desport iva no Bras i l O artigo 2º do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD) prescreve os princípios que devem ser observados em sua aplicação, a exemplo da ampla defesa, celeridade, contraditório, economia processual, impessoalidade, independência, legalidade, moralidade, motivação das decisões, oficialidade, proporcionalidade, publicidade, razoabilidade e devido processo legal, além dos especialíssimos da oralidade, tipicidade desportiva, prevalência, continuidade e estabilidade das competições, espírito esportivo (fair play), dentre outros. Em rápida análise superficial dos princípios aplicados no processo desportivo já citados na Unidade 1, pode-se notar que foi intenção clara do legislador salvaguardar a celeridade na prestação jurisdicional, valorizando a oralidade e concentrando os atos em audiência (depoimento pessoal, produção de provas, apresentação oral da defesa e julgamento) sem, contudo, deixar de garantir o direito à ampla defesa se ao contraditório. PREVISÃO CONSTITUCIONAL DA JUSTIÇA DESPORTIVA O direito ao desporto é público e subjetivo, ou seja, é conferido pela Constituição aos indivíduos contra o Estado, que tem o dever de promover, incentivar e proteger tal direito, conforme preceituam o artigo 5º, XXVIII, "a", e o artigo 24, IX da CF/88. A Constituição Federal de 1988, em clara demonstração do prestígio, alçou o desporto à questão de grande relevância para a ordem social, reservando à questão o artigo 217 que, em seus parágrafos 1º e 2º, trata do assunto relativo à Justiça Desportiva, ao prever: “Artigo 217 - [...] § 1º ─ O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, reguladas em lei. § 2º ─ A justiça desportiva terá o prazo máximo de sessenta dias, contados da instauração do processo, para proferir decisão final.” Campus Virtual Cruzeiro do Sul | 5 | www.cruzeirodosulvirtual.com.br 5 Unidade: A Just iça Desport iva no Bras i l Como se manifesta Uadi Lammêgo Bulos: “Aí está a previsão da justiça desportiva. O constituinte, considerando a especificidade desse campo, previu um organismo, não integrado ao Poder Judiciário, para resolver pendências relativas ao setor”.3 Dessa forma, a Constituição, além de reconhecer a Justiça Desportiva, lhe deu completa autonomia, ao dispor que só serão admitidas, pelo Poder Judiciário, as ações relativas à disciplina e competições esportivas, após esgotarem-se todas as instâncias da Justiça Desportiva. Porém, a própria Lei Maior lhe impôs limites, estabelecendo o prazo máximo de 60 (sessenta) dias para proferir decisão final e facultando à parte o ajuizamento de ação, perante o Poder Judiciário, nos casos de desrespeito à esse prazo. Nesse sentido, merece destaque a jurisprudência advinda do Tribunal de Justiça de Santa Catarina: “O § 1º do artigo 217 da CF constitui uma exceçãoà garantia constitucional de que “a lei não excluíra da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça de direito” (CF, art. 5º, XXXV) e como exceção deve ser aplicada estritamente”.4 A JUSTIÇA DESPORTIVA NA LEI 9.615/98 (LEI PELÉ) A Justiça Desportiva é regulamentada pelo capítulo VII da Lei 9.615/98, inclusive reiterando, em seu artigo 52, a autonomia e a independência de seus órgãos, conforme constitucionalmente previsto. A Lei Pelé recriou o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), como órgão recursal de demandas que envolvam competições interestaduais ou nacionais e ampliou a participação dos principais segmentos desportivos na composição do Tribunal Superior. 3 BULOS, Uadi Lammêgo. Constituição Federal Anotada. São Paulo: Saraiva, 2000. p. 1214. 4 BRASIL. TJSC – 4ª Câm. Civ. – Agravo de Instrumento 97000651-9 – Rel. Dês. João José Schaefer – j. em 06.03.97 – Agravante Federação Catarinense de Futebol – Agravado Clube Náutico Marcilio Dias. Disponível em: <.tj.sc.gov.br>, acessado em 01/08/2012. Campus Virtual Cruzeiro do Sul | 6 | www.cruzeirodosulvirtual.com.br 6 Unidade: A Just iça Desport iva no Bras i l Além do mais, determinou que as Comissões Disciplinares (órgãos de Primeira Instância Desportiva) fossem compostas e integradas por membros diversos dos participes do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) e dos Tribunais de Justiça Desportiva (TJD), com o intuito de que estes não se tornassem "julgadores de seus próprios julgamentos". ORGANIZAÇÃO E COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DESPORTIVA O artigo 50 da Lei 9.615/98 dispõe: “a organização, o funcionamento e as atribuições da Justiça Desportiva ... serão definidas em códigos desportivos ...”. Dessa forma, é o Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD) o atual estatuto que dispõe sobre a organização e a competência da Justiça Desportiva, no âmbito de qualquer modalidade desportiva (profissional ou não profissional) praticada no país.5 Porém, apesar de delegar aos códigos desportivos a competência para determinar a organização e funcionamento da justiça especializada, a Lei Pelé traçou regras mínimas para o regramento da Justiça Desportiva, inclusive determinando os órgãos que a compõem: a) o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), funcionando junto às entidades nacionais de administração do desporto (Confederações); b) os Tribunais de Justiça Desportiva (TJD), funcionando junto às entidades regionais da administração do desporto (Federações Estaduais); e c) as Comissões Disciplinares Nacionais e Regionais, colegiados de primeira instância dos referidos órgãos judicantes, compostas por cinco membros não pertencentes aos referidos órgãos judicantes, com competência para processar e julgar as questões previstas nos códigos de justiça. 5 Em dezembro de 2003 foi editada a Resolução 01 do Ministério dos Esportes e Turismo, instituindo novo Código Brasileiro de Justiça Desportiva – CBJD, aplicável a todas as modalidades esportivas praticadas no Brasil. O CBJD foi alterado pela Resolução nº 11, de 29 de março de 2006, publicada no D.O.U. – Seção 1, pág. 169, de 31 de março de 2006; referendado pela Resolução nº 13, de 4 de maio de 2006, publicada no D.O.U. – Seção 1, pág. 55, de 23 de maio de 2006 e alterado pela Resolução n° 29 de 10 de dezembro de 2009, publicada no D.O.U. de 31 de dezembro de 2009. Campus Virtual Cruzeiro do Sul | 7 | www.cruzeirodosulvirtual.com.br 7 Unidade: A Just iça Desport iva no Bras i l a) Superior Tribunal de Justiça Desportiva O Superior Tribunal de Justiça Desportiva, composto pelo Tribunal Pleno e suas Comissões Disciplinares, é o órgão máximo da Justiça Desportiva (artigo 50 da Lei nº 9.615/98) e sua competência é determinada da seguinte forma: I) cabe ao Tribunal Pleno, tendo como integrante nove auditores, processar e julgar, originariamente, seus auditores e os membros da entidade nacional de administração, assim como os litígios entre entidades regionais, e, em grau de recurso, as matérias descritas no artigo 25, II do CBDJ inciso, dentre outras atribuições elencadas no inciso I do mesmo artigo. II) A competência das Comissões Disciplinares, por sua vez, é determinada pelo artigo 26 do CBDJ. b) Tribunal de Justiça Desportiva Os Tribunais de Justiça Desportiva são os órgãos judicantes das entidades regionais de administração de desporto, sendo igualmente compostos por dois órgãos: o órgão Pleno e as Comissões Disciplinares. A competência e as atribuições das Comissões Disciplinares dos Tribunais são especificadas no artigo 28 do CBDJ, competindo a elas, em linhas gerais, processar e julgar as infrações praticadas por entidades ou agentes desportivos subordinados às entidades regionais de administração do desporto, além de declarar os impedimentos de seus próprios auditores. Já o órgão Pleno, que tem como integrantes nove auditores (artigo 55 da Lei nº 9.615/98 e no artigo 5º do CGJD), tem suas atribuições especificadas no artigo 27 do CBDJ. c) Comissões Disciplinares As Comissões Disciplinares funcionam como órgãos judicantes de primeira instância dos tribunais desportivos, sendo compostas por cinco membros, de livre nomeação, mediante indicação dos respectivos TJD ou STJD (artigo 53 da Lei 9.615/98). Das decisões proferidas pelas Comissões, cabe recurso para os órgãos Plenos dos Tribunais. Campus Virtual Cruzeiro do Sul | 8 | www.cruzeirodosulvirtual.com.br 8 Unidade: A Just iça Desport iva no Bras i l ASPECTOS GERAIS DO NOVO CÓDIGO BRASILEIRO DE JUSTIÇA DESPORTIVA O atual Código Brasileiro de Justiça Desportiva foi editado, em atendimento ao previsto na Lei 10.671/03 ("Estatuto do Torcedor"), por meio da Resolução 01 do Ministério dos Esportes, de 23.12.2003, com incidência em todas as modalidades esportivas. Esse novo Código trouxe inovações importantes e necessárias, a exemplo da exigência de que todas as decisões da Justiça Desportiva sejam fundamentadas (art. 38). Outra inovação, com o claro intuito de punir exemplarmente e com maior severidade as infrações desportivas, foi a instituição de penas pesadas para diversas infrações, a exemplo da elevada pena pecuniária imposta à entidade de prática desportiva que deixa de tomar as providências capazes de prevenir ou reprimir desordens em sua praça de desportos, prevista no artigo 213. Apesar disso, o novo CBJD foi alvo de inúmeras críticas, que ensejaram uma reforma em diversos de seus dispositivos, iniciando-se com a Resolução 11/06, do Conselho Nacional do Esporte (CNE) e terminando com a publicação, em 31.12.2009, da Resolução 29 do CNE, que alterou substancialmente o CBJD, buscando adequá-lo às principais tendências jurisprudenciais verificadas nos tribunais desportivos. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DESPORTIVA É certo que a competência da Justiça Desportiva é definida pelo artigo 217 da Magna Carta, porém é no artigo 24 do CBDJ que se encontra a definição dos limites da competência dessa Justiça especializada. Dessa forma, os órgãos da Justiça Desportiva têm limites de jurisdição territorial ("ratione loci"), de acordo com a sede da entidade de administração do desporto e da modalidade de prática respectiva. Já os Tribunais desportivos, têm competência em razão da matéria ("ratione materiae"), referente às infrações praticadas pelas entidades compreendidaspelo Sistema Nacional do Desporto e pessoas físicas ou jurídicas que lhes forem direta ou indiretamente filiadas ou vinculadas. Campus Virtual Cruzeiro do Sul | 9 | www.cruzeirodosulvirtual.com.br 9 Unidade: A Just iça Desport iva no Bras i l Dessa forma, pode-se dizer que é a Justiça Desportiva competente para julgar as infrações às regras ou regulamentos de qualquer das modalidades esportivas, bem como punir qualquer tipo previsto em seus códigos disciplinares. No Brasil, cada modalidade desportiva ou grupo de esportes ligados a uma mesma Confederação, dispõe de um órgão judicante específico e próprio. Importante salientar que, esse modelo de Justiça Desportiva, é uma criação exclusivamente brasileira, não existindo similaridade em qualquer outra parte do mundo. DA ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA DESPORTIVA O artigo 1º do CBJD já trata da organização da Justiça Desportiva: “Artigo 1º - A organização, o funcionamento, as atribuições da Justiça Desportiva brasileira e o processo desportivo, bem como a previsão das infrações disciplinares e desportivas e de suas respectivas sanções, no que se referem ao desporto de prática formal, regulam-se por este Código. Parágrafo Único (Revogado pela Resolução CNE 29 de 2009). § 1º- Submetem-se a este Código, em todo o território nacional: I – as entidades nacionais e regionais de administração do desporto; II – as ligas nacionais e regionais; III – as entidades de prática desportiva, filiadas ou não às entidades de administração mencionadas nos incisos anteriores; IV – os atletas profissionais e não profissionais; V – os árbitros, assistentes e demais membros de equipe de arbitragem; VI – as pessoas naturais que exerçam quaisquer empregos, cargos ou funções, diretivas ou não, diretamente relacionados a alguma modalidade esportiva, em entidades mencionadas neste parágrafo, como, entre outros, dirigentes, administradores, treinadores, médicos ou membros de comissão técnica; Campus Virtual Cruzeiro do Sul | 10 | www.cruzeirodosulvirtual.com.br 10 Unidade: A Just iça Desport iva no Bras i l VII – todas as demais entidades compreendidas pelo Sistema Nacional do Desporto que não tenham sido mencionadas nos incisos anteriores, bem como as pessoas naturais e jurídicas que lhes forem direta ou indiretamente vinculadas, filiadas, controladas ou coligadas. § 2º - Na aplicação do presente Código, será considerado o tratamento diferenciado ao desporto de prática profissional e ao de prática não profissional, previsto no inciso III do art. 217 da Constituição Federal.” De uma análise apenas superficial do artigo acima, já se extrai a conclusão de que o novo CBJD é aplicável a toda e qualquer modalidade desportiva e que, quando de sua aplicação, deve ser dado um tratamento diferenciado entre o desporto de prática profissional e o não profissional, conforme constitucionalmente previsto. Já com relação à organização da Justiça Desportiva propriamente dita, o CBJD se ateve às disposições gerais traçadas pela Lei Pelé, indicando novamente os órgãos componentes da Justiça Desportiva (STJD, TJD e as Comissões Disciplinares Nacionais e Regionais) e destacando sua autonomia e independência, apenas inovando ao esclarecer acerca da organização do STJD (artigo 3°-A), composto pelos órgãos: Tribunal Pleno e Comissões Disciplinares. Quanto à composição dos órgãos, os auditores (STJD, TJD e Comissões Disciplinares) deverão ser bacharéis em Direito, havendo a proibição de que não podem integrar o mesmo órgão judicante, auditores que tenham parentesco na linha ascendente ou descendente, nem auditor que seja cônjuge, irmão, cunhado, tio, sobrinho, sogro, padrasto ou enteado de outro auditor, conforme o artigo 17. No que se refere aos defensores, a redação do art. 29 do CBJD estabelece que as pessoas maiores e capazes podem exercitar seu direito de defesa "em causa própria" ou ser representado por advogado regularmente inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil. Ainda quanto aos defensores, o Códice, em seu art. 31, estabelece que tanto o STJD como o TJD deverão nomear defensores dativos para exercer a defesa técnica daqueles que expressamente o requererem, bem como ao atleta menor de dezoito anos de idade, este independentemente de requerimento. Campus Virtual Cruzeiro do Sul | 11 | www.cruzeirodosulvirtual.com.br 11 Unidade: A Just iça Desport iva no Bras i l PROCURADORIA Junto aos Tribunais (STJD e TJD), funcionam as Procuradorias da Justiça Desportiva (dirigidas sempre por um procurador-geral), exercidas por, no mínimo, dois procuradores, com mandato idêntico ao estabelecido aos auditores, sendo responsável pelos processos destinados a promover a responsabilização dos agentes e entidades desportivas que violarem as disposições do CBJD. Nesse aspecto, compete aos procuradores: requerer a instauração de inquérito (quando provocado), oferecer denúncia; dar parecer nos processos de competência dos órgãos aos quais seja vinculado; exercer as atribuições conferidas pela legislação desportiva e interpor os recursos previstos em lei ou propor medidas que visem à preservação dos princípios que regem a Justiça Desportiva, dentre outras atribuições estabelecidas nos regimentos dos Tribunais. Necessário salientar que, aos Procuradores, aplicam-se, no que couber, as mesmas incompatibilidades e impedimentos impostos aos auditores. SECRETARIA A Secretaria corresponde ao cartório dos Tribunais de Justiça Desportiva, tendo como atribuições: receber, registrar, protocolar e autuar os termos da denúncia e os recursos interpostos, além de outras funções de caráter administrativo (artigo 72 do CBJD). DO PROCESSO DESPORTIVO - REGRAS GERAIS Por determinação contida no próprio CBJD, como regra geral, os processos correm publicamente e os atos processuais não dependem de forma determinada (senão quando expressamente exigida), reputando-se válidos os que preencham sua finalidade essencial. Campus Virtual Cruzeiro do Sul | 12 | www.cruzeirodosulvirtual.com.br 12 Unidade: A Just iça Desport iva no Bras i l Como dito anteriormente, um ponto importante é a obrigatoriedade de que todas as decisões, emanadas de seus órgãos judicantes, deverão ser fundamentadas, mesmo que de maneira sucinta. Importante inovação foi a obrigatoriedade das decisões, proferidas pelos órgãos da Justiça Desportiva, serem publicadas, na forma da lei, inclusive na internet, em atendimento ao princípio da publicidade, estampado no artigo 35 da Lei 10.671/03 (Estatuto do Torcedor). Aliás, o uso da internet também se faz importante no caso de citação e intimação por edital, quando este deverá ser instalado em local de fácil acesso localizado na sede do órgão judicante e no sítio eletrônico da respectiva entidade de administração do desporto. (art. 47) Além da publicação do edital, a citação e a intimação deverão ser realizadas por telegrama, fac-símile ou ofício, dirigido à entidade a que o destinatário estiver vinculado, podendo ser realizada por outros meios eletrônicos, desde que possível a comprovação de entrega. (art. 47, § 1°) DOS PRAZOS Com relação aos prazos processuais, o CBJD (artigos 42, 43 e 44) estabeleceu que, salvo disposição em contrário (ex. impugnação de partida - dois dias; interposição de mandado de garantia - 20dias), serão de três dias. Importante destacar que, quando não houver previsão legal expressa, cabe ao presidente do órgão judicante fixá-lo, levando em consideração tanto a complexidade da causa, quanto o ato a ser praticado. Já quanto ao transcorrer desses prazos, eles principiam com a intimação ou citação e serão contados excluindo-se o dia do começo e incluindo-se o dia do vencimento, considerando-se prorrogados, até o primeiro dia útil subsequente, sempre que o vencimento coincidir com dia em que não houver expediente normal da sede do órgão judicante, seguindo a regra geral do Processo Civil. Campus Virtual Cruzeiro do Sul | 13 | www.cruzeirodosulvirtual.com.br 13 Unidade: A Just iça Desport iva no Bras i l DAS NULIDADES Quando prescrita determinada forma, sem cominação de nulidade, o órgão judicante considerará válido o ato se, realizado de outro modo, lhe alcançar a finalidade. A nulidade dos atos deve ser alegada na primeira oportunidade em que couber à parte manifestar-se nos autos e só será declarada se ficar comprovada a inobservância ou violação dos princípios que orientam o processo desportivo. O órgão judicante, ao declarar a nulidade, definirá os atos atingidos, ordenando as providências necessárias, a fim de que sejam repetidos ou retificados. Vale destacar que a nulidade não será declarada: I - quando se tratar de mera inobservância de formalidade não essencial; II - quando o processo, no mérito, puder ser resolvido a favor da parte a quem a declaração de nulidade aproveitaria; III - em favor de quem lhe houver dado causa. (Arts. 52 a 54) DAS PROVAS Em relação às provas, dispõe o artigo 56 e seguintes do CBJD que, no processo desportivo, são hábeis para provar a verdade dos fatos alegados todos os meios legais, e os moralmente legítimos, ainda que não especificados. Importante destacar que os fatos notórios, os alegados por uma parte e confessados pela parte contrária e os que gozem de presunção de veracidade, independem de prova. Dessa forma, estabeleceu o CBJD, como meios de prova legalmente previstos: súmula e/ou relatório dos árbitros, depoimento pessoal, prova documental, exibição de documento ou coisa necessária à apuração dos fatos, prova testemunhal, os meios audiovisuais e prova pericial (consistente em exame ou vistoria e a inspeção). Deve-se ressaltar que tal rol é meramente exemplificativo. Sobre as provas, é necessário salientar que, no tocante à sumula e ao relatório dos árbitros, auxiliares e representantes das entidades de administração do desporto, tais provas gozam de presunção relativa de veracidade. A súmula nada mais é do que um documento, elaborado pela arbitragem, que contém todos os dados da partida, como data, local e suas condições, nomes das equipes, membros dos times, pontuação alcançada, advertências e expulsões. Campus Virtual Cruzeiro do Sul | 14 | www.cruzeirodosulvirtual.com.br 14 Unidade: A Just iça Desport iva no Bras i l DO PROCESSO DESPORTIVO – PROCEDIMENTOS O processo, no âmbito da Justiça Desportiva, é eminentemente célere, principalmente em razão do limite Constitucional estabelecido, de 60 dias para sua conclusão. Dessa forma, o CBJD, nos artigos 33 e 34, determina que os procedimentos a serem seguidos na Justiça Desportiva são o sumário e o especial, aplicando-lhes, obrigatoriamente, os princípios gerais do direito. O procedimento sumário é aplicado aos processos disciplinares. Já o procedimento especial é aplicável aos processos expressamente tratados no Código, quais sejam: inquérito; impugnação; mandado de garantia; reabilitação; dopagem; suspensão, desfiliação ou desvinculação, imposta pelas entidades de administração ou prática desportiva; revisão; medidas inominadas (como a concessão de efeitos suspensivos ou liminares); e transação disciplinar desportiva. DO PROCEDIMENTO SUMÁRIO Conforme disposto no artigo 34, §1º e 73 e seguintes do CBJD, sempre que se tratar de processo disciplinar, será aplicado o procedimento sumário. Esse procedimento terá início sempre que houver a denúncia da procuradoria, ou quando uma queixa for a ela endereçada pela parte interessada. Com relação à queixa (artigo 74 do CBDJ), esta só poderá ser formulada quando houver legítimo interesse e vinculação direta com a questão a ser discutida no procedimento, dentro do prazo decadencial de três dias úteis, a contar da ocorrência do ato ou conhecimento do fato que lhe deu causa, devendo o interessado fornecer à Procuradoria a informação circunstanciada do fato gerador da infração. Esta disposição tem recebido críticas, já que a queixa não poderá ser interposta diretamente ao Tribunal desportivo, sendo necessário seu endereçamento à procuradoria, impondo a obrigatoriedade do "aval" da Procuradoria para o exercício do direito de queixa. Campus Virtual Cruzeiro do Sul | 15 | www.cruzeirodosulvirtual.com.br 15 Unidade: A Just iça Desport iva no Bras i l Já a denúncia da Procuradoria, conforme disposto no artigo 79 do CBJD, deverá conter a descrição sumária da infração, a qualificação do infrator, assim como a menção do dispositivo atingido. Poderá a Procuradoria, de forma fundamentada, requerer o arquivamento do processo, se for o caso. Recebidos os documentos, a Secretaria fará seu registro, encaminhando-os à Procuradoria para manifestação no prazo de dois dias. Uma vez oferecida a denuncia, os autos serão conclusos ao Presidente para que, no prazo de dois dias, nomeie relator, analise a incidência da suspensão preventiva, designe dia e hora da sessão de instrução e julgamento e determine o cumprimento dos atos de comunicação processual e demais providências cabíveis. Compete ao Presidente a concessão ou não de efeito suspensivo aos recursos, nos casos em que possa ocorrer prejuízo irreparável ao recorrente, desde que requerido pela defesa, e a permissão do ajuizamento de qualquer medida não prevista no CBJD, dentre as quais se encontram as medidas cautelares e os pedidos de liminares. DOS PROCEDIMENTOS ESPECIAIS Conforme prescrito no artigo 34, §2º do CBJD, o procedimento especial aplica-se aos processos de: I - inquérito; II - impugnação; III - mandado de garantia; IV - reabilitação; V - dopagem; VI - infrações punidas com eliminação; VII - suspensão, desfiliação ou desvinculação imposta pelas entidades de administração ou de prática desportiva; VIII - revisão; IX - às medidas inominadas do art. 119; e X - à transação disciplinar desportiva. Dessa forma, passemos a comentar, brevemente, as principais espécies: Em qualquer dos casos em que se aplica o procedimento especial (artigo 80 e seguintes do CBJD), o pedido inicial deverá ser, obrigatoriamente, acompanhado do comprovante do pagamento do preparo (emolumentos), sob pena de seu indeferimento (deserto). Campus Virtual Cruzeiro do Sul | 16 | www.cruzeirodosulvirtual.com.br 16 Unidade: A Just iça Desport iva no Bras i l a) O inquérito Tem a finalidade de apurar a existência ou não de infração disciplinar e determinar a sua autoria, para a subsequente instauração da ação pertinente. Sua instauração poderá ser determinada ex ofício, pelo presidente do órgão judicante ou a requerimento, tanto da procuradoria como da parte interessada, contendo a indicação dos elementos que evidenciem a suposta práticade infração disciplinar e as provas que se pretende produzir, inclusive, com a indicação das testemunhas a serem ouvidas. O pedido de abertura de inquérito será indeferido quando não se verificar a existência dos elementos indispensáveis ao procedimento, mas se deferido o pedido, o presidente designará, de imediato, o auditor processante. Quando caracterizada a existência da infração e determinada sua autoria, os autos do inquérito serão remetidos à Procuradoria para o oferecimento da denúncia, mas, não se caracterizando a infração ou não sendo possível se determinar a autoria, os autos do inquérito serão arquivados. b) Impugnação de resultado, partida, prova ou equivalente em cada modalidade Tal medida visa à anulação de partida, prova ou equivalente em cada modalidade ou apenas de seu resultado. Conforme se infere do art. 84, §1°, são partes legítimas para promover a impugnação, as pessoas naturais ou jurídicas que tenham disputado a partida, prova ou equivalente em cada modalidade e as que tenham imediato e comprovado interesse no seu resultado, desde que participante da mesma competição. Seu pedido deve ser dirigido ao presidente do órgão judicante, em duas vias, no prazo de dois dias após a entrada da súmula na entidade de administração do desporto. A petição inicial poderá ser indeferida quando for manifestamente inepta, houver ilegitimidade da parte, faltar condição exigida pelo Código ou não comprovação do pagamento dos emolumentos, mas, recebida a impugnação, será dada vista à parte contrária, pelo prazo de dois dias e, em seguida, à Procuradoria, por idêntico prazo, para sua manifestação. Campus Virtual Cruzeiro do Sul | 17 | www.cruzeirodosulvirtual.com.br 17 Unidade: A Just iça Desport iva no Bras i l c) Mandado de Garantia Equivalente ao Mandado de Segurança (Lei n° 12.016/2009) e previsto no artigo 88 do CBJD, será concedido sempre que, ilegalmente ou por abuso de poder, alguém sofra violação em seu direito líquido e certo, ou tenha justo receio de sofrê-la, por parte de qualquer autoridade desportiva. Como seu análogo, poderá ser repressivo ou preventivo. Deve ser impetrado no prazo de 20 dias, contados da prática do ato ou decisão que o motivou, sendo incabível contra atos dos quais caibam recurso próprio e lhes tenha sido concedido o efeito suspensivo. É importante salientar que, devido à sua importância (proteção de direito líquido e certo), pode ser concedida liminar ao mesmo, pelo presidente do órgão judicante, assim como tais processos gozam da garantia de prioridade de tramitação sobre os demais. d) Da dopagem Conforme disposto no artigo 102 do CBJD, ao se configurar o resultado anormal na análise antidopagem, o presidente da entidade de administração do desporto, em 24 horas, remeterá o laudo da contraprova ao presidente do órgão judicante, que decretará (também em 24 horas) o afastamento preventivo do atleta, pelo prazo máximo de 30 dias. Em sequência, terá a defesa do atleta o prazo de 5 (cinco) dias para manifestar-se e apresentar as provas que tiver, sendo o processo remetido à Procuradoria para o oferecimento da denúncia, que deve ocorrer no prazo de dois dias. No retorno dos autos, o presidente sorteará (em 24 horas) o Auditor Relator e marcará, desde logo, a Sessão de Julgamento, que deverá acontecer no interregno máximo de 10 dias. Deve-se ressaltar que, uma vez proclamado o resultado, tal decisão produzirá efeitos de imediato, independentemente da presença das partes ou seus procuradores ao julgamento. O CBJD dispôs com rigor acerca das punições referentes à prática de dopagem, estendendo a penalidade de suspensão de 120 a 360 dias. Campus Virtual Cruzeiro do Sul | 18 | www.cruzeirodosulvirtual.com.br 18 Unidade: A Just iça Desport iva no Bras i l e) Da revisão Caberá a Revisão dos processos findos, sempre que a decisão for resultado de manifesto erro de fato ou prova falsa, tiver sido proferida contra literal disposição de lei ou contra evidência da prova ou ainda quando, após a decisão, se descobrirem provas da inocência do punido. Conforme disposto no artigo 113 do CBJD, será admitida a Revisão até 03 anos após o trânsito em julgado da decisão condenatória e, de acordo com o artigo 114 do mesmo estatuto, é incabível a revisão da decisão que importe em exclusão de competição, perda de pontos, de renda ou de mando de campo. f) Da Transação Disciplinar Desportiva Segundo o artigo 80-A, a transação disciplinar desportiva poderá ser proposta pela Procuradoria, ao autor das infrações previstas nos artigos 206 (atraso para o início da partida), 250 a 258-C (infrações relativas à disputa das partidas, provas ou equivalentes) e 259 a 273 (infrações relativas à arbitragem) do CBJD. Não se admitirá a proposta de tramitação disciplinar desportiva quando: I - o infrator tiver sido beneficiado, no prazo de trezentos e sessenta dias anteriores à infração, pela transação disciplinar desportiva prevista no artigo 80-A; II - o infrator não possuir antecedentes e conduta desportiva justificadores da adoção da medida; III - os motivos e as circunstâncias da infração indicarem não ser suficiente a adoção da medida. Necessário esclarecer que, para a efetiva ocorrência da transação, deve haver a anuência do acusado (aceitação). Tal fato se dá uma vez que este poderá preferir se submeter ao julgamento, buscando a sua completa absolvição. Dessa forma, não pode a Procuradoria impor a formulação de transação desportiva, mas apenas sugeri-la. g) Das Medidas Inominadas Conforme predispõe o artigo 119 do CBJD, o Presidente do Tribunal (STJD ou TJD), perante seu órgão judicante e dentro da respectiva competência, em casos excepcionais e no interesse do desporto, em ato fundamentado, poderá permitir o ajuizamento de qualquer medida não prevista no Código, desde que requerida no prazo de 03 dias, contados da decisão, ato, despacho ou da inequívoca ciência do fato. Campus Virtual Cruzeiro do Sul | 19 | www.cruzeirodosulvirtual.com.br 19 Unidade: A Just iça Desport iva no Bras i l Em tais medidas pode ser concedido efeito suspensivo ou liminar, quando houver fundado receio de dano irreparável, desde que o Presidente se convença da verossimilhança da alegação. Os réus, a procuradoria e as partes interessadas terão o prazo comum de 02 dias para apresentar suas contrarrazões. DAS SÚMULAS DO STJD O CBJD, no artigo 119-A, trata da possibilidade de edição de Súmulas, com efeitos vinculantes para todos os órgãos judicantes da respectiva modalidade, nas esferas regional e nacional, por parte do STJD. Para sua edição, revisão e/ou cancelamento, deverão se manifestar favoravelmente dois terços dos membros do Tribunal Pleno do STJD e o enunciado da Súmula deve ter por objeto a validade, interpretação e a eficácia de normas determinadas, sobre as quais haja controvérsia que acarrete insegurança jurídica e multiplicação de processos versando sobre questão idêntica. Apesar de a Súmula ter eficácia imediata, o Tribunal Pleno do STJD poderá excluir ou restringir seus efeitos vinculantes, ou mesmo decidir que esta só tenha eficácia a partir de outro momento, seja em razão da segurança jurídica, seja por excepcional interesse do desporto. A proposta de edição, revisão ou cancelamento de enunciado de súmula não autoriza a suspensão dos processos em que se discuta a mesma questão. DA SESSÃO DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO As sessões de instrução e julgamentosão previstas nos artigos 120 e seguintes do CBJD. A sessão é uma audiência una e pública (salvo determinação contrária do Presidente) e, para sua realização, deve ser observada a pauta, previamente elaborada de acordo com a ordem numérica dos processos, sendo certo que, tanto os processos especiais, como aqueles dos quais decorram pedidos de preferência pelas partes, terão prioridade. Campus Virtual Cruzeiro do Sul | 20 | www.cruzeirodosulvirtual.com.br 20 Unidade: A Just iça Desport iva no Bras i l No dia e hora marcados, a sessão será aberta pelo Presidente, desde que exista quorum, que é de maioria simples dos auditores (três para as Comissões Disciplinares e cinco para o STJD e o TJD) para sua realização. Importante salientar que caso decorram 60 minutos após à hora marcada para o início da sessão e não haja número de auditores suficiente para sua realização, o julgamento será adiado para a sessão seguinte, desde que requerido pela parte e independentemente de nova intimação. Em cada processo, o Presidente deve indagar as partes sobre as provas que pretendem produzir, franqueando a palavra ao Relator a quem caberá a leitura da denúncia e das peças processuais que julgar necessárias, assim como deferir ou não a produção de provas. Feito o relatório, serão produzidas as provas deferidas na ordem determinada no artigo 124 do CBJD, qual seja: I) documental; II) cinematográfica; III) fonográfica; IV) depoimento pessoal; V) prova testemunhal; e VI) outras provas pertinentes. Ressalte-se que inexiste hierarquia de valor entre as provas, em decorrência do princípio da persuasão racional. Concluída a fase instrutória, é dado prazo de dez minutos, sucessivamente, à Procuradoria e a cada uma das partes, para sustentação oral. Conforme o disposto no artigo 125, §1º do Códice, quando duas ou mais partes forem representadas pelo mesmo defensor, o prazo será de 15 minutos. Encerados os debates, o Presidente indagará aos Auditores se pretendem algum esclarecimento ou diligência e, após os esclarecimentos, ou caso estes não existam, passa-se ao julgamento do processo. No julgamento, todos os Auditores, inclusive o Presidente, proferirão seus votos e, no caso de empate na votação, é atribuído ao Presidente o "voto de qualidade", salvo quando se tratar de imposição de pena disciplinar (art. 170 do CBJD), caso em que prevalecerão os votos mais favoráveis ao denunciado. Quando os votos pela condenação do denunciado não forem unânimes quanto à qualificação jurídica da conduta, serão computados, separadamente, os votos pela absolvição e os votos atribuídos a cada tipo infracional diferente. Somente haverá condenação se o número de votos atribuídos, a um específico tipo infracional, for superior ao número de votos absolutórios. Da mesma forma, havendo empate na votação para qualificação da pena, prevalecerão, entre os votos empatados, os mais favoráveis ao denunciado. Campus Virtual Cruzeiro do Sul | 21 | www.cruzeirodosulvirtual.com.br 21 Unidade: A Just iça Desport iva no Bras i l Importante salientar que, nas hipóteses de imposição de quaisquer das penas disciplinares relacionadas no art. 170 do CBJD, considerar-se-á a pena de multa mais branda do que a de suspensão. Proclamado o resultado do julgamento, a decisão produzirá efeitos de imediato, independentemente de publicação ou da presença das partes ou seus procuradores na sessão, desde que regularmente intimados para comparecimento, mas, na hipótese de decisão condenatória, os efeitos produzir-se-ão a partir do dia seguinte à proclamação. Necessário ressaltar que, uma vez proferida a decisão, pela Justiça Desportiva, nenhum ato administrativo poderá afetá-la. DOS RECURSOS Antes de se adentrar no assunto dos recursos propriamente ditos, se faz necessário trazer à baila algumas informações importantes: a) Inexiste, na Justiça Desportiva, a previsão de recurso necessário; b) Não cabe recurso voluntário das decisões do Pleno do Superior Tribunal de Justiça Desportiva; e c) Em conformidade com o disposto no artigo 217, §1º da Constituição Federal de 1988, após o esgotamento das instâncias da Justiça Desportiva, poderão ser admitidas ações junto ao Poder Judiciário. Dito isso, segundo o artigo 137 do CBJD, o Autor, o Réu, o Terceiro Interveniente, a Procuradoria e a Entidade de administração do desporto poderão, mediante oferecimento de razões, no prazo de 03 dias, contados da proclamação do julgamento, interpor recurso voluntário, para instância imediatamente superior, acompanhado da respectiva prova do pagamento dos emolumentos devidos, sob pena de deserção. Recebidos os autos, o Presidente do órgão judicante da instância superior competente para julgá-lo, fará a análise prévia dos requisitos recursais e, se considerá-los presentes, sorteará o relator, designará Sessão de Julgamento e abrirá vista dos autos para as partes contrárias e interessados impugnarem o recurso, no prazo comum de 03 dias. O mesmo prazo é dado à Procuradoria para emitir parecer. Havendo urgência, o recurso poderá ser interposto por telegrama, fac- símile, via postal ou e-mail, devendo ser comprovada a remessa do original, no prazo de três dias, sob pena de não conhecimento. Ressalte-se que não será admitida a produção de novas provas em grau de recurso. Campus Virtual Cruzeiro do Sul | 22 | www.cruzeirodosulvirtual.com.br 22 Unidade: A Just iça Desport iva no Bras i l Os recursos não terão, a princípio, efeito suspensivo, porém, poderá o Relator concedê-lo, desde que se convença da verossimilhança das alegações do recorrente, ou quando a simples devolução da matéria puder causar prejuízo de difícil reparação. A decisão de conceder ou deixar de conceder o efeito suspensivo será irrecorrível, mas poderá ser modificada a qualquer tempo. Entretanto, o recurso voluntário será automaticamente recebido no efeito suspensivo, quando a penalidade imposta pela decisão recorrida exceder o número de partidas ou o prazo definidos em lei, ou quando houver cominação de pena de multa. No recurso voluntário, não se admite a reformatio in pejus, ou seja, a penalidade não poderá ser agravada, salvo se interposto pela Procuradoria, porém, a penalidade poderá ser reformada em benefício do réu, total ou parcialmente, ainda que o recurso tenha sido exclusivamente interposto pela Procuradoria, por outro Réu ou por Terceiro Interveniente. Dos Embargos de Declaração Uma novidade trazida pelo CBJD, no art. 152-A, foi a previsão de interposição de Embargos de Declaração, nas hipóteses de obscuridade ou contradição na decisão, ou quando essa for omissa sobre ponto do qual deveria pronunciar-se o órgão judicante. Os Embargos de Declaração serão opostos, no prazo de 02 dias, com indicação do ponto obscuro, contraditório ou omisso, não estando sujeitos a preparo. O Relator julgará monocraticamente os Embargos de Declaração, no prazo de 02 dias, podendo, em casos excepcionais, remetê-los a julgamento colegiado. Quando entender que os Embargos de Declaração merecem ser providos com efeitos infringentes, a remessa ao julgamento colegiado é obrigatória. Os Embargos de Declaração interrompem o prazo para a interposição de outros recursos, por qualquer das partes ou interessados. Quando considerados manifestamente protelatórios, o Relator poderá aplicar multa pecuniária ao Embargante, que não poderá ser inferior ao valor da menor pena pecuniária constante do CBJD. Campus VirtualCruzeiro do Sul | 23 | www.cruzeirodosulvirtual.com.br 23 Unidade: A Just iça Desport iva no Bras i l MATERIAL COMPLEMENTAR Uma vez que Educação a Distância oferece ao aluno a oportunidade de organizar sua aprendizagem e buscar outras bases de conhecimento, é indicado, como material de estudo complementar, para um aprofundamento nesta unidade 2, que o aluno consulte os sites: ‒ Das Federações e Confederações Esportivas (nacionais e internacionais), ligadas à modalidade desportiva de seu maior interesse; ‒ IBDD – Instituto Brasileiro de Direito Desportivo: http://www.ibdd.com.br/v2/index.asp ‒ IPDD – Instituto Pernambucano de Direito Desportivo – http://ipdireitodesportivo.wordpress.com ‒ Site com diversos artigos e informações do Portal UOL, no endereço http://justicadesportiva.uol.com.br/ ‒ CBF – Confederação Brasileira de Futebol: http://www.cbf.com.br ‒ IMDD – Instituto Mineiro de Direito Desportivo – http://www.imdd.com.br ‒ CBJ - Código Brasileiro de Justiça Desportiva - http://legado.cbb.com.br/noticias/Novo_CBJD.PDF ‒ IIDD – Instituto Ibero-americano de Direito Desportivo – http://www.iidd.com.br/home/ Depois de ler o material e informar-se sobre o assunto, vamos pôr em prática esses conhecimentos nas atividades! Bom trabalho! http://www.cbf.com.br/ http://ipdireitodesportivo.wordpress.com/ http://justicadesportiva.uol.com.br/ http://www.cbf.com.br/ http://www.imdd.com.br/ http://legado.cbb.com.br/noticias/Novo_CBJD.PDF http://www.iidd.com.br/home/ Campus Virtual Cruzeiro do Sul | 24 | www.cruzeirodosulvirtual.com.br 24 Unidade: A Just iça Desport iva no Bras i l ANOTAÇÕES _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ Campus Virtual Cruzeiro do Sul | 25 | www.cruzeirodosulvirtual.com.br 25 Unidade: A Just iça Desport iva no Bras i l REFERÊNCIAS BRASIL. TJSC – 4ª Câm. Civ. – Agravo de Instrumento 97000651-9 – Rel. Dês. João José Schaefer – j. em 06.03.97 – Agravante Federação Catarinense de Futebol – Agravado Clube Náutico Marcilio Dias. Disponível em: <.tj.sc.gov.br>, acessado em 01/08/2012. BULOS, Uadi Lammêgo. Constituição Federal Anotada. São Paulo: Saraiva, 2000. p. 1214. MELO FILHO, Álvaro. As recentes alterações do Código Brasileiro de Justiça Desportiva. Disponível em <http://cidadedofutebol.com.br/cidade2006/Materia.aspx?IdArtigo=2005>, acessado em 01/08/2012. SCHMITT, Paulo Marcos (coord.). Código Brasileiro de Justiça Desportiva Comentado. São Paulo: Quartier Latin, 2006. p. 22. www.cruzeirodosul.edu.br Campus Liberdade Rua Galvão Bueno, 868 01506-000 São Paulo SP Brasil Tel: (55 11) 3385-3000 Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br
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