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PROBLEMA 4 INTRODUÇÃO / CONCEITOS Trombose pode ser genericamente definida como a formação de um coágulo na circulação, que resulta na obstrução do fluxo de sangue para alguma parte do corpo. TROMBOSE ARTERIAL ❖ A trombose arterial (TA) ocorre tipicamente em pacientes com lesões ateroscleróticas, e as consequências da doença vascular aterosclerótica são a principal causa de morbimortalidade nos países desenvolvidos, representando um evento agudo que converte a aterosclerose crônica – uma doença progressiva, silente e assintomática – em uma complicação clínica sintomática, de risco de vida, incluindo infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral e isquemia de extremidades; ❖ O mecanismo destas tromboses costuma ser (i) o surgimento de pequenas fissuras nas placas ateroscleróticas, que leva à ativação da coagulação na superfície destas placas e consequentemente à formação de um coágulo na parte que ainda estava desobstruída das artérias, ou (ii) a migração de parte de um coágulo formado em outro local para uma artéria mais estreita. Este último processo é chamado de embolia; ❖ A obstrução da circulação arterial resulta na interrupção da chegada de oxigênio para os tecidos que receberiam este sangue, levando a sofrimento agudo e morte destes tecidos em segundos a minutos, caso o fluxo não seja restabelecido ou compensado por outras vias. TROMBOSE VENOSA ❖ A trombose venosa superficial consiste na presença de um trombo no sistema venoso superficial, geralmente associado a um processo inflamatório e, por isso, é chamada de tromboflebite superficial (TFS); - As principais veias dos membros inferiores que podem cursar com TFS são a safena magna e a safena parva. ❖ A trombose venosa profunda (TVP) é caracterizada pela presença de um trombo no sistema venoso profundo. Ao contrário da TFS, está fortemente associada a complicações com alta morbimortalidade; - A principal delas é o tromboembolismo pulmonar (TEP). TROMBO ARTERIAL X VENOSO ❖ As diferenças não são absolutas porque ambos os tipos de trombo são compostos por diferentes quantidades de plaquetas, fibrina e leucócitos; ❖ Além disso, todos os trombos sofrem, de forma contínua, propagação, organização, embolização, lise e retrotrombose, e essa remodelação dinâmica resulta em constante mudança na composição. TROMBOEMBOLISMO VENOSO (TEV) INTRODUÇÃO ❖ A trombose venosa profunda (TVP) caracteriza-se pela formação de trombos dentro de veias profundas, com obstrução parcial ou oclusão, sendo mais comum nos membros inferiores – em 80 a 95% dos casos; - Em membro inferior, a TVP pode ser distal ou proximal, acometendo nesse último caso as veias poplítea, femoral ou ilíaca; 2 - Mais raramente, a TVP pode acometer outros locais, como veias de membros superiores, veias esplâncnicas e seios venosos cerebrais; ❖ As principais complicações decorrentes dessa doença são: insuficiência venosa crônica/síndrome pós-trombótica (edema e/ou dor em membros inferiores, mudança na pigmentação, ulcerações na pele) e embolia pulmonar (EP); - Esta última tem alta importância clínica, por apresentar alto índice de mortalidade. Aproximadamente 5 a 15% de indivíduos não tratados da TVP podem morrer de EP. ❖ A embolia pulmonar (EP) é uma complicação da TVP e ocorre quando o trombo ou um fragmento deste desprende- se e migra até ramos da artéria pulmonar; - Em aproximadamente 90% dos pacientes, os êmbolos pulmonares originam-se de trombos de veias profundas do membro inferior, sobretudo as proximais; ❖ Cerca de 20% dos trombos inicialmente restritos à região distal do membro inferior propagam-se para segmentos proximais, geralmente no período de 1 semana do início do processo, fato que pode trazer implicações clínicas relevantes, como a ocorrência subsequente de EP. - Ressalta-se que os trombos que se desenvolvem nas veias dos membros inferiores podem não causar sintomas, e a EP grave ou mesmo fatal pode ser a primeira manifestação da doença trombótica. ❖ A TVP e/ou a EP, referidas como tromboembolismo venoso (TEV), são distúrbios comuns; - A EP e a TVP,por terem mecanismos fisiopatológicos comuns, apresentam uma relação direta de causa e efeito. ❖ O paciente com TEV pode apresentar-se clinicamente com TVP, EP ou ambos. EPIDEMIOLOGIA ❖ No Brasil, estima-se que a prevalência de TEV seja de 0,6 casos/1.000 habitantes/ano; ❖ A incidência de TEV aumenta com a idade e é maior entre negros e brancos quando comparada com outras etnias; ❖ O TEV é a terceira doença de origem cardiovascular mais comum, após o infarto do miocárdio e o acidente vascular cerebral. ETIOLOGIA / FATORES DE RISCO ❖ O TEV é uma doença de natureza multicausal, que resulta habitualmente da interação de fatores de risco genéticos e adquiridos; ❖ Estado que predispõe ao TEV = trombofilia → determinada por fatores de origem genética e adquirida; ❖ - Há ainda os fatores adquiridos de caráter transitório ou reversível envolvidos na ocorrência do TEV. ❖ As trombofilias compreendem alterações ou características hematológicas que resultam no aumento da capacidade do organismo de produzir coágulo de fibrina ou na redução da capacidade de inibir a ativação da coagulação; - As trombofilias podem ser de etiologia congênita, adquirida ou mista. ❖ O fator V Leiden e a mutação G20210A do gene da protrombina são as causas mais frequentes de trombofilia hereditária em brancos; ❖ A deficiência dos inibidores fisiológicos da coagulação, particularmente da antitrombina, é uma causa mais rara de trombofilia hereditária, presente em uma pequena parcela de pacientes com TEV; - A deficiência de antitrombina é considerada o mais grave dos defeitos genéticos. ❖ Entre os fatores adquiridos, o câncer assume papel de destaque pela frequência e relevância clínica de sua associação com o TEV → importante causa de morbidade e mortalidade; - O TEV em alguns casos pode ser a primeira manifestação que leva ao diagnóstico de doença maligna ainda incipiente, sobretudo entre os mais idosos; - O risco de TEV é maior nos primeiros meses após o diagnóstico do câncer e na presença de metástase à distância. 3 ❖ O risco absoluto de TEV em mulheres em idade reprodutiva gira em torno de 1 caso a cada 10.000 indivíduos por ano, e em usuárias de contraceptivo oral esse risco aumenta para 2 a 3 casos a cada 10.000 indivíduos por ano; - O risco de TEV é maior no primeiro ano de uso do contraceptivo oral. ❖ A terapia de reposição hormonal também aumenta o risco de TEV, principalmente quando a administração do estrógeno é oral. FISIOPATOLOGIA TVP ❖ Em condições fisiológicas, o sangue flui no interior do vaso em camadas cilíndricas e concêntricas (fluxo laminar); - As hemácias situam-se em posição central, mais rápida, e as plaquetas perifericamente. ❖ O endotélio normal não é reativo aos componentes do sangue e às proteínas da coagulação, mantendo um equilíbrio entre coagulação e fibrinólise, porém, com leve tendência à anticoagulação; ❖ O trombo venoso é um depósito intravascular composto de fibrina e glóbulos vermelhos com uma quantidade variável de plaquetas e leucócitos, que se forma, usualmente, em regiões de fluxo baixo ou anômalo dos seios valvares, e em áreas de traumas diretos; ❖ Os fatores tradicionalmente implicados na patogênese da trombose venosa são a ativação da coagulação, a lesão endotelial e a estase venosa (tríade de Virchow). ❖ Em resposta a uma injúria, o equilíbrio trombo-hemorrágico altera-se, favorecendo a formação maciça de trombina e, em última análise, a formação do trombo; ❖ A magnitude destas reações depende da extensão da lesão tissular e da quantidade de plaquetas acumuladas na região; ❖ Após a formação do trombo, iniciam-se reações enzimáticas pelas quaisos complexos pró-coagulantes serão destruídos e as enzimas residuais inibidas; - Isso acontece pelo sistema inibitório da antitrombina III, pelo inibidor da via do FT e pelo sistema da proteína C. ❖ A alteração deste sistema, determinando hipercoagulabilidade pode decorrer de condições constitucionais ou adquiridas, permanentes ou transitórias, definidas como defeitos genéticos (trombofilias) ou da interação dos indivíduos com o ambiente (fatores de risco); ❖ Esta situação atinge-se de vários modos: - Aumento da concentração de fatores de coagulação normalmente existentes; - Aparecimento de substâncias procoagulantes anormais; - Deficiência de fatores inibidores da coagulação, ou ainda pela; - Entrada em circulação de substâncias inflamatórias que condicionam ou estimulam uma resposta coagulante. ❖ A lesão endotelial pode ocorrer por fatores externos (traumas) ou intrínsecos como a ativação das células endoteliais por citoquinas e outros mediadores inflamatórios; ❖ Modernamente postula-se que uma isquemia relativa (hipoxemia por baixo fluxo ou venodilatação excessiva) dos seios valvares e suas cúspides possa ser causa de trombos venosos “espontâneos”. ❖ Os fatores liberados em resposta a uma lesão (por exemplo: operações, traumas e outros) caem na circulação e vão atuar 4 na modulação do sistema fibrinolítico (proteína C – via comum de regulação da coagulação e da resposta inflamatória); - Há aumento dos níveis dos fatores prócoagulantes e agindo nas células musculares lisas da parede venosa com consequente venodilatação → Estase venosa; - A estase permite que a coagulação do sangue seja completada no local de início do trombo (p. ex., atrás de bolsas valvulares das veias da perna em pacientes imobilizados). - Nas válvulas venosas a parede é mais delgada, fazendo com que a isquemia relativa nestes locais seja maior. ❖ A interação do trombo com a parede venosa origina resposta inflamatória intensa loco-regional mediada por neutrófilos e monócitos, baseada em um gradiente de citoquinas; - Esta resposta determina amplificação do trombo por produção de fator tissular e quebra da barreira endotelial pela ação dos neutrófilos; - Por isso, alguns autores acreditam que a inibição da resposta inflamatória seja um bom adjuvante no controle do processo trombótico. ❖ RELEVANTE... A heparina apresenta ação anti-inflamatória moderada além da ação antitrombótica; Isoladamente, a estase venosa é insuficiente para provocar trombose. ❖ CONCLUSÃO... A trombose venosa resulta da ação simultânea da estase local e da alteração da coagulação sanguínea; - A estase parece amplificar os efeitos trombogênicos da ativação da coagulação sanguínea por dificultar a depuração dos fatores de coagulação ativados. TEP ❖ Resulta da oclusão da circulação arterial pulmonar por um ou mais êmbolos; ❖ Os eventos tromboembólicos estão relacionados, em mais de 90% dos casos, com êmbolos originados em sítios de trombose venosa profunda (TVP), principalmente dos vasos da coxa e pelve; - Raramente, os êmbolos podem ser procedentes das veias renais, membros superiores ou do ventrículo direito (VD). QUADRO CLÍNICO O quadro clínico de TVP e/ou TEP se caracteriza pela presença de sinais e sintomas decorrentes da obstrução vascular aguda; TVP ❖ Por vezes ela evolui assintomaticamente; ❖ Dor na musculatura posterior da perna, na coxa ou na região inguinal; - Usualmente limitada à panturrilha nas tromboses de veias de perna; A gravidez configura um estado de hipercoagulabilidade, com aumento de fatores coagulantes, diminuição de anticoagulantes e inibição de fibrinolíticos. Agravando isto há o componente estase, devido à compressão venosa pelo útero grávido e ao efeito venoso das hormonas circulantes. Também os contraceptivos orais e a terapêutica hormonal de substituição têm um efeito trombogênico, aumentando os fatores coagulantes e diminuindo a proteína S e a antitrombina, embora façam aumentar a proteína C. O risco trombótico relacionado com estes hormônios desaparece ao cessar seu uso, e é muito aumentado na presença duma trombofilia congênita. Nas intervenções cirúrgicas (sobretudo ortopédicas, abdominais, urológicas, ginecológicas e neurocirurgias à coluna) e nos traumatismos major, a ocorrência de trombose envolve potencialmente todos os elementos da tríade de Virchow. As lesões tecidulares e a manipulação cirúrgica levam à libertação de substâncias vasoativas e de fatores coagulantes que atuam localmente e à distância, aumentando o risco trombogênico. Este efeito está também relacionado com a inflamação local, mas, sobretudo, com a resposta inflamatória sistêmica, com um efeito procoagulante e, principalmente, de manutenção e crescimento dos trombos formados. A TVP nos membros inferiores é dividida, simplificadamente, segundo sua localização: - Proximal - quando acomete veia ilíaca e/ou femoral e/ou poplítea. - Distal - quando acomete as veias localizadas abaixo da poplítea. O risco de EP e a magnitude da síndrome pós-trombótica (SPT) decorrente da TVP proximal são maiores. Entretanto, existe um risco de progressão da trombose distal para segmentos proximais de até 20%. Síndrome pós-trombótica → edema e/ou dor em membros inferiores, mudança na pigmentação, ulcerações na pele. 5 - Se e veias proximais → a dor pode se apresentar difusa ou em qualquer segmento do membro, raramente sendo muito intensa. ❖ Nos membros superiores, a dor limita-se ao braço e antebraço. ❖ Característica da dor: queimação, cãibra ou sensação de peso, tendo caráter insidioso e intensidade variável, mais branda com o repouso e mais intensa com o esforço; ❖ Ao exame físico → dor em pontos específicos de trajetos venosos à palpação; - O sinal da dorsiflexão dolorosa (Homans) é de baixa sensibilidade e especificidade; ❖ O edema unilateral ou assimétrico é o melhor sinal de TVP; - Exceção → trombose da veia cava inferior (bilateral); - Na maioria das vezes, fica restrito ao tornozelo na trombose de veias da panturrilha; - Nos casos de trombose ilíaco-femoral o edema pode acometer todo o membro; nesta condição pode aparecer o quadro de phlegmasia alba dolens, onde, ao lado do edema difuso, há também palidez cutânea acentuada da extremidade, decorrente de espasmo arterial. ❖ Sinal da Bandeira: o comprometimento das veias musculares da panturrilha torna a musculatura mais túrgida, fato perceptível à palpação da região com o joelho fletido; ❖ Distensão do sistema venoso superficial no território da obstrução pode ser perceptível à visualização direta → pouco comum; - É mais comum em região pré-tibial (veias sentinelas de Pratt), em regiões inguinais e supra-púbica nas tromboses de território ilíaco-femoral e no ombro nas oclusões de veia subclávia. ❖ Cianose cutânea; ❖ Em casos mais graves → trombose venosa extensa, atingindo inclusive as vênulas e capilares venosos, aparece o quadro de phlegmasia cerulea dolens: - Cianose, petéquias, diminuição de pulsos e síndrome compartimental. ❖ Pode ocorrer choque por represamento de parte da volemia e edema intersticial; ❖ Em casos mais graves → gangrena venosa, com alta taxa de mortalidade e de amputações. ❖ Do ponto de vista geral, pode ocorrer febre baixa e mal estar inespecífico, além de aumento da temperatura do membro afetado. TEP ❖ Os sinais e sintomas mais descritos na EP são: - Dor pleural; - Taquipnéia; - Dispnéia aguda ou piora do padrão respiratório; - Taquicardia; - Síncope; - Tosse e hemoptise; - Sinais e sintomas de TVP (10%) e antecedentes de trombose. ❖ Nos pacientes com TEP agudo e maciço (área arterial pulmonar acometida em mais de 50%), pode ocorrer síncope e colapso cardiovascular → súbita redução do débitocardíaco e do fluxo sanguíneo cerebral; - Além disso, hipotensão arterial, hipoxemia grave ou mesmo morte súbita. DIAGNÓSTICO TVP ❖ Suspeita clínica: - TVP prévia, com câncer ou confinados em feito; - No membro inferior, tumefação ou dor unilateral, na coxa ou na panturrilha; - Edema notado por fóvea à pressão digital; - Presença de veias colaterais superficiais não varicosas na perna são sinais importantes; - DD: celulite, miosite, hematoma muscular e ruptura de cisto de Baker. ❖ Dosagem de D-dímeros no plasma: - São produtos da degradação de fibrina aumentam quando há trombose recente; - Útil na suspeita de trombose venosa, principalmente quando auxiliado pelo escore de probabilidade clínica de Wells; Resumindo... Os sinais e sintomas mais frequentemente presentes nos pacientes com TVP são: dor na perna (dor em repouso que piora com o movimento), dor à palpação da panturrilha, edema com hiperemia unilateral (diferença > 3 cm entre o membro acometido e o seu correspondente) e dilatação/aparecimento de veias superficiais colaterais. 6 Obs.: Para TVP recorrente é recomendado usar o escore de Wells modificado (que inclui pontuação extra para a história prévia de TVP). - Um resultado negativo é útil em setores de emergência de hospitais para excluir o diagnóstico de TVP e de TEP e dispensar exame radiológico; - Útil quando houver suspeita de um novo trombo em localização já trombosada, onde o scanning mostra resultado duvidoso; - Limitação: elevação de D-dímeros em câncer, inflamação, após cirurgia ou trauma; - É muito útil quando não se tem ultrassonografia. ❖ Ultrassonografia com compressão seriada: - Método confiável e prático; - Suspeita de TVP nas pernas e em outros lugares; - Pode ser combinada com Doppler espectral, em cores ou potencializado (duplex) → melhora a precisão, pois pode focalizar em veias individuais; - Não faz distinção entre trombos agudos e crônicos. ❖ Ecodoppler: - É o método de estudo padrão-ouro no diagnóstico de TVP dos membros inferiores; - É um método não invasivo, de baixo custo, fácil acesso e com sensibilidade e especificidade elevadas para doentes sintomáticos; - Permite distinguir processos de TVP recentes de não recentes; - O ecodoppler é um método de eleição no seguimento dos doentes com TVP, permitindo avaliar o grau de recanalização e alterações sequelares. ❖ Imagem por ressonância magnética (IRM): - Útil, porém é cara; - Indicação → paciente obeso ou em caso de immobilidade do membro com gesso. TEP ❖ Suspeita clínica: - Sinais ou história prévia de TVP; - Imobilização por mais de dois dias ou cirurgia recente (< 4 semanas); - Hemoptise ou se se tratar de paciente com câncer; - DD: IAM, pneumonia, IC, asma brônquica, DPOC, neoplasia torácica, fratura de costela, pneumotorax, dor de origem músculo-esquelética e bacteremia (liberação de mediadores causando hipoxemia e hipotensão). ❖ Rx de tórax → É inexpressivo, porém pode mostrar evidência de infarto pulmonar ou derrame pleural; - No entanto, a oclusão de ramos segmentares ou lobares da artéria pulmonar pode causar relativa hipertransparência da região irrigada por estes vasos (sinal de Westermark) → dilatação proximal de um vaso embolizado, associado ao colapso dos vasos diatais.; - É útil no diagnóstico diferencial do TEP com pneumonias, asma brônquica, pnemotórax, etc; - A configuração clássica é a presença de área triangular de condensação pulmonar de densidade homogênea e com ápice voltado para o hilo (sinal de Hampton), sugestiva de infarto pulmonar. ❖ ECG → É feito para determinar se há sobrecarga do ventrículo direito, o que só ocorre em casos relativa- mente graves; ❖ D-dímero → uma dosagem normal de D-dímeros exclui TPE em paciente com um baixo escore de probabilidade pré- teste. ❖ Cintilografia de ventilação-perfusão (VQ) → Detecta regiões do pulmão ventiladas, mas não perfundidas; ❖ Angiografia/Arteriografia pulmonar: -Tradicionalmente, foi considerada o método padrão ouro para diagnóstico de TEP; -Todavia, a angiografia pulmonar é um método invasivo, disponível em poucos centros e utilizado cada vez menos, mesmo quando os outros exames não são conclusivo. 7 ❖ Angiografia pulmonar com tomografia computadorizada (TC) ou Angiotomografia helicoidal de tórax (TCH) → Cortes finos do pulmão são varridos por TC espiral, permitindo a visualização de defeitos de enchimento nas artérias pulmonares; ❖ Angiografia pulmonar com IRM → A IRM amplificada com gadolínio é uma técnica relativamente nova e cara, mas precisa. ALGORÍTMO DIAGNÓSTICO 1. Todos os pacientes devem ter uma radiografia do tórax → excluir anormalidades tais como pneumonia que podem mimetizar TEP clinicamente; 2. Pacientes com sintomas ou sinais de TVP devem ser submetidos à avaliação dos membros inferiores, sendo o ultrassom (US) com Doppler colorido. Caso o exame de US com Doppler seja positivo para TVP → pcte considerado como tendo TEP e geralmente não requer outra investigação. 3. Pacientes com suspeita clinica de TEP e sem sinais ou sintomas de TVP devem ser submetidos à angiografia pulmonar por TC espiral. Se o pcte tem contraindicação à utilização do meio de contraste (iodo) devem realizar cintilografia pulmonar. Que é o método de imagem principal em centros que não possuem TC espiral. 4. Pacientes com exames de TC de má qualidade e negativos para TEP, mas com elevada suspeita clínica, devem ser submetidos à angiografia pulmonar. TRATAMENTO ❖ Os objetivos do tratamento do TEV incluem a: prevenção da extensão, da embolização e da recorrência do fenômeno trombótico e a restauração do fluxo no interior do vaso. ❖ O tratamento central do TEV consiste na: - Administração de anticoagulantes → evitam a extensão do trombo, dando tempo para que o sistema fibrinolítico fisiológico possa degradar a rede de fibrina e garantir a normalização do fluxo. - A anticoagulação é também altamente eficaz na prevenção da embolização e da recorrência precoce e tardia da trombose. - Já os fibrinolíticos → induzem a lise do trombo, promovendo rápida desobstrução vascular e restauração do fluxo. - Entretanto, a fibrinólise é reservada para casos selecionados. ❖ Diagnóstico confirmado de TEV → tratamento anticoagulante não pode ser postergado; - Em situações de forte suspeita clínica de TEV → iniciar terapia anticoagulante enquanto se aguarda os resultados. ❖ Fase aguda → tratamento com heparina ou fondaparinux, com introdução da anticoagulação oral (drogas antagonistas da vitamina K) já no primeiro dia de tratamento na maioria dos casos; - A heparina ou o fondaparinux devem ser mantidos juntos com os anticoagulantes orais por pelo menos 5 dias → Suspensos desde que a anticoagulação oral esteja em faixa terapêutica por pelo menos 24 horas. ❖ A abordagem inicial do paciente com trombofilia, à época do episódio agudo de trombose, não difere daquela que é feita com o paciente sem trombofilia e administra-se o tratamento anticoagulante da mesma maneira; - Mesmo na presença de deficiência de antitrombina, o paciente é capaz de responder à administração de heparina. ❖ O uso de meias de compressão elástica no tratamento da TVP deve, em regra, considerar-se logo que o edema esteja praticamente resolvido e se não existirem contraindicações, tais como, insuficiência arterial periférica com índice braço/perna < 0,8. - Devem ser prescritas meias até abaixo do joelho, AD, de classe II de compressão; -No período inicial as meias elásticas poderão ser até a raiz da coxa ( AG ); - As meias devem ser colocadas de manhã e retiradas à noite; - Ensaios clínicos têm mostrado que o seu uso continuado durante dois anos diminuiu a possibilidadede síndrome pós-trombótico. ❖ Os principais anticoagulantes disponíveis para o tratamento da TVP são: • Heparinas Não Fraccionadas (HNF); • Heparinas de Baixo Peso Molecular (HBPM); • Anti-vitamina K (AVK); • Novos Anticoagulantes Orais (New Oral Anticoagulants/NOACs). - Duração do tratamento: A duração da anticoagulação após um episódio agudo de TEV depende da avaliação conjunta do risco de recorrência e de sangramento do paciente e da aderência do mesmo ao tratamento. De modo geral, nos pacientes que desenvolvem um primeiro episódio de TEV, nos quais não haja a persistência de um fator de risco, a anticoagulação é feita por 3 a 6 meses. HNF ❖ São cadeias de mucopolissacarídeos com pesos moleculares entre 5.000 e 25.000 daltons; ❖ Atuam por inibição de vários fatores de coagulação → fatores Xa e Iia; ❖ Administrados por IV ou subcutânea S/C - Por via IV têm uma semivida de 1-2 horas e por via S/C de 2-4 horas; o que não permite tratamento com uma só administração por dia; 8 ❖ A sua excreção é hepática; ❖ Por via IV a ação é imediata e a janela terapêutica, entre o efeito anticoagulante desejado e o risco hemorrágico, é pequena; - Quando se utiliza esta via a dose tem de ser controlada pela determinação do PTTa 4-6 horas após a primeira toma e assim sucessivamente; - O efeito terapêutico é obtido com uma dose que prolonga este tempo de 1,5 a 2,5 vezes; - No paciente estável, o TTPA pode ser realizado uma vez ao dia, com o cuidado para que a infusão IV seja contínua. ❖ Os seus efeitos podem ser neutralizados pelo sulfato de protamina; ❖ Podem induzir trombocitopenia e osteoporose; ❖ As HNF podem ser administradas sob a forma de sal sódico ou cálcico; - A forma de heparina sódica é a mais usada, quer por via IV quer por via S/C; - A heparina cálcica só se administra por via S/C. ❖ Anticoagulação profilática → dose de 5.000 unidades por via SC a cada 8 ou 12 horas, em função do peso e do risco trombótico do paciente; - Nesses casos,os consensos não recomendam um controle laboratorial sistemático da intensidade de anticoagulação. ❖ Anticoagulação plena → deverá ser iniciada com dose de ataque em bolus que será calculada em função do valor de r- TTPa (pré-heparina) e poderá ser na dose de 5.000 unidades no paciente adulto; - Essa dose de ataque visa saturar os sítios de ligação da heparina e obter nível estável em até 6 horas. - A dose de manutenção deverá ser iniciada imediatamente após a dose de ataque, e, no paciente adulto, poderá ser de 18 (15-25) UI/kg/h, por infusão contínua intravenosa. - Menores de 1 ano → dose de 28 UI/kg/h; - Criança > 1 ano → dose de 20 UI/kg/. ❖ Relação do tempo de tromboplastina parcial ativada (r- TTPa),cujo valor terapêutico está no intervalo entre 1,5 e 2,5. ❖ A dosagem da atividade anti-Xa também mensura o nível de anticoagulação pela HNF e deverá ter seu valor entre 0,3 e 0,7 unidades anti-Xa/mL. HBPM ❖ As HBPM foram obtidas a partir das HNF e têm pesos moleculares médios entre 4.000 e 5.000 daltons; ❖ No tratamento da TEV as HBPM têm vindo a substituir as HNF. A preferência pelas HBPM resulta das suas características: - Longa semivida (1,7-7 horas) o que permite uma única dose diária; ❖ Excreção renal com previsibilidade do efeito terapêutico, em doentes com função renal normal; ❖ Menor ação sobre a função plaquetária e melhor relação na ação anti-Xa/ anti-IIa; ❖ Não atravessam a placenta permitindo assim o seu uso na gravidez. ❖ Destas características resulta na prática clínica: - Uso por via subcutânea; - Tem início de ação em 1 hora e pico de ação em 4 horas; - A meia-vida plasmática varia de 3 a 4 horas; - Uma só dose diária; - Em doentes com função renal normal, a dose a prescrever é só em função do peso; - Menor risco hemorrágico e de trombocitopenia induzida pela heparina; - Sem necessidade de controlo laboratorial; 9 - Possibilidade de uso em ambulatório (regime indicado sempre que possível); - Redução de custos e uso mais fácil. ❖ Anticoagulação profilática → enoxaparina na dose de 40 mg SC, uma vez por dia,ou 30 mg SC a cada 12 horas; - Nadroparina, 2.850 unidades SC, uma vez por dia; ou dalteparina, 5.000 unidades SC,uma vez por dia; - É fundamental monitorar a contagem plaquetária (colher antes deiniciar a HBPM e periodicamente durante todo o período de sua administração). ❖ Anticoagulação plena pela HBPM poderá ser realizada conforme proposto na Tabela IV. - Alta previsibilidade de efeito anticoagulante → não precisa de controle laboratorial sistemático da eficácia; - Porém as situações descritas na Tabela V necessitam de monitoramento pela atividade anti-Xa. ❖ Independentemente do controle da eficácia, os pacientes que recebem heparina deverão ser monitorados quanto à ocorrência de possíveis complicações; - Para esse fim, recomenda-se a realização de exames laboratoriais (Hb, Ht, contagem plaquetária, INR e r-TTPa) antes de iniciar e periodicamente durante toda a terapia; - A frequência da coleta poderá variar em função do quadro clínico e da suspeita de hemorragia ou plaquetopenia. AVK OU ANTICOAGULANTES ORAIS ❖ Os anticoagulantes orais, em especial a warfarina sódica, produzem seu efeito anticoagulante pela interferência na interconversão cíclica da vitamina K e da epóxi-vitamina K; ❖ A dose inicial recomendada é de 5 mg/dia (sempre à mesma hora) com controle laboratorial do INR; ❖ A varfarina é iniciada ao 1º ou 2º dia, mantendo-se a sobreposição com HBPM durante o tempo necessário, em regra 4-5 dias, até obter valores de INR entre 2 e 3, em determinações de dois dias consecutivos; - A partir daqui, a determinação do INR deve ser semanal no 1º mês e bimensal até ao fim do tratamento. ❖ Em doentes a fazer AVK e que requerem interrupção temporária da mesma para, por exemplo, serem submetidos a um procedimento cirúrgico, devem substituir o AVK pela HBPM (dose preventiva) uma semana antes. ❖ A warfarina sódica (derivado cumarínico) é rapidamente absorvida no trato gastrintestinal; - Atingindo concentração máxima no sangue em 90 minutos após a sua administração oral; - Porém a anticoagulação eficaz somente será atingida num período de 2-7 dias após o início da sua administração; - A meia-vida de eliminação da warfarina varia de 36 a 42 horas; - Metabolização e eliminação hepáticas; - Efeito anticoagulante se mantém por um período de 5-2 dias após a sua suspensão; ❖ A intensidade da ação anticoagulante dos AVK sofre grande influência de fatores genéticos e de fatores ambientais → relativa imprevisibilidade de ação anticoagulante; - Em decorrência dessa imprevisibilidade → controle sistemático e periódico da sua eficácia; - A dose de AVK adequada para atingir anticoagulação eficaz e segura deverá ser individualizada, podendo variar em diferentes momentos da vida de um mesmo paciente. ❖ O exame mais utilizado, na prática clínica, para controle da anticoagulação oral é o tempo de protrombina (TP) com a razão de normatização internacional (INR); - O nível adequado de INR está no intervalo de 2,0 a 3,0 (demora de 2-3 dias) → Oferece o mínimo de risco hemorrágico e trombótico; ❖ A dose do anticoagulante oral poderá ser aumentada ou diminuída em 20 a 40% pelo fato de os valores de INR estarem abaixo ou acima do nível desejado; ❖ O exame de INR poderá ser feito a cada 4 - 5 semanas, contanto que não ocorra nenhuma das seguintes situações: hemorragia, mudança da dose de AVK, adição ou suspensão de medicamentos, mudança nas condições clínicas do paciente ou grandes mudanças no hábito alimentar. Os parâmetros que permitem alterar a dose do anticoagulante são: valor do RNI e presença de sangramento. ❖ Na prática clínica, sempre que houver adição ou suspensão de algum medicamento, quepode interferir na ação da warfarina → novo controle do RNI após uma semana. ❖ A hemorragia é a complicação mais temida e é muito mais frequente em pacientes excessivamente anticoagulados; - Nestes casos, correção da dose pode reverter esse risco; ❖ Para os pacientes adequadamente anticoagulados que apresentarem sangramento → pesquisar a presença de neoplasias ou úlceras locais. 10 NOVOS ANTICOAGULANTES ORAIS ❖ Os novos anticoagulantes atuam através da inibição específica de determinado fator de coagulação; ❖ Características: facilidade da administração oral, início de ação relativamente rápido e resposta anticoagulante previsível, dispensando a necessidade de monitoração na grande maioria dos casos; ❖ O rivaroxabano é um inibidor direto do fator Xa, altamente seletivo, específico e competitivo, de administração oral; ❖ A inibição do fator Xa interrompe a via intrínseca e extrínseca da cascata de coagulação sanguínea, inibindo a formação de trombina e o desenvolvimento de trombos; ❖ É rapidamente absorvido e atinge as concentrações máximas 2-4h após ingestão do comprimido; ❖ O Rivaroxabano apresenta uma meia-vida de 5-9 horas, em indivíduos jovens, e de 11-13 horas nos idosos. ❖ Deve ser usado com precaução em doentes com taxa de depuração de creatinina 15-29 ml/min (compromisso renal grave); O rivaroxabano não deve ser usado com outros anticoagulantes; FILTRO DE VEIA CAVA INFERIOR ❖ O filtro de VCI é um dispositivo implantado na VCI com o objetivo de impedir a passagem de trombos que podem chegar às artérias pulmonares e provocar EP; ❖ Em pacientes com contraindicação à anticoagulação, o filtro de VCI pode ser uma opção de manejo terapêutico; ❖ Indicação: pacientes com episódio agudo de TVP proximal ou EP em que a terapia anticoagulante não é possível devido a um alto risco hemorrágico; ❖ Embora reduzam o risco de EP, filtros de VCI permanentes estão associados a um aumento da frequência de TVP de membro a longo prazo. FIBRINOLÍTICOS ❖ Atuam dissolvendo a rede de fibrina, tem aplicação em casos selecionados, cuja imediata desobstrução vascular é importante para a evolução do paciente, como na EP maciça com comprometimento hemodinâmico; ❖ A fibrinólise sistêmica é realizada por meio da infusão IV de agentes ativadores do sistema fibrinolítico: estreptocinase, urocinase e ativador tissular do plasminogênio recombinante. ❖ A fibrinólise pode também ser realizada localmente no manejo de TVP de membro, por meio de um cateter que instila o agente fibrinolítico no interior do trombo; - Não é um procedimento de rotina, sendo considerada em casos selecionados, como pacientes com TVP aguda proximal extensa (p.ex., segmento ilíaco-femoral, sintomas há menos de 14 dias e expectativa de vida acima de 1 ano) e com baixo risco hemorrágico; ❖ - Objetivos principais: minimizar os sintomas agudos e as manifestações da síndrome pós-trombótica. ❖ Complicação → Sangramento, seja local ou sistêmico, de modo que o benefício potencial da lise do trombo deve ser sempre avaliado em relação ao risco potencial de sangramento; ❖ Após o tratamento fibrinolítico → terapia anticoagulante. PROFILAXIA ❖ Deambulação precoce e frequente →vdeve ser estimulada, porém não é eficaz, sozinha, na prevenção de eventos tromboembólicos; ❖ Meias de compressão graduada ou Compressão Pneumática Intermitente (CPI) → indicadas de forma isolada em pacientes com baixo risco trombótico ou com contraindicação à anticoagulação por alto risco hemorrágico; ❖ Profilaxia farmacológica na prática clínica é realizada, sobretudo, com a HNF ou a HBPM; - O inconveniente da HNF é que ela necessita de duas a três injeções diárias por via SC, o que torna a HBPM uma opção mais interessante; ❖ O fondaparinux também tem se destacado como uma opção na profilaxia; ❖ Os antiagregantes plaquetários, como a aspirina, não devem ser utilizados com o objetivo de prevenir TEV. Na profilaxia do TEV, a decisão a respeito do tipo de anticoagulante a ser instituído, sua dose, momento de início e tempo de uso depende da situação de risco em que o paciente é exposto e da presença de fatores adicionais que aumentam o risco trombótico.
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