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Bibliografia: Brasileiro Filho, Geraldo Bogliolo, patologia/Geraldo Brasileiro Filho, Capítulo 9: Alterações da circulação – 9a. ed. – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. Robbins & Cotran Patologia — Bases Patológicas das Doenças - 9a Edição Capítulo 4: Distúrbios Hemodinâmicos, Doença Tromboembólica e Choque| Vinay Kumar, MBBS, MD, FRCPath, Abul K. Abbas, MBBS and Jon C. Aster, MD Hiperemia é o aumento da quantidade de sangue no interior dos vasos em um órgão ou tecido, especialmente na microcirculação Quando esse aumento resulta no aumento da velocidade do fluxo sanguíneo: hiperemia ativa Quando esse aumento reduz a drenagem venosa por diminuição da velocidade do fluxo: hiperemia passiva ou congestão Soma desses dois fatores é chamado de hiperemia mista, como acontece em inflamações crônicas Hiperemia ativa Etiologia Vasodilatação arteriolar Etiopatogênese Mecanismo central Através de estímulos vasodilatadores neurogênicos ou metabólicos (ADP e adenosina no exercício físico) – é fisiológico Exemplo: rubor facial de origem neurogênica, rubor fácil de origem de exercício físico Observação: a hiperemia pode acontecer por conta de mediadores químicos externos (como o NO, medicamentos) - Os tecidos hiperêmica possuem uma cor mais avermelhada devido ao influxo de sangue oxigenado Mecanismo periférico localizado regulado por substâncias vasoativas – mediadores inflamatórios Exemplo: caso clínico 1 (hiperemia nas fases iniciais de uma inflamação aguda) CASO CLÍNICO Criança, 4 anos, chega ao hospital apresentando lesão eritematosa com inchaço e dor no membro superior direito. Os pais relatam que a criança brincava no jardim de sua casa quando, por um descuido da babá, colocou a mão no formigueiro. A criança foi tratada com medicamentos anti-histamínicos e anti-inflamatórios com remissão dos sintomas. Discussão: Processos fisiológicos gerais: inflamação, perturbações/alterações circulatórias Processos fisiológicos específicos: inflamação aguda, hiperemia e edema inflamatório Etiopatogênese: Há um influxo de sangue devido a vasodilatação na rede arteriolar, quando isso acontece devido aos mediadores inflamatórios (citosinas e histamina), há o aumento da permeabilidade vascular que vai gerar edema inflamatório (diapedese), visto que o aumento de fluxo sanguíneo na região, aumenta a pressão hidrostática. O tipo de filtrado que se acumula no interstício: Tipo exsudato porque é rico em proteínas, leucócitos e hemácias para a região da inflamação Hiperemia passiva ou congestão Etiologia Não há drenagem venosa ocorrendo normalmente - Retorno venoso reduzido por conta de um bloqueio obstrutivo e localizado (trombose venosa) - Redução do retorno venoso sistêmico ou pulmonar (insuficiência cardíaca) Observação: os tecidos congestionados possuem coloração azul-avermelhada (cianose) por conta do acúmulo de hemoglobina desoxigenada na área afetada Etiopatogênese - Em uma congestão crônica de longa duração, a perfusão inadequada e a hipóxia persistente podem levar: morte celular parenquimatosa e a fibrose tecidual secundária Exemplos: Congestão pulmonar aguda Congestão pulmonar crônica Capilares alveolares ingurgitados com sangue e graus variáveis de edema septal alveolar e hemorragia intra-alveolar Septos alveolares estão mais espaçados e fibróticos, além de ter a presença de células do vício cardíaco (macrófagos com hemossiderina – fagocitaram hemoglobina) Congestão hepática aguda Congestão hepática passiva crônica Veia central e sinusoides estão distendidos com sangue, pode ter hepatócito central com necrose e hepatócitos periportais sofrem degeneração gordurosa As regiões centrais dos lóbulos hepáticos aparecem diminuídos e com coloração vermelho-pardacentas. Há zonas circunvizinhas do fígado que não está congestionado, mas apresenta coloração castanho-amarelado (fígado em noz moscada) por conta da degeneração gordurosa CASO CLÍNICO Mulher, 68 anos, decidiu procurar o pronto-atendimento relatando que não aguentava mais o cansaço e as palpitações que sentia há uma semana. Tudo começou após o infarto que sofreu três meses antes. Saiu do hospital com promessa de vida nova, exercício físico e uma dieta mais saudável. Inclusive, se sentiu convencida a deixar de fumar. Porém, ocorreu o contrário do esperado. A paciente foi para casa sentindo-se fraca e sem disposição. O quadro foi piorando. De uma semana para cá, começou a sentir dispneia aos médios esforços e dificuldade para dormir deitada. Junto com a dispneia incomodava-se com a tosse seca, a sensação de crepitações à inspiração e uma frequente sensação de palpitações com ritmo rápido e irregular. As pernas estavam edemaciadas e as extremidades frias. Ela é muito ansiosa. O médico examinou-a com calma, disse que o coração estava acelerado e fora do ritmo, que havia uma “estase jugular” e que o fígado estava aumentado em três centímetros. Após auscultá-la pediu exames, inclusive um eletrocardiograma, e recomendou tirar o sal da dieta, evitar esforços físicos e prescreveu um diurético. Discussão: Processo fisiopatológico geral: alterações circulatórias Processo fisiopatológico específico: congestão (= hiperemia passiva), edema, infarto Infarto – necrose coagulativa e hemorragia anêmica/branca e fibrose - Cardiopatia no Ventrículo Esquerdo (insuficiência cardíaca congestiva esquerda) – Menos força de ejeção – acúmulo de sangue no VE – rede venosa pulmonar comprometida – aumento da pressão hidrostática nos capilares venosos pulmonares – maior pressão hidrostática capilar – aumento da filtração - edema agudo de pulmão de origem hemodinâmica - transudato (pobre em proteínas em células sanguíneas e com característica flocular) Sinais e sintomas: dispneia, crepitação, cansaço, dificuldade em ficar deitada Consequência a longo prazo da paciente: a insuficiência cardíaca esquerda causada pelo infarto, ocasionou em uma sobrecarrega no ventrículo direito (Cardiopatia no Ventrículo Direito) associada ao ritmo de vida da paciente Insuficiência cardíaca congestiva esquerda – Cardiopatia no Ventrículo Direito – rede venosa do pulmão está com acúmulo de sangue gerando o edema agudo de pulmão – o VD não consegue mandar o sangue necessário para os pulmões – VD aumenta de tamanho e começa a acumular sangue, diminuindo a ejeção para o tronco pulmonar – retorno venoso da veia cava diminui – acúmulo de sangue nas veias do MMII – aumento da pressão hidrostática capilar – maior filtração – edema sistêmico de origem hemodinâmica – transudato Sinais e sintomas: congestão do sangue nas veias dos MMII (sinal de cacifo), hepatomegalia, baço aumentado, ascite e estase jugular Edema Conceito: aumento da quantidade de líquido intersticial nos tecidos ou nas cavidades orgânicas. Há uma separação dos elementos da matriz extracelular Órgãos mais frequentes: tecidos subcutâneos, pulmão e cérebro Etiologia · Aumento da pressão hidrostática; ex. insuficiência cardíaca · Menor pressão oncótica (devido à redução da albumina plasmática – síntese diminuída ou síndrome nefrótica) · Aumento da permeabilidade vascular; ex. inflamação · Diminuição da drenagem linfática; ex. inflamação ou neoplasia · Retenção de sódio; ex. insuficiência renal Etiopatogênese - Insuficiência cardíaca gera uma maior pressão hidrostática capilar em virtude do aumento do fluxo sanguíneo na rede venosa. Desse modo, a filtração aumenta e há o acúmulo de líquido no meio intersticial caracterizando o edema - Insuficiência cardíaca reduz o fluxo sanguíneo renal em virtude da diminuição do débito cardíaco. Desse modo, o sistema renina-angiotensina-aldosterona é ativado, aumentando a retenção de sódio e, consequentemente de água para gerar um aumento a pressão arterial (e diminuição do volume urinário). No entanto, a constante ativação desse sistema associado a condição da insuficiência pode levar o paciente a insuficiência renal, pois o fisiológico seria reabsorver sódio e secretar íons hidrogênio. Tratamento: restrição do sal, uso de diurético e antagonistasda aldosterona - Desnutrição ou menos síntese hepática (como na cirrose) ou síndrome nefrótica (capilares glomerulares estão danificados e permitem a passagem de albumina) acarretam em menos albumina plasmática (proteína sérica baixa). Essa proteína é importante para manter a pressão coloidosmótica capilar constante, e sua redução, leva a redução dessa pressão também. Desse modo, menor pressão coloidosmótica capilar gera uma vantagem sobre a pressão hidrostática capilar, aumentando a filtração. E a constância dessa patologia leva ao edema sistêmico. - A obstrução linfática primariamente é afetada por conta de uma condição inflamatória ou neoplásica gerando o linfedema (acúmulo de linfa nos tecidos moles do corpo por rompimento de linfonodos). Por exemplo, infecção parasitária filariose que pode causar edema maciço na extremidade inferior e genitália, produzindo fibrose linfática e linfonodal inguinal. - Imagem esquematizada da etiopatogênese:
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