Buscar

CIBERNÉTICA DE PRIMEIRA E SEGUNDA ORDEM

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

ANHANGUERA EDUCACIONAL
TERAPIA FAMILIAR SISTÊMICA 
PROF. KARINA PEREIRA SABEDOT
ANDERSON FRANCISCO DO PRADO 
4° SEMESTRE 
PSICOLOGIA
PIRACICABA
2021
 CIBERNÉTICA DE PRIMEIRA E SEGUNDA ORDEM.
TEORIAS PÓS MODERNAS.
“O primeiro período da cibernética de primeira ordem (primeira cibernética), se ocupava dos mecanismos e processos pelos quais os sistemas, em geral, funcionavam com o intuito de manter a sua organização. 
O sistema, de acordo com essa concepção, operava de acordo com um propósito ou meta, cujo alcance era garantido por mecanismos de regulação e controle (...) regulação, enquanto um mecanismo, visa manter a sobrevivência do sistema à medida que controla os distúrbios que o atingem, impedindo-os de evoluírem para uma mudança, que possa quebrar a sua organização. 
Nesse sentido, o sistema cibernético era compreendido como equivalente a uma máquina trivial, fosse ele uma máquina, um organismo biológico, ou um sistema social, que, tendo uma organização e um propósito, operava na correção dos desvios, de modo que se mantivessem estável e sobrevivesse. 
Esse processo conhecido como retroalimentação negativa, por meio do qual um sistema vivo sobrevive mantendo a sua constância apesar das mudanças do meio, convencionou-se chamar de morfoestase”. 
Aplicada à clínica o conceito de homeostase negativa, advinda da Primeira Cibernética leva a idéia de que a permanência ou surgimento do sintoma é uma forma de não mudança, uma forma do sistema voltar a ser o que era antes, no sentido de auto-regulação do sistema. 
Têm como objetivo definir o problema de forma clara e aplicar técnicas para a eliminação ou redução do problema ou sintoma apresentado pela família, pois os sintomas são considerados, nesta época uma ameaça de desequilíbrio. 
 Neste sentido nasce a idéia de homeostase familiar, ao se observar que os esforços psicoterapêuticos dirigidos ao membro da família que trazia o sintoma (paciente identificado) podiam ser frustrados pelo comportamento de outros membros, ou que outros membros poderiam tornar-se perturbados na medida em que o membro em tratamento melhorasse. 
Idéia básica é gerar, a partir de intervenções, situações que vençam a homeostase, sua resistência a mudança e empurrar a família para outro padrão de funcionamento que não necessite a presença do sintoma. 
Na Segunda Cibernética se acrescenta a homeostase positiva, cuja equilibração leva a permanência ou surgimento do sintoma como forma de mudança, porque se há sintoma tem que se procurar ajuda terapêutica, aumentando assim a possibilidade de mudança (auto-transcendência). 
Não temos mais como modelo um sistema resistente, “paralisado” em seu movimento, mas sim um sistema que, inevitavelmente, muda para novas coerências e onde o sintoma não é mais um “mecanismo homeostático” que impede a família de mudar ou de sucumbir a uma crise, mas apresenta-se como alternativa amplificada, solução possível naquele momento, para aquele sistema. 
 Esta visão implica a idéia de que o sistema tem e adquire, ao longo do tempo, seus próprios recursos para realizar mudanças, possuindo autonomia e uma capacidade de auto-organização . 
Além de conseguir manter suas estabilidades, um sistema vivo necessitava, também de ser capaz de modificar sua estrutura básica, para adaptar-se às situações de mudanças do meio. 
Esse processo, chamado de morfogênese, não poderia ser explicado por uma retroalimentação negativa, mas, sim, por uma retroalimentação positiva, consistindo de seqüências que amplificavam o desvio de modo que o organismo, adaptando-se às condições do contexto, conseguisse sobreviver. 
Esses processos de amplificação do desvio, por meio da retroalimentação positiva, e os processos sistêmicos de mudança, daí decorrentes, foram descritos por Maruyama como segunda cibernética, constituindo-se assim no segundo período da cibernética primeira ordem. 
Diferentemente da primeira cibernética que se constituía como uma visão homeostática dos processos sistêmicos, a segunda cibernética caracterizou-se por uma visão hemodinâmica, termos cuja grafia assim cunhada por Sluzki salientam a dialética estabilidade-mudança”. 
Uma vez que se entende a família como um sistema em interação, em que cada um dos seus membros tem responsabilidades e funções a desempenhar, criando assim um jogo de interdependência e inter-relação, seria então contraditório pensar que somente um membro está “doente”. 
“Quando consideramos a intervenção terapêutica numa perspectiva sistêmica, temos de redefinir a terapia não como uma intervenção centrada num indivíduo ‘doente’, mas como um ato de participação e crescimento num grupo com uma história”. 
“A patologia que se manifesta nele (P.R.) é a ponta do iceberg, que reflete e esconde toda uma intrincada rede de relações que existem na família (...) Na medida que aceitamos que o problema reside na interação afastamos uma explicação linear dos fenômenos, de causa e efeito, e nos aproximamos da noção de circularidade e, assim, da responsabilidade compartilhada da patologia familiar. 
Além da preocupação com a homeostase positiva ou negativa, um sistema pensado a partir da Cibernética de Primeira Ordem, pode ser operado “de fora”, entendendo seus modelos como correspondentes a uma realidade independente do observador. 
Este seria o outro princípio importante da Cibernética de Primeira Ordem, a não inclusão da idéia de auto-referência, caracterizada pelo postulado de independência entre observador do sistema e sistema observado. 
 
 
Por outro lado, a 2ª cibernética trataria dos processos morfogenéticos, resultantes de retroação positiva ou amplificadora do desvio, amplificação que pode – caso não produza a destruição ou ruptura do sistema – promover a sua transformação, levando-o a um novo regime de funcionamento. 
Poderíamos dizer que a 2ª cibernética trataria da capacidade de auto-organização – no sentido de auto-mudança – do sistema, enquanto a 1ª cibernética trataria da capacidade de reorganização – no sentido de auto-manutenção – do sistema”. 
 “Devo preveni-los, imediatamente, de que certos terapeutas de família têm feito uso da distinção estabelecida por Maruyama entre o primeiro e o segundo grau da cibernética, que reenvia respectivamente aos processos de estabilidade e mudança. 
Portanto, esta questão da discussão de nomeação não é um assunto para me aprofundar neste momento, foi apenas um recorte para podermos entender melhor alguns princípios e suas diferenças dentro da Teoria Sistêmica e também para poder me situar e situar os leitores dentro de algum autor, no caso Maruyama. 
Os problemas não estão nas famílias, mas em sua construção da realidade, em sua relação e na forma pela qual esta permite a emergência de realidades, sujeitos, crenças e sintomas. 
 Não há uma família dada “lá fora” a ser conhecida, previsível e manipulada, mas uma família ou um sistema, imprevisível, incerto, dependente de uma história, auto-organizador e autônomo, regidos por suas próprias leis. 
Interesse dos terapeutas desloca-se assim das seqüências de comportamento a serem modificadas para os processos de construção da realidade e identidade familiar, para os significados gerados no sistema. 
Ele trata de tentar criar um espaço para a conversação, busca compartilhar e acompanhar a visão de mundo trazida pela família, para co-construir realidades alternativas, novas conotações, com as quais o sistema terapêutico desenvolva novas perspectivas que não trazem em si o comportamento sintomático. 
 Não se trata de solucionar problemas, mas de solucionar impasses na resolução de problemas, através da mudança de perspectiva que permita um melhor agenciamento do próprio sistema para tomada de decisões e mobilização de seu potencial auto-organizativo. 
“A tarefa terapêutica é facilitar o diálogo entre diferente vozes do sistema, operando com a ambigüidade, fontes de mal-entendido e contradições, diferenças que permitam gerar descrições mais abrangentes, menos antagônicasdo problema compartilhado. 
Perguntas conversacionais, são aquelas que abrem espaço para novas perguntas e criam oportunidade para que novos significados do cliente emerjam e promovam a mudança de visão e comportamento. 
 Enfim, com o passar do tempo a Cibernética amplia seu olhar e começa a se deslocar para o entendimento de sistemas que não são, e não podem ser organizados de fora, colocando em cheque a possibilidade de se falar em uma observação objetiva de uma realidade independente, livres das influências do observador. 
Noção de auto-referência é fundamental, na Cibernética de Segunda Ordem, surgindo à idéia de que o observador está inserido na observação que realiza, pois aquele que descreve suas observações, descreve a respeito de si. 
Essa nova cibernética implicou uma teoria sobre o observador, a crença na impossibilidade de separar o observador do sistema observado e, portanto, o questionamento da possibilidade de conhecimento objetivo, de previsão e controle. 
Um discurso científico passa a ser entendido não apenas como um discurso sobre um referente, mas também como um discurso sobre os limites da linguagem e dos processos mentais de quem o produz (...) a incorporação dessa nova epistemologia às práticas sistêmicas implicou mudanças fundamentais no papel do terapeuta e na própria concepção da terapia. 
Antes de ser um interventor que opera sobre um sistema (família, casal, indivíduo, por exemplo) para mudá-lo em uma dada direção, previamente definida como ‘mais funcional’ para o sistema, o terapeuta passa a ser visto como mais um no sistema. 
No lugar de intervir, o terapeuta co-participa do sistema terapêutico, atuando para uma transformação co-evolucionária que conta com a surpresa e o imprevisível à medida que os sistemas produzem sua própria mudança. 
Da mesma forma que a cibernética de segunda ordem, enquanto uma epistemologia, se define como construtivista/construcionista social, as terapias, segundo este modelo, também passam a ser chamadas de terapias de segunda ordem ou de terapia sistêmica construtivista/construcionista social”. 
E, a desconsideração do potencial evolutivo e de crescente organização dos organismos vivos na cibernética inviabilizava sua aplicação ao mundo biológico ou social. 
 Portanto, estas considerações apontam certamente para limitações que foram parte dos problemas da aplicação do modelo cibernético ao mundo biológico e social. 
No início da década de 80 com as idéias de von Foerster – onde observador e observado são inseparáveis – e de Maturana e Varela – onde a percepção visual nasce da intersecção entre o que nos é oferecido e nosso próprio sistema nervoso, o que vemos não existe como tal, no lado externo de nosso campo de experiência, mas é resultado da atividade interna que o mundo exterior deflagra dentro de nós. 
A validação de uma pesquisa científica não precisa do mundo objetivo para funcionar, ao pesquisador um mundo não é composto por objetos, mas uma comunidade de observadores, cujas declarações venham a compor um sistema coerente, sendo esta a razão da “objetividade entre parênteses” – surge o Construtivismo na terapia familiar. 
“A seus olhos, tanto os significados como o sentido do self e as emoções tem sua origem em um contexto intrinsecamente relacional, não apenas o “eu” e o “tu” não se manifestam senão nos diálogos permitidos pelas relações humanas, como também a própria identidade é produzida pelas narrativas que têm origem em trocas comuns; 
 Neste sentido, a comunicação, a negociação são fundamentais, manutenção ou mudança de uma interpretação não depende da sua validação por meio da observação, dos procedimentos ou da metodologia, mas do questionamento de sua comunidade lingüística. 
As comunidades desenvolvem o seu consenso sobre uma suposta natureza das coisas por meio da negociação contínua de práticas rituais e da socialização dos novos usuários dessas práticas. 
 Segundo Gergen (in Mony Elkaïn, p.229) “O construtivismo está ligado ainda à tradição do individualismo, à medida que descreve a construção do saber a partir de processos intrínsecos ao indivíduo, enquanto o construcionismo social, ao contrário, volta-se para traçar as fontes da ação humana nas relações sociais. 
Portanto, a relação que se estabelece entre o construtivismo e o construcionismo social é que ambos partem do pressuposto de que o saber é uma construção do espírito e se recusam a definir o conhecimento como um reflexo fiel de uma realidade, ou seja, a principal característica do construtivismo/construcionismo social é a interdependência entre o observador e o universo observado”.
 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
OSORIO, Luiz Carlos. VALLE, Maria Elizabhet Pascual do. Manual da Terapia Familiar. Porto Alegre: Artemed, 2009 
.
GRANDESSO, Marilene A. Sobre a reconstrução do significado: Uma análise epistemológica e hermenêutica da prática clínica. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2000
Terapia Familiar Sistêmica: Bases da Cibernética. São Paulo: Editorial Psy, 1995.  
ELKAÏM, Mony. Panorama das terapias familiares. São Paulo: Summus, 1998, v.2

Continue navegando