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Antiplaquetários A ruptura de uma placa aterosclerótica promove a exposição de moléculas, como o colágeno subendotelial e o fator de von Willebrand, que contribui para a adesão plaquetária com o auxílio de receptores específicos. Posteriormente ocorre a ativação plaquetária, em que a plaqueta produz substâncias importantes para recrutar mais plaquetas. Tal fenômeno pode ocorrer, como por exemplo, pela ativação da COX-1, que é ativada e promove a formação de tromboxano A2, esse que irá interagir com receptores específicos nas promovendo uma cascata intracelular que culmina no aumento da expressão da glicoproteína GpIIb/IIIa, nas plaquetas, essa que se ligará ao fibrinogênio, permitindo que uma plaqueta se ligue a outra pelo fibrinogênio. Uma plaqueta ativada também produz o ADP, que irá interagir com um receptor específico (P2Y12), promovendo a redução do AMPc, culminando no aumento da ativação plaquetária. O ADP também causa o aumento da ativação do receptor GpIIb/IIIa. A enzima PDE é uma fosfodiesterase que degrada o AMPc, de modo que se o fármaco causar uma inibição dessa enzima, a ativação plaquetária diminui. Fármacos também podem atuar bloqueando o receptor de ADP, culminando no aumento de AMPc e a inibição plaquetária. De modo geral os fármacos modulam ou a via do tromboxano A2 ou a do ADP. 1) Ácido acetilsalicílico É um anti-inflamatório não esteroidal inibidor irreversível da COX-1, sendo que em dosagens baixas é suficiente para causar efeitos antiagregantes plaquetários (75 mg). A COX-1 também atua na célula endotelial produzindo prostaciclina, substância vasodilatadora. Desse modo, a inibição da COX- 1 promove vasoconstrição, todavia, esse efeito não é tão proeminente, já que a célula endotelial consegue produzir mais COX-1 conforme for ocorrendo o bloqueio. 2) Dipiridamol É um inibidor da fosfodiesterase, aumentando níveis de AMPc, promovendo redução da agregação plaquetária. Promove vasodilatação, podendo causar vasodilatação coronária excessiva, causando sequestro coronariano em que menos sangue chega ao coração. Em associação com ácido acetilsalicílico promove a redução de AVE e ataques isquêmicos transitórios. 3) Ticlopidina, clopidogrel e plasugrel São fármacos respectivamente de 1º, 2º e 3º geração. Irá inibir o receptor P2Y12 do ADP, promovendo um aumento do AMPc e uma redução da agregação plaquetária. A ticlopidina tem mais efeitos colaterais, como discrasias sanguíneas, náuseas, vômitos e diarreias. O clopidogrel tem melhor perfil de toxicidade que a ticlopidina e pode ser usado juntamente com o AAS, tendo ação sinérgica. O plasugrel tem início de ação mais rápido, bem como inibição mais rápida e previsível. 4) Inibidores do GpIIb/IIIa Tem como exemplos o abciximabe, epitifibatiba e tirofibana. Irão inibir o GpIIb/IIIa, de modo que impede a formação da ‘ponte’ entre as plaquetas pelo fibrinogênio, de modo que impede a agregação plaquetária. Têm como efeito colateral a possibilidade de sangramento e uso clínico na trombose coronariana. Anticoagulantes Concomitantemente à agregação plaquetária está ocorrendo a cascata da coagulação, com exposição do fator tecidual, com ativação do fator VII, que ativa o fator X, que ativa o fator II (trombina), esse que converte o fibrinogênio em fibrina, como também ativa plaquetas, células endoteliais e outros fatores de coagulação. Fármacos anticoagulantes, como a heparina e a varfarina, irão inibir etapas da cascata e, consequentemente reduzir a coagulação sanguínea. 1) Heparina É um anticoagulante parenteral, já que não é absorvida pelo TGI devido ao seu tamanho molecular. Tem-se uma molécula fisiologicamente produzida denominada antitrombina, essa que inibe o fator Xa, a trombina e outros fatores, impedindo a ativação exacerbada da cascata de coagulação. Com a ligação da heparina com a antitrombina, aumenta-se a velocidade de degradação do fator X e da trombina, já que promove uma mudança conformacional da antitrombina. A heparina por si só é denominada heparina não fracionada, mas para aumentar propriedades farmacocinéticas, como a biodisponibilidade, se desenvolveram heparinas de peso molecular menor, a HBPM, como daltaparina, enoxaparina, tinzaparina, etc. O fármaco fondaparinux é um análogo sintético da heparina. A diferença entre eles está no mecanismo de ação. Para que a heparina se ligue a antitrombina, ela necessita de uma porção de pentassacarídeo que faz parte de sua molécula, para aumentar a afinidade de ligação. Assim, ela liga com a antitrombina e consegue inativar o fator Xa (precisa só da sequência de pentassacarídeo para ser inativado) e a trombina (precisa da molécula inteira de heparina, ‘abraça’ a trombina). A HBPM é menor, de modo que têm moléculas suficientes para ‘abraçar’ a trombina, conseguindo inativar apenas o fator Xa. O fondaparinux é composto apenas pela sequência de pentassacarídeos, de modo que também só inativa o fator Xa. Usos clínicos: tratamento de trombose venosa e embolia pulmonar, tratamento inicial do IAM e da angina estável, entre outros. Efeitos adversos: sangramento, trombocitopenia induzida por heparina (podendo desenvolver trombose por desenvolvimento de um anticorpo), alterações nas provas de função hepática, raras ocorrências de osteoporose e hiperpotassemia (heparina inibe liberação de aldosterona). Em casos de doses excessivas de heparina, em que a interrupção da administração é insuficiente para diminuir seus efeitos, existe um antídoto que neutraliza a heparina, denominado sulfato de protamina. 2) Varfarina Anticoagulante oral que atua como antagonista da vitamina K e inibe a cascata da coagulação, tendo como principal efeito adverso o sangramento. Para que os fatores de coagulação sejam ativados eles precisam passar por uma reação de - carboxilação, essa que necessita da presença da vitamina K em estado reduzido, esse que é promovido com o auxílio da enzima vitamina K epóxido. Assim, a varfarina promove o bloqueio dessa enzima, mantendo a vitamina K em estado permanentemente oxidado, impedindo a ativação dos fatores da coagulação e, consequentemente, impedindo a coagulação. Interação medicamentosa: cerca de 99% da varfarina se liga à albumina, de modo que qualquer fármaco administrado concomitantemente e que tenha grande afinidade à albumina reduza os níveis dessa proteína disponível, aumentando a forma livre da varfarina, aumentando os efeitos e o risco de sangramento. Enzimas do citocromo P450 reduzem os níveis de varfarina, de modo que a indução enzimática causada por alguns fármacos, como barbitúricos, carbamazepina e rifampicina, reduz efeito terapêutico. O inverso também é verdadeiro, de modo que a redução da expressão dessas enzimas promove o aumento do efeito terapêutico. Também tem efeito grave de necrose cutânea, já que a redução da ação da vitamina K reduz a expressão e o efeito das proteínas anticoagulantes C e S, promovendo trombose da microvasculatura. Usos clínicos: impedir a progressão e recidiva da TVP e da embolia pulmonar, prevenção de tromboembolia venosa após cirurgias ortopédicas ou ginecológicas, pacientes com IAM e paciente com prótese válvulas ou com fibrilação atrial crônica. A varfarina demora alguns dias para fazer efeito, já que no início do tratamento alguns fatores já estavam ativados. Fibrinolíticos Os fibrinolíticos irão degradar a fibrina em produtos de degradação. A fibrina é degradada pela plasmina, substância produzida a partir do plasminogênio. O ativador do plasminogênio tecidual ativa a formação da plasmina, de modo que fármacos análogos ao tPA irão ser os principais representantes dessa classe de fármacos. Um fármaco fibrinolítico deve promover a degradação da fibrina pela ativação do plasminogênio, basicamente funcionando como análogos ao tPA, produzindo plasmina. Fisiologicamente existe o IAP, que será um inibidordo ativador do plasminogênio, de modo que não transforma plasminogênio em plasmina, não degradando a fibrina. O principal efeito adverso é a hemorragia, que pode ser agravada se em associação à heparina.
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