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Aula 6 – (15/03/21) Clínica I Paulo França Pereira Barbosa Controle mecânico do biofilme dental & Motivação do paciente. Esse controle mecânico do biofilme é realizado tanto pelo profissional dentro do consultório, quanto pelo paciente que desempenha o papel mais importante nesse processo. O profissional deve motivar corretamente o paciente e o manter motivado para realizar esse processo Como o paciente pode controlar o biofilme dental? Ele pode utilizar métodos mecânicos e químicos que irão desorganizar o biofilme, removendo (Parcialmente) e/ou matar os MO ali presentes Controle mecânico: Altera a quantidade de biofilme Diminui sua complexidade Reduz espécies periodontopatogênicas Controle químico: Provoca alterações quantitativas e qualitativas de bactérias Previne, para ou retarda a aderência bacteriana Altera a patogenicidade do biofilme dental Ação preventiva Obs: O controle mecânico apresenta melhor desempenho quando comparado com o químico, pois o mesmo remove e desorganiza o biofilme já formado. Por que remover o biofilme? Controle de biofilme afeta o crescimento e a composição do biofilme subgengival Redução do biofilme subgengival e do número de perioodontopatógenos Forma efetiva de tratar e prevenir gengivites e doenças periodontais Motivação do paciente: Todo paciente deve ser encorajado e responsabilizado pela sua própria saúde bucal cotidiana Por que eu devo motivar meu paciente? Por que o controle do biofilme atua na: Prevenção e controle de DPs Halitose e aparência Preservação da saúde bucal e manutenção de saúde sistêmica Prevenção dentária. O que todo paciente precisa? Escova denta + Fio dental (Higiene das regiões interdentais) Escova de dentes: Criada na china em 1600 Confeccionada com madeira e pelo de porco 1857 nos EUA 1ª patente 1938 – modernização (Cerdas de Nylon) Design das escovas de dente: Formada por tufos de cerdas Cerdas com corte plano Cerdas com pontas arredondadas Dureza: É inversamente proporcional ao diâmetro (Quanto mais fina a cerdas menor dureza a escova vai apresentar) Ultramacias: Cerdas extremamente flexíveis Indicada para pacientes que aplicam muita força durante a escovação Macias: Flexíveis Limpam embaixo da superfície sulcular Atingem com mais profundidade a superfície dentárias interproximais Duras: Causa recessões gengivais Abrasão dental Depende da ação de limpeza e da dureza das cerdas. Qual a escova de dente ideal? Cerdas macias e arredondadas de diâmetro pequeno (Remover biofilme sem traumatizar tecidos) Pequena/ apropriado com o tamanho da boca (Deve atingir todas as regiões da boca) Cabo com espessura compatível com a destreza manual do paciente. Obs: Escovas com cerdas dispostas em várias direções, podem apresentar um bom desempenho, entretanto o tamanho da cabeça pode interferir na limpeza de áreas mais profundas. Tamanhos: Nº 25 – Pequena Nº 30 – Média Nº 35 – Grande Obs: o cabo deve ser adequado para a destreza do paciente Cuidados com a escova dental: Contaminação Bactérias, vírus, parasitas intestinais Microbiota bucal e meio ambiente Não compartilhar escovas Deixar secar entre o uso Aplicar desinfetante 1 x por semana (Clorexidina) Uso de dentifrício com antisséptico Deve ser protegida com protetor de cerdas (Evita contaminação cruzada) Métodos de escovação: Existem várias técnicas. Obs: Técnica de escovação de criança é diferente de técnica de escovação para adulto. Escovação horizontal ou Scrub Indicação: Pacientes com pouca coordenação motora Técnica: 1 - Com os dentes cerrados, escova é posicionada à 90° em relação a coroa 2- movimentos horizontais. Obs: Não abrange totalmente a região do dente Escovação vertical ou Leonard Indicação: Paciente com pouca coordenação motora Técnica: 1 – Com os dentes cerrados, escova é posicionada à 90° em relação a coroa 2 – Movimentos verticais Escovação circular ou Fones Indicação: Crianças ou paciente com perda de coordenação motora Técnica: 1 – Com dentes cerrados, escova é posicionada à 90º em relação a coroa 2- Movimento circular Escovação sulcular ou Bass Indicação: Remoção de biofilme na área próxima à margem gengival e pacientes portadores de gengivites e periodontites Técnica: 1 - A cabeça da escova é colocada à 45º em relação à superfície dental, com as cerdas penetrando no sulco gengival (até 0,5mm) 2 – Realizar leves movimentos vibratórios de vai e vem no sentido mesio-distal, 3- Logo após a escova deve deslizar na face livre no sentido cervical- oclusal 4 – Escova verticalizada nos dentes anteriores e movimento de tração na oclusal Vantagens: Movimento de fácil controle Concentra a ação de limpeza nas porções cervicais e interproximais do dente Obs: Repedir o movimento aproximadamente 6 x em cada dente. Escovação vibratória ou chaters Indicação: Casos de recessão gengival ou ainda indicado após cirurgias periodontais e áreas com perda de papila interproximal Técnica: 1 – Posicionar a escova com as cerdas apontadas para a coroa, em um ângulo de 45° em relação ao longo eixo do dente 2 – Direção das cerdas voltadas para face oclusal 3 – laterais das cerdas pressionadas contra a gengiva com movimento vibratório 4 – Faces oclusal: Movimentos de vai e vem Qual é o método mais adequado? Aquele que o paciente já executa! O profissional deve apenas adaptar a técnica já utilizada para que atenda as necessidades do paciente em relação ao controle de biofilme. Obs: Se o paciente consegue remover de maneira eficiente o biofilme e possui saúde periodontal não se faz necessário interferir no método da escovação. Quantas vezes por dia é recomendado escovar os dentes? Do ponto de vista periodontal: 1x ao dia ou 1x a cada 2 dias Escovação e uso de recursos auxiliares para área interdental Dificuldade de extrapolar esses resultados para a população Consenso: Pelo menos 2x ao dia com dentifrício fluoretado Escovação + Limpeza de regiões interproximais Prevenção de cárie e doença periodontal Obs: <2 minutos diários de escovação: Remove 40% do biofilme (Necessário remover mais) Quanto tempo devemos passar escovando o dente? A maioria dos pacientes escovam durante 30 a 60 minutos Pelo menos 2 minutos de escovação. Boa escovação: Média de 3 minutos Remoção total de biofilme: Média de 6 minutos Estratégia: Ouvir músicas durante a escovação Quanto tempo dura uma escova de dentes ? Depende da relação entre a frequência de escovação e a força executada. Média de durabilidade: 3 meses de uso. Quando devo trocar a escova? Média de 2 a 3 meses Ao primeiro sinal de perda de função Redução da eficiência de remoção de placa Cerdas afiladas Redução do diâmetro Redução da capacidade de remover placa Uso racional do dentifrício (Pasta de dente) Recomenda-se colocar na transversal, em quantidade de 1 pingo, evitando excesso. Escovas de dentes elétricas Movimentos oscilatórios e rotatórios e energia acústica de baixa frequência Alto custo Remoção de biofilme levemente superior à escova convencional Indicação: Paciente com dificuldades motoras Pacientes com deficiências mentais Crianças pequenas Higiene realizada por um cuidador Obs: Escovas elétricas apresentam uma certa superioridade, entretanto não anula a eficácia da escova convencional. Remoção de biofilme interdental: Escovas dentais não alcançam as superfícies interfproximais com eficiência Áreas de difícil acesso Reservatórios de biofilme Maioria das doenças periodontais e dentarias tem origem nas superfícies interproximais Material utilizado na limpeza: Fio dental ou fita dental Fio Dental encerado: Favorável para dentes com contato interproximais muito apertados Fio dental não encerado: Se abre em múltiplas fibras e promove maior área de higiene Indicado para pontos de contato normais Fita dental: Maior superfície de abrangência Super floss: Indicados para espaços proximais amplos e aparelhos ortodônticos Técnica para o uso de fio dental: Pedaço de fio de 30 a 50 Cm Segurando o fio com as duas mãos utilizando o dedo polegar e indicador Penetra o fio na região interdental até a região do sulco gengival Agarra um dente Realiza movimento de vai e vem subindo e descendo toda a superfície Enrola no dedo a parte utilizada e deixa exposta a região ainda não utilizada Agarra o outro dente do mesmo espaço interproximal e realiza o mesmo movimento Obs: O fio dental deve ser utilizado 2 vezes no mesmo espaço interproximal, sendo 1 vez agarrando cada dente que forma esse espaço Limpeza da língua: A língua age como reservatório que permite acúmulo e estagnação de bactérias e resíduos alimentares Principal sítio de compostos sulfurados voláteis (Halitose) Dispositivos para limpeza: Raspadores de língua (15s), Verso da escova com limpador de língua, própria escova de dente. Recursos de limpezas auxiliares: Porta –Fio Pacientes com limitações motoras para o uso do fio dental convencional Cuidadores Deve ser trocado sempre que o fio se torna sujo ou desfiado (Pode exigir vários em uma única limpeza) Funcionam da mesma forma que o fio dental convencional Passa-fio Sempre utilizado associado ao fio dental/fita dental Auxilia na passagem do fio dental em locais onde há impedimento de introdução cérvico-oclusal Aparelhos ortodônticos Ponte fixa Escovas interproximais Consiste em cerdas de nylon macias torcidas em um fio de aço inoxidável Várias formas e tamanhos Cilíndricas e cônicas Diferentes tamanhos são necessários para diferentes tipos de espaço interproximal Indicação: Aparelhos ortodônticos Pônticos Próteses implanto-suportadas evitar haste de aço Diastemas Espaços interdentais amplos Como utilizar: Inserir nos espaços interdentais ou entre o aparelho e realizar movimentos de vai e vem e rotatórios Foft picks (Palitos emborrachados) Alternativa para pacientes com limitação motora ao uso de fios dental com espaço interdental preenchido Fio dental apresenta superioridade na remoção de biofilme Escovas uni e bitufo Escovas com pequena cabeça, dotadas de um pequeno grupo de tufos ou único tudo de cerdas Tufo: Tem de 3-6 mm Podem ser afilado ou reto Cabo reto ou contra-angulado (Melhora o acesso a superfícies linguais e palatinas) Cerdas colocadas na região a ser limpa e ativadas com movimentos de rotação. Melhoram acesso de higienização em: Dentes mal posicionados, girovertidos ou apinhados Dentes isolados Superfícies distais de molares Próteses fixas e pônticos Aparelhos ortodônticos Dentes afetados por recessão gengival Áreas com envolvimento de furca Obs: Realizar movimentos giratórios Irrigadores orais: Jato pulsátil de alta pressão Limpam bactérias não aderentes e fragmentos da cavidade bucal Úteis na remoção dos fragmentos de áreas inacessíveis (Aparelhos ortodônticos, próteses fixas, próteses sobre implantes Adjuntos da escovação dental, efeito benéfico sobre a saúde periodontal Obs: Não substitui o uso da escova ou fio dental. Efeitos colaterais da escovação excessiva: Abrasão do esmalte Recessão gengival Sensibilidade Perda precoce da escova Motivação para um controle de biofilme eficiente: É uma tarefa desafiadora! 100 pacientes tratados com DP moderada e grave Orientados a utilizar 1 ou + dispositivos de limpeza interproximal: 20% usavam após 6 meses Orientados a utilizar 3 ou mais dispositivos: 1/3 havia parado todos os métodos de limpeza interproximal após 6 meses Para se obter sucesso, requer do paciente: Receptividade e entendimento sobre a doença periodontal, comparecer visitas Disposição para mudar de hábitos de higiene Deve estar apto a ajustar crenças pessoais, valores e práticas para acomodar novos regimes Encorajamento do paciente: Cognitivo: Se adequar ao raciocínio e entendimento do paciente Processo de aquisição de conhecimento Linguagem, memória, raciocínio Faz parte do desenvolvimento intelectual Ensinar para paciente métodos de higiene oral de maneira compatível com seu entendimento Psicomotor: Respeitar as limitações físicas e psicológicas do paciente Psicomotricidade Função psicológicas, físicas e motoras Adaptar a maneira de higiene à capacidade do paciente Afetivo- emocional: Respeitar e se adaptar a situação emocional do paciente Considerar motivos pessoais Depressão, ansiedade, auto-estima Mostrar-se preocupado com a saúde do paciente Evidenciação de Placa: Pode auxiliar na motivação do paciente (Visualização da higiene) Não é determinante para verificar presença de doença. Índice de sangramento gengival: Verificar a presença de inflamação gengival Correlação fortemente negativa com a progressão da doença Como fazer a instrução e demonstração de higiene? No próprio paciente ou no macro modelo Participação do paciente Supervisão cuidadosa com correção de erros Como fazer? Verificar as condições da escova de dente atual Corar placa após escovação convencional do paciente Demonstração da técnica de escovação (Observa no espelho) Paciente tenta executar sozinho (Correção dos erros e incentivo pelo instrutor) Procedimento repetido com dispositivos de limpeza interdental Consulta de retorno: Reforçar ou modificar as instruções prévias, identificar as dificuldades encontradas, adaptar a técnica para maior efetividade. Registrar periodicamente o estado de saúde gengival e quantidade de placa
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