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TUTORIA 5 – MÓDULO 1 MILENA BAVARESCO MECANISMO DE SONO E VIGÍLIA ▪ As primeiras teorias sobre o sono defendiam que a parte superior do tronco cerebral (sistema ativador reticular) simplesmente fadigava durante o dia (vigília), e se tornava inativa (sono) – essa era definida como a teoria passiva do sono. ▪ Porém, atualmente a teoria mais aceita é que o sono é resultado de um processo inibitório ativo. Estudos realizados detectaram que centros localizados abaixo da região médio-pontina do tronco cerebral parecem ser necessários para causar sono pela inibição de outras partes cerebrais. ▪ Ainda não existe explicação definitiva para como esse ciclo de sono-vigília ocorre. Entretanto, existe uma sugestão de como isso acontece: o Quando o centro do sono não está ativado, os núcleos mesencefálico e reticular pontino superior ativador são liberados da sua inibição, assim os núcleos reticulares ativadores ficam espontaneamente ativos. Dessa forma, o córtex cerebral e o SNP ficam ativados e enviam feedback positivo para o núcleo reticular ativador para ativá-los ainda mais. O estado de vigília se inicia e é mantido por meio desse feedback positivo. o Após muitas horas de ativação, há uma fadigação até mesmo dos núcleos reticulares ativadores. Sendo assim, o feedback positivo vai declinando e os efeitos promotores do sono, dos centros do sono, passam a dominar e rapidamente há a transição da vigília para o sono. SONO E SUAS FASES ▪ Por definição, o sono é um conjunto de alterações comportamentais e fisiológicas que ocorrem de forma conjunta e em associação com atividades elétricas cerebrais características, reversíveis à estimulação. ▪ Queixas relacionadas ao ciclo do sono no serviço de saúde são comuns em idosos (cerca de 50%), ademais, são de grande influência na qualidade de vida não só do idoso, mas de seus familiares e cuidadores. ▪ Dessa forma, quando o idoso se queixar deste problema deve-se fazer uma avaliação minuciosa em busca da possível causa. Em alguns casos a desregulação do sono pode estar associada a descompensação de DCNT ou gênese de diversas doenças físicas e neuropsiquiátricas, mas em sua normalidade o sono exerce papel importante na homeostasia e na regulação do organismo. ▪ Quanto a epidemiologia, os principais grupos acometidos por transtornos de sono são: idosos, mulheres, pacientes portadores de comorbidades agudas ou crônicas e neuropsiquiátricas. Mais da metade dos idosos da comunidade com idade superior a 60 anos e 2/3 dos institucionalizados já fizeram queixa da dificuldade em dormir. ▪ São duas fases de sono: REM -> Movimento rápidos dos olhos: o SINCRONIZADO (SONO NÃO REM): é compreendido como 75 a 80% do sono total. É subdividido em 3 fases: N1 (2 a 5%), N2 (45 a 55%) e N3 (13 a 23%). o NÃO SINCRONIZADO (SONO REM): é compreendido como 20 a 25% do sono total. É caracterizado pela baixa amplitude e alta frequência dos potenciais cerebrais detectados no eletroencefalograma (EEG). É nesse momento que há uma atonia muscular, os sonhos aparecem e ocorrem os movimentos oculares rápidos. ▪ Durante a noite vai ocorrendo um revezamento entre essas fases de sono (ciclo do sono). Este ciclo pode se repetir de 4 a 6 vezes. ▪ Com o avançar da idade, essa arquitetura do sono vai sofrendo alterações. Alguns exemplos são: alterações do ritmo circadiano, da temperatura e hormonais, privação crônica do sono, uso de fármacos, patologias, redução da exposição a luz solar, diminuição da atividade física. Tutoria 5 MÓDULO 1 Objetivo 1 Descrever o mecanismo do sono e vigília e caracterizar as fases do sono e as mudanças que o ocorrem no sono do idoso. TUTORIA 5 – MÓDULO 1 MILENA BAVARESCO ▪ O idoso terá como tendência dormir menos a noite e cochilar durante o dia, principalmente a tarde. A alteração mais significativa do padrão de sono será o predomínio das fases superficiais (N1 e N2) do sono NREM e consequente aumento da sensibilidade a ruídos, luminosidades e outros estímulos (despertar mais fácil). ▪ O ritmo circadiano sono-vigília sofrerá degeneração com a idade, será menos preciso. A sua amplitude irá sofrer um déficit, a secreção de melatonina é reduzida e, por consequência, o idoso irá para a cama mais cedo e despertará mais cedo (assincronia com os padrões socias). PRINCIPAIS ALTERAÇÕES NO SONO DO IDOSO INSÔNIA ▪ É o transtorno mais comum no idoso, porém não pode ser considerada como parte do envelhecimento normal. É caracterizado pelo sono insuficiente, seja qualitativamente quanto quantitativamente. ▪ Caso a pessoa tenha dificuldade em iniciar e/ou manter o sono durante a noite, um sono não reparador, com dificuldade para ficar alerta durante o dia e desempenhar suas funções físicas e mentais, com impacto na qualidade de vida, possivelmente, o diagnóstico será positivo para esse transtorno. ▪ O diagnóstico baseia-se principalmente na história clínica do paciente do que em exames de laboratório e/ou polissonografia. É realizado um interrogatório a fim de saber quanto tempo ele demora para dormir, com que frequência e a quanto tempo isso ocorre. ▪ Não se deve confundir insônia com dormir tarde. Geralmente os sintomas da insônia levam a alterações no comportamento e humor, trazendo ônus financeiro e social, com sérias consequências em seus familiares e cuidadores, e nos serviços de saúde. A insônia pode ter duas origens: o Primária (psicofisiológica): paciente com dificuldade de relaxar e tem uma atividade mental exacerbada ao se deitar. A ansiedade por não conseguir dormir piora ainda mais a situação. o Secundária: por condições médicas, como: DPOC, asma, ICC, doenças reumatológicas, doenças neurológicas, menopausa, dor crônica entre outros. ▪ Além dos fatores citados acima, são fatores desencadeantes e/ou piora para a insônia: o álcool, cafeína, nicotina, anti-hipertensivos (betabloqueadores), corticoides, antiarrítmicos, analgésicos, entre outros. SÍNDROME DAS PERNAS INQUIETAS: ▪ também conhecida como síndrome de Ekbon. Acomete pessoas de todas as idades, porém com maior prevalência em pessoas acima de 65 anos. As mulheres são as mais afetadas. ▪ O diagnóstico é clínico e são fatores fundamentais: 1. Urgência em movimentar os membros, com associação de parestesias e disestesias; 2. Sintomas que iniciam ou pioram com o repouso; 3. Melhora parcial dos sintomas com o movimento; 4. Piora dos sintomas no final da tarde ou à noite; 5. Sintomas não podem ser explicados por conta de uma outra condição médica. ▪ Geralmente os sintomas são relacionados às pernas, mas em casos mais graves podem acometer os braços. São fatores associados com o desenvolvimento desta doença: histórico familiar (50% dos pacientes), deficiência de ferro, neuropatia periférica e insuficiência renal. MOVIMENTOS PERIÓDICOS DOS MEMBROS: ▪ são episódios repetitivos de movimentos estereotipados, involuntários e recorrentes dos MMII (dedos, joelho, quadril), a duração é em torno de 0,5 a 10s e ocorrem na primeira metade da noite. ▪ Em cerca de 80 a 85% dos casos, está associada a síndrome das pernas inquietas. Sua prevalência é de 45% em pacientes com mais de 60 anos, acometendo em igual proporção homens e mulheres. ▪ Pacientes com anemia, insuficiência renal, neuropatias periféricas, artrite reumatoide entre outras podem apresentar esse distúrbio. O diagnóstico é feito por polissonografia, assim é feito o registro da atividade muscular. TRANSTORNO COMPORTAMENTAL DO SONO REM: ▪ geralmente ocorre com enorme prevalência nos homens acima de 60 anos. Este transtorno é caracterizado pela perda da atonia muscular durante o sono REM, com aumento do tônus mentoniano e da atividade motora muscular dos MMII, havendo atividade motora proeminente durante o sono (agir fora de seus sonhos).▪ Na presença de pesadelos (relacionados com pessoas e animais), os movimentos podem ser agressivos contra o próprio paciente ou seu parceiro de cama. TUTORIA 5 – MÓDULO 1 MILENA BAVARESCO ▪ Também é possível que o paciente levante e caminhe, lance as pernas e os braços para fora da cama, chute, soque, tente se alimentar. ▪ Podem estar associados a outras condições neurodegenerativas (doença de Parkinson). Dentre os causadores da TCSR temos substâncias hipnóticas, antidepressivos tricíclicos, anticolinesterásicos, álcool, cafeína, opioides entre outros. Seu diagnóstico é feito pela história clínica e com apoio da polissonografia. TRANSTORNOS DO RITMO CIRCADIANO: ▪ no idoso, o TCR está associado a sintomas de avanço da fase, em que o paciente adormece no início da noite (entre 19:00 e 20:00) e acorda entre três e quatro horas da madrugada, posteriormente apresenta sonolência diurna excessiva com cochilos longos. ▪ A luz exerce um importante papel como sincronizador do ritmo circadiano. Dessa forma, é necessário orientar o idoso a fazer banho de sol, principalmente pela manhã, para poder readequar o seu sono a noite. ▪ Outra alteração comum é o jet-lag. Trata-se de uma dessincronização do ciclo circadiano em pessoas que fizeram viagens transmeridianas. ▪ De modo geral, ocorre um mal-estar (sensação de descompasso), fadiga durante o dia e dificuldade para dormir à noite, desempenho mental diminuído, perda do apetite (indigestão e náuseas), irritabilidade aumentada, cefaleia, confusão mental e desorientação. Podem durar dias ou até semanas. As mulheres idosas são mais acometidas. SÍNDROME DA APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO: ▪ é caracterizada por episódios recorrentes de obstrução parcial (hipopneia) ou total (apneia) da via respiratória superior (VRS) durante o sono. ▪ É identificada pela redução ou ausência de fluxo aéreo, apesar da manutenção dos esforços respiratórios, geralmente resultando em dessaturação da oxiemoglobina e despertares noturno frequentes, posteriormente há sonolência excessiva durante o dia. ▪ Essa síndrome é um considerável fator de risco para morbidades cardíacas, metabólicas, neurológicas e pré-operatórias. ▪ No âmbito clínico, é diagnosticada pela presença de sono não intencional durante a vigília, sonolência diurna excessiva, sono não reparador, fadiga ou insônia, despertar com pausas respiratórias, engasgos ou asfixia, na maioria dos casos há relatos de roncos altos e/ou pausas respiratórias durante o sono, com presença de ao menos 5 eventos respiratórios obstrutivos por hora de sono. ▪ Os principais fatores de risco para o seu desenvolvimento são: idade acima de 50 anos, sexo masculino, IMC elevado, Circunferência do pescoço maior que 40cm e alterações craniofaciais como a hipoplasia maxilo-crâniomandibular. Nos fatores de agravamento temos a nicotina, álcool, doença do refluxo gástrico e o hipotireoidismo. ▪ O diagnóstico é feito por meio da história clínica – com relatos como: despertar com a boca aberta ou dor de garganta, despertar com sensação de sufocamento, mau humor, roncos altos, cefaleia matinal, impotência sexual entre outros – em alguns casos pode ser usado a polissonografia. SÍNDROME DA APNEIA OBSTRUTIVA DE CAUSA CENTRAL: ▪ ocorre na ausência de obstrução de fluxo aéreo. É provocada pela cessação periódica do estímulo respiratório. ▪ É vista frequentemente em portadores de ICC. É um sinal de gravidade da cardiopatia, manifestando-se durante a vigília. ▪ O diagnóstico é formalizado por meio da polissonografia. Durante os ciclos respiratórios podem ocorrer cinco ou mais apneias centrais por hora. Na ocorrência da hiperventilação o despertar é comum. ▪ Antes de se iniciar um tratamento medicamentoso, é necessário que ocorra o tratamento não medicamentoso. A exemplo do tratamento não medicamentoso, tem-se: o Dormir o suficiente (7 a 8h/noite); o Ter regularidade nos horários de deitar e levantar, inclusive nos finais de semana; o Não forçar o sono; o Evitar uso de estimulantes como cafeína, nicotina ou álcool no período da tarde e da noite; o Não dormir com fome; o Deixar o ambiente aconchegante (luz, temperatura e ruído); Objetivo 2 Descrever as intervenções não medicamentosas e medicamentosas (indutores do sono e mantedores do sono) no sono dos idosos; TUTORIA 5 – MÓDULO 1 MILENA BAVARESCO o Não levar problemas e preocupações para a cama; o Manter rotina de exercícios físicos, no máximo até 3h antes de deitar para dormir; o Massagem, música suave, banho morno, aquecimento dos pés; o Dar prioridade para ingestão de alimentos leves e/ou ricos em triptofano (ingestão de leite morno com maçã) e bebidas mornas, exceto café, chás e chocolate, que são estimulantes; o Estar atento ao conforto local onde se está dormindo (tipo de colchão, travesseiro, lençol macio); o Manter o celular desligado ou no silencioso durante a noite; o Desencorajar o uso de nicotina e, na impossibilidade de retirá-la, tentar reduzi-la e evitar uso à noite; o Usar roupas confortáveis para dormir; o Evitar luminosidade próximo a cama durante a noite; o Evitar cochilos prolongados, acima de 45min, sobretudo a partir das 15h; o Evitar assistir à TV na cama, antes de dormir, e evitar ingerir alimentos próximo ao horário de dormir; o Evitar ficar muito tempo na frente do computador próximo ao horário de dormir; ▪ Além disso, também podem ser realizadas terapias de biofeedback – uso de sensores de pele que medem a tensão e a contração muscular; bem como técnicas de respiração para controle de pressão – terapias de controle de estímulos externos; terapia de restrição do sono – horário de dormir e acordar fixos e cochilos proibidos, calcular o tempo médio que se pode ficar na cama; terapia cognitivo-comportamental (ao menos8 semanas); fototerapia com luz brilhante – avanço de fase; cronoterapia – medicamentos administrados em ritmos naturais do organismos; acupuntura; atividade física regular; ▪ Caso as medidas não farmacológicas não tenham resultado, é feita a utilização de medidas farmacológicas. ▪ Entretanto, seu uso deve ser pautado considerando: objetivos do tratamento, expectativas do paciente, perfil de segurança do fármaco, efeitos colaterais, interações medicamentosas, possibilidade de titulação da dose, custo, comorbidades e contraindicações. ▪ Vale destacar que em idosos, a dose deve ser iniciada com o menor valor possível, passando a ser reajustada conforme os resultados obtidos. OS PRINCIPAIS FÁRMACOS UTILIZADOS SÃO: MEDICAMENTOS SEDATIVOS HIPNÓTICOS: ▪ induzem sono no cérebro. Não há motivos para sua utilização a longo prazo no idoso (evitar por mais de 90 dias). Além disso, com o uso prolongado, o indivíduo começa a ter resistência ao medicamento, então doses cada vez maiores serão necessárias para manter o mesmo efeito ou se deve fazer rodízio entre os diversos medicamentos. o Benzodiazepínicos: sua utilização deve ser criteriosa nos idosos, preferindo até que sejam evitados. O seu uso faz com que ocorra maior risco de quedas, alteração cognitiva, delirium, dependência e aumento de moralidade. o Não benzodiazepínicos: possuem ação similar aos benzodiazepínicos, porém com tempo de efeito mais curto. Atuam nos receptores (GABA). o Devido aos seus efeitos colaterais (sonolência, tontura, desequilíbrio e gosto ruim na boca), devem ser evitados naqueles pacientes que apresentem déficit cognitivo e instabilidade postural significativa. Ex.: Zaleplona, Zolpidem, Zoplicona, Eszopiclona, Indiplona; ANTIDEPRESSIVOS: ▪ não são medicamentos de primeira escolha, a não ser por insônia secundária a depressão. Também podem causar efeitos colaterais como alteração da cognição, delirium, quedas. ▪ Dependendo da classe, podem até atrapalharo sono se tomados a noite (inibidores da recaptação da serotonina). ANTIDEPRESSIVOS SEDATIVOS: ▪ são utilizados principalmente quando a insônia sobrepõe a depressão. Antidepressivos tricíclicos são utilizados para essa finalidade. ▪ Em idosos, os principais efeitos colaterais são: boca seca, hipotensão postural, arritmias cardíacas, ganho de peso e sonolência. o Trazodona: é mais bem tolerada nos idosos do que algumas outras estratégias de tratamento. Possui menores efeitos colaterais cardíacos e menor ação anticolinérgica. o Agomelatina: menos efeitos colaterais que os medicamentos da mesma classe. TUTORIA 5 – MÓDULO 1 MILENA BAVARESCO NEUROLÉPTICOS: ▪ devem ser evitados em paciente com demência pois aumentam o risco de mortalidade por eventos cardiovasculares e infecção. ▪ De maneira geral, seu uso deve se ater a casos de alucinações e delírios graves, com cautela e doses baixas. MELATOMINÉRGICOS/MELATONINA: ▪ trata-se de um hormônio excretado pela hipófise durante a noite, que se liga a receptores do SNC. Sua produção é estimulada pela escuridão e inibida pela luz. ▪ Nos idosos, sua produção é menor e traz relação com o aumento dos transtornos de sono. Sendo assim, a sua utilização ajuda a reduzir esses transtornos e também a incidência de delirium nos idosos. ▪ A ocorrência de quedas em idosos é frequente. Além dos traumas físicos, a queda também traz impactos psicológicos ao idoso. Nesses indivíduos, o maior risco de quedas está intimamente ligado com as várias influências do envelhecimento normal e patológico na postura e marcha. ▪ O controle postural ou equilíbrio pode ser definido com o processo pelo qual o SNC prove os padrões de atividade muscular necessários para coordenar a relação entre o centro de massa e a base de suporte. Para atingir o equilíbrio postural, é necessário que o centro de massa esteja alinhado à base de suporte. ▪ De certa forma, para manter uma postura ereta estável sob condições estáticas a rigidez passiva muscular seria suficiente, porém para AVD é necessária uma ativação muscular coordenada para manter o corpo ereto. Para realização deste controle postural, são utilizados mecanismos aferentes ou sistemas sensoriais (visual, vestibular e proprioceptivo) e mecanismos eferentes ou sistemas motores (força muscular dos MMSS e MMII e flexibilidade articular). ▪ A manutenção do controle postural é feita da seguinte forma: o Quando o centro de massa se desloca além de sua base de suporte, a estabilidade é excedida e, por sua vez, há uma instabilidade ou perda de equilíbrio; o O sistema sensorial irá detectar esta alteração, e enviará sinais para o sistema motor; o O sistema motor irá iniciar uma série de respostas posturais coordenadas a fim de realinhar o centro de massa com a base de suporte. o Essas respostas estabilizadoras ocorrem por controle da movimentação do centro de massa por meio da geração de torques nas articulações da perna de apoio ou pernas e tronco e alterações na base de suporte pelo sobrepasso ou de movimentos de preensão dos membros. ▪ Mesmo assim, controlar a postura diante de um evento desestabilizador nem sempre é possível. É necessário que as características deste evento sejam conhecidas para que movimentos de ajustes posturais possam ser programados. ▪ Também agem, geralmente, as informações sensoriais sobre orientação e mobilidade corporais, principalmente quando o equilíbrio e deturpado de maneira brusca. Com essas informações, é possível ter respostas estabilizadoras apropriadas. Nesse caso, o controle se dá por proalimentação – padrão previamente organizado de ativação muscular sem modificação posterior; e por retroalimentação – correções contínuas e atualizadas de postura. ▪ Para ocorrer a queda, duas condições precisam estar presentes: o Perturbação do equilíbrio; o Falência do sistema de controle postural; ▪ Perturbação interna fisiológica interrompe momentaneamente a operação do sistema de controle postural e pode levar a queda. Nessas situações há uma interferência na perfusão dos centros posturais no cérebro ou tronco cerebral. Ex.: ataques isquêmicos transitórios, hipotensão postural, arritmias cardíacas, oclusão das artérias vertebrais durante movimentação cervical, tonturas ou vertigens. ▪ As perturbações externas podem ser de dois tipos: o Mecânica: as forças que interagem no corpo humano deslocam o centro de massa para além da base de suporte (empurrão, colisão), ou impedem a base de suporte de se alinhar abaixo do centro de massa (escorregão, tropeço). o Informacional: modificam a natureza da informação de orientação do ambiente. Elas criam conflitos transitórios entre informações visuais, vestibulares ou proprioceptivas (ambiente pouco iluminado). ▪ Mecanismos aferentes do controle postural: são sistemas que enviam mais informações do que as necessárias para a manutenção postural. Mesmo Objetivo 3 Citar as causas de queda e as medidas de prevenção. TUTORIA 5 – MÓDULO 1 MILENA BAVARESCO que falte informações em algum dos sistemas o ajuste do equilíbrio é mantido. Os sistemas são: o Visual: fornece informações sobre localização, distância de objetos no ambiente, tipo de superfície em que ocorrerá o movimento e a posição de uma parte do corpo em relação a outra e ao ambiente. o Proprioceptivo: fornece informações sobre o ambiente imediato, assim é possível que o corpo se oriente à medida que ele se movimente ou se mantenha ereto em relação a outras partes o corpo, seu apoio e superfície do solo. o Vestibular: consistem em três partes: um componente sensorial – detecta os movimentos cefálicos (velocidade angular e aceleração linear), um processador central – envia informações ao componente motor, e um componente de controle motor – iniciam os reflexos de controle postural (RVO – reflexo vestíbulo-ocular e RVE – vestibuloespinal). ▪ Mecanismos centrais do controle postural: irão avaliar e integrar a informação de instabilidade vinda dos estímulos visuais, proprioceptivos e vestibulares. Dessa forma, irá escolher a estratégia de readequação postural mais necessária. o Modificações do SNC relacionadas com o envelhecimento podem aumentar o risco de perturbações do controle postural: perda neuronal, perda dendrítica, ramificações reduzidas, metabolismo e perfusão cerebrais reduzidos e metabolismo alterado de neurotransmissores. o O sistema motor também é afetado com perda de células gigantes piramidais de Betz no córtex motor, perda progressiva de neurônios, depleção de neurotransmissores como a dopamina nos gânglios da base e involução na árvore dendrítica dos neurônios motores da medula espinal ▪ Mecanismos eferentes do controle postural: na perda do equilíbrio, podem ser utilizadas 3 tipos de estratégias: o Estratégia do calcanhar: é utilizada quando há distúrbio pequeno e lento da base de suporte. o Estratégia da bacia: é utilizada para reagir a distúrbios mais importantes da base de suporte e quando a base de suporte é reduzida ou complacente; o Sobrepasso: é utilizada quando o centro de massa é deslocado além dos limites da base de suporte. QUEDAS ▪ No envelhecimento, o indivíduo passa a estar mais predisposto a quedas. Progressivamente vai ocorrendo lentidão dos mecanismos de integração central, estes são importantes para os reflexos posturais. Também há um aumento da desatenção que, por sua vez, dificulta a recuperação postural após uma perturbação. CAUSAS DE QUEDAS – FATORES PATOLÓGICOS: ▪ Epilepsia: com o envelhecimento, sua prevalência é aumentada. Pode causar perda de consciência. ▪ Doença de Parkinson: traz distúrbios de marcha, postura e equilíbrio. Tem alto potencial como causa de quedas. ▪ Miopatias e neuropatias periféricas: os distúrbios provocados afetam principalmente os MMII.Além disso, as neuropatias sensoriais podem contribuir para quedas por distúrbios na informação sensorial e postural. ▪ Síncope cardiogênica: as arritmias podem provocar as quedas por hipersensibilidade do seio carotídeo. ▪ Espondilose cervical: pode provocar a queda por duas maneiras. Em primeiro lugar, uma diminuição do estímulo proprioceptvo dos mecanorreceptores da medula espinal, pode causar sensações de tonturas leves e desequilíbrio em pacientes mais velhos. Em segundo lugar, a mielopatia cervical que pode decorrer da espondilose está associada à elasticidade dos MMII. ▪ Hidrocefaleia de pressão normal ou normobárica: causa distúrbio de marcha por base de suporte larga e pequenos passos, incontinência urinária e demência. ▪ Demências: estes pacientes apresentam distúrbios cognitivos – impedem o reconhecimento do ambiente, e distúrbios de marcha. CAUSA DE QUEDAS – FATORES AMBIENTAIS: ▪ Tipo do piso (liso, áspero, outro); ▪ Estado do piso (seco, molhado, encerado); ▪ Presença de degraus; ▪ Iluminação (claro, escuro); ▪ Presença de tapetes; ▪ Uso de medicação; ▪ Exercício físico. PREVENÇÃO DE QUEDAS ▪ trata-se de um assunto essencial, muito por causa dos prejuízos e da morbidade causada por esses TUTORIA 5 – MÓDULO 1 MILENA BAVARESCO eventos. Para a prevenção de quedas, é necessário fazer uma avaliação multifatorial a fim de identificar os potenciais agentes e assim inibi- los. ▪ Alguns pontos são necessários para uma prevenção efetiva, são eles: o Adaptação ou modificação dos fatores ambientais no domicílio; o Suspensão ou uso em doses e tempo mínimo de medicamentos psicotrópicos; o Suspensão ou uso mínimo de outros medicamentos; o Controle da hipotensão postural; o Tratamento de problemas nos pés e intervenção sobre calçados; o Exercícios, particularmente de condicionamento de equilíbrio, força e marcha. o Outras intervenções podem ocorrer com suplementação de vitamina D, cirurgias de correção (ex.: catarata), evitar uso de lentes multifocais durante deambulação, marca passos em idosos com hipersensibilidade cardionibitória do seio carotídeo. Também podem ser consideradas as orientações educacionais. ▪ A utilização de protetores de quadris ou artefatos que diminuam o impacto da queda é de grande valia para diminuir o risco de fraturas e o medo de queda. ▪ É preciso entender que as quedas não serão 100% evitadas, sendo necessário compreender que o idoso também deve ter sua qualidade de vida preservada. Dessa forma, o idoso não deve ser privado de fazer suas atividades pelo risco de queda.
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