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1 Siderly do Carmo Dahle de Almeida Camilla Barreto Rodrigues Cochia Caetano Fabricio Ricardo Lazilha Ludhiana Ethel Kendrick Matos Silva Marcelo Cristian Vieira (Organizadores) Conhecimento e Gestão Volume 1 Maringá – PR 2016 2 CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO 3 UNICESUMAR – CENTRO UNIVERSITÁRIO CESUMAR PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO MODALIDADE EAD Siderly do Carmo Dahle de Almeida Camilla Barreto Rodrigues Cochia Caetano Fabricio Ricardo Lazilha Ludhiana Ethel Kendrick Matos Silva Marcelo Cristian Vieira (Organizadores) Conhecimento e Gestão Volume 1 Maringá – PR 2016 4 CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO EXPEDIENTE Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Educação a Distância Willian Victor Kendrick de Matos Silva Diretora de Pesquisa Ludhiana Ethel Kendrick de Matos Silva Diretor de Planejamento de Ensino Fabrício Ricardo Lazilha Diretora Operacional de Ensino Katia Solange Coelho Head de Projetos Educacionais e Inovação Camilla Barreto R. Cochia Caetano Gerente de pós-graduação - EAD Marcelo Cristian Vieira Coordenação de pós-graduação - EAD Siderly do Carmo Dahle de Almeida Professoras líderes de pós-graduação Andréia M. Zuliani Santos Sibele de Oliveira Pirasol Organizadores Siderly do Carmo Dahle de Almeida Camilla Barreto Rodrigues Cochia Caetano Fabricio Ricardo Lazilha Ludhiana Ethel Kendrick Matos Silva Marcelo Cristian Vieira Conselho Editorial Andréia dos Santos Gallo; Fabricia Souto Cruz; Milene Harumi Tomoike; Nayara Emi Shimada; Patricia Parra; Valdelice dos A. Rasimaviko Rejani; Soraia Alves Feitoza da Silva Capa Alvaro Martins Fernandes Junior Autores Adriana Q. Palmieri Ferreira e Ana Carolina R. Prigol; Andréia M. Z. Santos; Josimara Kellen de Camargo e Emerson Roger Zuliani; Camila Chirnev Caobianco e Amanda Cordeiro; Camila Machado Raimundo e Henrique F. Araujo; Guilherme Cassarotti Ferigato e Jerônimo Antero Alves; Gustavo Feitoza da Silva e Maria Victoria Borghetti Barros; Islayla Paloma N. Simas e Beatriz Ribeiro; Jefferson Alencar da Silva e Anderson S. Pereira; Liana Gomes Netto e Josineia R.dos Santos; Marcio Pedro Cabral e Fernando F.dos Santos; Maria Regina Barion Colombari e Roberta Cristina Maini; Milene Harumi Tomoike e Patrícia Paula Ribeiro; Marivaldo da Silva Oliveira e Cristine Cançado V. Ribeiro; Nayara Emi Shimada e Lucia Maria F. Lacerda; Patrícia Parra e Márcia D. Ferreira Leandro; Paulo Henrique Franzão Silva e Rita T. Netzel; Thais Liliane dos Santos e Leandro Mitsuo Azuma; Yony Brugnolo Alves e Francisco Fernandes Júnior; Soraia Alves Feitoza da Silva e Priscila Aline de Melo Comissão Científica Prof. Dra. Leocilea A. Vieira – UNESPAR - PR Prof. Dra. Dinamara P. Machado – UNINTER - PR Prof. Dra. Andrea G. Marques – UNICESUMAR - PR Prof. Dra. Rejane Sartori – UEM – PR. Revisão textual Valdelice dos Anjos Rasimaviko Rejani Dados Internacionais de Catalogação na Publicação João Vivaldo de Souza – Bibliotecário – CRB-9 – 1807 Biblioteca Central Cesumar A447c ALMEIDA, Siderly do Carmo Dahle de Conhecimento e Gestão. ALMEIDA, Siderly do Carmo Dahle de; CAETANO, Camilla Barreto Rodrigues Cochia; LAZILHA, Fabricio Ricardo; SILVA, Ludhiana Ethel Kendrick Matos; VIEIRA, Marcelo C. (Orgs.) Maringá-Pr.: CESUMAR, 2016. 204 p. Contém Ilustrações e figuras Pós Graduação em Gestão na modalidade EAD ISBN 978-85-459-0400-7 1. Gestão do Conhecimento. 2. Gestão nas Organizações. 3. Administração. I. Título. CESUMAR. CDD 22ª. 658 NBR 12899 – AACR/2 Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e ou quaisquer meios ou arquivada em qualquer sistema sem permissão escrita da Unicesumar. http://ava.unicesumar.edu.br/user/view.php?id=188631&course=15545 http://ava.unicesumar.edu.br/user/view.php?id=188631&course=15545 CONHECIMENTO E GESTÃO 5 SUMÁRIO AUDITORIA E GESTÃO: O USO DA AUDITORIA COMO FERRAMENTA NO PROCESSO DECISÓRIO NOS ANOS DE 2014 E 2015 Adriana Queiroz Palmieri Ferreira e Ana Carolina Rodrigues Prigol ................... 9 ANALISE DE VIABILIDADE E PLANEJAMENTO PARA IMPLANTAÇÃO NA PRODUÇÃO DE MORANGOS Josimara Kellen de Camargo; Emerson R. Zuliani; Andreia M. Zuliani Santos .. 20 ESTUDO DA IMPORTÂNCIA DA INOVAÇÃO E DA CRIATIVIDADE NAS ORGANIZAÇÕES Camila Chirnev Caobianco e Amanda Cordeiro .............................................. 32 CRM: O CLIENTE EM FOCO Camila Machado Raimundo e Henrique Figueiredo Araújo ............................... 43 ORÇAMENTO EMPRESARIAL Guilherme Cassarotti Ferigato e Jerônimo Antero Alves ................................... 53 PRIMEIRA INFÂNCIA NO ESTADO DO PARANÁ E SEUS DESAFIOS Gustavo Feitoza da Silva e Maria Victoria Borghetti Barros .............................. 64 PERCEPÇÃO AMBIENTAL DO CENTRO DE ESPORTES E LAZER MONTEIRO LOBATO, NO MUNICÍPIO DE PONTA GROSSA, PARANÁ Islayla Paloma Nunes Simas e Beatriz Ribeiro ................................................. 71 A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO PARA O GERENCIAMENTO DE TRÂNSITO NO BRASIL Jefferson Alencar da Silva e Anderson Souza Pereira ...................................... 81 O DESAFIO DA SUSTENTABILIDADE PARA AS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS Liana Gomes Netto e Josineia Ribeiro dos Santos .......................................... 87 ANÁLISE DA OFERTA DE IMÓVEIS ADAPTADOS PARA IDOSOS COM LIMITAÇÕES Marcio Pedro Cabral e Fernando Ferreira dos Santos ...................................... 96 6 CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO A IMPORTÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO COMUNITÁRIA NA IMPLEMENTAÇÃO DE ÁREAS PROTEGIDAS: EXPERIÊNCIAS DO CORREDOR ECOLÓGICO SOSSEGO- CARATINGA, EM MINAS GERAIS Maria Regina Barion Colombari e Roberta Cristina Maini ............................ 102 A IMPORTÂNCIA DO CRÉDITO RURAL PARA O AGRONEGÓCIO BRASILEIRO Marivaldo da Silva Oliveira e Cristine Cançado Vasconcelos Ribeiro ........... 114 RECUPERAÇÃO E PROTEÇÃO DE NASCENTES EM ÁREA URBANA NO MUNICÍPIO DE PONTA GROSSA-PR Milene Harumi Tomoike e Patrícia Paula Ribeiro ....................................... 123 CULTURA E CLIMA ORGANIZACIONAL: UM LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO SOBRE SUAS INTERFERÊNCIAS NA MOTIVAÇÃO DO COLABORADOR DO SERVIÇO PÚBLICO Nayara Emi Shimada e Lucia Maria Ferreira Lacerda .................................. 132 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E ESCOLAS DE GOVERNO: LIMITES E POSSIBILIDADES Patrícia Parra e Márcia Donegá Ferreira Leandro ........................................ 143 LOGÍSTICA REVERSA DE ELETRÔNICOS PÓS-CONSUMO: COMPETITIVIDADE E SUSTENTABILIDADE Paulo Henrique Franzão Silva e Rita Torrecilia Netzel .................................. 154 ARBITRAGEM COMO ALTERNATIVA À MOROSIDADE DO JUDICIÁRIO Thais Liliane Dos Santos e Leandro Mitsuo Azuma .................................... 166 ESTUDO SOBRE O CONSUMO DA CARNE OVINA NA REGIÃO DE LONDRINA-PR Yony Brugnolo Alves e Francisco Fernandes Júnior .................................... 175 GESTÃO POR COMPETÊNCIAS: UM ENFOQUE SOBRE A ATITUDE NO COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL Soraia Alves Feitoza da Silva e Priscila Aline de Melo ................................. 186 SOBRE OS ORGANIZADORES ................................................................... 199 SOBRE AS MADRINHAS ........................................................................... 201 http://ava.unicesumar.edu.br/user/view.php?id=188631&course=15545 CONHECIMENTO E GESTÃO 7 APRESENTAÇÃO “Conhecimento e Gestão” é uma obra coletiva que apresenta os melhoresartigos produzidos pelos alunos dos cursos de pós-graduação em gestão na modalidade a distância do Centro Universitário Cesumar – Unicesumar, no primeiro ciclo de orientações de 2016. Esta obra representa o trabalho de alunos que buscaram traduzir em poucas páginas tudo aquilo que aprenderam no decorrer de seus cursos e o esforço de orientadores que visaram extrair de seus orientandos o seu melhor desempenho. Representa também a dedicação de uma equipe de “madrinhas” de cursos (professoras que compõe o conselho editorial desta obra) que foram incansáveis na busca por garantir a qualidade e o melhor atendimento aos professores e alunos envolvidos no processo de orientação. Para que esta obra se efetivasse, importante salientar a contribuição dos Polos de apoio presencial, assim como a ajuda dos professores formadores; professores mediadores e tutores dos cursos de pós-graduação em educação na modalidade a distância da Unicesumar e, ainda, a colaboração de uma comissão científica que avalizou todo o processo. Os temas eleitos por seus autores são atuais, de relevância e prioritários no contexto educacional e perpassam por todos os cursos de educação oferecidos pela Unicesumar: Administração Pública; Agronegócio; Auditoria e Controladoria; Empreendimentos e Negócios Imobiliários; Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável, Gestão com Pessoas; Gestão de Projetos; Gestão Comercial; Gestão Empresarial; Logística e Distribuição; Planejamento e Gestão de Trânsito. Os alunos autores destes textos pertencem aos polos de Ponta Grossa – PR, Campo Mourão – PR; União da Vitória – PR; Campo Grande - MS; Contagem - MG; Ubá – MG; Belo Horizonte – MG; Salvador – BA; Brasília – DF; Patrocínio – MG; Presidente Prudente – SP; Curitiba – PR; Londrina – PR e Poços de Caldas - MG. Boa leitura! Os organizadores 8 CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO 9 AUDITORIA E GESTÃO: O USO DA AUDITORIA COMO FERRAMENTA NO PROCESSO DECISÓRIO NOS ANOS DE 2014 E 2015 ADRIANA QUEIROZ PALMIERI FERREIRA1 ANA CAROLINA RODRIGUES PRIGOL2 RESUMO Através do presente trabalho procurou-se conhecer como a auditoria é vista pelas empresas em que é realizada, ou seja, se estas a utiliza como ferramenta gerencial. Para tanto, foi feito um levantamento bibliográfico para se definir, classificar e apontar as finalidades de uma auditoria, depois fez uma pesquisa de campo, onde foram aplicados questionários a algumas empresas da cidade de Ponta Grossa - PR. Por meio desta pesquisa, constatou-se que, na maioria dos casos, a auditoria ainda é vista como uma tarefa obrigatória e quando não, é vista apenas como ferramenta de verificação e análise. Acredita-se, com isso, que cabe aos auditores conscientizarem os gestores de que a auditoria pode gerar informações úteis, pertinentes e tempestivas no processo decisório das empresas, o que levaria a mesma ao patamar de ferramenta gerencial. Palavras-chave: Auditoria. Gestão. Processo decisório. 1 INTRODUÇÃO A auditoria é uma ferramenta muito utilizada pelas empresas, seja ela realizada de forma interna ou externa. Acredita-se que muitas empresas, ao procurarem realizar auditoria, a faz somente para cumprir com as obrigações impostas com o Fisco, desconhecendo suas outras finalidades. Muito se fala em auditoria, mas apesar de ser um tema complexo existem poucos estudos que a tenham como ferramenta no processo de tomada de decisões. Desta maneira, buscou-se neste estudo conhecer a auditoria como ferramenta gerencial e, para tanto, foi definido o seguinte tema: "Auditoria e 1 Bacharel em ciências contábeis pela Universidade Estadual de Maringá e pós-graduada em consultoria organizacional com ênfase em reestruturação de empresas pela Unifamma. 2 Bacharel em ciências contábeis pela Universidade Estadual de Ponta Grossa, pós-graduanda em auditoria e controladoria pela Unicesumar 10 CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO gestão: O uso da auditoria como ferramenta no processo decisório nos anos de 2014 e 2015. Neste estudo foi definida a seguinte pergunta de pesquisa: Quais as principais causas de procura de auditoria pelas empresas nos anos de 2014 e 2015, e quais utilizam seus resultados para o processo decisório? Para atender ao problema de pesquisa foi definido o seguinte objetivo geral: identificar as principais causas que levam as empresas a realizarem auditoria, e destas, quais utilizam seus resultados para tomar decisões, durante o período de 2014 e 2015. Em consequência ao objetivo geral foram definidos os seguintes objetivos específicos: (a) efetuar uma pesquisa bibliográfica sobre o tema para apurar os principais objetivos de uma auditoria; (b) elaborar e aplicar questionários para identificar algumas empresas que realizaram auditoria interna e/ou externa nos anos de 2014 e 2015; e (c) verificar os motivos da realização de auditoria pelas empresas e como foram utilizados os resultados encontrados. A realização do presente trabalho se deve a grande relevância científica que o mesmo possui, pois a auditoria é uma ferramenta extremamente importante para as organizações, mas acredita-se que poucos a utilizem como ferramenta gerencial. Pretende-se, com este trabalho, conhecer na prática como a auditoria é vista pelas empresas e como seus resultados são utilizados. 2 AUDITORIA A auditoria é uma ferramenta de extrema importância para as organizações. Pode-se defini-la sucintamente como "o processo de confrontação entre uma situação encontrada e um determinado critério, ou, em outras palavras, é a comparação entre o fato efetivamente ocorrido e o que deveria ocorrer" (ARAÚJO; ARRUDA; BARRETO, 2008, p. 1). De forma mais abrangente, o Report of Commitee on Basic Auditing Concepts of the American Accouting Association, apud Boynton, Johnson e Kell (2002, p. 31) define auditoria como: [...] um processo sistemático de obtenção e avaliação objetivas de evidências sobre afirmações a respeito de ações e eventos econômicos, para aquilatação do grau de correspondência entre as afirmações e critérios estabelecidos, e de comunicação dos resultados a usuários interessados. CONHECIMENTO E GESTÃO 11 Embora descritos de forma diferente, ambas as definições tratam da Auditoria como uma ferramenta de verificação e análise de documentos, com vistas a detectar possíveis erros e/ou fraudes no objeto de estudo. Ainda neste contexto, pode-se dizer que a auditoria verifica se as normas, orçamentos, regras e objetivos estão compatíveis com as atividades desempenhadas por determinada organização (Organização Internacional de Entidades Fiscalizadoras Superiores, apud ARAÚJO; ARRUDA; BARRETO, 2008). São diversas as áreas em que pode ocorrer auditoria, principalmente no âmbito contábil. A esse respeito, Boynton, Johnson e Kell (2002, p. 31) afirmam que auditoria contábil "[...] envolve obtenção e avaliação de evidências a respeito das demonstrações contábeis de uma entidade, para emissão de parecer se sua apresentação está adequada, de acordo com Princípios Contábeis geralmente Aceitos". Entende-se por Princípios Contábeis Geralmente Aceitos, os princípios aprovados pelo Conselho Federal de Contabilidade, entre os quais: Princípio da Entidade; da Continuidade; da Oportunidade; do Registro pelo Valor Original; da Atualização Monetária; da Competência e da Prudência (ARAÚJO; ARRUDA; BARRETO, 2008). A auditoria contábil é a "técnica que visa, após aplicação de procedimentos específicos, com base em normas profissionais e de forma independente, à emissão de opinião sobre a adequação das demonstrações contábeis ou financeiras" (ARAÚJO; ARRUDA; BARRETO, 2008, p. 4). Além de atingir seus objetivos de verificação, a auditoria deve também servircomo ferramenta de gestão para as organizações, proporcionando, às mesmas, relatos sobre as operações da empresa auditada, ou seja, a chamada auditoria operacional, que nada mais é do que O exame sistemático e independente, pautado em normas profissionais, de programas, projetos, atividades ou ações executadas por uma entidade, objetivando verificar se foram observados, de forma conjunta ou isolada, os critérios de economicidade, eficiência, eficácia e efetividade, contribuindo, assim, para melhorar o desempenho operacional e a accountability da entidade sob auditoria (ARAÚJO et al, 2008, p. 53). Ainda neste sentido, pode-se dizer que a auditoria contábil é que comprovará se as demonstrações patrimoniais e financeiras representam, ou não, a situação real da empresa e se estão de acordo com os Princípios Contábeis. 12 CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO 2.1 CLASSIFICAÇÃO DE AUDITORIA A auditoria pode ser classificada em dois tipos principais. São eles: Auditoria Interna e Auditoria Externa. Basicamente, pode-se dizer que a diferença entre as auditorias internas e externas depende do grau de envolvimento do auditor com a empresa auditada. No primeiro caso, trata-se de auditor com vínculo empregatício com a empresa, ou seja, um funcionário exerce a função de verificação e análise das contas, que geralmente engloba a empresa como um todo e tem periodicidade permanente. Araújo, Arruda e Barreto (2008, p. 29) afirmam que auditoria interna "é realizada por profissionais empregados da própria entidade auditada, portanto parcialmente independente, que, além das informações contábeis e financeiras, se preocupa também com os aspectos operacionais". De acordo com Santos e Bravosi (2013) o auditor interno atua como um consultor para a empresa que trabalha, sugerindo medidas de desempenho e aperfeiçoamento das rotinas organizacionais, não devendo ficar somente na verificação e análise dos documentos. Ao contrário, a auditoria externa é realizada por profissional externo a organização auditada. Em regra ocorre por profissionais contratados de empresas especializadas em auditoria e o trabalho é realizado em determinadas áreas da empresa e por um tempo pré-determinado. Assim sendo, a auditoria externa "é a auditoria sobre a área contábil e outras, realizada por profissionais independentes da entidade auditada" (ARAÚJO; ARRUDA; BARRETO, 2008, p. 31). Santos e Bravosi (2013) alegam que a auditoria externa, a qual é realizada por profissionais sem subordinação à empresa auditada, tem por objetivo principal emitir uma opinião independente sobre a situação patrimonial e financeira da entidade. 2.2 FINALIDADES DA AUDITORIA A auditoria, embora vista por muitos como apenas ferramenta de verificação de erros e/ou fraudes, serve, acima de tudo, para possibilitar aos gestores informações úteis acerca do desenvolvimento da organização. Além do aspecto legal, a auditoria pode ser utilizada como ferramenta de controle dos proprietários, como determinação dos credores para concessão de CONHECIMENTO E GESTÃO 13 empréstimos, ou como exigências da própria empresa (SANTOS; BRAVOSI, 2013). Entre as principais finalidades da auditoria interna estão as informações geradas sobre economicidade, eficácia e eficiência dos procedimentos de gestão adotados pelos gestores no desenvolvimento das atividades da empresa (ARAÚJO; ARRUDA; BARRETO, 2008), também possibilita "agregar valor ao resultado da organização, apresentando subsídios para o aperfeiçoamento dos processos, da gestão e dos controles internos, por meio da recomendação de soluções para as não-conformidades apontadas nos relatórios". (Resolução nº. 986/2003 do CFC, apud, ARAÚJO; ARRUDA; BARRETO, 2008, p. 30). Ainda neste contexto Araújo, Arruda e Barreto (2008, p. 33) concluem que a auditoria interna "objetiva atender às necessidades e aos interesses da administração. Logo, a extensão (escopo) dos seus trabalhos será sempre definida em função dos anseios da alta direção". Sobre o trabalho do auditor externo, Trevisan Auditores e Consultores (1996, p. 37) alegam que o mesmo: [...] acompanha a abertura de capital das empresas, examina a aplicação de recursos de fundos nacionais e internacionais e dá ao detentor do capital, por mais distante que ele esteja do seu negócio, as indicações de como caminham suas aplicações e se os balanços apresentados estão adequadamente demonstrados. A auditoria externa tem por finalidade garantir aos seus interessados se as demonstrações contábeis representam adequadamente a posição patrimonial e financeira da companhia auditada e, consequentemente, sobre a situação do seu capital investido (ARAÚJO; ARRUDA; BARRETO, 2008). A auditoria, seja ela interna ou externa, gera alguns benefícios econômicos para a entidade auditada. De acordo com Boynton, Johnson e Kell (2002), estes benefícios são: (a) acesso ao mercado de capitais: qualquer empresa que deseje negociar seu capital em bolsa de valores deve, necessariamente, ter suas demonstrações contábeis auditadas; (b) menor custo de capital: a auditoria pode auxiliar pequenas empresas a passar uma boa imagem a credores, o que pode levar a menores taxas de juros em empréstimos; (c) desincentivo a ineficiência e a fraudes: quando os funcionários sabem que ocorrerá auditoria na empresa em que trabalham, executam com mais zelo a tarefa do dia a dia, o que acarreta menos erros e fraudes por parte dos mesmos; e (d) melhores controles e operações mais eficientes: o auditor externo pode dar 14 CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO sugestões de melhoria nos controles internos e aumentar a eficiência das operações na empresa auditada. Outro benefício causado pela auditoria é a veracidade que o mesmo impõe as demonstrações contábeis. Sabe-se que em um ambiente de gestão as informações contábeis tornam-se primordiais no processo de tomada de decisões, ou seja, são estas informações que irão pautar as escolhas dos gestores. Sobre isto, Trevisan (1996, p. 65) alega que "os executivos de uma entidade, tenha ela fins lucrativos ou não, precisam de informações oportunas e confiáveis para a tomada de decisões rotineiras e estratégicas. A contabilidade pode atender a essa demanda com qualidade [...]". A má interpretação das demonstrações contábeis ou das notas explicativas juntamente com o balanço e, principalmente, não considerar o parecer de uma auditoria, pode acarretar sérios problemas e prejuízos para os usuários das informações contábeis, o que se agrava ainda mais em uma economia em processo de estabilização (TREVISAN, 1996). Assim, pode-se dizer que a auditoria por si só não garantirá a resolução ou redução de problemas existentes no meio empresarial, mas será quem possibilitará informações mais pertinentes para que as decisões sejam tomadas. Desta maneira, Trevisan, et al (1996, p. 38) alegam que: Ao auditor cabe analisar criteriosamente suas operações, examinar as contas de acordo com os padrões estabelecidos pelos órgãos que regulam a profissão e emitir seu parecer. À administração da empresa compete adotar as recomendações feitas e fica a cargo dos acionistas e demais interessados ler esse relatório para decidir se modificam a empresa ou se mudam de empresa. A auditoria, desde que realizada de forma idônea e real, trará inúmeros benefícios para diversos usuários, sejam eles a empresa auditada, acionistas, governo, funcionários, sociedade como um todo. Cabe a cada um retirar as informações que necessita do parecer do auditor e usá-la da melhor maneira. 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS O presente trabalho classifica-se como pesquisa exploratória, pois é o tipo de pesquisa em que se busca maior familiaridade com o tema estudado, com objetivo de torná-lo mais explícito (GIL; 2002). CONHECIMENTO E GESTÃO 15 A pesquisa de campo ocorreu pela técnica de observação indireta,ou seja, por meio de aplicação de questionários, composto por seis questões fechadas, enviados por e-mail a 15 empresários da cidade de Ponta Grossa - PR, de diversos setores da economia, escolhidos ao acaso dentro do rol de clientes de um escritório de serviços de auditoria da mesma cidade. Nestes termos, a pesquisa de campo assumiu a forma de pesquisa qualitativo-descritiva, pois segundo Gil (2002, p.133) adotou o "processo como uma sequência de atividades, que envolve a redução dos dados, a categorização desses dados, sua interpretação e a redação do relatório". 4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS Nesta etapa serão apresentados os resultados obtidos com esta pesquisa. Dos questionários enviados às 15 empresas da cidade de Ponta Grossa - PR, somente 12 retornaram suas respostas. Apesar de ser selecionada uma pequena população para aplicação dos questionários, buscou- se incorporar os diferentes setores da economia, conforme pode ser visualizado no Gráfico 1. Gráfico 1 - Ramo de atividade das empresas pesquisadas. Fonte: Elaborado pela autora. Questionou-se também sobre o porte das empresas, ou seja, sobre a faixa de faturamento bruto anual que estavam enquadradas atualmente. Para isso, foram delimitadas as seguintes definições, de acordo com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES, 2016): Microempresa, Pequena Empresa, Média empresa, Média-grande empresa e Grande empresa. Os resultados são mostrados na Tabela 1. 16 CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO Tabela 1 - Porte das empresas pesquisas, de acordo com o BNDES. Denominação Faturamento bruto anual Quantidade de empresas Microempresa < ou = R$ 2,4 milhões 0 Pequena Empresa > R$ 2,4 milhões e < ou = a R$ 16 milhões 1 Média Empresa > R$ 16 milhões e < ou = a R$ 90 milhões 10 Média-Grande Empresa > R$ 90 milhões e < ou = a R$ 300 milhões 1 Grande Empresa > R$ 300 milhões 0 Fonte: Elaborado pela autora, adaptado do BNDES (2016). De todos os respondentes, 91,67% afirmaram ter realizado algum tipo de auditoria nos anos de 2014 e 2015, como pode ser visualizado no Gráfico 2. Gráfico 2 - Empresas que realizaram auditoria nos anos de 2014 e/ou 2015. Fonte: Elaborado pela autora, 2016. Nesta amostragem pode-se constatar que, das auditorias realizadas, 63,64% foram auditorias externas, 27,27% de auditorias internas e apenas 9,09% das empresas pesquisadas realizaram auditoria interna e externa nos últimos dois anos (Gráfico 3). O elevado índice de auditorias externas se deve ao fato de a pesquisa ter sido realizada com alguns dos clientes de um escritório que presta tão exclusivamente serviços de auditoria externa. CONHECIMENTO E GESTÃO 17 Gráfico 3 - Tipos de auditorias efetuadas pelas empresas em 2014 e/ou 2015. Fonte: Elaborado pela autora, 2016. No que tange aos objetivos de procura destas empresas para a realização das auditorias, aproximadamente 82% dos respondentes afirmaram que foi apenas para detectar erros e/ou falhas, e um número bem menor (cerca de 18%) alegou que foi apenas para cumprir com as obrigações Legais (Gráfico 4). Vale ressaltar que nenhum dos pesquisados respondeu ter feito auditoria com finalidade de conseguir um planejamento estratégico, nem mesmo para obter um feedback das operações desenvolvidas pelas suas empresas, ou até o para alguma outra finalidade com intuito gerencial. Gráfico 4 - Causas de procura de auditoria pelas empresas. Fonte: Elaborado pela autora Sobre os resultados das auditorias realizadas, 81,82% das empresas alegaram que corrigiram erros e/ou falhas apontadas pelos auditores, 9,09% alegaram que não usaram com nenhuma finalidade os resultados da auditoria, e também 9,09% afirmaram usar os resultados para outra finalidade, que justificaram ser para publicação nos meios de comunicação, conforme imposto pela Lei (Gráfico 5). Conforme assegurado anteriormente, constata-se que nenhum dos pesquisados utilizou a auditoria com fins gerenciais. 18 CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO GRÁFICO 5 - Como as empresas utilizaram os resultados da auditoria Fonte: Elaborado pela autora, 2016. Constata-se, com estes dados, que nenhuma das empresas pesquisadas utilizou a auditoria para fins gerenciais, embora esta seja uma ferramenta de grande respaldo para isso. Utilizaram-na tão somente para detectar erros e falhas ou para cumprir com as obrigações Legais. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS O objetivo geral deste estudo consistiu em identificar as principais causas que levam as empresas a realizarem auditoria, e destas quais utilizam seus resultados para tomar decisões, durante o período de 2014 e 2015, sendo que foram identificadas as principais causas de procura de auditoria pelas empresas, constatando-se que nenhuma delas utilizou-a com fins gerenciais. Em cumprimento ao objetivo específico "a", efetuar pesquisa bibliográfica sobre o tema para apurar os principais objetivos de uma auditoria, este foi realizado através de apontamento teórico realizado por meio de livros e sites específicos, identificando as principais finalidades de uma auditoria. Quanto ao objetivo específico "b", elaborar e aplicar questionários para identificar algumas empresas que realizaram auditoria interna e/ou externa nos anos de 2014 e 2015, foram aplicados questionários encaminhados via e-mail a diversas empresas da cidade, possibilitando também o cumprimento do objetivo específico "c", que era o de verificar os motivos da realização de auditoria pelas empresas e como foram utilizados os resultados encontrados. Por meio da tabulação das respostas dos questionários, pode-se chegar à resposta do problema de pesquisa, ou seja, identificar quais as principais causas de procura de auditoria pelas empresas nos anos de 2014 e 2015, e quais utilizam seus resultados para o processo decisório. Assim, verificou-se que as principais causas que levaram as empresas a realizar auditoria nos CONHECIMENTO E GESTÃO 19 últimos dois anos na cidade de Ponta Grossa - PR foram para detectar erros e/ou fraudes e também para cumprir com as obrigações legais, somente. Acredita-se que a nulidade das respostas em utilizar a auditoria como ferramenta gerencial se deve ao fato dos gestores das empresas ainda possuírem um pensamento retórico e obsoleto a respeito da auditoria, pois ainda a veem como opção para detectar erros e falhas em eventos já ocorridos. E é justamente neste ponto que a auditoria torna-se ainda mais eficaz, pois como analisa eventos ocorridos, pode trazer informações úteis sobre os processos e apontar em que etapas ocorreram os melhores resultados dando um feedback aos gestores. Cabe aos auditores orientarem seus clientes a criar uma visão mais abrangente acerca da realização de uma auditoria, retirando o pensamento de ferramenta que deve agir após operações, para um pensamento de ferramenta que pode trazer informações úteis no processo de tomada de decisões. REFERÊNCIAS ARAUJO, Inaldo da Paixão Santos; ARRUDA, Daniel Gomes; BARRETTO, Pedro Humberto Teixeira. Auditoria contábil: enfoque teórico, normativo e prático. São Paulo: Saraiva, 2008. BOYNTON, William C.; JOHNSON, Raymond N.; KELL, Walter G.. Auditoria. São Paulo: Atlas, 2002. Tradução José Evaristo dos Santos. BRASIL, BNDES. Porte de empresa. 2016. Disponível em: <http://www.bndes.gov.br/BNDES/bndes/bndes_pt/Institucional/ApoioFinanceiro /porte.html>. Acesso em: 10 abr. 2016. GIL, A. Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2002. SANTOS, Silvana; BRAVOSI, Jessica. Breves considerações acerca da auditoria interna e externa. 2013. Disponível em: <http://www.portalcfc.org.br/noticia .php?new=8435>. Acesso 05 maio 2016. TREVISAN AUDITORES E CONSULTORES. Auditoria: suas áreas de atuação. São Paulo: Atlas, 1996. 20 CONHECIMENTO E GESTÃOCONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO ANALISE DE VIABILIDADE E PLANEJAMENTO PARA IMPLANTAÇÃO NA PRODUÇÃO DE MORANGOS EMERSON ROGER ZULIANI1 JOSIMARA KELLEN DE CAMARGO2 ANDREIA M. ZULIANI SANTOS3 RESUMO A aplicação de custos é fornecer ao planejamento e controle da produção os dados que serão utilizados para o planejamento econômico do processo, como por exemplo, custos unitários da produção, da compra, e os investimentos em estoque. Assim, a partir de um levantamento rigoroso dos custos envolvidos na produção, a empresa será capaz de maximizar lucros e minimizar seus custos. É fácil compreender a relação existente entre custos e produtividade; ambos necessitam de medidas reais para que se possa chegar a resultados próximos dos objetivos esperados. Não há como medir a capacidade produtiva de uma empresa sem antes conhecer os custos envolvidos no processo. Por isso deve se preparar administrativamente, compreender todos os custos, conhecer o seu fluxo de caixa e as suas despesas operacionais, e conhecer todas as variáveis envolvidas desde a produção até a venda. O planejamento se torna fundamental em um novo investimento, uma vez que o mesmo mensura a rentabilidade e os custos que a empresa e o empreendedor irá adquirir ao longo do tempo, fazendo com que se obtenha os lucros esperados sem uma inesperada surpresa futura. Palavras-chave: Custo, controle, planejamento. 1 INTRODUÇÃO Antes de abrir qualquer negócio, o planejamento inicial é fundamental. É fato que a maioria das empresas que encerram suas atividades de forma prematura, não fizeram um planejamento adequado. Todo empreendedor, deve antes de investir em uma nova empresa analisar o mercado, buscar mais 1Graduado em Processamento de Dados, Especialista em Gestão de Projetos, Engenharia de Software e em Gerenciamento de Projetos. 2 Graduada em Ciências Econômicas. 3Mestre em Gestão do Conhecimento nas Organizações pela UNICESUMAR, Especialista em Administração Industrial pela UEL, Especialista em Docência no Ensino Superior, Ead e Novas Tecnologias pela UNICESUMAR, Especialista em Administração Industrial pela UEL. CONHECIMENTO E GESTÃO 21 informações sobre o ramo do negócio pretendido e preparar-se da melhor maneira possível para enfrentar cenários positivos e negativos. Antes de iniciar o novo negócio, todos os custos devem ser estimados e colocados no papel, para que seja possível se realizar uma análise da viabilidade financeira do novo empreendimento. O objetivo deste trabalho é analisar a viabilidade para a produção de morangos. Mas para isso é necessário estudar o investimento proposto e conhecer os métodos de avaliação de investimento como a TIR e o VPL, assim como o orçamento de capital que é o processo que envolve a seleção de projetos de investimento e a quantificação dos recursos a serem empregados e sua eficiência econômica que é a relação entre o valor de venda de um produto e seu custo de produção. Conhecendo essas variáveis será possível diminuir os riscos do investimento. 2 ESTUDO DE INVESTIMENTO No Brasil, a cultura do morango desempenha um importante papel sócio econômico. Além de estar presente em vários estados, geralmente é desenvolvida em pequenas propriedades, com a necessidade de grande quantidade de mão-de-obra em todo o seu ciclo (GOUVEA et al., 2009). A incorporação de novas tecnologias, visando à elevação da produtividade e qualidade da fruta, é uma preocupação permanente para os produtores, independentemente do sistema produtivo adotado. No entanto, além de se produzir morango com qualidade e em quantidade, é fundamental avaliar a eficiência econômica e a viabilidade financeira da exploração. No sistema de cultivo semi-hidropônico, em estufa plástica e com ferti-irrigação, o investimento inicial tende a ser elevado, as avaliações dessa natureza são extremamente relevantes. A obtenção de indicadores econômicos e financeiros, em condições determinísticas e de incertezas, fornece os elementos que permitem mensurar, por exemplo, a probabilidade de determinado investimento resultar em retornos positivos, subsidiando, assim, o processo de tomada de decisão por parte do agricultor. A partir dessas inferências e considerando que ainda é escassa a literatura brasileira a respeito de estudos econômico-financeiros do cultivo de morango, buscou-se avaliar, sob as referidas condições, os níveis de eficiência 22 CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO econômica e de viabilidade financeira da produção da fruta em sistema semi- hidropônico, para venda in natura. 2.1 ANÁLISE DE INVESTIMENTO Toda empresa tem necessidade de obter procedimentos para avaliar seus investimentos, principalmente aqueles de longo prazo. Com o decorrer dos anos as empresas são obrigadas a tomar decisões de investimentos sejam ela por causa de reformas, ou porque seus ativos estão desgastados, e o orçamento de capital avalia e escolhe os investimentos de longo prazo de acordo com os objetivos da organização (GITMAN, 2000) Etapas do orçamento de capital: Gestão de propostas- a propostas são feitas por todos os segmentos da empresa. Revisão e análise- nesta etapa é feita uma revisão da proposta e verifica sua viabilidade. Tomada de decisão- consiste em dizer se o projeto vai ser feito ou não. Implantação- em caso de aprovação, o projeto é implantado. Acompanhamento- processo no qual se compara se o que está acontecendo foi aquilo proposto. Existem situações em que o gestor se depara com dois ou mais projetos, e tem que avaliar e verificar sua viabilidade, em algumas situações esses projetos possuem o mesmo objetivo, porém de maneiras diferentes, então em caso de escolha de um projeto o outro não vai ser implantado esses casos são chamados de projetos mutuamente exclusivos eles competem entre si, e possuem também os projetos independentes, ou seja, mesmo que um dos projetos seja implantado o outro não vai ser eliminado necessariamente. (ARAUJO, 2010). Por isso tente-se a necessidade de conhecer as etapas do orçamento, e escolher os melhores investimentos de acordo com as prioridades e capacidade da empresa. 2.2 EFICIÊNCIA ECONÔMICA Em relação à eficiência econômica de um empreendimento, inicialmente, deve-se destacar que ela pode ser dividida em dois componentes: técnico e alocativo. Enquanto a eficiência técnica refere-se à capacidade da CONHECIMENTO E GESTÃO 23 empresa de obter o máximo de produto, dada a quantidade disponível de fatores, a eficiência alocativa diz respeito à capacidade de se utilizar os fatores produtivos na proporção ótima, minimizando os custos de produção (FARRELL, 1957 e SHIROTA, 1995, citados por OHIRA; SHIROTA, 2005). Operacionalmente, a análise de eficiência econômica pode ser feita a partir do cálculo das receitas e dos custos de produção. Segundo Debertin (1986), no curto prazo, existem importantes agrupamentos de custos, entre os quais se destacam três: variáveis, fixos e totais. No primeiro agrupamento, estão os custos que variam em função do nível de produção da empresa. Considerando-se uma propriedade rural como exemplo, itens como mão-de-obra temporária e gastos associados com sementes, fertilizantes e defensivos fazem parte desses custos. Nos custos fixos, que são aqueles que independem do nível de produção, estão incluídas as despesas associadas com mão-de-obra permanente, seguros, depreciações de bens de capital e pagamento de aluguéis. Por fim, a soma dos custos fixos e variáveis resulta nos custos totais. 2.3 VIABILIDADE FINANCEIRA Estudos de viabilidade financeira, que envolvem horizontes de planejamento de longo prazo, estão relacionados a avaliações da viabilidade de se realizar determinados investimentos. Para isso, partindo-se de fluxos físicos (insumos e produtos) e preços de mercado, são calculadas as entradase saídas de caixa. As entradas correspondem às receitas, que se dividem em diretas (vendas de produtos) e indiretas (soma do valor residual dos bens de capital). As saídas são constituídas pelas despesas fixas e variáveis e pelos investimentos de capital de longo prazo. A partir do cálculo dessas variáveis, são obtidos os fluxos anuais de caixa, que são a base para o desenvolvimento das referidas avaliações (LAZZAROTTO et al., 2010). Com esses fluxos e utilizando-se a noção da taxa mínima de atratividade (TMA), que representa o retorno mínimo que a empresa deve obter em determinado projeto para que seu valor de mercado permaneça inalterado, podem ser gerados indicadores financeiros importantes, como valor presente líquido (VPL), taxa interna de retorno (TIR), razão benefício/ custo (B/C) e período de payback descontado (PPD). 24 CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO 2.4 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTO Para que seja determinado o investimento que vai ser realizado é necessária uma demonstração, através de ferramentas financeiras, que comprovem o que o administrador está dizendo, não basta somente afirmar que o investimento é viável ou não, tem que mostrar através da matemática. Os instrumentos que vão ser abordados são o VPL, a TIR e o payback, todos os instrumentos possuem suas vantagens e suas desvantagens que são demonstradas, casos em que não podem ser utilizados e casos em que a utilização de um é mais recomendada do que a do outro. Mas antes de abordá- los é preciso conhecer, além dos conceitos falados anteriormente, a TMA (taxa de atratividade mínima). 2.5 VALOR PRESENTE LIQUIDO Método de análise que consiste em calcular o valor presente de uma série de pagamentos, iguais ou diferentes, a uma taxa conhecida (VERAS, 1999; GITMAN, 2004). Três são os resultados possíveis: a) VPL maior do que zero, que indica que o projeto é financeiramente viável; b) VPL igual a zero, indicando que é indiferente entre investir no projeto ou na melhor alternativa considerada, pois os retornos serão iguais; c) VPL menor do que zero, que significa que o projeto é inviável financeiramente. 2.6 TAXA INTERNA DE RETORNO Outro critério muito utilizado, se não o mais utilizado para se determinar a viabilidade econômica de um projeto é a TIR, que possui cálculos mais sofisticados. A taxa interna de retorno consiste na taxa de desconto que faz com que o VPL seja zero, essa taxa faz com que as entradas futuras de caixa se igualem ao desembolso inicial do projeto. Utilizando a TIR como critério de se determinar a escolha do projeto, vai ser viável quando a taxa interna do projeto for maior do que TMA (taxa mínima de atratividade), se a TIR for menor do que a TMA o projeto não é viável, não deve ser realizado. Isso assegura à empresa que o retorno do investimento tem que ser igual ou maior do que o retorno mínimo exigido por ela, considerando, por CONHECIMENTO E GESTÃO 25 exemplo, a uma taxa mínima de atratividade como sendo o custo do capital de uma determinada empresa. Na prática, devido ao fato de os resultados econômicos e financeiros da maioria das empresas tenderem a não ocorrer de forma determinística, a maior parte das decisões deve ser tomada com considerável grau de incerteza. Diante disso, para conseguir maior confiabilidade nos resultados, torna- se fundamental o uso de abordagens que consideram os riscos nas avaliações de eficiência econômica e de viabilidade financeira. Entre essas abordagens, destacam-se a análise de sensibilidade e a simulação. Na análise de sensibilidade, usa-se um número de valores possíveis para uma dada variável visando avaliar o seu impacto sobre os resultados da empresa (GITMAN, 2004). Apesar da grande utilidade, a análise de sensibilidade não incorpora a probabilidade de ocorrência de um valor dentro de determinados intervalos possíveis (ODA et al., 2007). Para a solução desse problema, podem ser utilizados métodos relacionados com simulação, em que as formas de investigação estão baseadas na percepção do risco a partir do emprego de distribuições de probabilidades predeterminadas e números aleatórios, que possibilitam projetar, ao longo do tempo, o comportamento de certos indicadores (GITMAN, 2004). Com o emprego da simulação, podem ser obtidos importantes parâmetros, como o lucro total e o valor presente líquido esperado e os seus respectivos desvios padrão. 2.7 PAYBACK É um dos mais utilizados critérios para se avaliar um investimento. O período de payback é o tempo necessário para se obter o dinheiro investido de volta, ou seja, o tempo em que o investimento feito inicialmente, vai ser recuperado. Nas palavras de Antonio Zoratto(1990, p.44): Sendo talvez o método mais simples de avaliação, o período de “payback" é definido como sendo aquele número de anos ou meses, dependendo da escala utilizada, necessária para que o desembolso correspondente ao investimento inicial seja recuperado, ou ainda, igualado e superado pelas entradas líquidas acumuladas. Quando um investidor está preocupado em saber quando vai ter o seu capital investido de volta, o melhor critério é payback, pois apesar de ser um critério muito simples e 26 CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO que apresenta alguns pontos “fracos”, acaba atraindo o administrador devido sua facilidade no cálculo e a segurança que oferece ao informar o período em que o dinheiro aplicado no investimento vai ser devolvido. Ao utilizar o payback, para aceitar ou não o projeto observa-se o seguinte: se o payback do projeto for inferior ao payback máximo aceitável o projeto é realizado, agora se o projeto apresentar um payback superior ao máximo aceitável, o projeto não deve ser realizado. Utilizando corretamente as ferramentas de analise citadas acima é possível identificar se é vantajoso ou não abrir um novo empreendimento, e qual o tempo necessário para que esse empreendimento possa gerar receitas positivas. 3 METODOLOGIA O presente trabalho constitui um estudo de caso resultante de experimento de pesquisa com morango em sistema semi-hidropônico. Para a produção do morango, adotou-se o sistema de irrigação/ferti-irrigação por gotejamento. A adubação (ferti-irrigação) foi feita a partir de ajustes nas recomendações de Melo e Bortolozzo (2006), utilizando-se as soluções nutritivas recomendadas para as fases vegetativa e reprodutiva. Para esse estudo foram realizados analises de viabilidade econômica e financeira como a VPL e PAYBACK para verificar a viabilidade para a iniciação do projeto e a sua rentabilidade. Esse sistema de produção permite a produzir as frutas com maior qualidade e menor perda podendo triplicar o aproveitamento do uso da terra, o sistema protege as plantas do efeito da chuva e promove a circulação de ar, provocando condições que impedem o estabelecimento de doenças, gerando receitas maiores em um período de tempo menor. 4 ANÁLISE DOS DADOS E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS O sistema semi-hidropônico é bastante utilizado na Europa, onde é preferido por possibilitar a melhor utilização do espaço na pequena propriedade. No Brasil, porém, é necessário definir alguns componentes tecnológicos para otimizar o retorno ao produtor e à sociedade. Entretanto, já apresenta vantagens claras frente ao sistema convencional, tais como: CONHECIMENTO E GESTÃO 27 O produtor não necessita fazer rotação das áreas de produção, prática necessária para reduzir a podridão de raízes no sistema convencional de túneis baixos. O sistema protege as plantas do efeito da chuva e facilita a ventilação, condições que impedem o estabelecimento de doenças; O período da colheita pode ser estendido em, pelo menos, dois meses; O sistema facilita a adoção de princípios de segurança dos alimentos, possibilitando a maior aceitação dos morangos pelo consumidor. No entanto, não se pode pensarsomente em como estará à fruta depois de produzida, mas também, na lucratividade em que essa produção trará ao produtor futuramente. E, para que se possa analisar os lucros, despesas e retorno deste investimento será preciso que se faça uma analise do projeto para que assim o produtor obtenha uma visão a longo prazo de seu empreendimento. A adoção de um sistema de produção de morangos semi-hidropônico requer a realização de investimentos de capital em produtos duráveis. Na tabela 1, são listados os produtos necessários para o sistema estudado, agregados em quatro itens de investimento. Nota-se que, para produzir morangos em uma estufa de 384 m², o montante de capital investido foi de R$ 18.622,50. As inversões de capital mais expressivas foram associadas a instalação do sistema de ferti-irrigação e a estufa que representam 32,6% e 30,4% do total. A construção de uma adição para uso geral, e a compra de maquinas e equipamentos corresponderam a 18,8% e 18,1%. Tabela 1. Investimentos de capital produtivo para se produzir morango semi- hidropônico. Fonte: estudo de produção de morangos 2014. A tabela 2, são apresentados os fluxos de caixa anuais da produção do morango semi-hidroponico em uma estufa de 384m². Estes fluxos, são a base para as analises de viabilidade financeira, são importantes para o produtor avaliar o volume dos recursos financeiros próprios ou de terceiros que deve dispor em 28 CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO determinados anos de maneira a não comprometer o funcionamento do empreendimento. Tabela 2. Fluxos de caixa para a produção de morango semi-hidropônico (estufa de 384m². Fonte: estudo de produção de morangos 2014. Analisando as receitas e despesas operacionais é possível observar que a partir do segundo ano, já se recupera o valor inicial investido pela relação benefício/custo e que as operações manuais tem pouca variância no decorrer dos anos. As implicações desta tabela mostram que, ao serem descartadas as depreciações em todos os anos da produção, os fluxos de caixa esperados se tornam positivos. Na tabela 3 pode-se observar que o sistema apresenta bons resultados em relação ao seus níveis de eficiência econômica e de viabilidade financeira. Isso porque enquanto no curto prazo a lucro total produtivo foi de 12,6%, no longo prazo, a taxa interna de retorno foi de 20,3%, o que é muito acima da taxa mínima de atratividade, definida como 6,0% a.a. CONHECIMENTO E GESTÃO 29 Tabela 3-Indicadores de eficiência econômica e viabilidade financeira sob condições determinísticas. Fonte: estudo de produção de morangos 2014. Sobre as análises de curto prazo, é necessário observar o lucro médio devido aos fatores de produção no primeiro ano é negativo, por isso um ciclo produtivo de dois anos é fundamental, pois, gera condições mais favoráveis para otimizar o seu uso. Já a margem de contribuição média é positiva na análise de curto prazo o que é importantíssimo já que esta variável é utilizada para verificar e garantir o pagamento das obrigações efetivas de curto prazo. Já em relação aos indicadores financeiros em relação ao longo prazo. O resultado do VPL indica que o investimento financeiramente é viável. Adicionalmente, demonstra também que, após o planejamento de dez anos, mantiveram-se constantes os preços e as produções esperadas, o montante total de recursos financeiros aplicados no sistema produtivo em avaliação, além de propiciar retornos que superam o custo de oportunidade do capital, representado pela taxa mínima de atratividade de 6,0% a.a., seria ampliado em 30 CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO R$18.412,3, ou seja, o investimento feito na produção de morangos superaria as expectativas de seus produtores e, teria um retorno esperado previsto. Assim, quanto ao indicador de benefício/custo, ele evidencia que, para cada unidade de custo, é obtida 1,13 unidade de benefício. Por sua vez, o indicador de período de payback descontado mostra que, em termos determinísticos, o tempo necessário para recuperar o capital inicial investido na atividade agrícola em questão é de 5 anos. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS O cultivo de morango assim como qualquer outro empreendimento deve ser estudado e avaliado, buscando sempre compreender quais os custos e quais serão as dificuldades que irão ser encontradas, além disso, é imprescindível conhecer os custos iniciais e os custos de manutenção do empreendimento e ter um controle sobre o fluxo de caixa além de conhecer as perspectivas de mercado. Para ter o controle administrativo da empresa, o empreendedor neste o caso o produtor deve estar ciente de quanto vai investir inicialmente e em quanto tempo vai recuperar este investimento, por isso ferramentas como VPL, TIR, PAYBACK se tornam fundamentais para o início do projeto. Essas ferramentas auxiliam na busca por um projeto mais rentável ao produtor, e ao mesmo tempo um investimento solido. Pode-se notar que, ao decorrer deste trabalho, analisou- se as questões financeiras quanto naturais do investimento em questão. Observa-se que, o retorno deste investimento foi previsto em 60 meses, o que não faz com que as expectativas possam ser superadas ao decorrer deste tempo, levando em consideração o alto nível de alimentos e frutos que estão sendo introduzidos no mercado atualmente. De forma geral, pode-se concluir que o sistema de produção de morango semi-hidropônico avaliado neste trabalho apresentou níveis de eficiência econômica e de viabilidade financeira aceitáveis, o que significa que a sua produção é viável. CONHECIMENTO E GESTÃO 31 REFERENCIAS GOUVEA, A.; KUHN, O. J.; MAZARO, S. M; MIO, L. L. M.; DESCHAMPS, C.; BIASI, L. A.; FONSECA, V. C. Controle de doenças foliares e de flores e qualidade pós-colheita do morangueiro tratado com Saccharomyces cerevisiae. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 27, n. 4, p. 527-533, 2009. LAZZAROTTO, J.J.; SANTOS, M.L. dos; LIMA, J.E. de. Viabilidade financeira e riscos associados à integração lavoura-pecuária no Estado do Paraná. Organizações Rurais & Agroindustriais, Lavras, v. 12, n. 1, p.113-130. Jan./Abr. 2010. ODA, A.L.; GRAÇA, C.T.; LEME, M.F.P. Análise de riscos de projetos agropecuários: um exemplo de como fundamentar a escolha entre projetos alternativos e excludentes. Disponível em: http://www.fearp.usp.br/egna/resumos/Oda&Graca.pdf. Acesso em: 13 de maio de 2016 OHIRA, T.H.; SHIROTA, R. Eficiência econômica: uma aplicação do modelo de fronteira estocástica em empresas de saneamento. In: ENCONTRO NACIONAL DE ECONOMIA,33., 2005, Natal. Anais..., Natal: ANPEC, 2005. Disponível em:http://www.anpec.org.br/encontro2005/artigos/A05A142.pdf. Acesso em: 28 de agosto de 2016. VERAS, L.L. Matemática financeira. 3.ed. São Paulo: Atlas, 1999. 259p GITMAN, L.J. Princípios de administração financeira. 10.ed. São Paulo: Pearson Addison Wesley, 2004. 745p. 32 CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO ESTUDO DA IMPORTÂNCIA DA INOVAÇÃO E DA CRIATIVIDADE NAS ORGANIZAÇÕES CAMILA CHIRNEV CAOBIANCO 1 AMANDA CORDEIRO2 RESUMO Sabe-se que os clientes são a chave da existência das organizações e que o sucesso de uma empresa dependente de como ela gerencia as suas atividades através da utilização de ferramentas administrativas. Contudo, além dessas ferramentas, a organização também pode buscar desenvolver a inovação e a criatividade com o intuito de cada vez mais criar meios que visem satisfazer o cliente, atendendo as suas necessidades e desejos. Desta forma, o presente trabalho tem como objetivo evidenciar a importância do gerenciamento de novas ideias e mostrar como isso pode contribuir para o sucesso das organizações. Para tanto, foi realizada uma pesquisa bibliográfica, pautada em materiais já elaborados por outros autores.Os resultados revelam que inovação e criatividade são fatores primordiais para o sucesso das empresas, sendo que ambas necessitam de etapas e processos para serem desenvolvidas, ao mesmo tempo em que permeiam fatores que podem influenciar e estimular o comportamento dos seus colaboradores, evidenciando-se assim que partirá do conhecimento da organização e de sua cultura criar condições que favoreçam um ambiente de trabalho mais criativo e inovador. Palavras-chave: Gerenciamento de ideais. Criatividade. Inovação. 1 INTRODUÇÃO Torna-se cada vez mais perceptível a importância da geração de novas ideias que possam trazer grandes benefícios a toda sociedade. Em um cenário onde as pessoas vivem a era da Gestão do Conhecimento e da Inovação é possível compreender o impacto que isso pode trazer às organizações, por isso, devem estar mais atentas à criação de novas tendências que possam diferenciá- las no mercado competitivo. 1 Mestranda em Gestão do Conhecimento nas Organizações (CESUMAR), Graduada em Administração com ênfase em Comércio Exterior (CESUMAR 2004), Especialista em Gestão da Produção e em EAD e as Tecnologias Educacionais. 2 Graduada em Administração (UNIGUAÇU). Atualmente realizando Pós- Graduação em MBA - Gestão Empresarial (CESUMAR). CONHECIMENTO E GESTÃO 33 No mundo contemporâneo algumas ideias podem demorar certo tempo para serem amadurecidas nas organizações e isso se deve ao fato, muitas vezes, de haver resistência por parte dos colaboradores, ou até mesmo da cultura empresarial, em relação à clareza do entendimento do benefício e necessidade de execução desta mudança, entre outros fatores. Tendo em vista que até as ideias mais importantes da sociedade demoraram a ter seu efeito desejado, nem toda ideia será revolucionária no momento em que nascer, então, é preciso que as organizações saibam lidar com os obstáculos encontrados, havendo necessidade de focar em processos que possam alimentar ainda mais a motivação para a criatividade. Diante dessas dificuldades surgem alguns pontos que devem ser levados em conta ao elaborar o desenvolvimento de novas ideias, e um desses pontos é saber por onde começar e, em seguida, saber como manter e até mesmo aprimorar estas mesmas atividades em busca da inovação. Sendo assim, como as organizações podem inovar na hora de gerir novas ideias e como devem lidar com os obstáculos encontrados durante o amadurecimento destas mesmas ideias? Em resposta a esta problemática será possível evidenciar a importância da inovação e da criatividade e mostrar como pode contribuir para o sucesso da organização, buscando ao mesmo tempo entender como funciona o processo de inovação, além de identificar os principais fatores que influenciam a criatividade na organização. Este estudo foi realizado tendo por metodologia a pesquisa bibliográfica. Desta maneira, este artigo está dividido em duas seções. Num primeiro momento foram abordados os conceitos e definições extraídos de livros e artigos, além da utilização de material disponível na internet, em relação aos temas ligados à inovação e à criatividade. O texto encerra-se com as considerações finais, onde espera levar ao entendimento do estudo proposto, além de somar conhecimento àqueles existentes e contribuir para o aprofundamento de estudos posteriores. 2 INOVAÇÃO A inovação está presente em tudo e faz parte de um todo, ela inicia-se com a criatividade e imaginação do ser humano. Atualmente, a inovação é vista 34 CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO como um importante fator de sucesso dentro das organizações e para entender melhor este tema foram abordados alguns conceitos a seguir. Segundo Sbragia, Marcovitch e Vasconcellos (1996 apud REIS, 2003), a inovação está relacionada às mudanças do mundo atual, sendo o resultado obtido por meio da eficiência e da eficácia com que os conhecimentos técnico- científicos são produzidos, transferidos, difundidos e incorporados aos produtos e serviços. Ou seja, depende exclusivamente de como a organização dá ênfase ao seu processo de produção e engloba em cada etapa sua demasiada importância. Assim, conforme a empresa evolui surge a necessidade de um aperfeiçoamento de processos tecnológicos que acelerem descobertas cada vez mais inovadoras. Uma inovação é a implementação de um produto (bem ou serviço) novo ou significativamente melhorado, ou um processo, ou um novo método de marketing, ou um novo método organizacional nas práticas de negócios, na organização do local de trabalho, ou nas relações externas (OCDE, 1997, p.55). Julien (2010, p. 242) conceitua inovação como “resultado do trabalho de controle e reorganização que a organização efetua sobre os saberes e competências para explorar uma oportunidade de mercado ou abrir um novo domínio de atividade”. Sendo assim, é preciso que sejam aliados ao conhecimento habilidades para que se possa aproveitar uma oportunidade como ponto de partida para a inovação. Por meio dos conceitos dos autores é possível entender que a inovação é um resultado de um processo já realizado dentro da organização e para que a inovação seja reforçada é necessário aperfeiçoar seu ambiente de trabalho. Sobre a gestão da inovação, Roberts (1984, p. 53) comenta: [...] é a organização e a direção dos recursos, tanto humanos como econômicos, com a finalidade de aumentar a criação de novos conhecimentos; a geração de ideias técnicas que permitam obter novos produtos, processos e serviços, e melhorar os já existentes; o desenvolvimento de ideias e protótipos de trabalho; e a transferência destas mesmas ideias para as fases de fabricação, distribuição e uso. O mesmo autor ainda desenvolveu um modelo para o processo de inovação que envolve informações vindas do ambiente interno ou externo da organização. A unificação dessas informações é que de fato irá gerar resultados, CONHECIMENTO E GESTÃO 35 tratando de informações que se enquadram com as estratégias tecnológicas e as principais necessidades dos clientes. O autor divide o processo de inovação em seis etapas, sendo que cada uma delas busca respostas para diferentes situações que surgem durante o processo. São elas: 1. Pré-Projeto; 2. Possibilidades do Projeto; 3. Início do Projeto; 4. Execução do Projeto; 5. Avaliação dos Resultados; 6. Transferência do Projeto. Olea (2001, p.13) afirma que apesar de existirem vários modelos para o processo de inovação, não existe um padrão a ser seguido por se tratar de um processo complexo dentro da organização. Durante os últimos trinta anos há se tentado desenhar um modelo que explicasse satisfatoriamente a função da inovação tecnológica, de maneira a incorporar os diferentes fatores ou variáveis que intervêm. Todavia hoje, independente de numerosos modelos existentes, não se dispõe de um modelo geral que se possa aceitar como razoavelmente explicativo, coisa que seguramente confirma a complexidade do processo de inovação (OLEA, 2001, p.13). Giget (1997) argumenta que o processo inovativo não segue fórmula pronta, e sim, é construído pelos membros envolvidos ou interessados na geração da inovação, portanto, deve ser entendido como uma série de interações que forma a rede de inovação. Desta forma, de acordo com os autores, para obter a concretização da inovação dentro da organização é necessário que haja a gerenciamento para integrar a inovação como atividade e, assim, unir a organização com recursos tanto humanos como financeiros para cada etapa do processo de inovação, definindo a melhor forma de elaborar o processo de inovação e adaptando cada etapa sempre que necessário. 2.1 TIPOS DE INOVAÇÃO A inovação pode acontecer sob a influência de vários aspectos que podem estar ou não ligados diretamente a sua concepção. Naturalmente, para 36 CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃOCONHECIMENTO E GESTÃO entender melhor seu desenvolvimento alguns autores classificam a inovação em processos distintos, mencionados a seguir. De acordo com o Manual de Oslo (OCDE, 1997), existem quatro tipos de inovação: de produto, de processo, de marketing e organizacional. Inovação de produto: é aquela que condiz com a introdução de um bem ou serviço novo ou melhorado. Inclui melhoramentos significativos em especificações técnicas, componentes e materiais, softwares incorporados, facilidade de uso ou outras características funcionais. Inovação de processo: condiz com a introdução de um método de produção novo ou melhorado. Inclui mudanças significativas técnicas, em equipamentos área produtiva etc. Inovação de marketing: refere-se à introdução de um novo método de marketing com mudanças significativas na concepção do produto, embalagem, posicionamento do produto, promoção ou fixação de preços. Inovação organizacional: tem relação com a implantação de um novo método organizacional nas práticas de negócios da empresa, na organização do seu local de trabalho ou em suas relações externas. Ainda sobre os diferentes tipos de inovação, Schumpeter (1968) caracteriza a inovação de produto, inovação de processo e inovação nos equipamentos, além de acrescentar a inovação em marketing, distribuição de produtos no mercado e inovação organizacional, que afeta a alocação da equipe. 3 CRIATIVIDADE NAS ORGANIZAÇÕES A criatividade é um processo importantíssimo no desenvolvimento de toda e qualquer empresa. Duailibi e Simonsen (1971, p. 14) consideram que Toda empresa é a solução criativa para uma angustia gerada por um problema. Um homem de negócios identifica uma oportunidade e vê nela, através da produção e distribuição de bens e serviços, a possibilidade de satisfazer uma necessidade qualquer. Para entender toda sua dimensão, Duailibi e Simonsen (1971) afirmam que a criatividade não está concentrada em um pequeno grupo de pessoas, mas, sim, em sua disseminação em forma de reação em cadeia. Isso quer dizer que CONHECIMENTO E GESTÃO 37 qualquer ato criativo implantando na empresa pode modificar toda uma estrutura de atividades, influenciando diretamente nos resultados da organização. No dicionário de Psicologia, criatividade é a capacidade para criação, para auto realização, existente em todas as pessoas, mas que depende de condições ambientais para se desenvolver. Criatividade também pode ser explicada como a habilidade de encontrar novas soluções para um problema ou novos modos de expressão artística, ou melhor, de trazer a existência um produto novo para o indivíduo, mesmo que apenas para ele (DORIN, 1978, apud ANGELONI, 2002, p, 123). Nonaka e Takeuchi (1997, p. 27 apud ANGELONI, 2002) ressaltam que a “única fonte de vantagem competitiva duradoura é o conhecimento”. Assim a criação do conhecimento não é só uma questão de processar informações, mas também de aproveitar as percepções, intuições e deduções das pessoas que movem a organização. Para os autores, antes de tudo é preciso buscar compreender o significado da criatividade para então abordar a dimensão do conhecimento, uma vez que a criatividade acompanha a trajetória do homem na história, sendo, portanto, tão antiga quanto se imagina. Na antiguidade, duas teorias de criatividade se destacaram: a criatividade como origem divina e a criatividade como loucura. Os antigos acreditavam que a criatividade era concedida somente a alguns seres humanos “escolhidos por Deus”, principalmente ao que trabalhavam com artes. [...] Os antigos gregos acreditavam que a pessoa criativa era caracteriza por alguns traços especiais de personalidade e que tais traços eram vistos como loucura (EYSENCK, 1999 apud ANGELONI, 2002, p. 121). Angeloni (2002) argumenta que várias teorias foram levantadas por diversos autores até que se chegasse ao conceito mais conhecido atualmente de criatividade, que pode ser vista como um processo em que as ideias são geradas, desenvolvidas e logo transformadas em valor útil para as empresas, permitindo que elas possam desenvolver produtos e serviços, processos e práticas novos como fontes importantíssimas para sua estratégia empresarial. Por lógica, percebe-se que a criatividade está inserida no processo de inovação, não havendo, segundo a autora, qualquer separação ou distinção entre os dois termos. 38 CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO 3.1 PROCESSO CRIATIVO E BLOQUEADORES DA CRIATIVIDADE Sabe-se que a criatividade é um processo individual que acontece na sua maior parte ao se tentar encontrar soluções ou de trazer em mente a ideia de algo novo. Para tanto, é preciso que haja preparação e organização para colocar as ideias no papel, pois do contrário, sua concepção não passará para o processo de concretização e obtenção de resultados. Para melhor entendimento do tema serão abordados dois tópicos, um referente ao processo criativo e outro sobre os fatores que influenciam a criatividade. 3.1.1 Processo Criativo O indivíduo criativo geralmente não acompanha a conformidade e o padrão estabelecido na sociedade, possui ideias divergentes e mente flexível. Amabile (1989) afirma que a criatividade se manifesta apenas em produções artísticas. Porém, Alencar e Fleith (2003) complementam dizendo que em contraposição a isso, diversos estudos têm investigado o processo criativo nas mais diversas áreas do conhecimento. Nesta linha, Torrance (1965 apud ALENCAR; FLEITH, 2003, p. 14) define criatividade como [...] um processo de se tornar sensível a problemas, deficiências e lacunas no conhecimento; identificar a dificuldade; buscar soluções, formulando hipóteses acerca das deficiências; testar e retestar essas hipóteses; e, finalmente, comunicar os resultados. Já para Brown (1989) a criatividade é composta por quatro componentes, sendo eles: produto, processo, pessoa ou entidade e situação, no qual o produto criativo é o componente principal e sem ele a criatividade não faz sentido. A criatividade precisa de um motivo para acontecer e é com o produto que o indivíduo estará se preocupando inicialmente. No que diz a respeito à pessoa ou entidade, Kneller (1978) afirma que a inteligência é a força maior da criatividade, pois ela norteia a originalidade, capacidade de elaborar e concretizar ideias com a flexibilidade de pensamento, onde há o senso de humor, a persistência e a autoconfiança como características que fazem parte da personalidade criativa. Robbins (1995) complementa afirmando que a personalidade criativa aceita a si mesma, sem ter CONHECIMENTO E GESTÃO 39 medo do próprio medo, cultiva a mentalidade de aprendiz, a habilidade como observador perspicaz, cultiva também o bom humor, assuntos diferentes e evita os padrões estabelecidos e maneiras inflexíveis de agir. Já Jackson e Messick (1965 apud DACEY, 1989) destacam quatro características básicas na personalidade criativa: 1. Tolerância para incongruências, tendência por fazer coisas não-usuais; 2. Capacidade de análise objetiva e subjetiva (intuitiva) na geração de ideias funcionais e criativas; 3. Capacidade de manter a mente livre de preconceitos e aberta a novas experiências e informações; 4. Combinação de pensamento reflexivo e intuição “espontânea” na produção de soluções complexas de uma forma simples. Dacey (1989) ainda complementa dizendo que outras características como liberdade para não seguir regras, capacidade de utilizar objetos em situações que não convencionais, aceitação de riscos, entre outros, também fazem parte da personalidade criativa. Contudo, para que haja o desenvolvimento correto da criatividade, Duailibi e Simonsen (1971, p. 38) citam em sua obra que dentre as várias etapas dos processos criativos já abordados por tantos outros autores, Don Fabun os dividiu de maneira semelhante da seguinte forma: Desejo - A pessoadeve, por qualquer razão, querer criar algo original. Isso é o que ele chama de atitude de trabalho. Preparação - Ou acumulação de dados, visa “tornar o familiar o estranho”. Manipulação - É uma tentativa de síntese, de juntar conceitos aparentemente não relacionados ou tornar “estranho o familiar”. Incubação - O componente inconsciente do processo criativo; acontece na mente, no plano inconsciente, onde começa a trabalhar praticamente sozinha. Antecipação - Há um sentimento de premonição, algo nos diz que o problema está prestes a ser resolvido. Iluminação - A solução esperada. Verificação - A confirmação da viabilidade da solução. Desta forma, aliando as definições dos autores, pode-se concluir que a criatividade não segue nenhum padrão para existir, pois ser criativo envolve habilidades contrárias à conformidade, regras e padrões já estabelecidos na sociedade, e a inteligência é a força maior para dar propulsão à originalidade. 40 CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO 3.1.2 Fatores que influenciam a Criatividade Em termos gerais, existem várias técnicas que ajudam a estimular a criatividade, mas não existe um modelo padrão a ser seguido, uma vez que a criatividade faz parte de um processo comportamental, e isso significa dizer que é diferente de pessoa para pessoa. No entanto, Mañas (1993) relata que as pessoas deixam de usar o seu lado criativo e acabam se adaptando à rotina, muitas vezes por obterem um retorno positivo pela empresa nas atividades que desempenham além de desconhecerem os principais objetivos da organização. Mota (1995) complementa que é imprescindível a existência de estímulos à criatividade, uma vez que a própria complexidade e dimensão da organização fazem com que os seus colaboradores fiquem na conformidade e proteção das condições já existentes ao invés de buscarem novas fontes criativas para o trabalho. Berg (2014) aponta oito principais fatores que influenciam a criatividade, são eles: Raciocínio lógico/objetividade; Acomodação/passividade; Medo de crítica; Ameaça à segurança e ao status; Falta de autodisciplina e perseverança; Apego a normas e padrões; Paradigmas e pressupostos rígidos; Presunção ou falta de humildade. Já Mañas (1993) destaca os seguintes bloqueadores da criatividade individual: excesso de vigilância, avaliações e recompensas, além da competição, controle excessivo, restrição de escolhas e a pressão dada pelas expectativas de sucesso e alto desempenho. Ainda nesse contexto, Novaes (1980) acrescenta como bloqueadores da criatividade individual o condicionamento social e educacional, a falta de conhecimento e de informações, os hábitos pessoais negativos e a atitude de pessimismo e conformismo. Desta forma, a criatividade requer uma organização disposta a investir no seu ambiente organizacional ao ponto que também busca quebrar os bloqueios criativos existentes, ao mesmo tempo em que promove a valorização e reconhecimento dos seus colaboradores, abrindo assim portas a novas oportunidades com uma estrutura administrativa mais inovadora e criativa. CONHECIMENTO E GESTÃO 41 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Com o presente artigo conclui-se que a inovação é a chave para o sucesso das organizações. Independentemente do seu ramo de atividade, a inovação é necessária uma vez que as organizações necessitam dela para serem competitivas no mercado. Porém, atrelada à inovação há a criatividade que envolve o indivíduo como peça fundamental, visto que seu comportamento pode ser influenciado através de estímulos motivacionais perpetuados pela própria organização. Por outro lado, apenas tomar a motivação como instrumento da criatividade é inviável uma vez que a criatividade é um processo individual e envolve diversos fatores comportamentais que se distinguem de pessoa para pessoa. As organizações, portanto, precisam conhecer estes fatores que influenciam a criatividade para então proporcionarem condições que favoreçam um ambiente de trabalho criativo para o seu desenvolvimento. Assim, ao conhecer estes fatores também, será possível evitar obstáculos, e mesmo na presença deles, durante o amadurecimento das ideias, ainda é possível buscar ferramentas auxiliares, que uma vez implantadas, caberá à empresa adaptá-las conforme suas necessidades. Vale ressaltar ainda que, já que a criatividade se manifesta de diversas maneiras, não se pode considerar que exista uma compreensão total e ampla do processo criativo, motivo pelo qual, ainda hoje, existem controvérsias. Além disso, seria relevante estudar com mais profundidade a utilização de ferramentas específicas de gestão da inovação para averiguar seus verdadeiros benefícios e se elas apresentam obstáculos que impedem seu desenvolvimento no ambiente empresarial. REFERÊNCIAS ALENCAR, E. S. e FLEITH, D. S. Criatividade: múltiplas perspectivas. 3 ª ed. Brasília : Editora Universidade de Brasília, 2003. AMABILE, T. A. Growing up creative. Buffalo, NY: The Creative Education Foundation Press. 1989 ANGELONI, M. T. Coord. Organizações do Conhecimento. Infraestrutura, Pessoas e Tecnologias. São Paulo: Saraiva, 2002. 42 CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO BERG, E. Os 8 maiores bloqueadores da criatividade. Ago, 2014. Disponível em: <http://www.administradores.com.br/artigos/carreira/os-8-maiores- bloqueadores-da-criatividade/80077/> Acesso em: 21 de maio de 2016. BROWN, R. T. Creativity: What to measure? Em: J. A. Glover, R. R. Ronning & C. R. Reynolds (Eds.), Handbook of Creativity. New York: Plenum Press, 1989. DACEY, J. S. Fundamentals of Creative Thinking. Lexington, MA: Lexington Books, 1989. DUAILIBI, R. e SIMONSEN, H. Jr. Criatividade: a Formulação de Alternativas em Marketing. São Paulo: Editora Abril e McGraw Hill do Brasil, 1971. GIGET, M. Technology, Innovation and Strategy. International Journal of Technology Managament. Vol. 14, nº 6-7-8, 1997. GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2002. JULIEN, Pierre-André. Empreendedorismo regional e a economia do conhecimento. São Paulo: Saraiva, 2010. KNELLER, G. F. Arte e ciência da criatividade. Tradução V. Reis. São Paulo: Ibrasa, 1978. MAÑAS, A. Vico. Gestão de tecnologia e inovação. São Paulo: Érica, 1993. 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Foi realizado um trabalho de levantamento de informações disponibilizadas pela Ribeiro Veículos. As informações obtidas demonstraram as boas práticas e as estratégias utilizadas pela organização que tem o intuito de elevar a fidelização de seus clientes e a prospecção de novos negócios com base nas informações obtidas pelo seu sistema de CRM. Este projeto tem como objetivo, apresentar quais são os fatores importantes para que o CRM possa contribuir na prospecção de novos negócios e quais práticas que são essenciais para fidelização dos clientes dentro da Ribeiro Veículos S/A. Palavras-chave: CRM; fidelização de clientes; prospecção de novos negócios;