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Medicina Ana Cat!ina Du"a Rebelo Anemias Manifestações clínicas - S ã o p rove n i e n te s d a re d u ç ã o d a oxigenação dos tecidos, principalmente cérebro e coração. - Quanto menor o volume sanguíneo ou níveis de hemoglobia, mais intensos os sintomas. • Sintomas mais intensos em casos de hemorragia aguda e crises hemolíticas - Aumento do trabalho do coração. - Sintomas como: dispneia, palpitações tontura e fadiga extrema. • Anemias crônicas - Podem ser assintomáticas ou pouco sintomáticas. - Pode haver: palidez, cefaleia, vertigem, hipotensão postural, fraqueza, dispneia, palpitações, sopros sistólicos, angina, ICC, astenia, lipotimia, anorexia, alterações tróficas da pele e anexos, quelite angular, coiloníquia. • Exame físico: - Atentar à coloração de mucosas. - I c t e r í c i a a s s o c i a d a a p a l i d e z (característica de anemia hemolítica). - Buscar por visceromegalias (baço e fígado principalmente). - Em idosos pode haver quadro clínico de insuficiência cardíaca, angina ou confusão mental. A anemia também pode agravar comorbidades. Diagnó$ico lab%at%ial Para confirmação de anemia • Concentração de hemoglobina. • Hematócrito (volume ocupado pelas hemácias no sangue em %). • Número de glóbulos vermelhos. - Solicitar o hemograma para também avaliar outros parâmetros que a judarão na classificação da anemia: • VCM (volume corpuscular médio): tamanho de hemácias, pode ser macro/normo/ microcíticas. • HCM (hemoglobina corpuscular média): quantidade de hemoglobina (que dá coloração) nas hemácias, pode ser hiper/ normo/hipocrômicas. • CHCM (concentração de hemoglobina corpuscular média): peso da hemoglobina dentro de determinado volume de hemácia, pode ser hiper/normo/hipercrômicas • RDW (ampla distr ibuição de célula vermelhas no sangue): variação do tamanho das hemácias. Pode se dar Anisocitose quando há diferença no tamanho das hemácias. • Conta gem de ret iculócitos : cé lulas precursoras dos eritrócitos, pode ser hiper/ hipoproliferativas. O valor pode ser superestimado em um paciente anêmico. Página de 1 11 Medicina Ana Cat!ina Du"a Rebelo • Correção dos reticulócitos em pacientes com anemia: % reticulócitos x Ht atual do paciente / Ht normal para indivíduo. ⇢ Aumento de reticulócitos pode sugerir reticulose, quando associado com aumento de DHL e bilirrubina indireta e diminuição da haptoglobina. Para definição de etiologia • Ferro sérico: deve ser avaliado junto com saturação de transferrina e ferritina sérica. - Altas concentrações encontradas em: doenças hepáticas, anemia hipoblástica, eritopoese ineficaz e sobrecarga de ferro. - Baixas concentrações: anemia ferropriva. • Transferrina sérica: proteína plasmática que realiza o transporte de ferro. • TIBC (capacidade total de ligação do ferro à transferrina): medida indireta da transferrina circulante. - Deficiência de ferro: aumento da síntese de transferrina, alta capacidade de ligação. - Diminuição na síntese de transferrina: consequencia de inflamação ou aumento de ferro circulante, TIBC reduzido. - Gravidez aumenta TIBC. • Ferritina sérica: são estocadasem grandes quantidades em alguns órgãos como fígado e baço, mas pequenas quantidades estão presentes no sangue. - Indica uma medida precisa de ferro total em estoque. • Esfregaço do sangue periférico: para confirmar achados do hemograma. Pode-se encontrar: - Hemácias normais - Microcitose - Macrocitose - H e m á c i a s e m a l vo ou l e p t ó c i t o s (morfologia alterada) - Microesferócito - Hemácias Rouleaux (empilhamento de hemácias) - Depranócitos (em formato de foice) - Esquizócitos (fragmentadas) - Hemácias em lágrimas ou dacriócitos - Corpúsculo de Howell-Jol l y (restos nucleares). Cla&ificação das anemias Classificação morfológica Classificação fisiopatológica • P o r d e f i c i ê n c i a d e p r o d u ç ã o o u hipoproliferativa Anemia Diagnóstico Etiologias Microcíticas e hipocrômicas VCM < 80 e HCM < 28 ou CHCM < 32 Anemia ferropriva, talassemias, anemias de doenças crônicas, anemia sideroblástica hereditária, anemia do hipertireoidismo Macrocíticas VCM > 100 Anemia megaloblástica, anemia sideroblástica adquirida, anemia aplásica, etilismo, drogas, anemia de doença crônica, hemolíticas, anemia da hemorragia aguda Normocíticas e normocrômicas VCM entre 80-100 e HCM entre 28-32 Fase inicial da ferropriva, anemia de doença crônica, anemia das endocrinopatias, anemia aplásica, mielodisplasias, neoplasias, sepse, anemia hemolítica, por sangramento agudo Página de 2 11 Medicina Ana Cat!ina Du"a Rebelo - Reticulócitos < 50.000. - Acometimento primário ou secundário da medula óssea por falta de estímulo a eritropoiese. - Falta de ferro. - Falta de Vit B12. - Falta de ácido fólico. - P o d e m a c o m p a n h a r d o e n ç a s inflamatórias, infecciosas e neoplásicas. • P o r e x c e s s o d e d e s t r u i ç ã o o u hiperproliferativas - Típicamente hemolíticas. - Perdas agudas de sangue. - Compensação medular: alta produtividade de células porém baixo tempo de vida. - Reticulose sem anemia. - Passa a ser anemia hemolítica quando a produção medular não é capaz de superar a taxa de destruição. - Reticulose + aumento de bilirrubina indireta + aumento desidrogenase lática + baixa de haptoglobina. - Pode ser intr ínseca (genét ico) ou extrínseca. • Por perdas • Crônica: privação de Fe e assim anemia por falta de produção. • Aguda: compensação da medula quando estoques de Fe estão preservados. - Anemia aguda pode ser causada por: traumas, ferimentos provocados, pré e pós o p e r a t ó r i o , t r a t o d i g e s t i v o , menometrorragias, hemorragias pélvicas com ou sem metrorragia, hemorragias retroperitoneais, hemoptises e epistaxes (raro). ⇢ Hemorragias - < 10% da volemia: doações de sangue são bem toleradas, sintomas vasovagais, bradicardia, pulso filiforme, lipotímia, náuseas, sudorese. - 10-20% da volemia: reação vaso-vagal é a regra: hipotensão ortostática. - > 20% da volemia: anemia aguda com sinais de hipovolemia, como palidez, extremidades frias, taquicardia, hipotensão inicialmente venosa, arteria e choque. - > 30% da volemia: se não tratadas i m e d i a t a m e n t e c a u s a m c h o q u e h i p ovo l ê m i c o i r re ve r s í ve l e a l ta probabilidade de morte. Abordagem anemia s/ perda aparente - Intensidade dos sintomas: depende da velocidade de instalação da anemia e das comorbidades que apresenta. - Fraqueza, mal-estar, lipotímia ou tontura ao levantar bruscamente. • Investigar: - Hemorragia do TGI: úlcera péptica, varizes de esôfago, hematêmese, fezes escuras com cheiro pútrido, hematoquezia. - Mulheres jovens: gravidez ectópica, hematoma retroperitoneal por trauma. ⇢ Hemograma da anemia aguda 1. Hemograma imediato: inexpressivo, o sangue remanescente é normal (pela equivalente de hemácias e plasma) 2. 4 horas depois: diminuição da série eritróide (pode ser desproporcional aos sintomas); Neutrofilia com desvio à esquerda e trombocitose reacional por alguns dias. 3. Cessando a hemorragia: hidratação restaura a volemia em 48h/ anemia. 4. 1 semana após: reticulose e macrocitose prolicromáticos. Anemias Mecanismos de compensação 1. Diminuição da afinidade da Hb pelo O2 - liberação de O2 para os tecidos. Página de 3 11 Medicina Ana Cat!ina Du"a Rebelo 2. Aumento do volume cardíaco (aumento do débito cardíaco) - aumento da velocidade de circulação do sangue ⇢ utilização da Hb. 3. Aumento da resistência vacular periférica e da viscosidade sanguínea ⇢ aumento do débito cardíaco.4. Redistribuição do fluxo sanguíneo ⇢ proteção de áreas nobre e mais sensíveis à hipóxia ⇢ Aumento em coração e cérebro e baixa em pele, mucosas e rins. 5. Hiperplasia eritróide: hipóxia renal ⇢ aumento de eritropoetina. Por deficiência de produção ou hipoproliferativa Anemia Ferropriva - Estado avançado de deficiência de ferro. Pode ser por: - Aumento de consumo (necessidade) - Excesso de perda - Má absorção - Dieta ⇢ Primeiro exame a ser solicitado: ferritina. Ocorre: - Utilização dos estoques de ferro. - Aumento da absorção intestinal (antes da anemia). - Baixa da ferritina sérica. - Baixa quantidade de hemoglobina nas células produzidas ⇢ Hipocromia e microcítica. - Dosagens baixas de ferro sérico e transferrina. - Baixa contagem de reticulócitos. - RDW aumentado. - Eritoblastos picnóticos e irregulares. ⇢ Sintomas - Glossite atrófica (língua sem papilas gustativas) - Vontade de comer terra ou barro - Disfagia cervical - Coiloníquia - Estomatite angular - Amenorreia - Cabelos finos e quebradiços - Baixa de libido • Achados no exame laboratorial ⇢ Exame padrão-ouro: mielograma com pesquisa de ferro medular (porém é pouco utilizado). • Tratamento - Reposição de ferro - A resposta precoce à terapia é o aumento de reticulócitos. (Pico reticulocitário terapêutico). - Sulfato ferroso 200mg - Adultos 2-3 mg/kg/dia (2 a 4 comprimidos por dia), tomado com estômago vazio a cada 6h associado de uma substância ácida. - Efeitos colaterais: dor abdominal, náuseas, constipação, diarreia, gosto amargo na boca, escurecimento de fezes. - Ferro via parenteral: somente em alguns casos como intolerância via oral, baixa absorção. Pode causar anafilaxia grave. O hemograma só deve ser reavaliado depois de 3 semanas da última dose para ver se o paciente obteve melhora. - Tratamento dura até a normalização do hemograma. Diminuiçnao de Hb, Ht e VCM Hipocromia e microcitose Hemácias em alvo Aumento do RDW Diminuição dos reticulócitos Diminuição dos reticulócitos Pode haver aumento de plaquetas Baixa de Ferritina Baixa de ferro sérico e transferrina Capacidade de ligação do ferro aumentada Página de 4 11 Medicina Ana Cat!ina Du"a Rebelo • Alimentos que aumentam a absorção intestinal de ferro: - Vitamina C, ácidos orgânicos, proteínas da carne. Anemia megaloblástica • Conceitos É um grupo de doenças que se caracteriza por um defeito na síntese de DNA evidente nas células precursoras da medua óssea, como resultado da carência de vitamina B12 e ácido fólico, resultando em alterações citológicas e clínicas. - Megaloblastose: é uma anormalidade morfológica dos núcleos dos eritroblastos dentro da MO (megaloblastos). - E r i tr o p o i e s e i n e f i c a z : f e n ô m e n o caracterizado pelo reconhecimento e destruição precoce dessas cé lulas d e f e i t u o s a s n a m e d u l a ó s s e a (macrófagos). • Metabolismo do folato e B12 ⇢ Folato Metiltetrahidrofolato sofre ação da enzima m et i o n i n a - s i n t a s e , re s u l t a n d o e m tetraidrofolato, que é responsável pela síntese de poliglutamatos no interior da célula, forma a timidina que irá participar da formação do DNA. O folato, encontrado em vegetais verdes, fígado (principalmente) e frutas, é absorvido no jejuno, é convertido no plasma em metil-THF, que dentro da célula s of re a ç ã o d a m et i o n i n a s i n teta s e (dependente de B12) e se transforma em sua forma ativa ⇢ THF. - Os humanos não sintetizam folato. - Valor sérico normal: > 200UG/L ; < 100UG/ L = deficiência. - N e c e s s i d a d e n o r m a l : 5 0 - 1 0 0 U G (200-400UG/Dia): 5 semanas de ingesta oral inadequada já cai os níveis. • Fisiopatogenia Carência de vit. B12/folato ⇣ Síntese inadequada de DNA ⇣ Modificação do ciclo celular ⇣ Retardo da duplicação ⇣ Defeitos no reparo do DNA (núcleo maior e cromatina imatura) ⇣ Alterações cromossômicas, morte intramedular // Células grandes com citoplasma, maduro (RNA normal), núcleo imaturo (DNA normal) • Fisiopatogenia da deficiência de folato Mecanismos ⇢ Alt. na síntese de DNA ⇢ Megaloblastose - Menor absorção: espru-tropical, doença celíaca, ressecção jejunal, drogas como f e n i t o í n a , a n t i c o n v u l s i v a n t e s , anticoncepcionais orais, antiácidos, retrovirais, sulfas, agentes alquilantes, MTX, hepatopatia crônica e alcoolismo. - Menor ingesta: Alcóolatras, idosos, adolescentes, alguns infantes. - Aumento das necessidades: gravidez, lactação, prematur idade, in fância , hemólise, malignidade, hemodiálise, doenças esfoliativas da pele (psoríase, dermatite), TB, malária, sepse, HIV. ⇢ Achados clínicos da deficiência de folato - Os achados do aparelho digestivo são mais exuberantes. - Achados hematológicos: palpitação, fraqueza, cefaleia, irritabilidade, petéquias, púrpuras (trombocitopenia). - Mucosas: dermatite, queda de cabelo. - Não ocorrem manifestações neurológicas. - É doença multisistêmica: associada a outras doenças. Página de 5 11 Medicina Ana Cat!ina Du"a Rebelo - Risco aumentado de: doenças vasculares oclusivas (cardiocerebrais e periféricas), câncer do TGI, pulmonar e cervical, defeitos do tubo neural em crianças. ⇢ Diagnóstico - Hemograma : anemia macroc í t i ca , poiquilocitose, neutrófilos gigantes e h ipersegmentados , p laquetopen ia , precussores eritroides e granulócitos no SP (leucoeritroblastose). ⇢ Vitamina B12 A vitamina B12 é encontrada na alimentação (carnes, peixes e laticínios), ao ligar-se ao fator intrínseco no intestino é absorvida. É t r a n s p o r t a d a n o s a n g u e p e l a transcobalamina até a medula óssea e fígado. - Transforma: hemocisteína ⇢ metionina - Metil-malonil CoA ⇢ Succinil CoA - Ambos participam na síntese do DNA. - Utilizados na conversão de homocisteína em metionina e na síntese de precursores purínicos de DNA. - É s i n t e t i z a d a n a n a t u r e z a p o r m i c r o o r g a n i s m o s ( p o r b a c t é r i a s intestinais). - Valor sérico normal: 200-900 pg/ml. - Reserva: fígado: 2000-5000mg (estoque 3 a 6 anos). - Necessidades diárias: 3-5 mg/dia. - Absorção: íleo terminal. - Fator intrínseco (FI): sintetizado pelas células parietais da mucosa gástrica (99% da absorção de VitB12 se dá ligada ao FI). ⇢ Causas de deficiência de Vit B12 - Ingestão inadequada (veganismo restrito). - Má absorção: acloridria/gastrectomia parcial ou total. - Produção inadequada de FI: anemia perniciosa (gastrectomia total). - Desordens no íleo-terminal: ressecção intestinal, doença de Chron, diverticulose jejunal, etc. - Competição pela cobalamina: parasita de peixes de águas frias. ⇢ Anemia perniciosa Doença autoimune que causa deficiência grave de fator intrínseco associado à gastrite atrófica. - Há produção de de auto-anticorpos contra células parietais do estômago, que impedem a sua renovação e causam atrofia da mucosa. Sem produção do FI, há diminuição da absorção de VitB12. - Pode tambem haver a produção de anticorpos contra células da tireoide, associada com vitiligo, doença de Addison e hipoparatireoidismo. ⇢ Anemia aplásica - Doença definida como pancitopenia com hipoplasia medular na ausência de infiltrado neoplásico e aumento de reticulina. - Causas: idiopática, exposição a fármacos, agentes químicos, infecções virais, forma congênita. - Síndrome de falência medular: síndrome mielodisplásica, leucemia mieloide aguda. - Causa neutropenia , plaquetopenia , astenial, palidez, hemorragias, tendência a infecções. Não há adenomegalia ou hepatomegalia. - Exames laboratoriais: anemia normo/ n or m o , ret i c u l ó c i t o s d i m i n u í d o s , plaquetopenia e neutropenia. - Diagnóstico por meio de biópsia de medula óssea. - Tratamento: tratar doença de base, transfusão, prevenção de infecções, uso de corticoides e transplante (aplasia de série eritroblastica). ⇢ Quadro clínico da falta de VitB12 - Neuropatias - Degeneração subaguda combinada de medula espinhal (formigamento dos pés, p e r n a s , i r r i t a b i l i d a d e a n o r m a l , Página de 6 11 Medicina Ana Cat!ina Du"a Rebelo c o m p r o m e t i m e n t o d a m a r c h a , incontinência urinária). - Lesão cardiovascular: IAM, doença vascular periférica e cerebral, trobose venosa. - Alterações mentais: depressão, déficit de memória, disfunção cognitiva, demência e psicoses. ⇢ Exames laboratoriais - Anemina, bicitopenia - Pancitopenia - Eritrograma: anemia macrocítica, VGM aumentado, CHCM normal, anisocitose, RDW aumentado, macroovalócitos. - Leucograma: neutropenia, neutrófilos hipersegmentados. - P l a q u e t o g r a m a : p l a q u e t o p e n i a , reticulócitos normais ou diminuídos. • Dosagem de VitB12 • Dosagem de ácido fólico • Bilirrubina indireta • DHL • Diagnóstico - Dosagem de Vitamina B12 e folato no sangue. Orientação para o diagnóstico 1) Suspeita clínica: anamnese e exame físico 2) Dosar B12 e ácido fólico 3) Se valores na faixa de incerteza: dosar ácido metilmalônico no soro ou urina (para acurácia para deficiência de vitB12) 4) Teste terapêutico na suspeita de deficiência sem exames laboratoriais confirmatórios 5) Mielograma (apenas em alguns casos por ser muito invasivo) Tratamento - Tratar a causa (doença/ situação de base). - Reposição da vitamina em carência. - Suplementação de ácido fólico para gestantes a fim de evitar defeitos no tubo neural - espinha bífida. - Erro: utilizar complexo B (não supre as necessidades terapêuticas). - A maioria dos pacientes tem deficiência de folato associado a deficiência de B12, é importante não iniciar a reposição de ácido fólico antes da vit B12 em pacientes com pacientes neurológicos pois pode piorar a neuropatia. • Avaliação da resposta: boa e rápida Causas de deficiência de B12 Causas de deficiência de Folato Veganismo Baixa ingesta Anemia perniciosa Gestação, lactação, prematuridade Gastrectomia/gastrite atrófica Neoplasias Infecção pela tênia do peixe Anemia hemolítica Má absorção intestinal Doenças inflamatórias Anomalias do fator intrínseco Anticonvulsivantes, sulfassalazina, álcool Uso prolongado de inibidores de bomba de prótons - Uso prolongado de metformina - Deficiência de B12 Hidroxicobalamina - via intramuscular - 1000 ug Dose inicial de 6 x 1000 ug em 2-3 semanas Manutenção 1000ug a cada 3 meses Uso profilático: gastrectomia total/ ressecção ileal Deficiência de Folato Ácido fólico - via oral - 5mg Dose inicial: diariamente por 4 meses Manutenção: depende da doença de base Uso profilático: gestação, anemias hemolíticas graves, diálise e prematuridade Página de 7 11 Medicina Ana Cat!ina Du"a Rebelo - 24-48h (melhora do apetite e sensação de bem estar) - 6-7 dias: pico reticulocitário terapêutico - Hb aumenta em 2 a 3 g/dl a cada 15 dias - Reticulócitos e plaquetas normaliza-se em 7 a 10 dias - M O é n o r m o b l á s t i c a e m 4 8 h (metamielócitos gigantes até 12 dias) - A n e u ro p a t i a p er i f é r i c a m e l h ora parcialmente (lesão medular presente e irreversível) - A normalização hematológica ocorre em 2 meses - C o m p l i c a ç õ e s : h i p o c a l e m i a e hipernatremia Anemia de doenças crônicas - Mais comum em pacientes com doença inflamatória crônica ou portadores de neoplasia. - Comumente normo/normo. - É caracterizada por redução do ferro sérico e capacidade de ligação do ferro pela ferritina sérica normal ou aumentada, com presença de estoques de ferro normal. - Produção de hepcidina no fígado, impede a absorção do ferro no intestino, e aumenta seu sequestro por macrófagos. - A hepcidina também inibe a liberação de ferro nos seus depósitos, diminuindo a tranferrina e a eritropoetina. - Causas: tuberculose, pneumonia, artrite reumatóide, lúpus, carcinomas e linfomas. • Achados laboratoriais Anemias hemolíticas - A hemólise pode ser intravascular (quando a hemoglobina é liberada no plasma) ou e x t r a v a s c u l a r ( q u a n d o o c o r r e principalmente no baço). - Vida média dos eritrócitos diminui, assim a medula óssea aumenta o número de precussores eritroides para compensar. - A hemólise ocorre quando a hiperprodução medular não consegue acompanhar o ritmo de destruição. - Pode causar crise aplásica (falência). ⇢ Classificação: congênitas e adquiridas. • Achados clínicos ⇢ No diagnóstico laboratorial - Ocorre hiperbilirrubinemia indireta. - D iminu ição dos n íve i s sér icos de haptoglobulina. - A hemólise crônica leva ao aumento de absorção de ferro sérico e ferritina. - Na hemólise intravascular: hemoglobinúria e hemossiderinúria , resultando em carência de ferro, pois os rins excretam a hemoglobina. - Hiperplasia do setor eritrocítico, causando alargamento do espaço medular. Esferocitose congênita - Doença genética, autossômica dominante. - Defeito na membrana dos eritrócitos ao nível do citoesqueleto. Hemácias normocíticas e normocrômicas, poucas podem ser microcíticas e hipocrômicas Reticulócitos baixos Ferro sérico baixo Capacidade de ligação do ferro baixa Ferro medular aumentado Aumento de VHS e OCR Ferritina normal ou aumentada (em estados inflamatórios) Anemia Icterícia Colúria Fezes mais escuras que o habitual Esplenomegalia em casos crônicos Adenomegalia em alguns casos (anemia hemolítica secundária ou linfoma) Página de 8 11 Medicina Ana Cat!ina Du"a Rebelo - Quando as hemácias passam por locais de maior concentração de glicose, se tornam mais esféricas e são facilmente destruídas. - O paciente pode ser assintomático ou sintomático. - Quando sintomático: anemia de grau variado. - P o d e h a v e r ú l c e r a s n a s p e r n a s , esplenomegalia, litíase biliar e icterícia flutuante. - Exames laboratoriais: - Diagnóstico: HF positiva + exames labortatoriais. - Tratamento : dependendo do caso. Transfusões, colecistectomia (litíase biliar), esplenectomia (úlceras de MMII e retardo do crescimento). Anemia hemolítica por deficiência de glicose-6-fosfato desidrogenase - Agravamento da hemólise por incfecções ou ingestão de medicamentos oou a l imentos que promovam estresse oxidativo. - Quadro clínico: de assintomático para hemólise aguda. - Pode haver icterícia neonatal: quando o bebê nasce com a doença. - Drogas que desencadeiam: azul de metileno, azul de toluideno, dapsona, fenazopiridina, nitrofurantoína, primaquina, rasburicase. - Diagnóstico: dosagem de G-6PD nos eritrócitos fora das crises. - Alterações laboratoriais em crise: - Tra ta m e n t o : s u s p e n s ã o d o f a t o r desencadeante, transfusões sanguíneas em a l g u n s c a s o s , f o t o t e r a p i a e exsanguineotransfusão. Hemoglobinopatias - São doenças genéticas. - Consiste principalmente em síndromes t a l a s s ê m i c a s ( a l f a e b e t a ) e hemoglobinopatias S, C e E. Anemia falciforme - Maior incidência em pessoas negras e pardas. - É crônica e hereditária. - A hemoglobina polimeriza e promove a deformação do eritrócito de formato bicôncavo para a forma de foice em situações de baixa tensão de oxigênio. - Substituição de ácido glutâmico pela valina na cadeia beta da globina. - Quadro clínico reversível quando há reoxigenação da hemoglobina.- O sangue émais viscose. - Episódios repetidos e prolongados causam danos na membrana da célula, fazendo com que as hemácias em foice se fixem na parede do endotélio, lentificando o fluxo sanguíneo e podendo causar fenômenos oclusivos. - Pode haver por decorrência de fenômenos oclusivos: dores intensas musculares, abdominais e priapismo. ⇢ Diagnóstico laboratorial - Hemograma com anemia hemolítica com presença de drepanócitos. Anemia (dependendo do grau da esferocitose Reticulocitose Microesferócitos Coombs direto negativo Hemólise: aumento de DHL e bilirrubina indireta Eritrócitos fragmentados (bite cells) Remoção do corpúsculo de Heinz Hemólise intravascular - aumento de DHL e bilirrubina indireta Reticulocitose Página de 9 11 Medicina Ana Cat!ina Du"a Rebelo - Eletroforese de hemoglobina: quantifica a hemoglobina S e detecta outras anômalas. - Triagem neonatal e teste de falcização: triagem da doença. • Tipo heterozigoto da doença: HbAS - O sangue é normal ou pouco alterado com baixo risco de falcização. - A HbF (hemoglobina fetal) evita a polimerização da hemácia, está mais presente durante a vida fetal e vai diminuindo até a vida adulta. Quando maior os níveis de HbF, menos sintomático será o paciente. Talassemias - Promove diminuição ou ausência da síntese de cadeias globulínicas alfa e/ou beta. - Os indivíduos homozigotos para alfa- ta lassemias são s intomáticos e os h e t e r o z i g o t o s g e r a l m e n t e s ã o assintomáticos. - Classificação clínica: major; intermediária; minor. ⇢ Alfa-talassemias: diminuição de cadeias beta e excesso de cadeias alfa. - As cadeias de alfa-globina são instáveis e precipitam no interior dos eritroblastos, interferindo na maturação. - Leva à eritropoiese ineficaz. - Alteração da membrana e deformidade celular, contribuindo para o processo hemolítico. ⇢ Beta-talassemias • Beta0-talassemia: ausência total de cadeias beta (ou não são funcionais). • Beta1-talassemias: diminuição na síntese de cadeias beta. ⇢ Beta-talassemia ma jor ou anemia de Cooley - Geralmente homozigotos. - Palidez acentuada. - Icterícia. - Hipodesenvolvimento ponderal e psíquico. - Hepatoesplenomegalia. - Alterações ósseas (crânio e face). - Alterações endócrinas (hipogonadismo). - Manifestações cardíacas. - Lesão hepática. - Hemossiderose (por múltiplas transfusões). - Colúria. ⇢ Alfa-talassemia - Com ausência dos quatro genes é incompatível com a vida. - Hidropsia fetal. ⇢ Ta lassemias por pers i s tênc ia da hemoglobina fetal Anemia sideroblástica - Ocorre deposição de ferro no interior dos eritroblastos da medula (sideroblastos). - Há defeito no grupo heme, resultando na síntese deficiente de hemoglobina. - A deposição do ferro forma um “anel” na borda da célula. - Anemia hipocrômica e microcítica OU normocrômica, apresentando policromasia. - Pode ser hereditária, adquirida primária (mielodisplasia por exemplo), adquirida secundária (artrite reumatóide, intoxicação por substâncias). - Hereditária: ligada ao sexo. ⇢ Tratamento: retirada do agente causador, quelante de metal pesado (chumbo), p i r o x i d i n a ( a n e m i a h e r e d i t á r i a ) , qu imioterapia (neoplas ias) , suporte (eritropoetina e transfusão sanguínea). Major Mais grave, necessita de tranfusões Intermediária Anemia com ou sem esplenomegalia Minor Assintomática Página de 10 11 Medicina Ana Cat!ina Du"a Rebelo Anemias hemolíticas adqu'idas Anemias hemolíticas imunológicas - A u t o i m u n e i n c o m u m e m q u e autoanticorpos se ligam à superfície dos eritrócitos causando sua destruição pelo sistema complemento (intravascular) ou p e l o s i s t e m a r e t i c u l o e n d o t e l i a l (extravascular). - Classificação: quente (os autoanticorpos funcionam melhor na temperatura corporal de 37C, sendo incapazes de aglutinar as h e m á c i a s , o c o r r e n d o h e m ó l i s e extravascular); fria (os autoanticorpos frios se ligam aos eritrócitos em temperatura entre 4-18C, podendo levar à aglutinação de eritrócitos na circulação sanguínea p e r i f é r i c a , a t i v a n d o o s i s t e m a complemento e iniciando a hemólise); mista (coexistência dos dois tipos de autoanticorpos). - Quadro clínico quente: crise hemolítica, anemia, icterícia, febre e colúria. No sangue encontram-se esferócitos e reticulócitos, podem estar diminuídas as plaquetas (síndrome de Evans - anemia hemolítica por plaquetopenia). - Quadro clínico fria: melhor prognóstico, pode ser aguda (associada a pneumonia e mononucleose infecciosa) ou crônica associada a linfoma. - Pode ser idiopática/ primária: não apresenta relação com a doença de base. - Pode ser secundária: associada a doenças como LES, artrite reumatoide, doenças linfoproliferativas, uso de medicamentos e neoplasias. ⇢ N o s r e c é m - n a s c i d o s : q u a n d o aloanticorpos da mãe se dirigem contra antígenos eritrocitários do feto após a exposição a eritrócitos incompatíveis durante a gestação ou transfusão prévia. • Mecanismos associados a medicamentos: - Formação de imunocomplexos - Ligação fármaco à hemácia - Modificação da membrana do eritrócito pelo fármaco - Fármaco promovendo indução da reação autoimune. Anemias hemolíticas não imunológicas - Causadas por destruição dos eritrócitos com modificações nas membranas. - P rovo c a d a s p or m e c a n i s m o s n ã o imunológicos. - Infecções ou causas mecânicas. ⇢ Infecções: - Malária. - Clostridium Welchii - Haemophilus influenzae - Mycrobacterium tuberculosis - Toxoplasma gondii ⇢ Mecânicos: - Válvulas cardíacas artificiais - Microangiopatias - Síndrome hemolítica-urêmica - Hemólise dos corredores de longa ditância - Coagulação intravascular disseminada. Página de 11 11 Anemia Ferropriva Anemia megaloblástica ⇢ Folato ⇢ Vitamina B12 Tratamento Anemia de doenças crônicas Esferocitose congênita Anemia hemolítica por deficiência de glicose-6-fosfato desidrogenase
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