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CONCEITOS-FUNDAMENTAIS-DA-ANÁLISE-DO-COMPORTAMENTO (1)

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SUMÁRIO 
1. EPISTEMOLOGIA E DEFINIÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO ................ 3 
2 A EVOLUÇÃO DO COMPORTAMENTO .................................................. 11 
3 PROCESSOS COMPORTAMENTAIS: IMITAÇÃO E MODELAÇÃO ....... 15 
3.1 Condicionamento Respondente ......................................................... 17 
4 A EVOLUÇÃO DE PRÁTICAS CULTURAIS ............................................. 26 
5 APRENDIZAGEM PELAS CONSEQUÊNCIAS: ....................................... 27 
5.1 O Controle Aversivo ........................................................................... 27 
6 EFEITOS COLATERAIS DO CONTROLE AVERSIVO............................. 30 
6.1 Contingências De Reforço Negativo .................................................. 30 
6.2 Alguns exemplos comuns de comportamentos mantidos por reforço 
negativo 34 
6.3 Comportamento de Esquiva ............................................................... 37 
6.4 Alguns exemplos comuns de Fuga e Esquiva .................................... 37 
7 PUNIÇÃO .................................................................................................. 39 
7.1 Punição Negativa ............................................................................... 41 
7.2 Emissão de respostas incompatíveis ao comportamento punido ....... 42 
7.3 Por que punimos tanto? ..................................................................... 44 
8 CONTRACONTROLE ............................................................................... 46 
9 A MENTIRA COMO UM CONTRACONTROLE ........................................ 47 
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 50 
 
 
 
 
 
 
 
1. EPISTEMOLOGIA E DEFINIÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO 
 
 
Fonte: psicologiass2012.blogspot.com.br/ 
 
 
 A Análise do Comportamento e a filosofia do Behaviorismo Radical apre-
sentam conceito complexos a serem entendidos. 
O modelo epistemológico vinculado ao pragmatismo e a seleção 
por consequências como conceito influenciado pelo darwinismo são aspectos 
discutidos na graduação em Psicologia, sendo bem vindas explicações mais 
detalhadas envolvendo: a visão de homem adotada pela Análise do Comportamen-
to, os princípios de aprendizagem, a definição do comportamento em suas varia-
ções reflexas e operantes e nos aspectos topográficos e funcionais, a defi-
nição dos tipos possíveis de consequências do comportamento, o conceito 
de contingências de reforço, fluxo comportamental, repertório comportamental, 
análise funcional e a concepção dos sentimentos e esquemas de reforço, com 
todas as implicações destes na intervenção clínica analítico-comportamental. 
 
 
Como fundamentação filosófica da prática analítico-comportamental, o Beha-
viorismo radical adota a visão de homem a partir do determinismo ambiental, em 
oposição ao modelo tradicional de Psicologia e à nossa cultura ocidental de explica-
ção causal das ações humanas. Contudo, essa posição epistemológica não é simi-
lar à adotada no Behaviorismo Metodológico, o qual aborda o objeto de estudo da 
Psicologia como todos os fenômenos que podem ser observados por consenso. 
De acordo com Machado (1994), essa posição skinneriana não exclui qual-
quer aspecto da pessoa, porque não insiste na verdade por consenso, podendo 
considerar os acontecimentos que passam dentro da pele como sendo variáveis de-
pendentes e não causas do comportamento observável. Considerações sobre as 
distinções entre o mentalismo, o Behaviorismo Metodológico e o Behaviorismo Ra-
dical foram feitas por Skinner (1974, p. 19): 
 
O mentalismo, ao fornecer uma aparente explicação alternativa, mantinha a 
atenção afastada dos acontecimentos externos antecedentes que 
poderiam explicar o comportamento. 
 
 
O behaviorismo metodológico fez exatamente o contrário: com haver-se ex-
clusivamente com os acontecimentos externos antecedentes, desviou 
a atenção da auto-observação e do autoconhecimento. O behaviorismo ra-
dical restabelece certo tipo de equilíbrio. Não insiste na verdade por con-
senso e pode, por isso, considerar os acontecimentos ocorridos no mundo 
privado dentro da pele. Não considera Tais acontecimentos inobser-
váveis e não os descarta como subjetivos. Simplesmente questiona a natu-
reza do objeto observado e a fidedignidade das observações. 
 
A palavra análise talvez não guarde muitos segredos para a maioria das pesso-
as que a ouçam e seu significado em português não difere do significado in-
glês. Análise, de acordo com o Aurélio, é a decomposição de um todo em suas par-
tes constituintes ou o exame de cada parte de um todo, para conhecer a sua nature-
za, ou ainda a determinação dos elementos que se organizam em uma totalidade, 
dada ou a construir, material ou ideal. 
 
 
 
 
Fonte: desciclopedia.org/ 
 
Todo dia realizamos vários tipos de análises: clínicas, quando cedemos uma 
parte de nosso sangue para ser avaliado em um laboratório médico; morfológicas, 
quando determinamos o processo de formação das palavras mediante a classifica-
ção dos seus elementos mórficos para conhecermos como elas surgem; sintáticas, 
quando os professores de português dividem um período em orações para classifi-
cá-las em seus elementos constituintes; léxicas, quando determinamos a classe 
gramatical de uma palavra e combinatórias, quando examinamos o número de dis-
posições possíveis dos membros de uma conjunto em seus subconjuntos, por 
exemplo, quando a FIFA sorteia os subgrupos das seleções que irão competir na 
Copa do Mundo. 
E a análise do comportamento, quando realizamos? Alguns poderiam dizer que 
sempre estamos analisando o comportamento das pessoas: dos nossos colegas de 
turma, da nossa família, de nossa namorada e do ator do filme. De certa for-
ma uma análise é feita, mas assim como na Gramática existe vários tipos de análi-
ses (morfológica, léxica e sintática) também podemos dizer que vários tipos de aná-
lises do comportamento podem ser feitas. Depende da área do conhecimento que 
utilizamos como base para realizar esta análise. 
 
 
 
Fonte: menteacademica.blogspot.com.br 
 
Uma das áreas do conhecimento utilizadas para se analisar o comportamento 
é chamada Análise do Comportamento. A Análise do Comportamento é uma ciência 
natural que estuda o comportamento de organismo vivos e íntegros. 
O conceito utilizado para definir comportamento no nome Análise do Compor-
tamento é o conceito inglês, isso por que Análise do Comportamento é a tradução 
de Behavior Analysis, um nome norte-americano. Assim para a Análise do Compor-
tamento a palavra comportamento se refere tanto a ações de um indivíduo quanto a 
sentimentos, pensamentos e falas. 
A compreensão de cada palavra que compõe o conceito de Análise do Com-
portamento é essencial para entendermos essa consideração. 
A Análise do Comportamento se divide em três partes: o seu braço teórico, fi-
losófico, histórico, seria chamado de Behaviorismo Radical. O braço empírico seria 
classificado como Análise Experimental do Comportamento. O braço ligado à cria-
ção e administração de recursos de intervenção social seria chamado de Análise 
Aplicada do Comportamento. 
 
 
 
Fonte :psicogestoresdofuturo.blogspot.com.br 
 
Uma ciência é um conjunto de declarações verbais sobre o mundo sob o con-
trole de contingências bem discriminadas, que constituem assim um método, uma 
forma específica de falar sobre o mundo. 
Uma ciência natural é um discurso sobre o mundo que descreve relações en-
tre eventos naturais.Um evento natural é um fenômeno que tem dimensões tempo-
rais e/ou espaciais discerníveis pelos órgãos sensoriais de um ser humano comum; 
distingue-se de eventos supranaturais ou imateriais, que não manifestam essas di-
mensões (...) a característica básica necessária e suficiente para uma ciência natu-
ral é que as relações que ela declara ocorram entre eventos naturais e que essa de-
claração inclua a descrição dos meios também necessariamente naturais através 
dos quais essas relações possam ser estabelecidas. STARLING, Roosevelt Riston. 
Breves considerações sobre Ciência, teoria e fenômenos: falamos porque é verda-
de, é verdade porque falamos ou simplesmente falamos? Boletim informativo da As-
sociação Brasileira de Psicoterapia e Medicina Comportamental, 2001. 
Comportamento é a interação entre um organismo, fisiologicamente constituí-
do como um equipamento anatomo-fisiológico, e o seu mundo, histórico e imedia-
to. (...) Definimos comportamento como a relação en-
tre estímulo e resposta. Estímulo é uma parte ou mudança em uma parte 
do ambiente; resposta é uma mudança no organismo. 
 
 
Organismos vivos são aqueles que têm composição química complexa, uma 
organização celular, a capacidade de nutrição, reagem a estímulos do ambiente emi-
tindo repostas, mantêm o seu meio interno em condições estáveis, crescem e se 
reproduzem, modificam-se ao longo do tempo através do processo de evolução, de-
senvolvendo adaptação adequadas á sobrevivência. São íntegros os organismos por 
que se desmembrados do todo do qual fazem parte não conseguem viver no ambi-
ente. 
O Behaviorismo Radical é a parte da Análise do Comportamento que estuda 
os conceitos vistos acima: ciência, ciência natural, evento natural, ambiente, estímu-
lo, resposta e comportamento. 
 
 
Fonte: nadjafavero.wordpress.com 
 
Quem analisa o comportamento? Todas as pessoas, corriqueiramente, fazem 
algum tipo de análise do comportamento, mas uma análise científica defere muito de 
uma análise corriqueira. Os Analistas do Comportamento são aquelas pessoas – 
pesquisadores ou profissionais – que analisam o comportamento de forma científica. 
No Brasil eles são majoritariamente registrados em conselhos profissionais de Psico-
logia ou cursam graduações e pós-graduações de Psicologia e trabalham em clíni-
cas, escolas, postos de saúde, indústrias empresas, ONGs, hospitais, sindicatos, 
cooperativas, associações de moradores, fundações, universidades, centros de pes-
quisa e faculdades. 
 
 
Como os Analistas do Comportamento realizam seus estudos? Inicialmente 
ele colhe os dados de pesquisa utilizando experimentos, quase-experimentos, ob-
servações, entrevistas ou pesquisas de campo e após a coleta dos mesmos fazem 
a análise funcional. A análise funcional é o reconhecimento da múltipla e complexa 
rede de determinações de instâncias de comportamento, representada pela ação em 
diferentes níveis (filogênese, ontogênese e cultura) das consequências do compor-
tamento sobre a probabilidade de respostas futuras da mesma classe 
[de comportamentos] (...) 
A análise deve agora se voltar para as “funções” das respostas e para os mo-
dos através dos quais as mudanças por elas produzidas afetam a probabilidade de 
comportamento futuro. A análise funcional requerida passa a ser aquela que identifi-
ca relações de tríplice contingência responsáveis pela aquisição e manutenção de 
repertórios comportamentais. 
 
 
Fonte: www.youtube.com/ 
 
 Contingências são componentes das relações comportamentais que apre-
sentam relação de dependência entre si, filogênese é a evolução ou desenvolvimen-
to da história de uma espécie, ontogênese é o desenvolvimento ou curso da história 
de aprendizagem de um organismo e cultura é o conjunto de comportamentos que 
são ou não reforçados e/ou punidos por um grupo de pessoas em 
um ambiente comum. 
 
 
Os Analistas do Comportamento também realizam o que chamam de revisão 
e análise conceitual quando os métodos de pesquisa ou trabalho acima são comple-
xos ou quando procuram aplicar os resultados dos seus estudos no seu cotidiano de 
trabalho. Revisão conceitual é a recomendação de propostas de mudança de con-
ceitos que já existem já a análise conceitual é a proposição de novos conceitos. 
 
 
Fonte: comp-tst.blogspot.com.br/ 
 
A Análise Experimental do Comportamento é a parte da Análise do Compor-
tamento que fica responsável por estudar as formas de coleta, mensuração e análise 
dos dados advindos das pesquisas que se utilizam da análise funcional e de concei-
tos revistos e analisados. 
Mas por que alguém analisaria o comportamento de forma científica? A justifi-
cação da existência da Análise do Comportamento perpassa necessariamente pela 
necessidade dos cientistas e profissionais resolverem problemas práticos do cotidia-
no. 
É importante para o bem-estar e, muitas vezes, para a própria sobrevivência 
de organismos, espécies e culturas obter soluções aceitáveis para eventuais pro-
blemas práticos, sejam eles de natureza física ou social. Membros individuais espe-
cialmente felizes e constantes em obter tais soluções foram chamados de sábios em 
outras épocas e, na nossa, costumam ser chamados de cientistas. Modos de orga-
nizar o mundo através de declarações verbais sobre os fenômenos e/ou práticas de 
intervenção direta nos fenômenos que regularmente obtêm tais soluções são cha-
 
 
mados de sabedoria ou ciência. Exatamente que tipo de situação seria considerada 
um “problema prático” para as diversas comunidades humanas é também algo que 
se subordina a lugar e tempo. 
Assim os Analistas do Comportamento são as pessoas que aplicam os co-
nhecimentos advindos do Behaviorismo Radical e da Análise Experimental do Com-
portamento para solucionar problemas comportamentais humanos onde quer que 
eles existam. 
 
2 A EVOLUÇÃO DO COMPORTAMENTO 
 
 
Fonte: www.paraguacity.com 
 
Os teóricos da evolução não salientam apenas o valor de sobrevivência da 
estrutura e da função atuais de um organismo; eles tentam reconstruir estágios ante-
riores, que também devem ter tido valor de sobrevivência. Um exemplo de interesse 
atual é o vôo de pássaros. As penas podem ter evoluído, inicialmente, como isolante 
térmico, mas e as asas? Seriam adaptações de patas dianteiras que, no início, aju-
daram animais terrestres a correr mais rápido ou animais de árvores a saltar de ga-
lho em galho ou do galho para o chão? (Mesmo quando uma característica evoluiu 
 
 
inicialmente devido a consequências bem diferentes daquelas que explicam seu va-
lor de sobrevivência atual, uma história inicial plausível ainda é necessária.) 
Entre as características a serem explicadas desta maneira está o comporta-
mento. O atual valor de sobrevivência de reflexos e os padrões de comportamento-
gatilho estudados pelos etólogos pode estar claro, mas seria possível construir se-
quências plausíveis através das quais estes padrões de comportamento poderiam 
ter evoluído, mantendo o valor de sobrevivência em cada estágio? O primeiro com-
portamento foi, presumivelmente, movimento simples - como o da ameba, avançan-
do para um novo território e, consequentemente, aumentando suas chances de en-
contrar materiais necessários para sua sobrevivência. Depois, presumivelmente, 
veio a sensação, que possibilitaria ao organismo se afastar de estímulos nocivos e 
se aproximar de materiais úteis. 
 
Fonte: psicoativo.com/ 
 
 A atribuição de diferentes órgãos à sensação e à mobilidade deve ter levado 
à evolução de estruturas conectivas e, eventualmente, a tropismos e reflexos. Os 
padrões de comportamentos-gatilho estudados pelos etólogos provavelmente tam-
bémevoluíram através de estágios de complexidade crescente. É improvável que 
muitos exemplos atuais tenham ocorrido, desde o início, em seu estado atual, como 
variações que foram, então, selecionadas pela sobrevivência. Em meu artigo “A Mo-
delagem do Comportamento Filogenético” (“The Shaping of Phylogenic Behavior”), 
sugeri que mudanças geológicas bem conhecidas poderiam ter fornecido algumas 
das sequências de contingências necessárias. Não seria difícil ensinar um peixe a 
pular de um nível mais baixo para um nível mais alto. Seria possível reforçar o nadar 
 
 
através de uma barreira submersa, levantar lentamente a barreira até que ela che-
gasse à superfície e, então, levantá-la até que se tornasse a parede de um segundo 
tanque. 
 À medida que os níveis de água fossem lentamente separados, o peixe pula-
ria com mais e mais força. Algo semelhante, numa dimensão temporal muito diferen-
te, pode ter acontecido, caso o fundo raso e pedregoso de um rio de desova de sal-
mões tenha se movido contra a correnteza, à medida que o rio se modificava, e cor-
redeiras e cachoeiras se interpunham entre o fundo pedregoso e o oceano. 
 
 
Fonte: pt.slideshare.net 
 
Uma mudança geológica diferente tem sido proposta para explicar o compor-
tamento das tartarugas que se alimentam ao longo da costa do Brasil, mas nadam 
mais de mil milhas, até Ascension Island, onde elas se reproduzem. Aparentemente, 
elas nadavam até ilhas mais próximas, que desapareceram. Um terceiro exemplo é 
o comportamento da enguia do Atlântico, que viaja tanto de rios americanos, como 
europeus, para uma região de procriação perto do Mar de Sargaço. Essas longas 
viagens são feitas só uma vez, e é bastante improvável que possam ter ocorrido pe-
la primeira vez na forma atual como variações. 
Quando a América do Norte e a Europa se separaram, entretanto, as distân-
cias deviam ser curtas. O comportamento atual poderia ter evoluído à medida que 
cada geração avançava uns poucos centímetros mais longe do que a anterior. Como 
a maioria das teorias evolucionistas, estas são especulações, mas elas recorrem a 
mudanças geológicas conhecidas, que poderiam prover as condições sob as quais 
 
 
comportamento complexo teria sido modelado. Até onde eu sei, os etólogos não têm 
dado muita atenção a histórias plausíveis deste tipo. 
 
 
Fonte: aragogue.ufrgs.br 
 
Alguns, de fato, têm questionado se a reprodução com variação pode explicar 
comportamento complexo sem apelar para processos mentais. Existe uma garça, 
por exemplo, que pesca tocando a superfície da água com uma pena e apanhando o 
peixe que sobe em direção a esta simulação de um inseto. A garça não está de-
monstrando alguns dos processos de pensar do pescador humano? Mas a jornada 
da enguia do rio Nilo para o Mar de Sargaço, um quarto da volta ao redor da terra, é 
um exemplo muito mais complexo de comportamento inato e é muito mais difícil de 
ser explicado em termos “cognitivos”. Qualquer um que tenha visto o galhinho de 
uma planta tornar-se uma planta completa com flores e frutos, uma realização tam-
bém difícil de ser atribuída à vida mental, não terá dificuldade em aceitar o papel da 
seleção natural na origem do comportamento, não importa quão complexo. 
O comportamento social suscita um problema especial, quando dois compor-
tamentos inter-relacionados, mas de diferentes tipos, parecem evoluir juntos. Se as 
abelhas, ao retornar para a colmeia, dançam de maneiras usadas por outras abelhas 
quando acham fontes de comida, qual poderia ter sido o valor de sobrevivência da 
dança, antes que outras abelhas respondessem a ela, e como uma resposta poderia 
ter evoluído, antes que as abelhas que voltam dançassem? Temos que supor que as 
abelhas que voltam se comportaram de maneiras relacionadas à localização de ali-
 
 
mento, por razões não relacionadas ao alimento. Uma abelha que tenha percorrido 
um longo caminho poderia demonstrar fadiga; uma abelha vindo em determinada 
direção poderia fazer movimentos fototrópicos circulares; e assim por diante. Uma 
vez que as respostas de outras abelhas a estes estímulos tivessem evoluído, refi-
namentos maiores poderiam ocorrer. 
 
 
 
Fonte: www.psicosmica.com 
 
 
 
3 PROCESSOS COMPORTAMENTAIS: IMITAÇÃO E MODELAÇÃO 
 
 
Fonte: www.emaze.com 
 
 
A evolução dos processos através dos quais o comportamento se modifica 
também precisa ser explicada. Um exemplo inicial deve ter sido a imitação. Uma de-
finição estrutural (comportar-se como outro organismo está se comportando) não 
será 3 suficiente: o cachorro que persegue o coelho não está imitando o coelho. A 
imitação filogenética poderia ser definida como se comportar como outro organismo 
está se comportando, sem nenhuma razão ambiental alternativa. Mas alguma outra 
razão pode ter sido inicialmente necessária. Considere um grupo de animais de pas-
tagem, expostos à predação frequente. 
Cada animal apresenta uma forte tendência a correr, em resposta não apenas 
à predação, mas a estímulos relacionados com predadores. Um exemplo de tais es-
tímulos poderia ser a súbita corrida de um ou mais membros do grupo, já respon-
dendo ao predador. Neste estágio, o comportamento não seria de imitação: teria si-
do desencadeado por um entre dois estímulos: a visão de um predador ou a visão 
de um outro animal correndo subitamente. Mas uma variação, que resultasse em um 
organismo imitando outro, teria então valor de sobrevivência como corroboração re-
dundante. 
Com o desenvolvimento do processo, o modelo imitativo poderia assumir total 
controle, e o imitador, então, simplesmente faria o que outro animal estivesse fazen-
do e por nenhuma outra razão. Uma vez desenvolvida a imitação, existem contin-
gências de seleção em que a modelação poderia evoluir. Um pássaro jovem, even-
tualmente, irá voar por si próprio; mas, se ele voar mais cedo, quando os pássaros 
pais voarem, e se voar mais cedo tiver valor de sobrevivência, então a modelação 
por parte dos pais deveria evoluir, com os pássaros pais voando com frequência e 
de maneiras particularmente conspícuas, que são facilmente imitadas. 
 
 
 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
 
 
3.1 Condicionamento Respondente 
 
Como processos evoluídos através dos quais o comportamento se modifica 
durante a vida do indivíduo, a imitação e a modelação o preparam apenas para 
comportamento que já tenha sido adquirido pelos organismos que dão o modelo. Há 
outros processos que evoluíram que colocam o indivíduo sob controle de ambientes 
aos quais ele é exposto. Um deles é condicionamento respondente (pavloviano ou 
clássico). Sob que condições ele poderia ter se desenvolvido? Vamos considerar o 
exemplo clássico de Pavlov: um som, frequentemente seguido pela liberação de ali-
mento, começa eventualmente a eliciar salivação. 
A salivação incondicionada é um reflexo evoluído. Os estímulos mais comuns 
são substâncias na boca, mas, num ambiente estável, o salivar diante da simples 
presença de determinado alimento também deve ter evoluído, assim como o apa-
nhar e o comer um alimento evoluíram em resposta aos mesmos estímulos. No en-
tanto, as contingências favoreceriam uma resposta mais forte ao sabor. O condicio-
namento respondente poderia ter se iniciado como uma variação que tornou as ca-
racterísticas visíveis do alimento ligeiramente mais prováveis de eliciar salivação. 
 
 
 
 
Fonte: pt.slideshare.net 
 
A saliva, então, teria sido secretada em resposta à visão do alimento, tanto 
como um reflexo fraco, resultante da seleção natural, como também como um refle-
xo condicionado. A versão condicionada poderia surgir em resposta a um estímulo(um som, p. ex.) que não tinha nenhum efeito relacionado à seleção natural. A sali-
vação não sugere um forte valor de sobrevivência, e o argumento é mais convincen-
te em relação à transpiração e à aceleração da pulsação, associadas com atividade 
vigorosa. 
Uma tendência evoluída para lutar ou fugir, à visão de um predador, poderia 
ser acompanhada por uma tendência evoluída para suar e aumentar a pulsação, 
mas existiriam mais transpiração e uma pulsação mais rápida durante uma fuga ou 
um ataque reais. Se, inicialmente, a transpiração e o aumento da pulsação ajudaram 
a preparar para uma fuga ou ataque eficazes, variações que conduziram ao proces-
so de condicionamento respondente teriam tido valor de sobrevivência. Nestes 
exemplos, o condicionamento respondente é explicado como um aumento adicional 
na força de reflexos que não evoluíram completamente. A explicação é corroborada 
por certas características do condicionamento respondente que são, frequentemen-
te, negligenciadas. 
 
 
 
 
Fonte: analisedocomportamentouel.blogspot.com.br/ 
 
O condicionamento reflexo pavloviano não tem valor de sobrevivência, a não 
ser que seja seguido pelo reflexo incondicionado. Embora se possa demonstrar que 
a salivação é, eventualmente, eliciada por um som, não existe vantagem para o or-
ganismo, a menos que se siga a apresentação do alimento. Similarmente, uma incli-
nação para suar ou para aumentar o batimento cardíaco, em resposta ao apareci-
mento de um predador, também não tem valor, a menos que uma atividade vigorosa 
se siga. 
O alcance do condicionamento respondente é muito mais amplo do que seu 
papel no reflexo condicionado. Os desencadeadores (“gatilhos”) estudados por etó-
logos são condicionados mais ou menos da mesma maneira, e o imprinting é, no 
mínimo, similar. Há um óbvio valor de sobrevivência no comportamento de um pati-
nho quando ele segue sua mãe. As características do objeto desencadeador poderi-
am ter sido precisamente definidas, mas há menor envolvimento genético, se o se-
guir for desencadeado por qualquer objeto grande que se mova. No mundo do pati-
nho, tal objeto é quase sempre a mãe. A especificação menos rigorosa é suficiente, 
porque a pata-mãe é uma característica consistente do ambiente natural do patinho. 
O imprinting: é um tipo de confirmação estatística de uma instrução genética não 
muito específica. Condicionamento Operante: O condicionamento operante requer 
uma explicação diferente. Sob que condições a menor variação possível poderia 
contribuir para a evolução do processo? 
 
 
 
Fonte: cursa.ihmc. 
 
O comportamento inato tem consequências relacionadas, em última instância, 
à sobrevivência. A mão é retirada de um estímulo doloroso, presumivelmente porque 
o estímulo é potencialmente prejudicial; a resposta promove a sobrevivência, pela 
prevenção do dano. Qualquer mudança sutil, que resultasse em um término mais 
rápido do dano subsequente, deveria ter valor de sobrevivência, e o condicionamen-
to operante, através de reforçamento negativo, seria uma mudança desse tipo. 
 
 
Fonte: psicopedagogiapaula.blogspot.com. 
 
 A resposta operante seria uma réplica exata da resposta filogenética, e as 
consequências fortalecedoras seriam as mesmas, contribuindo para a sobrevivência 
 
 
do indivíduo e, consequentemente, da espécie, através tanto da seleção natural, 
como de uma suscetibilidade evoluída a reforçamento por uma redução dos estímu-
los dolorosos. Um argumento similar pode ser usado para o reforçamento positivo. 
Caso comer um determinado tipo de alimento tenha tido valor de sobrevivência (co-
mo o que explica o comportamento de comer o alimento), uma maior tendência a 
comer, porque o sabor da comida se tornou um reforçador, também deve ter tido 
valor de sobrevivência. 
Tanto a topografia do comportamento, como a consequência imediata (inges-
tão de um determinado alimento), seriam a mesma, mas haveria duas consequên-
cias: uma relacionada à seleção natural e outra relacionada a uma suscetibilidade 
evoluída ao reforçamento operante através de um sabor específico. Uma vez evoluí-
do o processo de condicionamento operante, topografias de comportamento cada 
vez menos semelhantes ao comportamento filogenético poderiam ter sido afetadas 
e, eventualmente, o comportamento poderia ter emergido em novos ambientes, que 
não eram estáveis o suficiente para mantê-lo através da seleção natural. Dois outros 
estágios na evolução do comportamento operante precisam ser considerados. 
Uma vez existente o processo, uma suscetibilidade ao reforçamento por no-
vas formas de estimulação poderia ter evoluído. Ela seria suplementada por um no-
vo papel do condicionamento respondente: o condicionamento de reforçadores. Es-
tímulos, que frequentemente precedem reforçadores incondicionados, poderiam co-
meçar a ter efeitos reforçadores tanto no condicionamento respondente, como no 
operante. Um segundo estágio pode ter sido a evolução de comportamento incondi-
cionado que, em si, não tinha valor de sobrevivência, mas estava disponível para 
seleção através de reforçamento operante. 
 
 
 
 
Fonte: anarizzon.com.br/ 
 
Tal comportamento possibilitaria ao indivíduo desenvolver um repertório muito 
mais amplo de comportamento apropriado aos novos ambientes. O bebê humano 
apresenta um amplo repertório de tais comportamentos. Muitas contingências de 
reforçamento atuais assemelham-se a contingências de sobrevivência. Comporta-
mo-nos de determinada maneira, tanto porque somos membros de uma dada espé-
cie, como porque vivemos num mundo em que certas contingências de reforçamento 
prevalecem. 
Assim, evitamos cair de um penhasco, nos desviamos de objetos, imitamos 
outras pessoas, nos debatemos contra uma contenção, nos voltamos em direção a 
um movimento visto pelo canto dos olhos – e tudo por duas razões: contingências de 
sobrevivência e contingências de reforçamento. Seria difícil dizer o quanto da força 
do comportamento se deve a cada um dos dois tipos de contingências. 
 
 
 
 
Fonte: psicologianaengenharia.blogspot.com. 
 
Somente uma primeira ocorrência pode ser considerada necessariamente ina-
ta, mas primeiras ocorrências são difíceis de detectar. Um exemplo de interesse atu-
al é a agressão. Podemos ter um repertório inato de comportamento agressivo, mas 
comportamento similar é gerado por muitas contingências de reforçamento. Não im-
porta se determinada ocorrência é filogenética ou ontogenética, a menos que este-
jamos preocupados em fazer alguma coisa a seu respeito. Caso haja tal preocupa-
ção, devemos identificar as variáveis a serem alteradas. 
Na espécie humana, o condicionamento operante substituiu amplamente a 
seleção natural. Uma infância longa dá maior alcance ao processo ontogênico, e seu 
papel na adaptação a ambientes muito instáveis é uma grande vantagem. Contudo, 
o processo não é insensível às mudanças ambientais. Como salientei em outro tex-
to, a suscetibilidade humana a reforçamento por açúcar e sal, contato sexual e sinais 
de dano agressivo talvez já tenha tido valores de sobrevivência muito maiores do 
que tem hoje. 
Os avanços tecnológicos na produção, armazenagem e distribuição de gêne-
ros alimentícios, no controle de pestilências e no aperfeiçoamento de armas podem 
ter feito com que tais suscetibilidades tivessem maior probabilidade de ser letais. Da 
mesma maneira que o comportamento inato muito complexo tem levado a um apelo 
a processos cognitivos, também se argumenta, frequentemente, que o condiciona-
mento operante não consegue explicar o comportamento aprendido complexo. Diz-
se que os animais, assim como as pessoas, transcendem a modelageme a manu-
 
 
tenção de comportamento pelas contingências de reforçamento e apresentam in-
sight, desenvolvimento de conceitos e outros processos cognitivos. 
Tais afirmações são vulneráveis às demonstrações de que o condicionamento 
operante é suficiente. Epstein, Lanza, Starr e eu, por exemplo, simulamos uma vari-
edade de processos cognitivos complexos em pombos. 
Tal comportamento não apenas pode ser atribuído a contingências de refor-
çamento fortuitas, como também pode ser produzido através da programação das 
contingências necessárias. Também tem sido dito (por Thorndike, por exemplo) que 
as coisas reforçam devido à sensação que provocam nos órgãos dos sentidos, mas 
o efeito reforçador certamente deve ter evoluído primeiro. Somente depois que isso 
aconteceu, as coisas poderiam ser sentidas como agradáveis, ser chamadas de 
agradáveis e ser capazes de produzir satisfação. 
Talvez devêssemos falar de sentimentos apenas quando o que é sentido é re-
forçador. Caso afastamos a mão de uma chapa quente simplesmente como reflexo, 
a redução na estimulação dolorosa não tem nenhum papel no momento. Talvez seja 
apenas pelo fato de o comportamento ser reforçado pela mesma redução, que di-
zemos que a estimulação dói. 
O mesmo pode ser verdadeiro em relação aos reforçadores positivos. Insetos 
que estão copulando simplesmente como comportamento filogenético, podem não 
estar “se curtindo”. As condições sob as quais o condicionamento operante evoluiu 
são úteis para compreender a sua natureza. 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
 
 
A seleção não precisou respeitar a maneira como uma amostra de comporta-
mento produziu uma consequência; qualquer consequência imediata teria sido sufi-
ciente. A imediaticidade foi essencial por outras razões. Os reforços atrasados têm 
um efeito mais poderoso sobre comportamentos interpostos, e o comportamento tem 
que estar ocorrendo para poder ser modificado por uma consequência. A afirmação, 
segunda a qual o comportamento é afetado pela melhora, otimização ou maximiza-
ção gerais de uma condição reforçadora, entra em conflito com estes princípios, e a 
evidência deveria ser examinada novamente, de forma que pudéssemos estar segu-
ros, por exemplo, de que intervalos entre comportamento e consequências atrasa-
das não são preenchidos por reforços condicionados. Um conceito de otimização é 
como o conceito de saúde. 
A cura de um ferimento restaura uma condição normal do corpo e a condição 
normal favorece a sobrevivência. Mas a cura não ocorre porque promove a sobrevi-
vência; ela ocorre porque certas estruturas do indivíduo evoluíram porque promove-
ram a sobrevivência. De maneira similar, num organismo faminto, um operante é 
reforçado pela ingestão de alimento. O alimento reduz um estado de fome e contri-
bui para a sobrevivência do indivíduo e da espécie. Mas o operante não ocorre por-
que reduz a fome; ele ocorre porque certos processos comportamentais evoluíram 
quando uma redução na fome contribuiu para a sobrevivência da espécie. 
 
Fonte: psicologianaengenharia.blogspot.com.br 
 
O comportamento não é reforçado pela melhora, otimização ou maximização 
de coisa alguma. Ele é reforçado através de processos resultantes de evolução, que 
têm os efeitos finais a que tais termos se referem. 
 
 
 
4 A EVOLUÇÃO DE PRÁTICAS CULTURAIS 
A imitação operante não requer nenhum novo processo resultante de evolu-
ção. Quando os organismos estão se comportando por causa das contingências de 
reforçamento predominantes, comportamento similar em outro organismo tem pro-
babilidade de ser reforçado pelas mesmas contingências. Uma tendência condicio-
nada geral para se comportar como outros se comportam suplementa a imitação 
filogenética. Segue-se, então, a modelação operante: quando o comportamento de 
outra pessoa é importante, dar modelo (modeling) é reforçado quando a outra pes-
soa o imita. 
 
 
Fonte: gnosisbrasil.com 
 
A imitação e a modelação desempenham importantes papéis na transmissão 
de resultados de contingências de reforçamento excepcionais. Algumas das grandes 
realizações do homem se devem a acidentes extraordinariamente afortunados. Ou-
tras pessoas ficaram sob controle das mesmas contingências fortuitas, através de 
imitação, e o comportamento foi transmitido, ainda mais rapidamente, por modela-
ção. 
A espécie humana progrediu ainda mais na transmissão do que já tinha sido 
aprendido, quando seu aparelho vocal ficou sob controle operante. Uma cultura po-
de ser definida como as contingências de reforçamento social mantidas por um gru-
 
 
po. Como tal, ela evolui a sua própria maneira, à medida que novas práticas cultu-
rais, independentemente de como surjam, contribuem para a sobrevivência do grupo 
e, por isso, são perpetuadas. A evolução de culturas não tem aqui maior relevância, 
porque não estão envolvidos quaisquer processos comportamentais novos. 
 
 
Fonte: poracaso1.wordpress.com 
5 APRENDIZAGEM PELAS CONSEQUÊNCIAS: 
5.1 O CONTROLE AVERSIVO 
 
 
 
 
 
Fonte: pt.slideshare.net 
 
O controle é aversivo porque o indivíduo se comporta para que algo não 
aconteça, para subtrair um estímulo do ambiente ou para fazer com que ele nem 
mesmo ocorra. 
O controle aversivo diz respeito à modificação na frequência do comporta-
mento utilizando-se o REFORÇO NEGATIVO (aumento da frequência) e PUNIÇÃO 
POSITIVA e NEGATIVA (diminuição da frequência). 
 
ESTÍMULO AVERSIVO: é funcional, não existem estímulos aversivos por si 
só e que serão aversivos para todas as pessoas. 
Defende-se que o controle exercido pelos três tipos de consequências é aver-
sivo porque o indivíduo se comporta para que algo não aconteça, ou seja, para sub-
trair um estímulo do ambiente ou para fazer com que ele nem mesmo ocorra. Os 
organismos tendem a evitar ou fugir daquilo que lhes é aversivo. Muitas pessoas 
respeitam o limite de velocidade para não serem multadas; muitos estudantes fre-
quentam as aulas para não ficarem com falta, muitas pessoas não expõem suas 
ideias para não serem criticadas; mentem para não serem punidas, e assim por di-
ante. De fato, é possível que, em boa parte de seu dia-a-dia, o indivíduo passe emi-
tindo comportamentos ou deixa de emiti-los para que algo não aconteça. 
 
 
 
 
Fonte: docplayer.com.br 
 
Controle aversivo diz respeito à modificação na frequência do comportamento 
utilizando-se o reforço negativo (aumento na frequência) e punição positiva ou nega-
tiva (diminuição na frequência), De certa forma, a extinção também se configura co-
mo algo aversivo, sendo observadas fortes reações emocionais, principalmente 
quando a extinção segue ao reforçamento contínuo do comportamento (isto é, todas 
as respostas eram seguidas de reforço). Contudo, não se considera a extinção como 
controle aversivo, principalmente ao envolver reforçamento diferencial. 
 
 
Fonte: slideplayer.com.br/ 
 
 
 
Estímulo Aversivo é um conceito relacional (envolve relações entre eventos) e 
funcionaL Não existem estímulos eminentemente aversivos que serão aversivos pa-
ra todas as pessoas. Por exemplo, uma música do Bruno e Marrone pode ser um 
estímulo extremamente aversivo para algumas pessoas, mas um estímulo reforçador 
poderoso para outras. Sendo assim, os estímulos aversivos serão definidos como 
aqueles que reduzem a frequência do comportamento que os produzem (estímulos 
punidores positivos), ou aumentam a frequência do comportamento que os retiram 
(estímulos reforçadores negativos). Por conseguinte, somente faz sentido falar em 
estímulos aversivos no reforço negativo e na punição positiva! 
Algumas vezes, utiliza-se reforço negativono lugar de estímulo aversivo, co-
mo se a punição positiva fosse a apresentação de um reforço negativo: Vale lembrar 
que o reforço negativo produz um aumento na frequência do comportamento, não 
podendo participar da punição. Nesse caso, o correto seria dizer que, na punição 
positiva, o comportamento produz a apresentação de um estímulo aversivo, resul-
tando na diminuição da probabilidade de emissão. 
 
6 EFEITOS COLATERAIS DO CONTROLE AVERSIVO 
O controle aversivo, de acordo com o que vimos, é uma forma legítima e efi-
ciente de aumentar ou de diminuir a probabilidade de emissão do comportamento. 
Punir comportamentos inadequados ou indesejados é muito mais fácil e tem efeitos 
mais imediatos do que reforçar positivamente comportamentos adequa- os. Entre-
tanto, o controle aversivo apresenta uma série de efeitos colaterais que tornam seu 
uso desaconselhado por vários autores comportamentais. 
6.1 Contingências De Reforço Negativo 
Sabe-se que o Reforço obrigatoriamente mantém determinado comportamen-
to e que sua tendência é de aumentar a emissão de respostas. Com o Reforço Ne-
gativo, mesmo com a conotação de negação em seu nome complementar, ocorre 
exatamente a mesma coisa. (Compreenda melhor sobre Reforço). 
 
 
Se o Reforço Negativo mantém o comportamento assim como o Reforço Posi-
tivo, qual é de fato a diferença entre os dois? Muitas! 
Vamos começar deixando claro que os conceitos de Positivo e Negativo para 
a Psicologia Comportamental nada tem a ver com Bom ou Ruim, mas sim 
com Apresentação e Retirada. 
Quando tratamos de Reforço Negativo, queremos então dizer que algo 
foi retirado do ambiente do organismo, fazendo com que o comportamento se man-
tenha. Mas, de fato, o que o organismo retira? Algo que lhe é aversivo, e é por esse 
motivo que, mesmo sendo Reforço, o Reforço Negativo é considerado um Controle 
Aversivo ou Controle Coercitivo. 
 
 
 
Fonte: slideshare.net 
 
 
As Contingências Reforçadoras mantêm os comportamentos por trazerem 
consequências as quais os organismos procuram quando emitem uma resposta, e 
no caso do Reforço Negativo, o organismo quer fugir ou se esquivar de algo aversi-
vo. Se o seu comportamento resulta no êxito dessa fuga ou esquiva, grandes são as 
chances de ser mantido e ter sua frequência aumentada. 
Para exemplificar, imagine o sol escaldante a 40 graus. Você sai de casa e 
tem em sua mão um óculos de sol. 
Ao colocá-lo, a sensação ruim em seus olhos passa a não mais existir. O 
comportamento de usar óculos de sol foi reforçado (você voltará a fazer, mantendo 
 
 
esse comportamento e aumentando de frequência) negativamente (por tirar o estí-
mulo aversivo – o sol ocasionando incômodo nos olhos – do seu ambiente). Isso 
acontece também quando você evita frequentar determinado estabelecimento por, 
por exemplo, tocar um gênero musical que não lhe agrada. Sendo assim, você é re-
forçado negativamente ao evitar ouvir músicas que, em sua concepção, não são le-
gais. 
 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
 
 
Mas, entre esses dois exemplos, há uma diferença. Eles não são da mesma 
categoria de Reforço Negativo. Um é considerado Fuga e, o outro, Esquiva. 
Para melhor compreensão, trataremos de cada um deles separadamente. O 
comportamento de Fuga sempre será o primeiro a ser aprendido, isso por que para 
o organismo fugir é necessário estar no mesmo ambiente que o estímulo aversivo. 
Então considera-se fuga aquele comportamento que retira o estímulo aversivo do 
ambiente o qual o organismo está, como o choro de uma criança, uma pedra no sa-
pato, uma sujeira no óculos ou, como no exemplo, o sol escaldante nos olhos. 
 
 
 
Fonte: pt.slideshare.net 
 
A Esquiva é uma consequência da Fuga, pois o comportamento de Fuga pos-
teriormente tem a tendência em se tornar de Esquiva, já que o organismo fugiu ante-
riormente ao estímulo e agora busca evitar entrar em contato, esquivando-se como 
no segundo exemplo. Para saber que a música não o agradava, pelo menos uma 
vez entrou em contato com ela e teve de fugir (comportamento de Fuga, pois a mú-
sica estava no mesmo ambiente que o organismo), mas posteriormente o organismo 
passa a evitar entrar em contato por já saber que não o agrada, esquivando-
se (evitando o contato). 
O primeiro exemplo (do óculos de sol) facilmente se tornará um comporta-
mento de esquiva posteriormente, quando o organismo não mais esperar estar em 
contato com o sol escaldante para colocar o óculos de sol, mas sim colocá-lo antes 
de sair de casa, por exemplo. 
 
 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
 
 
Esses comportamentos são importantes para a sobrevivência, mas pela Ge-
neralização de Estímulos, o organismo tende a fugir ou se esquivar de grande parte 
daquilo que aparentemente é igual ao que ele considera aversivo. 
Compreender as contingências por reforçamento negativo é fundamental para 
explicação de muitos comportamentos que trazem sofrimento ao organismo, pois 
muitas vezes há fuga ou esquiva de elementos que aparentemente são aversivos, 
mas na realidade não deveriam ser. 
O Controle Aversivo possui efeitos colaterais e, no caso do Reforço Negativo, 
um deles é dificultar o organismo a ter acesso a Reforçadores Positivos por estar 
fugindo ou se esquivando. 
6.2 Alguns exemplos comuns de comportamentos mantidos por refor-
ço negativo 
 
 Colocar óculos de sol para amenizar a luminosidade na retina é um exemplo 
de comportamento mantido por reforço negativo. A luminosidade é um estímulo re-
forçador negativo cessado pela resposta de colocar os óculos. A relação entre a 
 
 
resposta de colocar os óculos e a retirada de luz da retina é chamada reforço nega-
tivo. 
 Passar protetor solar para evitar queimaduras é um comportamento mantido 
por reforço negativo. Ficar com queimaduras é o estímulo reforçador negativo evi-
tado pela resposta de passar protetor solar. A contingência em vigor é a de reforço 
negativo, uma vez que a resposta de usar protetor solar é fortalecida (tem probabi-
lidade aumentada) por evitar a apresentação de um estímulo reforçador negativo. 
 Caso a namorada brigue com seu namorado quando ele fuma, é provável que o 
namorado passe a chupar um drops após fumar um cigarro. Com isso, o namorado 
evita a briga, uma vez que ela não percebe que ele fumou. Nesse caso, a briga é um 
estímulo reforçador negativo, evitado pela resposta de chupar um drops. Novamente, 
temos uma contingência de reforço negativo em que a resposta de chupar um drops é 
reforçada por evitar a apresentação da briga (que é um estímulo reforçador negativo). 
É importante notar que, em todos os exemplos, os comportamentos tiveram a fre-
quência aumentada ou mantida. 
 
 
Fonte:.slideshare.net 
 
O reforço negativo, assim como o reforço positivo é um tipo de consequência 
do comportamento que aumenta a probabilidade de voltar a ocorrer. A diferença bá-
sica entre reforço positivo e reforço negativo está na natureza da operação, ou seja, 
no reforço positivo, um estímulo é acrescentado ao ambiente; no reforço negativo, 
 
 
um estímulo é retirado do ambiente. Por exemplo, podemos aumentar a probabilida-
de de um rato pressionar uma barra usando um reforço positivo ou reforço negativo. 
 
 
Fonte: wwwfabishimabukuro.blogspot.com. 
 
 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6.3 Comportamento de Esquiva 
 
É uma forma de evitar ou adiar o contato com um estímulo aversivo. O estí-
mulo aversivo não está no ambiente e o comportamento de esquiva faz com que 
esse estímulo não apareça ou demore a aparecer. 
São comportamento de esquiva, aqueles em que um estímulo aversivo nãoestá presente no ambiente no momento em que o comportamento é emitido, e 
sua consequência é o atraso ou cancelamento do contato com o estímulo aversi-
vo.EX: O filho passa mais tempo no quarto dizendo que está estudando para q 
a mãe não reclame que ele não está se dedicando pouco aos estudos (ESTÍMULO 
REFORÇADOR NEGATIVO). 
 
6.4 Alguns exemplos comuns de Fuga e Esquiva 
 
Fonte: www.photo365 
 
 
1) Arrumar o quarto logo que acordamos para evitar reclamações da mãe é 
exemplo de esquiva, pois a mãe ainda não está reclamando. Por outro lado, se a 
mãe vê o quarto desarrumado e começa a brigar, nós o arrumamos para que ela 
pare, o que é um exemplo de fuga. Nesse caso, a briga já está presente. 
 
 
 2) Fazer uma revisão no carro antes de viajar é um exemplo de esquiva. O 
carro está funcionando perfeitamente, mas a revisão é feita para que o carro não 
apresente problemas no meio da viagem. Note que o carro ainda não está com pro-
blemas e a revisão é feita para evitar sua apresentação. Entretanto, se o carro co-
meça a fazer um barulho atípico no meio da estrada, o comportamento de levá-lo a 
um mecânico é um exemplo de fuga, pois o estímulo aversivo (ou seja, o barulho) já 
está presente. 
3) Fazer a barba quando a namorada já está reclamando dos beijos que arra-
nham sua face é um exemplo de fuga, pois a reclamação já está presente. Seria es-
quiva caso o namorado fizesse a barba antes de encontrá-Ia para evitar a reclama-
ção que ainda não está presente. 
4) Alguém está lhe contando uma história muito chata e você diz: "Amigo, me 
desculpe, mas estou atrasado para um compromisso, tenho que ir... ". Sair de perto 
do "chato" é um exemplo de fuga; já se você "desconversa" e sai de perto do sujeito 
antes de ele começar a contar histórias chatas, você está se esquivando. 
Portanto, uma estratégia interessante de diferenciar os dois tipos de compor-
tamentos consiste em considerar a esquiva como uma prevenção, e a fuga como 
uma remediação considerando-se que "prevenir é melhor do que remediar", os mais 
comportamentos de esquiva do que de fuga: Isto é, na esquiva, prevenimos a apre-
sentação de estímulo aversivo, enquanto na fuga remediamos a situação de forma 
que o estímulo aversivo já presente seja suprimido. É importante que os comporta-
mentos fuga e esquiva somente são estabelecidos e mantidos em contingências de 
reforço negativo. Logo, não observaremos fuga e esquiva em contingências de re-
forço positivo e de punição. 
 
 
 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
 
7 PUNIÇÃO 
 
É um tipo de consequência do comportamento que torna sua ocorrência me-
nos provável, com base no princípio de que quem é PUNIDO apresenta menor pos-
sibilidade de repetir seu comportamento. 
A punição é definida funcionalmente. 
Punição Positiva: é uma contingência em que um comportamento produz a 
apresentação de um estimulo aversivo que reduz sua probabilidade de ocorrências 
futura. 
 
 
 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
 
Ex: Uma criança introduz uma haste de metal na tomada e leva um choque. O 
choque é um estímulo aversivo que diminuirá a possibilidade desse comportamento 
voltar a ocorrer. 
 
 
 
 
Fonte: aprendizagemmm.blogspot.com. 
 
 
 
 
 
7.1 Punição Negativa 
 É uma contingência em que a consequência de um comportamento é a reti-
rada de reforçadores de outro comportamento. Essa consequência tornará o com-
portamento menos provável futuramente. 
Ex: Se Não comer todo almoço, não poderá jogar vídeo game, o que diminui a 
possibilidade da criança deixar de almoçar tudo da próxima vez. Jogar vídeo game é 
o estimulo reforçador retirado devido ao comportamento de não almoçar tudo. 
Com a quebra da contingência punitiva, é natural que o comportamento volte 
a ocorrer, e o reforço deve ser mantido. Para isso é preciso que o organismo se ex-
ponha outras vezes às contingências para que discrimine a mudança percebendo 
que o estímulo punidor não é mais contingente ao comportamento. 
 
 
 
Punição Negativa 
≠ 
Extinção 
 
EXTINÇÃO PUNIÇÃO NEGATIVA 
 O comportamento não 
produz mais uma consequência 
reforçadora; 
 
 A extinção produz 
uma diminuição gradual na proba-
bilidade de ocorrência da resposta. 
 
 A frequência do comporta-
mento diminui, não há suspensão da 
consequência reforçadora, mas há 
a retirada de um estímulo reforçador 
 
 A puni-
ção suprime rapidamente a resposta. 
 
 
 
 
 
 
7.2 Emissão de respostas incompatíveis ao comportamento punido 
 
Após a punição de um comportamento, os organismos, em geral, passam a 
emitir uma segunda resposta que torne improvável a repetição do comportamento 
punido. Essa segunda resposta é chamada resposta incompatível ou resposta con-
troladora, uma vez que é uma forma de o organismo controlar seu próprio compor-
tamento. A resposta é negativamente reforçada por diminuir a probabilidade de 
emissão de um comportamento punido e, por conseguinte, de o organismo entrar 
em contato com a punição. 
 Um triste exemplo desse conceito pode ser o caso do rapaz que às 3 hs da 
manhã, depois de ingerir cerveja, telefona para à ex-namorada fazendo juras de 
amor. Mas, para infelicidade do rapaz, quem atende é o novo namorado dela com 
voz de sono. Certamente, essa é uma punição positiva que dispensa comentários, a 
qual, na verdade, diminuirá a probabilidade dele telefonar outras vezes. Entretanto, 
ao beber novamente, às 3 da manhã, pode sentir-se tentado a fazer o "maldito" tele-
fonema. Para evitar que repita esse comportamento, o ex-namorado simplesmente 
entrega o celular a um amigo, entregando-o só no dia seguinte. Entregar o celular ao 
amigo é uma resposta incompatível ao comportamento de telefonar, uma vez que o 
torna menos provável. Um outro exemplo muito comum é o da menina que teve um 
namoro em que investiu muito. Mas, para infelicidade da moça, seu namorado a tro-
cou por outra pessoa. Essa menina sofreu muito com o término, ou seja, seu com-
portamento de investir em um relacionamento estável foi severamente punido. Ela 
pode desenvolver o seguinte padrão: quando começar a se envolver com alguém e 
perceber que está começando a gostar dessa pessoa, ela rompe o relacionamento 
antes de se estabelecer o namoro. 
 
 
 
 
Fonte: slideplayer.com.br/ 
 
Nesse caso, a resposta de romper relacionamento ainda no início pode ser 
considerada incompatível com o comportamento de namorar, o qual foi punido no 
passado. Daí decorre a grande desvantagem da emissão de respostas incompatí-
veis, elas tornam impossível para o organismo discriminar que a contingência de 
punição não está mais em vigor, uma vez que impede que o organismo se exponha 
a contingência novamente. No caso de nossa amiga, ela pode ter perdido muitas 
oportunidades de ser feliz com alguém que não a abandonaria. Como ela termina 
uma relação antes de começá-la, não tem meios de perceber que, dessa vez, a situ-
ação será diferente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7.3 Por que punimos tanto? 
 
 
Fonte: motivacsoesamc.blogspot.com.br 
 
Ao observarmos todos esses efeitos colaterais indesejáveis do controle aver-
sivo, uma questão permanece: por que esse é o método mais utilizado para contro-
lar o comportamento? A resposta a essa pergunta compreende três pontos: 
1. Imediaticidade da consequência. Quem pune para suprimir um compor-
tamento é negativamente reforçado de forma quase imediata. Digamos que Homer 
esteja assistindo a um jogo de futebol americano na TV enquanto Lisa pratica seu 
saxofone. O som do instrumento o incomoda, isto é, representa umestímulo aversi-
vo que reforçará negativamente o comportamento de Homer com sua retirada. Ho-
mer prontamente pune o comportamento de lisa gritando: "lisa, pare de tocar esse 
maldito saxofone!". Lisa para de tocar o instrumento de imediato, reforçando de mo-
do negativo o comportamento de Homer. 
2. Eficácia não dependente da privação. Para controlarmos positivamente 
um comportamento, temos de identificar quais eventos serão reforçadores para o 
indivíduo. Além disso, mesmo os reforçadores primários não são eficazes o tempo 
todo. Caso o organismo não esteja privado do reforçador em questão, esse não será 
eficaz. Daí vem a outra vantagem do controle aversivo para quem controla: uma 
palmada será aversiva independentemente de privação. Ou seja, uma palmada será 
eficaz para punir ou para reforçar negativamente o comportamento de uma criança 
em qualquer situação. Supondo que queremos que uma criança faça o dever de ca-
 
 
sa. Podemos reforçar positivamente seu comportamento com balas. Entretanto, se 
ela não tiver privada de balas, estas não serão eficazes como estímulos reforçado-
res, ou seja, não aumentarão a probabilidade do comportamento de fazer o dever. 
Entretanto, se dermos uma palmada nela caso não faça o dever de casa (isto é, re-
forçamento negativo), é provável que ela faça o dever para evitar a palmada. Note 
que, para a palmada reforçar negativamente seu comportamento, não foi necessário 
privar a criança de coisa alguma. 
 3. Facilidade no arranjo das contingências. Existem alternativas ao contro-
le aversivo, como discutiremos a seguir. Sem dúvida, essas alternativas são muito 
mais aconselháveis do que o controle aversivo. Entretanto, elas dão muito mais tra-
balho de organizar do que as contingências de controle aversivo. No caso do exem-
plo do Homer e da Lisa, ele poderia, por exemplo, sentar, perto da filha para ouvi-Ia 
quando ela tocasse o saxofone em outro horário que não o do jogo. Elogiá-Ia nessas 
ocasiões ou saírem ambos para tomar um sorvete quando acabasse um ensaio: cer-
tamente, essas alternativas fariam com que a pequena lisa parasse de tocar o ins-
trumento na hora do jogo e evitariam os efeitos colaterais da punição. 
A consequência final desse processo é a de que tendemos mais a punir ou re-
forçar negativamente o comportamento do que controlá- lo por reforço positivo a 
despeito de todas as desvantagens do controle aversivo. Por outro lado, a divulga-
ção e a comprovação empírica dos efeitos indesejáveis desse tipo de controle po-
dem sensibilizar pais e educadores para que ambos utilizem meios mais positivos 
para controlar o comportamento. O controle existe; negá-Io somente aumenta a 
chance de sermos controlados. Em concordância com Freud, a principal razão que 
leva ao sofrimento psicológico é o histórico de controle aversivo do comportamento. 
 
 
 
 
Fonte: aprendizagemcson4.blogspot.com.br 
 
8 CONTRACONTROLE 
Este talvez seja o efeito colateral do controle aversivo mais indesejado. No 
contra controle, o organismo controlado emite uma nova resposta que impede que o 
agente controlador mantenha o controle sobre o seu comportamento. No caso da 
punição, garante-se que o comportamento punido continue a ocorrer sem entrar em 
contato com ela. Um exemplo banal ocorre quando freiamos o carro diante de um 
radar, colocando-o na velocidade permitida pela via e, assim, nos esquivamos da 
multa. 
Na realidade, a função punitiva do radar seria suprimir o fato de dirigir acima 
da velocidade permitida em toda a sua extensão, e não apenas na presença dos 
radares. A resposta de frear na presença apenas do radar é negativamente reforça-
da (não levar multa). Entretanto, não foi esta a resposta esperada pelo controlador 
de trânsito, o qual programou essa contingência de punição. No caso do reforço ne-
gativo, a resposta de contra controle suprime ou evita o estímulo aversivo sem a 
emissão da resposta programada pelo controlador. Um professor de educação física 
que utiliza reforço negativo para fazer com que seus alunos se empenhem nos exer-
cícios costuma gerar respostas de contracontrole. 
Os alunos fazem os exercícios determinados pelo professor, este não tece 
nenhum comentário. Entretanto, se ele vê algum aluno parado, dá-lhe uma bronca 
 
 
na frente dos colegas. Em outras palavras, os alunos somente fazem os exercícios 
para evitar a repreensão do professor (reforço negativo). Um contracontrole óbvio é 
fazer o exercício apenas no momento em que o professor está olhando; assim que 
vira as costas, os alunos ficam parados a enrolar. Nesse caso, a resposta de obser-
vação, que é agir discriminativamente ao comportamento do professor (atentar ao 
que o professor está fazendo), é de modo negativo reforçada pelas broncas. Outro 
exemplo ocorre quando a mãe obriga o filho a comer. Se ele está comendo, sua 
mãe não diz nada. Por outro lado, se o filho pára de comer, a mãe começa a brigar 
com ele. É provável que essa criança dê sua comida para o cachorro quando sua 
mãe não estiver por perto, e diga que já comeu tudo. Ligar o chuveiro, mas não se 
molhar, fingindo que está tomando banho, também é um exemplo de contracontrole 
comum emitido por crianças e adolescentes. Como diz o verso da antiga música "No 
mundo da lua", do Biquíni Cavadão: "Não quero mais ouvir a minha mãe reclamar, 
quando eu entrar no banheiro, ligar o chuveiro e não me molhar". 
 
 
9 A MENTIRA COMO UM CONTRACONTROLE 
 
 
Fonte: atitude.com 
 
 
 
 A mentira, muitas vezes, funciona como uma resposta de contracontrole, co-
mo no caso do Bart Simpson dizendo para a Sra. Krabappel (sua professora) que o 
Ajudante de Papai Noel (seu cachorro) havia comido o dever de casa. Caso Bart 
chegasse à escola sem o dever feito, sua professora administraria alguma punição, 
como uma bronca ou uma advertência. 
A fim de evitar entrar em contato com o estímulo aversivo, Bart inventa a his-
tória de que seu cachorro comeu o dever de casa, esquivando-se. Um exemplo mais 
banal que esse é muito comum entre namorados. A namorada, que está oito quilos 
acima do peso, emite aquela pergunta infeliz: "Benzinho, você acha que eu engor-
dei?". O pobre do namorado está em uma situação desesperadora, pois, caso seja 
sincero, sua namorada, mesmo chateada, pode começar uma dieta, ficando mais, 
atraente para ele. Entretanto, a consequência de longe mais provável é a de que 
essa resposta sincera leve a uma briga homérica, a qual certamente representa a 
punição positiva, além da punição negativa pela perda dos reforçadores primários 
aos quais teria acesso estando de bem com a namorada. A resposta que se torna 
provável, obviamente é: "O que é isso meu amor? Você está linda!" Apesar de faltar 
com a verdade, o namorado será recompensado por isso, evitando a punição admi-
nistrada pela namorada caso falasse a verdade e ainda entrando em contato com os 
reforçadores providos por ela. 
Sendo assim, a mentira, nesse caso, é uma resposta de contracontrole, pois 
garante que nosso amigo evite a punição. 
Um ratinho esperto- Para finalizar a discussão acerca do contracontrole, de-
ve-se saber que não se restringe a animais humanos. Um experimento de controle 
aversivo ilustra esse ponto de maneira muito interessante. Trata-se de um experi-
mento simples em que um rato previamente modelado a obter comida com respos-
tas de pressão à barra passa a receber um choque pela grade metálica no chão da 
caixa quando a pressiona, continuando a receber comida como consequência dessa 
resposta (ou seja, punição sem extinção). O pêlo do animal é um isolante elétrico, e 
mesmo sem ser um eletricista, nosso ratinho desenvolveu um método muito interes-
sante de obter seus reforçadores,evitando o contato com o estímulo aversivo. Ele 
simplesmente deitava de costas na grade do chão da caixa, colocava a cabeça no 
comedouro e pressionava a barra cilíndrica com o rabo. Nosso malandrinho, portan-
to, com essa resposta de contracontrole, obtinha o alimento e evitava o choque. 
 
 
 
Fonte: aeradopanoptico.blogspot.com. 
 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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