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SEMANA 3 VIAS DE TRANSMISSÃO DA DOR ➔ Dor - experiência sensorial e emocional desagradavel relacionada com uma lesão tecidual real ou potencial - o quanto a dor vai afetar o paciente depende de como "está o humor dele“ ◆ Nociceptivo ou sensorial - vai ser usado para estudo da disciplina ● sensação dolorosa ● consequência da transmissão dos estímulos lesivos pelas vias nervosas até o córtex cerebral ◆ Afetivo ou reativo ● sofrimento associado a dor ● pode variar de acordo com a causa, o momento ou a experiência do paciente, A dor nociceptiva pode ser classificada de diversas maneiras, uma delas é de acordo com a origem dela: ❖ Dor nociceptiva de caráter não inflamatório - que é quando essa dor é desencadeada por algum estímulo nocivo ao organismo, ➢ podendo ser variação de temperatura, sendo elas muitas altas ou baixas, ➢ força mecânica intensa (relacionada a pressão) ➢ causada por irritantes químicos, por exemplo substâncias ácidas. ❖ Dor nociceptiva de caráter inflamatório - relacionado a uma lesão tecidual, onde ela desencadeia um processo inflamatório, liberando diversos mediadores químicos com características pró-inflamatórios que vão levar ao recrutamento e ativação de células do sistema imune. Esses mediadores pró-inflamatórios vão ativar as terminações nervosas sensíveis à dor. ● Os dois tipos de dor descritas, normalmente são dores agudas e de curta duração e tem uma causa bem definida, o que caracteriza elas como dores de fácil tratamento. ● Existem outros tipos de dores, que são classificadas como dores patológica s em que a dor por si só é um transtorno e necessitam de tratamento, sendo este mais complexo, esse tipo de dor pode ser dividido em: ○ Dor neuropática - está relacionada diretamente a um dano nos tecidos nervosos ou terminações nervosas, sejam nas fibras nociceptivas ou mesmo uma pressão medular, que vai causar essa dor de origem nervosa / neuropática. Muito mais difícil de ser tratado, já que o dano está nas vias de percepção da dor ○ Dores disfuncionais - é aquela em que não consegue se encontrar a causa, normalmente são aquelas dores de longa duração, ou crônica, por exemplo, dor de membro fantasma, Além desses critérios tem várias outras formas de se classificar a dor: ❖ Critérios topográficos: ➢ localizada ➢ generalizada ■ tegumentar / somática - pele ■ Visceral - geralmente do tipo generalizada - exemplo dor de barriga ❖ Critérios fisiopatológicos: ➢ orgânica - incluem dores inflamatórias e não inflamatórias ➢ psicogênica - não se tem uma causa aparente, podendo ser fruto até de um desequilíbrio emocional ligada dor ❖ Critérios de intensidade: ➢ leve ➢ moderada ➢ intensa ❖ Critérios temporais: ➢ aguda - curta duração ➢ crônica - para passar a ser crônica a queixa de dor tem que ter no mínimo 90 dias - são as que mais requerem tratamentos farmacológicos e são consideradas um problema de saúde pública importante Nesse sentido quando se vai tratar a dor como um sintoma, vamos utilizar fármacos chamados de: ANALGÉSICOS - é denominada como a abolição da sensibilidade à dor sem supressão das outras propriedades sensitivas (calor, frio, tato entre outros) nem perda de consciência. estímulo doloroso seja ele de via inflamatória ou não é percebido nos tecidos por terminações nervosas especializadas denominadas NOCICEPTORES, eles são terminações nervosas livres e extremamente ramificadas, que vão possuir na sua membrana receptores capazes de identificar estímulos nociceptivos e transduzir esse sinal, ou seja transformar esses estímulos em m potencial de ação para que essa sensação de dor seja transmitida primeiramente para a medula espinhal, mas especificamente o corno dorsal da medula onde vai se ter uma primeira sinapse, de um neurônio aferente primário para um neurônio aferente secundário, cruzando o H medular e indo em direção ao córtex somato sensorial onde essa dor é percebida. ➔ Nociceptores ◆ Térmicos - temperaturas > 45ºC ou < 5ºC ● Receptores da família TRPV1 - são ativados por altas temperaturas e também por substâncias picantes ● Receptores da família TRPM8 e TRPA1 - ativados por baixas temperaturas (O TRPM8 é o receptor ativado por mentol) ◆ Mecânicos - pressão ● Receptores da família TRPV4 ◆ Polimodais - ativados por temperatura, pressão, alterações de pH e substâncias químicas. ➔ Sensibilização periférica ◆ Quando se fala de dor de caráter inflamatório também vai se ter nos nociceptores, receptores que são sensíveis aos mediadores inflamatórios, histamina, prostaglandina, NGF, bradicinina, ATP e íons H+, todos vão se ligar aos seus receptores específicos e induzir a sensação dolorosa ◆ A diferença quando se fala de uma dor inflamatória é que existem alguns estímulos que são capazes ativar os nós receptores como por exemplo o pH ácido, causando dor e outros estímulos como por exemplo a serotonina que sao capazes de sensibilizar o nocicerepctor alternado a forma como se percebe a dor. São esses mecanismos de sensibilização dos nociceptor que vão ser responsáveis por processos como: ● Alodinia - estímulo que não é doloroso passa a ser doloroso ● Hiperalgesia - resposta excessiva a um estímulo que já é doloroso ➔ Fibras Nociceptivas ◆ Uma vez que ocorre a ativação das terminações nervosas e o disparo de ação, esse potencial é conduzido até a medula espinhal por fibras nervosas. Os nervos são compostos por diferentes tipos de fibra. ● As fibras são Aα, Aβ, Aδ e C - são diferenciadas pelo grau de mielinização, sejam elas a mais mielinizada - Aα e as não mielinizadas - Aδ e a C ● essas características vão interferir na velocidade da condução do potencial de ação (estímulo da sensação), sendo as Aα são as mais rápidas e as C são as mais lentas ◆ As fibras responsáveis pela condução do estímulo das sensações de dor são principalmente Aδ e a C Estímulo Receptor representante NGF TrkA Serotonina 5-HT3 Pressão DEG / ENaC bradicinina BK2 ATP P2X3H+ ASIC3 / VR1 Calor VR1 / VRL-1 ◆ As fibras Aδ - responsáveis pela transmissão da resposta dolorosa mais rápida - transmissão do estímulo doloroso bem localizado, relacionada a uma dor somática ou tegumentar ◆ As fibras C - responsável pela transmissão mais lenta, não é percebida tão rapidamente, uma dor um pouco mais persistente e um pouco mais intensa. Ex: ardência. Dores menos localizadas ➔ Corno Dorsal da medula espinhal ◆ Neurônios do tipo sensorial, são bipolares. O corpo desses neurônios de ambas as fibras, os corpos desses neurônios se encontram no gânglio da raiz dorsal da medula, mas o estímulo vai ser transmitido desse primário para um neurônio da medula espinhal, mais especificamente no cornno dorsal ◆ Os corpos desses neurônios estão arrumados em camadas, 6 camadas compõem o corno dorsal, sendo que as fibras C fazem conexão nas camadas I e II e as fibras Aδ fazem I e V. Uma vez que o estímulo chega na medula espinhal, existe uma sinapse excitatória que ocorre entre o neurônio aferente primário e o neurônio secundário, que vai fazer parte de uma das vias ascendentes nociceptivas - que são as vias responsáveis por transmitir esse estímulo doloroso para a área superior do córtex até atingir o córtex somatossensorial, que é onde ocorre a consciência da dor. ➔ Vias Ascendentes Nociceptivas ◆ Dentre as vias ascendentes a principal é chamada de via espinotalâmica (recebe esse nome porque os corpos dos neurônios se encontram na região da medula espinhal, e vão se projetar até o tálamo). ● Pode ser subdivididas em 2 ○ Neoespinotalâmico ○ Paleoespinotalâmico ◆ No tálamo eles vão fazer sinapse com o neurônio aferente terciário e esse que vai ser responsável por conduzir esse estímulo doloroso até o córtex somatosensorial ◆ Além da via espinotalâmica, tem outras vias ascendentes que também responsáveis pelo condução do estímulo doloroso, entre elas ● A via espinhal reticular - que é onde os neurônios saem, porém fazem sinapse na ponte do mesencéfalo numa estrutura chamada formação reticular, e dali partem neurônios terciários. ➔ Via descendente antinociceptiva ◆ Da mesma forma que possua a via ascendente, temos a via descendente, que possui função contrária. ◆ Possuem função de modular o estímulo doloroso ◆ fazem parte dos mecanismos de filtros que o SNC tem para que possamos perceber e valorizar os estímulos dolorosos extremamente intensos ◆ Possui função de modular ate que parte os estímulos dolorosos chegam até o SNC ◆ Existem várias vias descendentes, e elas partem de diversas regiões encefálicas, incluindo o tálamo. Sempre em contato com o córtex somatossensorial. ◆ Vão fazer sinapses com diversas estruturas exemplo com a substância cinzenta periaquedutal, que é uma estrutura mesencefálica super importante na modulação da sensação dolorosa, e da substância cinzenta periaquedutal vai partir uma nova fibra que vai se projetar para outras regiões na altura do bulbo (tronco encefálico), onde também possui duas regiões bem importantes para a modulação dos estímulos dolorosos, que são o Locus ceruleus (riquíssimo em neurônios que produzem noradrenalina) e o núcleos da rafe (riquíssimo em neurônios que produzem serotonina). ◆ Essas vias descendentes, sejam elas quais forem, vão chegar no corno dorsal da medula fazendo sinapse com o neurônio da via ascendente, e dessa forma controlando a ativação desse neurônio. ➔ Controle de Comporta Medular Chegada das fibras nociceptivas na sinapse excitatória e o neurônio aferente secundário que faz parte da via ascendente. Essa é a via de transmissão direta do nociceptor até o tálamo pró-estímulo doloroso. Essa via vai receber diversos mecanismos de controle que são representados por sinapses que são realizadas por outros neurônios que vem de outras origens. Uma dessas origens é justamente da via descendente inibitória. Esses neurônios vindo do Locus ceruleus ou do núcleos de rafe vão fazer sinapses com o neurônio ascendente secundário e essa sinapse vai ser uma sinapse inibitória. Ou seja, a ativação da via descendente vai fazer com que haja inibição desse neurônio ascendente, dificultando que o neurônio secundário alcance o potencial de ação de ação e transmita a sensação dolorosa até o tálamo. Diversos neurotransmissores tem esse papel inibitório, dentre eles a serotonina e a noradrenalina Além disso, existe um outro sistema de controle ainda dentro do corno dorsal da medula, mais especificamente interneurônios que estão localizados na substância gelatinosa, ou seja esse neurônio vai fazer sinapse com o neurônio ascendente secundário ascendente e também vão levar a inibição desse neurônio, dificultando ainda mais o estímulo. ● Existem dois tipos de neurônios no SNC, um deles são os neurônios de projeção - que são aqueles cujo o corpo do neurônio fica em uma estrutura e vão fazer sinapses em outras estruturas. O outro é um interneurônio que é um neurônio cujo corpo celular dele está em uma estrutura e e ele vai fazer sinapse dentro dessa estrutura ● Geralmente esses interneurônios têm caráter inibitório. Ambos os sistemas de controle vão fazer com que apenas estímulos significativos e fisiologicamente relevantes atinjam o SNC. Os neurônios interneurônios são ativados ou inativados por diversos estímulos, por exemplo: a via descendente inibitória é capaz de estimular esses neurônios, potencializando a inibição. As fibras C e Aδ são capazes de inibir esses neurônios fazendo mecanismo de feedback, e também mecanoreceptores (fibras Aβ), fibras de pressão são capazes de ativar esses neurônios. Diversos mediadores neuroquímicos são responsáveis por essa inibição, principalmente a classe dos peptídeos opióides. ➔ Peptídeos Opióides Endógenos - pequenas ptn produzidas pelo organismo ◆ Encefalinas ● Met-encefalina ● Leu-encefalina ○ Se diferenciam uma da outra apenas por um aminoácido na sua estrutura ◆ Endorfinas ● Endorfina-1 ● Endorfina-2 ● α-neoedonrfina ● β-neoendorfina ◆ Dinorfinas ● Dinorfina A ● Dinorfina B ◆ Endomorfinas ●Endomorfina-1 ● Endomorfina-2 ◆ Esses peptídeos se ligam a receptores específicos que são chamados de receptores opióides. Esses receptores fazem parte da grande família de receptores metabotrópicos com 7 segmentos transmembranares acoplados a ptn Gi/0. ◆ Existem 3 subtipos principais de receptores opióides ● Receptores μ ● Receptors κ ● Receptores δ ◆ Os diferentes peptídeos endógenos apresentam afinidade diferenciada para cada um desses receptores ◆ O principal receptor envolvido na modulação da resposta de dor são os receptores μ opióides. Envolvidos na modulação periférica da dor, como também na modulação espinhal e supraespinhal. Enquanto os outros tipos de receptores possuem um papel mas um papel minoritário nesse controle. ➔ Analgesia Periférica ◆ Encontra receptores μ nos nociceptores, onde a endorfina e outros tipos de peptídeos podem ativar esse receptor, inibindo a atividade da adenolatoclicase e dessa forma dificultando a geração do potencial de ação no nível periférico. ➔ Analgesia Espinhal ◆ Os principais locais onde esses receptores são expressos numa densidade maior e possuem papel fisiológico mais importante é no SNC, onde eles modulam o processo de analgesia espinhal como o supraespinhal. ◆ O esquema abaixo mostra a sinapse entre um neurônio nociceptivo fibras C ou Aδ e um neurônio aferente secundário. ◆ Essa sinapse é uma sinapse excitatória, uma vez que o potencial de ação chega nesse terminal nervoso, ocorre a abertura dos canais de cálcio, fazendo a fusão das vesículas e a liberação de mediadores excitatórios. ● Esses mediadores são ○ Glutamato - principal neurotransmissor excitatório no SNC, vai agir através da ligação de 2 principais receptores que são ionotrópicos (formam canais iônicos), chamados de AMPA e NMDA. Uma vez o glutamato ligado a esses receptores, vai ter um influxo de cátions, levando a despolarização desses neurônios. Além disso, um segundo mediador muito importante nessa sinapse é a substância P, vai se ligar aos seus receptores, mais especificamente NK1 que são receptores metabotrópicos, também levando a ativação desse neurônio, e assim garantindo a transmissão do estímulo. ○ Neuropeptides ◆ Esses peptídeos opióides vão modular tanto a liberação do neurotransmissor como a excitabilidade do neurônio aferente secundário a nível pós-sináptico. ● Começando com o mecanismo pré-sináptico. O receptor μ uma vez que foi ativado por um peptídeo opióide, vai ocorrer a ativação da ptn Gi, levando a diminuição da PKA, a PKA vai deixar de fosforilar canais de cálcio dependentes de voltagem, essa menor fosforilação faz com que ocorra um menor influxo de cálcio para dentro da célula. Uma vez que o peptídeo se liga ao seu receptor, vai ter uma menor ação do canal de cálcio, diminuindo o influxo de cálcio na chegada do potencial. Essa diminuição de influxo vai diminuir a liberação de neurotransmissores, dessa forma inibindo a transmissão do estímulo nociceptivo. ● No neurônio pós-sináptico, também tem receptores μ, expressos na membrana desse neurônio, uma vez que ocorre a ligação vai ter novamente a ativação da ptn Gi. Aqui vai ocorrer um papel importante da subunidade βγ, interagindo diretamente com os canais de potássio, facilitando a abertura desses canais. Uma vez que o potássio está mais presente no meio intracelular, essa abertura vai levar a um maior efluxo desse potássio da célula. Se tem carga positiva saindo, isso vai levar a uma hiperpolarização neuronal, uma mudança do potencial de repouso para valores mais negativos, dificultando que se atinja o limiar e dispare o potencial de ação. ● Dessa forma, tanto por vias pós-sinápticas como por via pré-sináptica, a ativação de receptores μ vai limitar a transmissão dos estímulos receptivos. ➔ Analgesia Supra-Espinhal ● Possui um papel muito importante dos receptores μ na substância cinzenta periaquedutal. ● Papel importante de um interneurônio inibitório, que nesse caso ele é capaz de liberar um neurotransmissor chamado de GABA (ácido gama amino butílico), é o principal neurotransmissor inibitório encefálico. Uma vez ele liberado na fenda, ele vai se ligar aos seus receptores (GABAa), que são receptores aniônicos, são permeáveis a íons cloreto. Uma vez que o GABA se liga, ocorre a abertura desses canais e ocorre um influxo de cloreto para a célula. Se tem carga negativa entrando, logo vai ocorrer uma hiperpolarização, fazendo com que fique mais difícil do neurônio disparar o potencial. ● O papel dos receptores μ é que por estarem expressos nos terminais desses interneurônios GABAérgicos, a ativação deles vai levar a diminuição da liberação de GABA, levando a uma desinibição da via descendente antinociceptiva, ou seja, essa via vai ficar mais facilmente ativada e dessa forma o mecanismo de analgesia supra-espinhal. ❏ ANALGÉSICOS OPIÓIDES - PARTE I ● Origem dos opióides ○ São extraídos do ópio, uma das plantas que possui os relatos mais antigos. ○ Usado na medicina chinesa, persa e indiana, no ano 300 DC. ○ O uso do ópio só foi introduzido na medicina ocidental no séc XVI, na forma de láudano, um elixir contra tosse, insônia, dores e diarréias. ○ Em 1803, Friedrich Serturner isolou a morfina - primeiro alcalóide isolado de produtos naturais. ■ 1874 - síntese da heroína partindo a morfina ■ 1925 - elucidação estrutural da morfina - estrutura penta-cíclica extremamente complexa ■ Década de 30 - primeiro episódio sintéticos ■ 1952 - síntese completa de morfina ➔ Morfina ◆ Protótipo dos fármacos opióides ◆ Agonista seletivo de receptores μ - induz o seu potente efeito analgesico pela ativação de receptores μ tanto nos terminais periféricos como no corno dorsal da medula, induzindo analgesia espinhal, como também analgesia supra-espinhal. ◆ Estrutura química extremamente complexa ● 5 anéis- pentacíclico ● 5 centros quirais ● 32 diastereoisômeros - explicando porque é tão difícil a sua síntese pura, já que apenas 1 diatereoisômero é ativo. Fazendo com que sejaaté hoje extraída de substancias naturais ● Isômero ativo - (-) ● Nitrogênio básico - que é essencial para a ligação com receptores μ ● Fusão entre os anéis: ○ B e C - cis ○ C e D - trans ◆ Confere à molécula da morfina uma confirmação específica na forma de T, e isso que confere as propriedades estéricas que são necessárias para um bom encaixe e ativação dos receptores μ, ● Possui 2 hidroxilas na sua estrutura ○ Na posição 3 - fenólica. - se estiver livre, aumenta bastante a afinidade para receptores μ. ○ Na posição 6 - alcoólica - não ocorre restrição aos substituintes ◆ São pontos importantes para a ligação ao receptores como para pontos de metabolização. ◆ Apresenta similaridade estrutural com os peptídeos opiáceos, mais especificamente com a metencefalina, que tem alta afinidade por receptores μ. ● Uma hidroxila fenólica da posição 3, ligada a um anel aromático, separado por 2 átomos de carbono de um nitrogênio básico. Que é exatamente o que se encontra na metencefalina. ● Fazendo com que a morfina seja considerada um fármaco peptidomimético - mimetizam no organismo as acções dos peptídeos opióides mas de uma forma mais potente ➔ Metabolismo da morfina ◆ Com relação à farmacocinética, a morfina é facilmente absorvida por via oral, porém ela sofre extenso metabolismo de primeira passagem, o que reduz drasticamente a sua biodisponibilidade por via oral, sendo de apenas 24%. É usada por via oral algumas vezes para o tratamento de dores moderadas, mas em ambiente hospitalar, com dores mais intensas ou até mesmo pós-operatório, ela é preferencialmente administrada por vias parenterais. Esse mecanismo de primeira passagem vai gerar 3 metabolitos principais da morfina, um deles minoritário. que é metabólito via M-desmetilação (catalisada pelas enzimas do citocromo P450), porém os dois principais metabólitos são via conjugação com o ácido glicurônico (reação de fase 2), podendo acontecer tanto na hidroxila da posição 3 como na hidroxila da posição 6. ● gerando a morfina 3-glicuronídeo - é um metabólito inativo, não se ligando a receptores μ, porém apresenta ação estimulante do SNC, possuindo propriedades pró-convulsivantes, acreditasse que o acúmulo desse metabólito seja o responsável por convulsões em pacientes que fazem uso crônico da morfina ou em pacientes que se tornam dependentes químicos da morfina ● gerando a morfina 6-glicuronídeo - é um metabólito ativo, sendo mais potente que a morfina, por ter afinidade maior ao receptor μ. A diferença é que ao ter uma molécula de glicurônico (polar) pendurada, ele tem menor capacidade de cruzar a barreira hematoencefálica e atingir o SNC. ◆ Essas reações de metabolismo fazem com que o tempo de meia vida de eliminação da morfina seja curto, sendo esse de 2 hrs, o que leva a necessidade de administração constante, administração de 4 em 4 hrs. ➔ Localização dos receptores opióides ◆ Receptores μ, k, δ são expressos em diversas estruturas do SNC que estão envolvidas no controle de outras funções, e também em tecidos periféricos, fazendo com que a morfina e os outros opioides tenham diversos outros efeitos ◆ Efeitos Centrais ● Analgesia ● Euforia - parece estar relacionada com a ação desses fármacos também no componente afetivo da sensação dolorosa, “a dor ainda está ali, mas ela não incomoda mais”. É a base do potencial de dependência química relacionada ao uso desses medicamentos. ● Sedação - potente ação sedativa, devido a inibição de algum centro relacionado ao sono/vigília. ● Supressão da tosse - inibem o reflexo da tosse atuando nos centros bulbares. ● Miose - contração da pupila - efeito bastante importante, já que é uma marca bastante característica em pacientes intoxicados. ● Rigidez do tronco - através de ações na medula espinhal - está relacionado ao aumento do tônus da musculatura do tronco - importante no caso de paciente intubados, podendo dificultar a ventilação desses pacientes. ● Náusea e vômitos ● Depressão respiratória - acontece via mecanismo dual, primeiramente os analgesicos opioides suprimem a resosposta bulbar ao aumento de concentrações de CO2, mesmo que esses níveis estejam elevados na corrente sanguínea dos indivíduos, eles não vão ter a resposta clássica de aumento da frequência respiratória, justamente para eliminar esse CO2, gerando um acúmulo de CO2 que precisa ser monitorado, podendo fazer com que ele entre em quadro de hipóxia. Além disso, em altas doses, esses fármacos vão agir diretamente no centro bulbar de controle da respiração inibindo a ação desse centro, levando ao quadro de depressão respiratória . ○ Para morfina, a dose necessária para indução de analgesia é de cerca de 50 vs menor que a dose que vai levar a depressão respiratória, fazendo com que seja relativamente seguro a utilização, porém isso se torna um risco bastante grande no caso de uso crônico e no caso de indivíduos com dependência química. ◆ Efeitos Periféricos ● Constipação - inibe o peristaltismo intestinal ● Contração dos músculos do trato biliar - eficácia bastante limitada para tratamento de pacientes com cálculo biliar ● Retenção urinária ● Relaxamento da musculatura uterina - prolongamento do trabalho de parto ● Bradicardia leve - relacionada com a relaxamento do tônus do SN simpático, levando a diminuição da frequência cardíaca ● Liberação de histamina - morfina e a petidina (meperidina) tem função de inibe a degranulação de mastócitos, levando um aumento da liberação de histamina, que é um potente vasodilatador, levando a uma queda da pressão arterial além disso leva uma sensação de rubor na face e pode levar a indução de broncoconstrição, perigosos para pacientes intubados, que juntamente com o efeito antitussígeno pode levar a um acúmulo de secreção nas vias aéreas . ● Prurido - coceira - duas origens, a primeira pode estar relacionado com a liberação de histamina - potente anti-alérgico no organismo. e a segunda com origem neurogenica, mais comum com a administicação intratecal ou teridduralde analgesicos opioides ● Efeitos neuroendócrinos ○ Aumento ADH ○ Aumento de prolactina ○ Aumento da somatrotopina ○ Diminuição de GnRH ○ Diminuição LH ○ Diminuição FSH ○ Diminuição CRH ○ Diminuição ACTH ○ Diminuição do cortisol ➔ Efeitos X Receptor Não só receptores μ, como também receptores k, δ estão envolvidos em grande parte desses efeitos. Quando olhamos para os efeitos analgesicos da morfina ou outros analgesiscos opiooides, vemos que a analgesia supra espinhal é mediada apenas por receptores μ, mas o analgesia espinhal tem também um papel importante de receptores δ e k em menor magnitude, e para a analgesia periférica temos os receptores μ e k. Apesar da morfina ser um antagonista de receptores μ, outros fármacos vão apresentar afinidades diferentes frente a outros aos diversos receptores, e essa ativação de receptores k, δ vão contribuir com os efeitos analgesiccos desses farcamos. No caso os outros efeitos induzidos por esses fármacos, têm que a depressão respiratória é mediada principalmente por receptores μ, mas também por receptores δ. A tabela acima mostra qual receptor está envolvido em quais efeitos frente a administração de analgesicos opióides. ➔ Tolerância ◆ Dose necessária para obtenção dos efeitos aumenta com o tempo de uso - o uso crônico deste marcamos, leva a um rápido desenvolvimento de tolerância farmacológica. ◆ No caso da morfina, essa tolerância é ainda mais rápida, leva de 12 a 24 hrs após o início da utilização do fármaco já pode-se ver um grau de tolerância. ◆ O principal mecanismo que parece estar envolvido nessa tolerância, tanto a curto prazo como também a tolerância relacionada ao uso crônico, está relacionada aos receptores μ ◆ Esse receptor pode ser fosforilados por proteínas quinases, essa fosforilação impedir que haja o reacoplamento da ptn G ao receptor, enquanto esse receptor está fosforilado, é dito que ele dessensibilizado, mesmo que o agonista que ligue ele não vai fazer a transdução do sinal, logo não vai ocorrer os efeitos mediados pelo agonista. Além disso essa fosforilação aumenta a ligação com um ptn intracelular chamada de β-aristina, essa ptn serve como sinal para a internalização do receptor (endocitose dos receptores), logo eles saem da membrana, num processo chamado desregulação ou down regulation de receptores. Esse processo é aumentado na presença de agonistas. fazendo assim a tolerância de curto prazo ◆ Esses mecanismos também estão envolvidos na tolerância de longo prazo, mas além disso ocorre maior dificuldade para que haja a reciclagem dos receptores, isso quer dizer que esses receptores que endocitados, eles podem rapidamente para a membrana celular e voltar a exercer suas funções por esse mecanismo de reciclagem, mas na tolerância de longo prazo vai ocorrer um problema nesses mecanismos de reciclagem e um aumento da degradação desses receptores, levando a uma diminuição dos receptores na membrana de longo prazo. ◆ Essa tolerância não acontece da mesma forma para todos os efeitos da morfina e anestésico opioides como mostra o quadro ◆ É essa tolerancia mimima da miose pelos analgesicos opióides que faz com que eles sejam tão importantes no diagnóstico de intoxicação. ◆ Alternativas - Tolerância cruzada, ou seja, quando um individuo desenvolve tolerancia a um analgesico opioide, ele acaba se tonando tolerante a outros analgesicos, mas no ccaso dessa classe de fármacos, essa tolerância é ilimitada ● Rotação de opioides - alternativa para a necessidade do uso prolongado. Ex: dores relacionada ao câncer ● Fármacos potencializadores de efeito (cetaminas) ◆ Essa tolerância de longo prazo ela vem acompanhada de dependência física, se caracteriza por alterações plásticas que ocorrem no nosso organismo induzida pelo uso constante do fármaco. ◆ O down regulation é um dos responsáveis pelo desenvolvimento de dependência física a morfina e outros opióides, ● Sintomas clássicos do desenvolvimento dessa dependência é o surgimento da síndrome de abstinência com a interrupção abrupta da medicação. ● Os sinais de abstinência tendem a ser o oposto do que o fármaco induz ◆ Falando da morfina - Dependência física ● A abstinência de morfina se desenvolve de forma extremamente rápida, cerca de 8 horas após a interrupção da utilização do fármaco, o paciente já apresenta alguns sinais. Principalmente um ansiedade, efeito disfórico, sensação de desconforto, que vai levar a fissura, necessidade urgente de uso da droga, essa fissura esta relacionada com a dependência química da droga ● Até 24 horas após outros sinais vão se apresentar - intensificação do nível de ansiedade, insônia, distúrbios do trato gastrointestinal, aumento da motilidade podendo ter diarreia, aumento de secreções - sudorese e secreção nasal, midríase intensa. ● Até 3 dias no estágio mais grave, vai apresentar taquicardia acompanhada de aumento da pressão arterial, náuseas, vômito, diarréia, micção aumentada, febre, calafrio, tremores musculares, espasmos musculares e até desenvolvimento de convulsões nos estágios mais graves. Podendo chegar a óbito. ➔ Complicações do uso crônico - risco de dependência psicológica / vício. ◆ Induzem efeitos euforizantes, que está relacionado a ativação de um circuito cerebral chamado de via da recompensa ou circuito mesolímbico ● Relacionada a sensação de prazer / bem estar quando se faz alguma atividade prazerosa. ◆ Os analgesicos opióides são capazes de ativar esse circuito mesolimbico. ◆ Composta principalmente por neurônios dopaminérgicos, que liberam o neurotransmissor dopamina, os corpos desses neurônios estão localizados no núcleo do mesencéfalo, numa área chamada de Área tegmentar ventral, e se projetam para uma estrutura do sistema límbico chamada de Nucleus accumbens . ◆ Esse aumento da liberação de dopamina no Nucleus accumbens, está relacionada a essa sensação de prazer. ◆ Os opioides, ao se ligarem aos receptores μ, são capazes de desinibir essa via da recompensa, dessa forma aumentando a liberação de dopamina e induzindo asensação de bem estar bastante intensa, mais intensa do que a obtida fisiologicamente . ◆ Esse efeito desinibitório se dá através inibição de interneurônios, na área tegmental ventral, esses interneurônios vão deixar de inibir os neurônios dopaminérgicos e isso vai resultar num aumento de dopamina na via de recompensa. Estágio inicial que indica o estágio de dependência com a utilização de opióides, principalmente a heroína. ◆ A heroína é mais viciante que a morfina, porque as duas acetilações que acontecem nas hidroxilas da morfina aumentam a sua lipofilicidade, isso significa que ela é capaz de cruzar a barreira hematoencefálica mais rapidamente, chega no SNC mais rápido e em uma concentração maior que a da morfina, induzindo uma sensação euforizante mais intensa e mais rápida que a morfina, por isso possui um potencial de abuso maior que o da morfina. ❏ ANALGÉSICOS OPIÓIDES - PARTE II ➔ Classificação - origem ◆ Potência e eficácia - morfina é considerada o protótipo da classe, isso quer dizer que a potência e eficácia são sempre determinadas em relação a morfina ◆ Seletividade entre receptores ◆ Farmacocinética - duração do efeito analgesico ◆ Natural - isolados a partir do ópio. ● Morfina ● Codeína ◆ Semi-sintética - obtidos a partir da estrutura da morfina - modificando a estrutura da morfina ou codeína ● Heroína ● Hidromorfona ● Hidroxicodona ● Oximorfina ● Oxicodona ◆ Sintética - obtidos integralmente via síntese orgânica ● Dextropropoxifeno ● Fentanila ● Loperamida ● Metadona ● Petidina (meperidina) ● Tapentadol ● Tramadol ➔ Classificação - Estrutura química ◆ Fenantrênicos - análogos da morfina, todos possuem na sua estrutura o esqueleto pentacíclico da morfina. ● Morfina ● Codeína ● Buprenorfina ● Heroína ● Hidromorfona ● Hidroxicodona ● Oximorfina ● Oxicodona ● Naloxona ● Naltrexona ◆ Morfinanos - retirada do anel epóxido ● Dextrometorfano ◆ Benzomorfanos - retirando do anels de seis membros que possui uma insaturação, ficando apenas com uma estrutura triclicia e um nitrogênio básico ● Pentazocina ◆ Fenilpiperidinas - mantendo apenas o anel aromático e o anel piperidinico contendo o nitrogênio básico . ● Alfentanila ● Fentanila ● Petidina (meperidina) ● Remifentanila ◆ Difenilheptanonas - estrutura bem diferente da morfina, porém ainda presente as estruturas clássicas para ligações com os receptores opióides ● Dextropropoxifeno ● Loperamida ● Metadona ➔ Classificação Farmacológica ◆ Agonistas Puros ● Alta eficácia ● Menor eficácia ◆ Agonistas / antagonistas - inclui fármacos com farmacológicas mais complexas, capazes de se ligar a diversos sub tipo receptores opióides ◆ Antagonistas ➔ Agonistas puros de alta eficácia Classe que inclui a morfina, alguns de seus análogos estruturais, como a hidroximorfona e oximorfona e alguns fármacos de origem sintética, como a metadona, meperidina, fentanila e seus análogos e o levorfanol Uma característica que todos esses fármacos têm em comum, é que todos eles são praticantes seletivos muito potentes para a ativação de receptores μ. Logo todos esses são agonistas seletivos. A maioria deles é mais potente que a morfina, com exceção da meperidina A maioria possui analgesia de curta duração de ação, exceção é a metadona. ● Morfina - Biodisponibilidade = 24% ● Hidromorfona - Biodisponibilidade = 35% - pode ser usada por via oral ● Oximorfona - Biodisponibilidade = 10% - exclusivamente por via parenteral ○ São análogos que se diferenciam da morfina pela oxidação da hidroxila da posição 6, gerando um grupamento cetona. ○ Cerca de 7 vs mais potentes que a morfina, mas a duração é similar ○ Essa modificação estrutural levou a um aumento da biodisponibilidade por via oral da hidromorfona em relação à morfina, porém a oximorfina tem Biodisponibilidade ainda mais baixa ● Metadona ○ Indicações : ■ Manejo de dores intensas ■ síndrome de abstinências de substâncias opióides ○ Antagonista NMDA - esse bloqueio contribui para seu efeito analgésico . ○ Ação mais prolongada (t ½ 25 - 52 h) que a morfina e maior biodisponibilidade oral (80%) - maior tempo de meia vida dentre os fármacos opióides ○ Desenvolvimento de tolerância mais lento, síndrome de abstinência mais amena - o maior tempo de meia vida de eliminação faz com que a abstinência seja mais amena - Pouco tolerância cruzada. ○ Alternativa à morfina no tratamento de dores oncológicas ● Fentanila - usado em ambientes hospitalares, devido ao seu efeito de analgesia muito potente - pode ser usado no caso de cirurgias onde podem ser administrados por infusão contínua ○ Indicação ■ manejo de dores intensas ■ Analgesia obstetrica ○ 50 - 100 X mais potente que a morfina ○ Menor t ½ (1 - 2 h) ○ Alfentanila e Remifentanila (inj.) - potência similar a fentanila, e possui tempo de meia vida ainda mais curto, cerca de 30 min ● Petidina (Meperidina) ○ Indicação ■ Manejo de dores intensas ■ Analgesia obstetrica ○ Menor potência (¼ da morfina) e T ½ intermediário (2 - 4 h) ○ Liberação de histamina - potentemente capaz de diminuir a pressão arterial ○ Contra indicada em pacientes cardiopatas (ação antimuscarínica) - semelhança estrutural grande com atropina, conferindo ação antimuscarínica . ○ Normeperidina - convulsões - principal metabolico oridundo da reação de M-desmetilação e possui ação pró-convulsivante ➔ Agonistas puros de menor eficácia Principal representante da classe é a codeína (não se sabe se porque ele é um agonista parcial de receptores μ ou se simplesmente possui uma menor eficacia analgesica), os analogos da codeina, hidrocodona e oxicodona, possuem uma potência um pouco maior que a da codeína e o propoxifeno (retirado do mercado nacional devido a metabolito tóxico gerado) ● Codeína - análogo 3 metoxi da morfina, e a metoxila da posição 3 faz com que diminua a afinidade a receptores μ. ○ Indicação ■ Antitussígeno ■ Manejo de dores leves a moderadas em associação com analgesicos não opióides. - como por exemplo paracetamole dipirona ○ Baixa afinidade por receptores μ (1000 x/ < morfina) ○ Mais resistente ao metabolismo de primeira passagem (Biodisponibilidade = 53%) ○ Metabolismo - gera como metabólito ativo a própria morfina, cerca de 10 a 15 % da codeína administrada vai sofrer metabolização e virar morfina. ■ O-desmetilação - morfina ● Oxicodona - disponível para consumo no Brasil na forma de comprimido, porque eles continuam tendo um tempo de meia vida prolongado depois da sua liberação, cerca de 4 h da duração de efeito ● Hidrocodona - não disponível para consumo no Brasil ○ São análogos que se diferenciam da morfina pela oxidação da hidroxila da posição 6 e a metoxilação na posição 3 ○ Potencia analgesica superiro a da codeina (mais ou menos 10 x) - mais menor considerado com os fármacos da classe de alta eficácia ○ Utilizadas como monoterapia, geralmente e, formas de liberação prolongada ○ Epidemia de prescrição - a oxicodona é o principal fármaco envolvido na epidemia de prescrição que ocorre nos EUA, por ser disponível para a administração por via oral, prescrito de forma ambulatorial ○ Aumento do risco de intoxicação por oxicodona devido ao hábito dos pacientes de triturar os comprimidos para aspirar - no Brasil as formulações vão até 40 mg, mas nos EUA algumas formulações têm até 160 mg de oxicodona, aumentando significativamente a taxa de overdose - Como a oxicodona precisa de receita, normalmente esses pacientes migram da oxicodona para o uso e abuso da heroína. ○ Não se sabe se o potencial de abuso da oxicodona é maior que o da codeína, mas sabe-se que o potencial de abuso da codeína é muito menor que o da morfina, e absurdamente menor que o da heroína. A questão é que não se sabe se o potencial de abuso é maior que o da codeína, ou se é por causa dessa super prescrição. ➔ Agonistas - antagonistas É uma classe de fármacos que vão ter ação agonista frente a um receptor opioide e antagonista frente a outro. Fármacos com farmacológicas peculiares e que contém características próprias. ● Pentazocina ○ Antagonista de receptores μ ○ Agonista de receptor κ - estão envolvidos nos mecanismos de analgesia espinhal e periférica, - levando efeito seletivo de receptores leva a uma analgesia incompleta, fazendo com que a pentazocina tenha uma eficácia bem inferior aos fármacos discutidos até agora ○ Indicação ■ Manejo de dores aguda ○ menor depressão respiratória e potencial de dependência - justamente por não ser agonista μ ○ 33 % da atividade da morfina ○ Efeito analgesico e disforicos - relacionados a ativaçãao de receptores κ ○ Indisponível no Brasil ● Buprenorfina - cada vez mais sendo usada em auxílio de pacientes dependentes do que como analgesico em si. ○ Agonista parcial de receptores μ - vai ativar mas não vai conferir o efeito total da ativação desses receptores. ○ Antagonista de receptores κ ○ Indicação ■ Manejo de dores moderadas agudas e crônicas ■ Tratamento da dependência a opióides - ao ter ativação parcial de recortes μ, ameniza o surgimento de sintomas de abstinência de longo prazo, mas ao mesmo tempo essa ativação não é intensa o suficiente para que o paciente associe a utilização da buprenorfina como efeito euforizante, e assim ele acaba não desenvolvendo um padrão de uso abusivo. Também é importante no caso de recaídas, já que ao estar fazendo a utilização da buprenorfina, no caso de uso de heroína por exemplo, ela vai competir com a buprenorfina pelo receptor μ, logo o efeito da heroína é menor. ○ Biodisponibilidade oral = 10 % / Biodisponibilidade sublingual 40% ○ Longa duração de ação (8h) - permite 2 administração diária ○ 10x menos potente que a morfina ➔ Antagonista opióides ● Naltrexona - t ½ = 10 h - longa duração de ação (alguns minutos para chegar ao SNC e antagonizar os receptores opióides) ● Naloxona - t ½ = 1 - 2 h - curta duração de ação (possui efeito imediato) ○ Caracterizados pela presença de grupamentos volumosos, ligados ao nitrogênio básico, que é o que faz com que eles deixem de ativar os receptores μ e fazem com que atuem como antagonistas de receptores μ ○ Uso ■ Casos de sobredosagem de opióides - principalmente de naloxona, chega no hospital com quadro de intoxicação por heroína por exemplo, é feito rapidamente a administração de naloxona e esse quadro de depressão respiratória é revertido, ganhando tempo para manejo dos outros quadros. ■ Antagonizar convulsões causadas pela morfina / metadona ○ Precipitam síndrome de abstinência em pacientes dependentes ○ Não induzem tolerância. ➔ Fármacos com Ação Mista ◆ Além de agonista de receptores , eles também possuem outros alvos terapêuticos ◆ Tramadol - utilizados para dores moderadas a intensa, geralmente em associação a algum analgesinco não opióide ● inibição da recaptação da serotonina e da noradrenalina, sendo assim ele é capaz de aumentar os níveis de serotonina e noradrenalina no corno dorsal da medula. Esse efeito serotoninérgico e noradrenérgico do tramadol associado a sua ação agonista de receptores α2 adrenergico, contribui para sua ação analgesica ● comercializado em solução injetável como em comprimidos e associações a outros analgesicos nao opidoes, por ter boa biodisponibilidade por via oral ● 6000x menos potente que a morfina ◆ Tapentadol ● Agonista MOR (50x menos que a morfina) - agonista μ opióide ● Inibe o transportador de noradrenalina (NET) ● Tratamento de dores moderadas ● Comprimido de liberação prolongada. ➔ Antitussígeno e Antidiarreico São analgesicos opióides, mas seus usos clínicos são outros, que não a analgesia. ◆ Dextrometorfano ● Agonista parcial de receptores μ ● Antitussígeno - está presente em diversos xaropes com indicação para controle da tosse ● Duração de ação: 30 - 60 min ● Causa ○ Sedação ○ Tonturas ○ Constipação ○ Vômitos ○ Náuseas ● Em altas doses pode levar a depressão respiratória ◆ Loperamida - análogo estrutural da metadona ● Agonista μ de ação periférica ● Antidiarreico● Longa duração de efeito (t ½: 11 h) ● Baixo potencial de abuso ● Pode causar constipação grave ● Em altas doses pode chegar ao SNC ● Contraindicado para indivíduos que possuem diarreia por um quadro infeccioso. ➔ Indicações Terapêuticas dos Fármacos Opióides ◆ Tratamento de dores agudas, moderadas ou intensas, não-responsivas a analgesicos menos potêntes ● Pós-operatório ● cólica renal ● infarto do miocárdio ● traumas importantes - traumatismo craniano ◆ Controle de dores crônicas (associadas ao câncer) ◆ Edema pulmonar agudo (morfina) - induz a liberação de histamina e leva a vasodilatação diminuindo a pré-carga e a pós-carga cardíaca, diminuindo o edema ◆ Supressão da tosse (codeína, dextrometorfano ) ◆ Interrupção da diarreia (loperamida) ◆ Anestesia (fentanila) ★ Princípios gerais no tratamento farmacológico da dor ○ Identificar a origem e a intensidade da dor ○ Se possível, eliminar a dor com tratamento da doença base - por isso que os opióides não são indicados para o tratamento de dores agudas leves ○ No tratamento farmacológico sintomático, inicar sempres com analgesicos menos potentes e com menos efeitos adveros ○ Não adiar o uso de analgesico potente em casos dolorosos claramente intensos ○ Seguir a escada de analgesia proposta pela OMS - vai relacionar o tipo de analgesico que deve utilizado de acordo com a intensidade da sensação dolorosa manifestada pelo paciente 1º degrau - dores leves, uso de antinflamatórios não esteroidais, paracetamol e dipirona 2º degrau - dores moderadas, uso de anagésico não opidoeis asociados aos opidoes de menor eficácia analgésica, como a codeína e tramadol 3º degrau - dores intensas, prescrição de opioides de alta eficácia analgesica, como morfina, metadona, fentanila entre outros, geralmente ocorre em ambiente hospitalar. ➔ Reações Adversas ◆ Constipação (15 - 50%) ◆ Náusea e vômitos (10 - 40%) - principalmente nas primeiras doses ◆ Tontura ou vertigem ◆ Sonolência ◆ Prurido (1% via sistêmica, 8 - 46% epidural/espinal) ◆ Retenção urinária ◆ Disforia, confusão mental e alucinações ◆ Mioclonias (3 - 87%) - crises convulsivas ◆ Supressão da tosse ◆ Depressão respiratória ◆ Aumento da pressão intracraniana - acúmulo de CO2 ◆ Imunossupressão (significado incerto) ◆ Queda da pressão arterial ◆ Miose ➔ Contra Indicações ◆ Associação entre opióides potentes e opióides agonistas parciais (o agonista parcial vai antagonizar o efeito do agonista pleno) ◆ Paciente com lesão cranioencefálica ◆ Hipersensibilidade ◆ Diarreia associada a intoxicação ◆ Gravides e lactação - escessão no trabalho de parto ◆ Pacientes com comprometimento da função pulmonar ◆ Pacientes com comprometimento da função hepática - uma vez que quase todos esses fármacos sofrem biotransformação hepática ➔ Interações Medicamentosas ◆ Outros depressores do SNC (sedativos, hipnóticos, antipsicóticos) ◆ Antidepressivos inibidores da MAO (hipertensão e coma hiperpirético) ➔ Tratamento farmacológico da dependência de opióides ◆ Desintoxicação ● Metadona - eliminação lenta do organismo ◆ Alívio dos sintomas de abstinência ● Clonidina (agonista α2 adrenérgico) ◆ Manutenção ● Buprenorfina sublingual (agonista parcial μ) ○ Alívio da “fissura” e dos sintomas de abstinência ○ Bloqueio dos efeitos da heroína em casos de recaída ◆ Naltrexona XR (intramuscular - 1x mês) ➔ Sobredosagem ◆ Diagnóstico ● Pupilas puntiformes ● Estupor ou coma ● depressão respiratória intensa ◆ Outros sinais ● Cianose - pontas, dos dedos e lábios de cor arroxeada ● hipotensão ● Depressão da formação da urina ● Hipotermia ● Flacidez muscular ● Convulsões (crianças) ◆ Manejo ● Ventilação mecânica ● Administração de naloxona (intravenosa ou intramuscular, com cuidado) ❏ ANESTÉSICOS LOCAIS - PARTE i A anestesia está relacionada a uma perda ou bloqueio temporário das fibras nervosas, é um conceito mais geral do que o conceito de analgesia. Na analgesia voce tem a sensibilidade das fibras que conduzem o estímulo, já na anestesia não ocorre essa seletividade, outros tipos de fibras também vão ser bloqueadas, como fibras sensoriais e até fibras motoras. ● Anestesia geral ○ Perda de consciência - induzido pela ação de fármacos no SNC, que está relacionado não só a perda de sensibilidade, mas também a perda de consciência . ● Anestesia local ○ Não ocorre perda de consciência - almeja a perda se sensibilidade de um certo grupo de fibras nervosas, que vai inervar um local, está relacionado com a administração local dos fármacos - não pode cair na circulação sistema, devido à toxicidade. ➔ Analgesicos locais ◆ Protótipo - cocaína - desenvolvida atraves da descobreta das propriedades analgesicas da cocaina, que é um alcaloide de origem natural ◆ Presente nas folhas de Erythroxylon coca ◆ Uso tradicional ● Mascar as folhas para obter uma sensação de bem estar ● Prevenir a fome ◆ 1860 - Albert Niemann - Isolamento da cocaína e detecção de sua propriedade anestésica ◆ 1884 - Primeiro relato do uso da cocaína em cirurgia oftálmica. ◆ Problemas com a utilização da cocaína ● Reações alérgicas ● Irritação tecidual ● Baixa estabilidade em solução aquosa - possui 2 grupamentos ésteres na sua estrutura o que a deixa muito suscetível à hidrólise ● potencial de abuso ◆ Busca de análogos com melhor perfil terapêutico através dos produtos de hidrólise da estrutura protótipo ◆ Utilizando a estratégia de simplificação molecular ● 1892 - Einhorn - Síntese da procaína - retirando o éster do anel tropano da cocaína, dando origem a benzoiltroopina, já tinha atividade central de propensão ao abuso muito menor comparada à cocaína e através da simplificação molecular do anel tropano dando origem a amina terciária, que se chegou na estrutura da procaína, que é uma molécula produzida totalmente via síntese orgânica. ○ A procaína tornou-se o protótipo para novos anestésicos gerais, sem ação sob os transportadores de dopamina, que está relacionado ao potencial de abuso e com estrutura química simples e de fácil produção. Dando origema vários análogos estruturais. ○ Principais atributos estruturais que praticamente todos os anestésicos locais vão ter: ◆ Uma amina terciária se comportando como base fraca (em pH fisiológico ocorre equilíbrio das formas ionizadas e não-ionizadas), uma cadeia central (podendo ser ou um grupamento éster ou um grupamento amida) e uma porção aromática (lipofílica) ➔ Mecanismo de Ação - bloqueio de canais de sódio dependentes de voltagem ◆ A maioria dos anestésicos locais vai agir através do bloqueio dos canais de sódio dependentes de voltagem. ◆ Esses canais requerem uma despolarização inicial da membrana, que vai atingir um potencial limiar ocasionando a abertura desses canais de sódio, uma vez abertos permitem o influxo de sódio para o meio intracelular, levando a despolarização da célula, seja ela qual for. ◆ Estruturas proteicas bastante complexas, sua subunidade α, que é o que forma o poro do canal, é formado por domínios (D-1, D-2, D-3,D-4) proteicos e cada um desses domínios é formado por segmentos transmembranares, e em cada um desses domínios tem um segmento transmembranar que é sensível a voltagem, segmento de número 4, que é carregado positivamente, logo quando ocorre a despolarização da membrana, esse domínio vai perceber e vai desencadear a mudança conformacional levando a abertura do canal. Esse poro existe entre os segmentos transmembranares 5 - 6 de cada um dos domínios proteicos. ◆ Além disso, tem uma alça intracelular muito importante, que está localizada entre o D-3 e o D-4, que é chamada de alça de inativação. Esses canais existem em 3 configurações básicas. Conformação de repouso, chamada de conformação fechada, ela existe quando a membrana está polarizada, uma vez atingido o potencial de ação (-50/-60 mV), ocorre a abertura de canal de sódio, despolarizando ainda mais essa célula, porém rapidamente esse canal passa da conformação aberta para a conformação inativada, que onde ocorre uma mudança na posição da alça intracelular que fecha o canal, não permitindo mais o influxo de sódio. Essa mudança de conformação é extremamente importante para a fisiologia do canal de sódio e para a determinação do período refratário. Ou seja, quando o canal está em seu estágio fechado, a célula pode ser ativada, mas quando está em conformação inativada (dessensibilizada), mesmo que ocorra a despolarização da membrana, esse canal não abre mais, fazendo a célula entrar em período refratário. A duração desse período depende de cada tipo celular. ◆ Os canais de sódio são extremamente importantes para o disparo do potencial de ação, seja esse na célula neuronal ou células musculares (músculo cardíaco). ◆ Os anestésicos locais vão se ligar no interior desse canal, bloqueando o poro e impedindo a passagem de sódio. Ou seja, vão induzir o bloqueio da condução do impulso ao longo das fibras nervosas. ◆ Os anestésicos locais possuem afinidade maior para as conformações ativas e inativada do que pela conformação fechada. ◆ O segmento transmembrana 6 é importantíssimo para a interação das moléculas de anestésico local com os canais de sódio. ◆ Na estrutura da procaína tem o nitrogênio básico que vai existir na sua forma ionizada(LAH+ ) ou na forma não-ionizada (LA+(H+)). Uma vez administrada, esse equilíbrio vai ocorrer, a fração não ionizada é capaz de cruzar a membrana lipídica por difusão passiva, chegando no seu local de ação o meio intracelular, uma vez que parte dessa procaína cruza a membrana celular, esse equilíbrio vai novamente se reestabelecer, isso significa que parte da moléculas de procaína que entraram na célula vão permanecer na sua não ionizada, mas parte vai ionizar. Isso é importante porque é a forma ionizada dos anestésicos que vai se ligar o interior do canal de sódio, formando uma ligação iônica com aquele segmento transmembrana 6, que formam a estrutura do canal. Para que o anestésico local seja eficiente é importantíssimo esse caráter de base fraca no nitrogênio. ◆ Esse percentual de ionização é muito importante para determinar a latência para o efeito anestésico - quanto tempo vai demorar para que comece a fazer efeito. Ex: um anestésico local que em pH fisiológico (7,4), ele esteja 90% na sua forma não-ionizada e 10% na forma ionizada, logo quando fizer a adm desse anestésico, numa grande [] do anestésico na forma não ionizada vai rapidamente passar para o meio intracelular, uma vez passando o equilíbrio se restabelece. Nesse caso o efeito vai ocorrer de forma rápida, não vai ter uma latência grande para a indução do bloqueio da fibra nervosa. ◆ Se o contrário ocorre, ele esteja 10% na sua forma não-ionizada e 90% na forma ionizada, em pH fisiológico, essa porção não ionizada vai passar pela membrana, mas isso vai acontecer de forma mais lentamente, porque a [] do anestésico na forma não ionizada está mais baixa, logo a difusão vai ocorrer numa proporção menor, demorando mais tempo para se atingir no meio intracelular um [] de anestésico que seja farmacologicamente ativa, ou seja capaz de bloquear de forma significativa o bloqueio do impulso. ◆ Grau de ionização vai interferir diretamente no grau de latência, quanto tempo demora para o bloqueio da fibra ◆ Existe um fármaco que é a benzocaína, que ele não é uma base, ou seja não existe na forma do equilíbrio, ele é 100% não ionizado em pH fisiológico. É um anestésico local de baixa potência, é preciso doses muito alta para que ela atue, parece agir por um mecanismo hidrofóbico de anestesia local, que seria uma difusão na membrana plasmática e uma interação da benzocaína com o canal de forma que induza uma mudança conformacional, estabilizando a conformação inativa do canal. Não se sabe onde exatamente ela se liga e de que forma ela faz isso. ❏ ANESTÉSICOS LOCAIS - PARTE II ➔ Efeitos do AL sobre o potencial de ação ● Os canais de sódio são responsáveis por essa despolarização rápida da célula durante o potencial de ação, logo em seguida tem uma etapa de repolarização, mediadaprincipalmente pela abertura de canais de potássio DDP, seguida de uma pequena fase de hiperpolarização e o pronto restabelecimento do potencial de repouso, mediado pela ação de sódio e potássio ATPase, que joga sódio para fora e potássio para dentro restabelecendo o potencial de repouso. ● Uma vez atingido o potencial a célula pode chegar novamente no limiar da abertura dos canais de sódio e disparar um novo potencial de ação ● Se junto da fibra nervosa ocorre a administração de anestésico local. A primeira modificação vista no potencial de ação é a diminuição da despolarização, que está relacionado com o número de canais de sódio disponíveis para a abertura durante esse potencial de ação, lembrando - potencial de ação, canal de sódio abriu e o anestésico entrou dentro desse canal, bloqueando o poro, no próximo potencial de ação vai ter menos canais disponíveis. ● A próxima despolarização máxima vai ser menor e mais lenta, pois tem menos canais de sódio funcionando, ao mesmo canais abriram no potencial B, o anestésico pula pra dentro do poro, e assim em diante, até que o perfil chegue em D, onde a despolarização máxima é bem menor e a indução dessa despolarização é bem mais lenta, até que não se tenha canais de sódio suficientes para disparar o potencial de ação, chegando ao bloqueio completo daquela fibra motora. ➔ Bloqueio tônico vs. Fásico ◆ Esse mecanismo descrito acima, vai fazer com que o bloqueio das fibras nervosas locais ocorra em duas etapas ● Bloqueio Tônico - a fibra nervosa não foi estimulada, então toda a lidocaína administrada passa pela membrana, se ligando a alguns canais de sódio que abrem espontaneamente, logo que ocorra a indução de um estímulo nessa célula, vai ver o resultado do bloqueio inicial, da lidocaína a esses canais que abrem espontaneamente, temos então a diminuição da corrente de sódio relacionado ● Bloqueio fásico (dependente de uso) - quanto mais vezes estimular a célula, maior é o bloqueio até atingir ou não o bloqueio total da condução nervosa ◆ Bupivacaína - molécula mais volumosa e mais lipofílica que a lidocaína, que é o que explica o bloqueio das correntes de sódio entre essas duas substâncias. Dá pra ver a corrente de sódio controle na ausência de bupivacaína, e a curva com a presença de bupivacaína sem nenhuma estimulação prévia, ou seja o bloqueio tonico induzido por esse fármaco. Esse bloqueio tônico é maior com a bupivacaína do que com a lidocaína, depois quando mais se tem ativação, a redução é cada vez maior. ◆ Essa diferença é devido a afinidade aos canais de sódio, a bupivacaína tem maior afinidade devido ao caráter mais lipofílico, se ligando de forma mais fácil. Além disso, essa lipofilia estabiliza a ligação. O principal fator é a velocidade de dissociação do fármaco do canal de sódio, a lidocaína se liga e se desliga rapidamente ao canal, fazendo com que pareça ser menos eficiente, já a bupivacaína, ela se liga e permanece mais tempo ligada ao canal, tornando o bloqueio mais eficiente e quanto mais houver estimulação dessa fibra nervosa, ou seja, quanto mais usar usar a fibra nervosa, maior é o estímulo. ◆ Esse perfil é muito importante para alguns usos terapêuticos e alguns potenciais tóxicos. Um exemplo é quando discute se a sensibilidade diferenciada das fibras nervosas com relação ao efeito dos anestésicos locais. Existem subtipos diferentes de fibras nervosas que são mais sensíveis a ações dos anestésicos locais do que outras. Alguns dos motivos desse bloqueio diferenciado ainda são desconhecidos, mas um deles está relacionado ao bloqueio fásico, que é relacionada a frequência do disparo de ação nessas fibras. ● As fibras sensoriais possuem uma frequência de disparo maior que as fibras motoras. Isso quer dizer que em um mesmo espaço de tempo, as fibras sensoriais disparam um número maior de potencial de ação do que as fibras motoras, isso faz com que as fibras sensoriais sejam mais sensíveis ao bloqueio pelos anestésicos. ➔ Farmacocinética dos anestésicos locais Vão ser administrados perto do seu local de ação. A duração do seu efeito vai estar relacionado com a velocidade através do qual eles vão difundir para fora do seu local de ação. Uma vez administrado ● Equilíbrio das formas ionizadas e não ionizadas ● Uma vez que esse fármaco cai na corrente circulatória, vai ocorrer a diminuição da concentração do anestésico no seu local de ação, logo diminuição do bloqueio nervoso. ● Toxicidade dos anestésicos locais - pois ao cair na corrente sanguínea, ele vai inibir todo canal de sódio que encontrar ● Uma vez na circulação podem ir para outros tecidos ou cair na circulação hepática e ser excretado ➔ Local de ação dos anestésicos locais - nervos e fibras nervosas. Os anestésicos não vão ser administrados perto apenas de uma célula, mas sim de um nervo. A estrutura de um nervo é bem complexa. Ele tem uma membrana lipofílica externa, chamada de epineuro, e no interior desse epineuro existem vários fascículos, que nada mais são que conjunto de fibras nervosas. O anestésico precisa cruzar o epineuro, caindo no tecido conjuntivo, onde tem a presença de vasos sanguíneos, que podem ser responsáveis pela saída do anestésico do seu local de ação, uma vez no tecido conjuntivo, ele tem que passar pela membrana para o interior desses perineuronais (fascículos), e só assim alcançar as fibras nervosas. Uma vez que o anestésico alcance [] relativas no interior do neuro, ele já vai começar a bloquear as fibras. Uma vez dentro das células nervosas, o que vai definir o quão longo vai ser o efeito do anestésico é principalmente a sua lipofilia, quanto mais lipofílico ele for maior vai ser a ligação dele as proteínas teciduais, logo maior o tempo de permanência do anestésico no nervo, consequentemente maior vai ser a duração do efeito anestésico. Com o tempo ele acaba difundindo pelos próprios vasos sanguíneos presentes no nervo. ➔ Bloqueio Diferencial Essa
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