Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 HABILIDADES MÉDICAS VI Aula do Prof. Abdon Karhawi EXAME NEUROLÓGICO Perguntas que devemos ter em mente: • Existe uma lesão presente no sistema nervoso? • Em qual local do sistema nervoso se encontra a lesão? Equipamento: • Oftalmoscópio • Otoscópio • Lanterna • Estetoscópio • Martelo • Diapasão •Outros (palitos, estesiometros, substancias aromáticas) Impressões iniciais: • Atitudes do paciente na sala de espera • Tamanho e forma do corpo • Modo de vestir • Cabelo, face, voz • Marcha e postura •Pacientes especiais (cadeira de rodas, hospitalizado, comatoso, restrito ao leito) ➺ Postura de Wernicke-Mann e marcha ceifante ou hemiplégica: característico de pacientes com hemiparesia. ➺ Marcha Parkinsoniana ESTADO MENTAL • Cooperação • Orientação • Memória • Estado emocional • Alucinações Alteração nos sentidos, coisas que não existem: ver coisas, ouvir vozes, sentir bichos na pele. • Delírios Acreditar em coisas diferentes da realidade; como estar em uma sala e ficar desesperado porque o teto pode cair sobre sua cabeça. CABEÇA E PESCOÇO • Inspeção: hidrocefalias, acromegalias invaginação basilar. ▸Microcefalia: tamanho diminuto da cabeça e do cérebro de um bebê, comparado aos valores de referência para sua idade e tamanho. ▸Hidrocefalia: acúmulo de líquido cefalorraquidiano no interior da cavidade craniana (nos ventrículos ou no espaço subaracnoideo), que leva a um aumento da pressão, podendo causar lesões no tecido cerebral e aumento do crânio. ▸Acromegalia: decorrente da hipersecreção do hormônio de crescimento (GH) e do fator de crescimento semelhante à insulina tipo 1 (IGF-1). Manifestação comum dos adenomas hipofisários. 2 HABILIDADES MÉDICAS VI Aula do Prof. Abdon Karhawi • Palpação: irregularidades traumáticas ou pós cirúrgicas, lesões erosivas, protuberâncias, fontanelas. • Percussão: hidrocéfalo com som de “vaso quebrado”. • Ausculta: ossos frontais e regiões occipitais, ambos com olhos fechados. ➩ Escuta-se sopros frequentemente em crianças pequenas, em fístulas carotídeo-cavernosas, tumores, angiomas, doença de Paget, irradiados das carótidas. Sintomas meníngeos (meningorradiculares): • Rigidez de nuca: Examinador deve estar ao lado direito do paciente, com sua mão esquerda em baixo da cabeça, realizando a flexão, com o intuito de avaliar se a mobilidade está livre. Se estiver endurecida, ou o paciente referir muita dor, é indicativo de irritação meníngea. • Kerning: Examinador realiza a flexão da coxa do paciente (direita ou esquerda), em 900, a mão direita deve estar abaixo de tendão de Aquiles. Posteriormente o examinador levanta a perna do paciente, levando ao estiramento da coluna paravertebral. Se o paciente referir dor, significa que o sinal é positivo. • Brudzinski: Examinador faz o teste de rigidez de nuca, caso a contratura da musculatura paravertebral estiver muito grande, o paciente fletirá os membros, compensando o estiramento realizado. • Lhermite: Indica patologia cervical desmielinizante. O paciente deve estar sentado deve realizar a flexão do pescoço para baixo rapidamente, se positivo pode produzir uma sensação de parestesia intensa nas mãos. • Laségue: Com o paciente em decúbito dorsal e os membros inferiores estendidos, o examinador faz a elevação de um membro inferior estendido. A prova é positiva quando o paciente reclama de dor na face posterior do membro examinado, logo no início da prova (cerca de 30° de elevação). ➽ Nos casos de febre aguda, devem ser pesquisados os sinais meníngeos. Obs: os sinais de Lhermite e Laségue são pesquisados caso haja suspeita de irritação meníngea, no entanto são menos clássicos. NERVOS PERIFÉRICOS Sempre que o paciente referir queixa de alguma alteração sensitiva, os nervos periféricos devem ser palpados, lembrando que a palpação deve ser comparativa (realizando tanto no lado esquerdo, como no lado direito do paciente). O espessamento dos nervos é um sinal clássico de hanseníase. • Ulnar: Palpado na região do cotovelo, próximo aos condilos laterais do úmero. • Mediano (sinal de tinel): Importante para a pesquisa da síndrome do túnel do carpo, que é uma doença reumatológica inflamatória da estrutura extrarticular (sinóvia), que inflama e acaba comprimindo o nervo mediano, levando a uma dor 3 HABILIDADES MÉDICAS VI Aula do Prof. Abdon Karhawi nas mãos. Deve-se percutir na região anterior do punho, gera dor na mão. • Poplíteo lateral: Palpar o nervo na parte lateral da tíbia. • Grande auricular: O paciente deve rotacionar a cabeça para o lado esquerdo, a região cervical a direita ficará projetada, o nervo desce do lóbulo da orelha em direção ao músculo esternocleidomastoideo. SISTEMA MOTOR ➺ Inspeção preliminar (musculatura, cicatrizes, retrações). ➺ Mensuração: meça em pontos bem determinados. • Atrofias • Tônus muscular: contratura residual do musculo em repouso. • Força muscular • Postura Manobras deficitárias • Manobra de Barré de membros superiores: também chamada de manobra do braço estendido, manobra sensibilizada (torna a disfunção do paciente mais perceptível para o examinador). O paciente deve estar de pé ou sentado, com os membros superiores estendidos e afastados, o membro comprometido tende abaixar. • Manobra de Mingazzini: O paciente deve estar deitado, o examinador deve elevar os membros inferiores do paciente, com as coxas e pernas dobradas em 900, deixando um espaço entre as pernas. Então pede-se para o paciente fechar os olhos, o examinador deixar de dar o apoio e pede ao paciente para permanecer na posição. Caso exista disfunção em algum lado, o membro tende a cair. • Manobra de Barré membros inferiores: Paciente em decúbito ventral, pede-se para o paciente segurar os membros inferiores flexionados, em caso de disfunção o membro tende a ceder. 4 HABILIDADES MÉDICAS VI Aula do Prof. Abdon Karhawi FORÇA MUSCULAR A força muscular pode ser avaliada de forma mais pontual. Sempre importante avaliar em ambos os lados do paciente. São realizados movimentos de flexão, extensão, abdução, rotação e elevação dos membros superiores e inferiores; permitindo um maior detalhamento da força muscular do paciente. SISTEMA MOTOR Equilíbrio • Estático: paciente em pé. • Dinâmico: marcha. ➽ Marcha desalinhada é indicativo de doenças vestibulares, associadas ao comprometimento do 8º par craniano (vestíbulococlear). Movimentos involuntários Relacionadas com alterações elétricas encefálicas. • Epilepsia: Contração de segmentos corpóreos ou de todo o corpo, que se apresentam comumente na forma de crise tônico-clônica (convulsões). Cursa com queda, sialorreia, abalos musculares generalizados, perda de urina e fezes, trauma de língua e lábios (mordedura). • Mioclonias: Movimentos súbitos, involuntários de um músculo ou grupamentos musculares. • Fasciculações: São contrações visíveis, finas e rápidas, algumasvezes vermiculares, espontâneas e intermitentes das fibras musculares. Comprometem pequenos grupos musculares, semelhante a uma vibração, comum no tórax, região da cintura escapular. • Clonus: Relacionado com as síndromes que afetam o feixe piramidal (1º neurônio motor). Deve-se fazer uma flexão rápida e persistente de extremidades (estiramento) como mãos e pés. Após esta manobra o paciente apresentará um tremor contínuo e regular. • Movimentos extrapiramidais: São involuntários, são os tremores da doença de Parkinson, doenças cerebelares, coreia. SISTEMA SENSITIVO • Objetivo: demonstrar áreas de consistente alteração. • Cuidados: não seja displicente nem excessivamente detalhista. • Roteiro: examinar sempre comparando os segmentos distais com os proximais (neuropatias periféricas), um lado com o outro (lesões do SNC) e dermátomos. Princípios ➺ Superficial: • Dor: pode ser usado de palito ou tampa da caneta para a investigação. • Tato: algodão • Temperatura: tubos de ensaio com água em temperaturas diferentes. ➺ Profunda: • Posição: o examinador deve colocar o polegar do examinador para cima e para baixo, explicando-o a posição em que se encontra o membro. Posteriormente, o paciente deve fechar os olhos, o examinador deve colocar o polegar ou para baixo, ou 5 HABILIDADES MÉDICAS VI Aula do Prof. Abdon Karhawi para cima e perguntar ao paciente em qual posição está o membro. • Movimento passivo: tração • Sensibilidade vibratória (proprioceptiva): deve-se bater o diapasão, para que ele vibre, então o mesmo deve ser colocado sobre uma saliência óssea, para observar se o paciente nota a vibração. ➺ Estereognosia: O examinador deve dar ao paciente um objeto simples, e o paciente com os olhos fechados previamente, deve identificar que objeto é. ➺ Grafestesia: Com uma tampa de caneta o examinador deve fazer um desenho simples na mão do paciente. Depende da sensibilidade superficial, profunda e da cognição. ➺ Discriminação de dois pontos: Depende da sensibilidade profunda, tátil e da região frontal. O examinador vai aproximando os dois palitos. Conexões motoras e sensitivas • Reflexos tendinosos profundos: Deve ser usado o martelo neurológico, consiste no arco reflexo, a via aferente leva o estímulo até a medula, e a via eferente que provoca a contração do músculo. Não é dependente do encéfalo, passa apenas pela medula. O examinador pode distrair o paciente segurando em sua mão. 6 HABILIDADES MÉDICAS VI Aula do Prof. Abdon Karhawi • Reflexo tricipital (C6 e C7): • Reflexo bicipital (C5 e C7): • Braquio-radial ou estilo-radial (C5 e C6): • Flexor dos dedos: • Reflexo patelar (L2, L3, L4): • Reflexo de aquileo: • Reflexos superficiais: • Reflexo cutâneo-plantar: • Normal: o paciente flete os dedos, em resposta ao estímulo. • Sinal de Babinski: o paciente estende os dedos, levando o hálux para trás “abre um leque”. Reflete doenças de feixe piramidal. • Estará abolido, se o examinador fizer o estímulo, porém o pé do paciente não produz nenhuma reação. 7 HABILIDADES MÉDICAS VI Aula do Prof. Abdon Karhawi • Reflexo cutâneo-abdominal: Paciente deitado, o examinador deve usar um objeto pontiagudo no abdome desnudo do paciente. O estímulo deve ser feito de maneira rápida, do flanco em direção a cicatriz umbilical; o músculo reto abdominal será estimulado, levando a contração deste hemiabdome, então a cicatriz umbilical se desloca para o lado distinto. • Reflexo cremastérico: O examinador deve passar um objeto pontiagudo na base da coxa medial, este estímulo leva a contração do testículo nos homens, e dos grandes lábios nas mulheres. Usado para avaliar lesões sacrais. PARES CRANIANOS 1º nervo (olfatório) Nervo sensitivo, via aferente leva o estímulo sonoro ao cérebro. 2º nervo (óptico) Nervo sensitivo, via aferente leva a imagem até o lobo occipital. 3º, 4º, 6º nervos (oculomotor, troclear e abducente) Motores, relacionados com a motricidade de globo ocular e alguns movimentos pupilares. III - Oculomotor: inerva o restante dos músculos (reto medial, superior, inferior, oblíquo inferior). ➩ Alterações: •Estrabismo divergente (o paciente fica “vesgo para fora’’). • Leva a dilatação pupilar/ midríase, tendo em vista que controla a reação pupilar. • Inerva a pálpebra superior, levando a ptose. • Os olhos não realizam o movimento para cima e para baixo. 8 HABILIDADES MÉDICAS VI Aula do Prof. Abdon Karhawi IV – Troclear: inerva o oblíquo superior. VI – Abducente: inerva o reto lateral. Lesão do abducente, leva ao estrabismo medial/convergente (o paciente fica “vesgo para dentro’’). 5º nervo (trigêmeo) Nervo misto, fibras sensitivas (inervação da face) e motoras (inerva os músculos da mastigação). 7º nervo (facial) Motor (mímica facial) e sensitivo (sensibilidade da língua). 8º nervo (ótico ou esteatoacústico ou auditivo) Ou vestíbulo coclear, tem atividade vestibular (equilíbrio) e audição. Inerva a cóclea e o labirinto. 9º e 10º nervos (glossofaríngeo e vago) Inervação de toda a região faríngea. • Glossofaríngeo: sensibilidade da parte porterior da língua e faringe. • Vago: inerva toda a parte parassimpática (movimento respiratório, diafragmático, nó sinusal, movimento peristáltico). 11º nervo (acessório) Motor, inerva a musculatura escapular. Pede-se para o paciente levantar os ombros. 12º nervo (hipoglosso) Inervação motora da língua 9 HABILIDADES MÉDICAS VI Aula do Prof. Abdon Karhawi
Compartilhar