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A terminologia utilizada em gestão de projeto é a base para o entendimento... (A)Conceito ou iniciação (B)Implementação (C)Planejamento (D)Conclusão A A, C, B e D Compras é a area responsavel por adquirir… O objetivo da area de comprar… isso indica que… A função de compras é primordial… E As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a segunda não justifica a primeira. Conforme verificado na aula de TEEP a cultura organizacional... A 4-6-1-7-2-5-3 Conforme verificado na aula de TEEP algumas empresas ainda adotam o sistema de medição por meio de triangulos… Simbolo de rugosidade superficial N11 D Rugosidade maxima de valores Ra (µm): 25 Conforme verificado na aula de TEEP o MSA B Acima de 30% Conforme verificado na aula de TEEP os desenhos utilizados em empresas geralmente são divididos… Defina padrão de rugosidade Ra... A Corresponde a media aritmetica dos valores dos pontos de perfil da rugosidade (Yi) em relação a uma linha media dentro de um percurso de medição (lm) Dentro da hierarquia em que estão distribuidas as funções do PPCP, A I. apenas Dia a dia tem se observado a necessidade , o desenvolvimento e a pratica da logistica reversa... Somente pontos concernentes ao ciclo de vida basico de um projeto. D Iniciação, planejamento, implementação e encerramento. Em uma industria metalurgica um produto possui 12 operações... B a) 0,76min/pç b) 6 c) 0,76 min d)93% e) 720 Independente da area de atuação cada vez mais observa-se a necessidade... Que melhor caracterize o Circulo de Controle da Qualidade B Formação de uma equipe de colaboradores que se reunem voluntariamente e periodicamente para propor ações no sentido de melhorar a qualidade de um produto ou serviço. Leia o texto a seguir… Considerando-se os objetivos da distribuição fisica… Porque… Pois eles atuam como "pontes" entre os fabricantes e os usuarios finais… A As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I. Muitas são as responsabilidades de um gestor de projetos... Para o perfeito dimensionamento do ponto de equilibrio é imprescindivel verificar a: B Margem de contribuição Normalmente a aquisição de um determinado produto em contrapartida a outro está relacionado a relação custo x beneficio. Diante do fato um projeto de investimento deve resumidamente obedecer a 3 variaveis sendo elas: E Escopo do projeto, prazo, e custos O arranjo fisico está muito voltado ao conhecimento tácito e altamente especializado sobre o assunto. Lote Q=37.000 / q=5% / et=97%... A 4 máquinas O corpo tecnico responsável pela elaboração de projetos mecanicos e eletricos de uma determinada empresa... Maior coerencia sob a responsabilidade do gestor de projetos... A Gestão de projetos em desenvolvimento juntamente aos novos processos além da gestão dos custos envolvidos direto e indiretamente sob o projeto O método do baricentro das demandas baseia-se... C X= 397,56Km / Y=355,37Km O sistema kanban é um sistema de puxar a produção... O sistema kanban, de acordo com Santos (2015) ... Porque... O sistema kanban facilita as atividades de longo prazo do PCP... C A asserção I é uma proposição verdadeira e a asserção II é uma proposição falsa. O Sistema Toyota é uma recriação do sistema Fordista, A I apenas O termo ergonomia foi criado e utilizado pelo inglês Murrel... Desta forma... Riscos gerados por maquinas, choques eletricos, incendios... E As NR's - Normas Regulamentadoras Os modelos matematicos favorecem em muito a identificação adequada... A C Somente A, B e C estão corretas Uma das formas para evidenciar alguns principios para projeto de maquinas... (A)Simple (B)Slim (C)Smart (D)Compact (E)Flexible D B, D, C, A e E Uma empresa trabalha 8 horas por dia, com demanda de 1000 peças por dia e possui 4 estações de trabalho... D a) 720 peças dia b) 0,48 min/pç c) 5 d) 20,63% e) 79,37% Indicadores de desempenho são formas... Os principais atributos dos indicadores são: B I, IV e V apenas TÓPICOS ESPECIAIS EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO AULA 1 Prof. Roberto Pansonato 2 CONVERSA INICIAL Caro aluno, a atuação de um profissional de engenharia de produção tem se tornado cada vez mais abrangente, não se limitando somente à manufatura, mas também com atuação destacada nas áreas de serviço. A produção tem como objetivo primário satisfazer necessidades humanas no que diz respeito a bens e serviços, portanto, reunir tópicos especiais em engenharia de produção que de alguma forma atendam a esse objetivo é um desafio. Para atender a esse desafio, a experiência na gestão em engenharia de produção se mostrou de grande valia. Não é o propósito dessa disciplina fazer um resumo geral de todas as disciplinas do curso, o que seria algo impraticável, mas sim destacar alguns elementos técnicos relevantes para o profissional de engenharia de produção e a integração das disciplinas para solução de problemas do cotidiano da engenharia de produção. Para facilitar a compreensão, cada aula será descrita como um módulo que reúne alguns tópicos que possuam afinidades técnicas. Para esta aula, o módulo será o de Tópicos em Tecnologia e Materiais. A seguir, os temas desta nossa aula. 1. Desenho técnico: acabamento superficial; 2. Princípios de mecânica: forças e movimentos; 3. Tecnologia dos materiais: materiais ferrosos; 4. Tecnologia dos materiais: materiais não ferrosos; 5. Resistência dos materiais: determinação dos esforços. Com certa frequência, alguns alunos de engenharia de produção nos questionam se todos os conceitos, princípios e técnicas aprendidos durante o curso serão utilizados na vida profissional. Pergunta não muito fácil de se responder, pois a utilização do aprendizado em maior ou menor escala vai depender da área de atuação do profissional, no entanto, algumas características se mostram muito importantes para implantação de melhorias e tomada de decisão. O exemplo apresentado na Figura 1, a seguir, mostra como conhecimentos de desenho técnico, princípios de mecânica, tecnologia dos materiais e resistência dos materiais foram úteis na resolução de um problema crítico que pode acontecer no cotidiano de qualquer empresa. A peça a seguir (apresentada em um desenho simplificado) é um item de um dispositivo da 3 empresa SRRC (nome fictício), que tem como objetivo fixar uma peça especial para usinagem que vinha apresentando quebras constantes, comprometendo a produtividade e a qualidade do produto. Uma das primeiras ações foi buscar um material com certa elasticidade para suportar a carga “F”. A alteração já apresentou resultado de imediato, porém, com menor frequência, ainda ocorriam pequenas trincas que ocasionavam quebras. A segunda alteração foi, após análise do desenho, propor o aumento do raio de 2 mm para 5 mm (máximo admissível). Outra melhora significativa, mas, mesmo assim, com pouca frequência, ainda aconteciam quebras. Mais uma vez, conhecimentos técnicos foram importantes na implantação de melhorias: a redução da rugosidade superficial do material para eliminação da propagação de trincas. Com base nessa última alteração, praticamente se eliminou as quebras dessa peça. Figura 1 – Resolução de um problema crítico que pode acontecer no cotidiano de qualquer empresa Portanto, vimos que o conhecimento e a compreensão de técnicas foi fundamental para a solução do problema. E, por falar em técnicas, a primeira que vamos rever refere-se ao desenho técnico. Para a maioria das áreas de atuação de um engenheiro de produção, é primordial que ele domine as técnicas de desenho técnico, seja para elaboração de um projeto de uma linha de montagem, por exemplo, para interpretação de um arranjo físico industrial ousimplesmente para se criar um croqui manualmente para confecção de uma peça qualquer. 4 Mesmo que um profissional não atue diretamente em um projeto mecânico mais complexo, é importante que ele saiba alguns princípios básicos de mecânica, como força e movimento, por exemplo. Seguindo por esse caminho, serão abordados alguns temas sobre tecnologia de materiais. A competitividade das empresas está cada vez mais acirrada e a busca pela redução de custos é um dos diferenciais que uma empresa deve apresentar. Um dos elementos-chave para essa redução de custos é a escolha adequada dos materiais. Continuando a navegar pelo termo materiais, como podemos saber se um dado material pode ou não resistir a uma ou mais cargas? Vamos relembrar os principais esforços a que os materiais são submetidos. TEMA 1 – DESENHO TÉCNICO: ACABAMENTO SUPERFICIAL Em qualquer indústria, para execução de uma determinada peça, as informações podem ser apresentadas de diversas maneiras: • Por meio da palavra: por mais artifícios que se utilizem, dificilmente se consegue transmitir a ideia da forma de uma peça. • Por meio de fotografia: mesmo com toda tecnologia digital atual quanto a resolução, lentes, foco etc., a fotografia não pode alcançar detalhes internos de uma peça, por exemplo. • Por meio da própria peça: embora possa se obter vários detalhes com uma peça física, nem sempre pode servir de modelo, pois elementos como tolerância, material etc. não podem ser obtidos. O desenho técnico transmite todas as ideias de forma e dimensões de uma peça, e ainda fornece uma série de informações, como: • O material do qual é feito a peça; • O acabamento das superfícies; • A tolerância dimensional etc. Por meio de normas e regras, o desenho técnico mecânico se tornou uma linguagem técnica universal, que permite que uma peça que seja feita num país longínquo como a China, por exemplo, se adapte perfeitamente num conjunto mecânico produzido aqui no Brasil, e que, por sua vez, esse conjunto mecânico poderá incorporar um grande equipamento nos Estados Unidos, por exemplo. 5 O dia a dia de um engenheiro de produção é criar soluções e ideias inovadoras e desafiadoras, porém, para que isso ocorra, é necessário a utilização do desenho técnico. Os desenhos utilizados em empresas geralmente são divididos em dois grupos distintos, os desenhos de Engenharia de Produto e os desenhos de Engenharia de Manufatura (ou industrial): • Engenharia de produto: desenhos referentes a produtos feitos pela empresa, como projeto de produtos, desenhos de peças compradas etc. Algumas empresas possuem regras rígidas em relação a esses desenhos no que diz respeito à confidencialidade. • Engenharia de manufatura (ou industrial): desenhos referentes a materiais de suporte à manufatura, como ferramentas, estampos, moldes, dispositivos e calibradores. Vamos nos ater a um dos aspectos que influenciaram na solução dos problemas da quebra da peça da empresa SRRC: acabamento superficial. 1.1 Acabamento superficial A importância do acabamento superficial em peças mecânicas é de suma importância, seja para reduzir atrito entre duas ou mais superfícies, que é a grande maioria das aplicações, ou para aumentar a resistência mecânica de uma determinada peça, que foi o caso da empresa SRRC, entre outras aplicações. Para saber se o acabamento superficial de uma peça está adequado ou não, deve-se medir a sua rugosidade. Rugosidades são saliências micro geométricas existentes na superfície das peças provenientes do processo de fabricação. A rugosidade a que se refere os desenhos mecânicos são, na maioria das vezes, referentes a peças mecânicas que precisam ser acopladas a outras peças. Podemos até discutir a rugosidade da superfície de uma mesa, por exemplo, mas não é o nosso foco. Por mais lisa que possa parecer uma superfície, sempre haverá saliências micro geométricas, conforme mostrado na Figura 2. 6 Figura 2 – Perfil de peça analisada por microscópio Para medição da rugosidade de superfícies, utilizam-se alguns parâmetros de avaliação, como o Rz, Rmax, Rq, Rt e Ra. O padrão Ra é um dos mais utilizados e se refere à média aritmética dos valores dos pontos de perfil da rugosidade (Yi) em relação à uma linha média dentro de um percurso de medição (lm). O parâmetro Ra foi utilizado para definir a rugosidade do raio de 5 mm da peça da empresa SRRC. A Figura 3, a seguir, mostra uma representação gráfica da rugosidade Ra (ou CLA): Figura 3 – Representação gráfica da rugosidade média (Ra ou CLA) Fonte: Moldes Injeção Plásticos, S.d. Algumas empresas ainda adotam o sistema de medição por meio de triângulos (conforme NBR–6402). Nesse sistema, quanto maior a quantidade de triângulos (limitado a quatro) mais lisa será a superfície da peça, no entanto, devido às exigências tecnológicas e limitação quanto à escala de medição, sua aplicação não é tão utilizada como antigamente, mas algumas empresas de ferramentaria e usinagem ainda utilizam essa escala de medição, conforme figura a seguir. Veja que, conforme informação do desenho, essa peça deve ter 7 a rugosidade em torno de 6,3 Ra em todas suas superfícies, exceto as indicadas com três triângulos, que exigem rugosidade de aproximadamente 0,8 Ra. Figura 4 – Desenho com indicações de rugosidade A Tabela 1, baseada na norma ABNT/NBR 8004 e ISO 1302, apresenta um comparativo entre parâmetros de avaliação da rugosidade: • Sistema convencional (antigo); • Classes padronizadas de rugosidades; • Rugosidade Ra. 8 Tabela 1 – Comparativo entre parâmetros de avaliação da rugosidade Créditos: ABNT/NBR 8004 e ISO 1302. Por meio dessa tabela também é possível verificar quais são os processos de usinagem adequados aos objetivos de acabamento superficial. 1.2 Interpretação do acabamento superficial nos desenhos Vamos utilizar como exemplo o desenho de um eixo qualquer com alguns símbolos de rugosidade superficial baseado na ABNT 8404. Figura 5 – Eixo com alguns símbolos de rugosidade superficial baseado na ABNT 8404 9 Com base na interpretação desse desenho, chega-se à seguinte conclusão: • A tolerância geral de acabamento superficial (N11) é de 25µm (0,025mm), ou 25 Ra; ou seja, todas as superfícies usinadas, sem a conotação de rugosidade, deve considerar N 11. • N9 significa rugosidade máxima permitida de 6,3µm (0,0063mm), ou 6,3 Ra;x : ou seja, nas regiões em que aparecem a indicação de rugosidade N9. • N5 significa rugosidade máxima permitida de 0,4µm (0,0004mm), ou 0,4 Ra.x ou seja, nas regiões em que aparecem a indicação de rugosidade N5. Muitos desenhos industrias já vêm com a identificação do parâmetro Ra, ao invés das descrições “N”, o que, de certa forma, facilita a leitura. Portanto, o conhecimento básico sobre acabamento superficial e como representá-lo em um desenho técnico é de grande valia na engenharia de produção. TEMA 2 – PRINCÍPIOS DE MECÂNICA: FORÇAS E MOVIMENTOS O exemplo da peça da empresa SRRC apresenta um dos principais conceitos da mecânica estática, que é o momento de força (ou torque). O objetivo desse tema é mostrar como esses conceitos podem ser aplicados na prática e integrados com outros elementos, tal qual o desenho mecânico, que já vimos anteriormente. “Dê-me um ponto de apoio e moverei o mundo”. A célebre frase atribuída a Arquimedes (matemático, físico, engenheiro, inventor e astrônomo grego) já nos direciona a uma concepção de movimento. Vamos relembrar a peça-problema da empresa SRRC: 10 Figura 6 – Peça-problema da empresa SRRC Para se caracterizar um momento de força são necessários 4 elementos básicos: • Módulo de força: representado pela força “F”; • Direção: representado pela letra “α”. Nesse caso, a direção da força é ortogonal ao eixo; • Sentido: no caso da peça anterior,sentido horário; • Ponto de aplicação: representado pela letra “d”. É evidente que, para calcular a carga que a peça mostrada deve suportar no ponto de aplicação mencionado, outras variáveis devem ser levadas em consideração, tais quais a secção transversal da peça e a resistência do material. Na peça anterior, a força “F”, em conjunto com o braço (distância) “d”, de forma simplificada, dará origem ao momento de força, ou seja: M = f x d. A força é dada em newton (N) e a distância em metro (m), portanto, M = 𝑁𝑁 . 𝑚𝑚. Vejam o exemplo simples a seguir de um momento de força em relação ao ponto “0”, similar ao da peça da SRRC: 11 Figura 7 – Momento de força em relação ao ponto “0” Fonte: Princípios de Mecânica e Resistência dos Materiais (aula 1, p. 23–24). Equação 1 – Exemplo de sentido de rotação de aplicação de F 𝑀𝑀𝑀𝑀 = −(100 𝑁𝑁) . (2 𝑚𝑚) = −200 𝑁𝑁. Note que o sinal negativo se refere ao sentido de rotação horário em torno do ponto “0”. No exemplo anterior, foram utilizados alguns exemplos numéricos que valem a pena serem destacados, portanto, é necessário relembrar algumas unidades importantes do Sistema Internacional – SI, conforme tabelas a seguir: Tabela 2 – Grandezas de base do Sistema Internacional – SI Fonte: Princípios de Mecânica e Resistência dos Materiais (aula 1). Tabela 3 – Unidades suplementares do Sistema Internacional – SI Fonte: Princípios de Mecânica e Resistência dos Materiais (aula 1). 12 Tabela 4 – Unidades derivadas do Sistema Internacional – SI Fonte: Princípios de Mecânica e Resistência dos Materiais (aula 1). TEMA 3 – TECNOLOGIA DOS MATERIAIS (METAIS FERROSOS – AÇO) Cientistas vêm trabalhando arduamente em busca de materiais de alta performance, ou seja, materiais que tenham baixo peso específico, boa resistência mecânica, reciclável, sustentável e de custo competitivo, entre outras características. A área de atuação da engenharia de produção é muito ampla, e o profissional dessa área deve ter conhecimento sobre tecnologia dos materiais, pois o engenheiro de produção tanto pode exercer seu trabalho na administração de uma área produtiva como também participar do desenvolvimento de novos materiais. Embora os plásticos, principalmente os polímeros de engenharia, tenham aumentado sua participação nos projetos dos produtos, como linha automotiva, eletrodomésticos, eletroeletrônicos, por exemplo, os metais ainda são utilizados em grande escala pelas indústrias do mundo inteiro. Entre os metais ferrosos e não ferrosos, destaque para utilização dos não ferrosos, que têm aumentado sua aplicação em projetos, principalmente na indústria automotiva. Apesar de seu custo ser mais alto do que o aço e o ferro fundido, por exemplo, a sua utilização proporciona um ganho de eficiência energética dos veículos em função do baixo peso específico. Mas, mesmo assim, os metais ferrosos, como o aço, ainda são os materiais mais utilizados na engenharia de um modo geral, seja nos projetos de produtos, na construção civil e na construção de máquinas, para citar algumas aplicações. Se você observar uma fábrica em funcionamento, notará que grande parte do material envolvido é o aço, seja nas máquinas, dispositivos, ferramentas e 13 também como matéria-prima. E é sobre o aço que vamos direcionar os estudos nesse tema. Uma das soluções para resolver o problema da trinca e consequente quebra da peça da empresa SRRC foi a escolha do material correto para a aplicação. O aço é uma liga metálica entre o ferro e carbono (na ordem de 0,1 a 1,8% de carbono, aproximadamente). Tem-se aí o aço carbono, que é um dos mais utilizados nas construções mecânicas. Quanto menor for a porcentagem de carbono, mais macio será o aço e com menos dureza. Do lado oposto, quanto maior a porcentagem de carbono, o aço adquire maior dureza. Conforme Cunha (1990, p. 14), “da porcentagem maior ou menor que o carbono aparece no aço é que depende uma série de modificações nas propriedades dos aços, como dureza, resistência ao desgaste, tração, fragilidade, etc.”. Algumas propriedades do aço são muito importantes em relação à aplicação: • Dureza: é a resistência que o material tem ao ser submetido a riscos e penetração. Quanto maior a porcentagem de carbono no ferro ou no aço, maior a sua dureza e quanto maior a dureza maior a resistência ao desgaste. Peças sujeitas à fricção ou a um movimento que gere atrito devem apresentar dureza para resistirem ao desgaste. Por outro lado, um aço que ganha em dureza, perde em resiliência. • Resiliência: é a resistência a golpes, pancadas, choques. É a capacidade que alguns materiais têm de retornar à forma original após terem sido submetidos a uma deformação elástica. • Resistência à tração: é a resistência que um material tem ao ser puxado nos dois extremos. Um aço com 60 kg/mm² significa que um mm² deve suportar 60 kg quando puxado. • Maleabilidade: é a propriedade que um aço tem em ser laminado, estampado, forjado e repuxado. A seguir, observa-se uma tabela com as propriedades apresentadas. 14 Figura 8 – Influência do carbono sobre a qualidade do aço e do ferro Fonte: Cunha, 1982, p. 17 Os aços possuem, em sua condição de origem (fabricação), uma determinada dureza em função da porcentagem de carbono. Essa dureza pode ser ampliada, essencialmente, por meio de tratamento térmico, que consiste em aquecer o material até uma temperatura estipulada e posteriormente impor um 15 resfriamento. Existem vários tipos de tratamentos térmicos, mas vamos nos ater aos dois tipos mais utilizados: a têmpera e o revenimento. • Têmpera: processo de tratamento térmico de aços com o objetivo de aumentar sua dureza e sua resistência por meio de duas etapas: aquecimento lento (aproximadamente entre 700 °C e 900 °C) e esfriamento rápido (em óleo específico, por exemplo). • Revenimento: processo de tratamento térmico nos aços para corrigir a tenacidade e a dureza excessiva provenientes da têmpera. Também ocorre em duas etapas: aquecimento lento (aproximadamente entre 200 °C e 300 °C) e resfriamento rápido (em óleo específico, por exemplo). Recomenda-se fazer esse processo logo em seguida ao processo de têmpera. Bom, vimos algumas propriedades do aço e como o tratamento térmico pode melhorar sua qualidade. Voltando à peça da empresa SRRC, ela é submetida a um momento de força que pode causar uma flexão e que antes da melhoria estava ocorrendo uma trinca na região de raio de 5mm que fica mais longe do ponto de intensidade de força. Nesse momento, pergunta-se: qual o melhor material a ser utilizado para essa aplicação? Qual devem ser as suas propriedades? Qual tratamento térmico a ser imposto na peça? Todas essas perguntas podem ser respondidas pelo engenheiro de produção. Vamos lá: essa peça deve atender à resiliência mecânica e ter uma dureza superficial quanto à fricção (atrito entre dois corpos de aço). Para atender a essas propriedades, é necessário que o aço seja tratado termicamente por meio dos processos de têmpera e revenimento. Como achar esse material no mercado? Partimos do pressuposto de que o material em utilização pode ter até uma dureza “razoável”, o que lhe confere uma boa propriedade em relação ao atrito metal-metal, porém, pelo fato de ter havido trincas no ponto crítico da peça, significa que o material é muito rígido (altamente plástico), não propiciando elasticidade. Portanto, o que precisamos é um material que tenha certa resistência à abrasão, mas que seja “flexível”. Para esse fim, um material que atende aos requisitos propostos é o aço SAE 6150, que é um aço cromo-vanádio utilizado para fabricação de molas, barras de torção e pinças para fixação (que é o caso da peça da SRRC). 16 Esse aço não é simplesmente um aço carbono, embora contenha de 0,48 a 0,53% de carbono (referênciaao numeral 50 do aço SAE 6150). Trata-se de um aço conhecido como aço-liga. Veja a seguir a sua composição. Tabela 5 – Composição do aço SAE 6150 Elemento Simb. Concentração (%) Carbono C 0,48 a 0,53 Cromo Cr 0,80 a 1,1 Vanádio V 0,15 min. Manganês Mn 0,7 a 0,90 Silício S1 0,15 a 0,35 Enxofre S 0,04 máx. Fósforo P 0,03 máx. Portanto, um aço SAE 6150 conjugado com um tratamento térmico ideal de têmpera e revenimento mais as alterações de desenho da peça (aumento de seu raio e polimento) permitiu a obtenção de uma peça que atendesse aos requisitos desejados e, consequentemente, gerou ganhos em produtividade. TEMA 4 – TECNOLOGIA DOS MATERIAIS (METAIS NÃO-FERROSOS – ALUMÍNIO) As ligas metálicas não ferrosas são de extrema importância, principalmente em função da utilização nas aplicações em que as ligas ferrosas não possuem atributos. Fatores como corrosão, peso específico, condução de energia elétrica, magnetismo, entre outros, são determinantes na escolha desses materiais. As principais ligas não ferrosas são as ligas de cobre, de alumínio, de zinco, de níquel e de titânio. Como tópico de destaque, nesse tema vamos nos ater às ligas de alumínio e aos principais processos de fundição. Segundo a Associação Brasileira de Alumínio – ABAL, o Brasil é o décimo primeiro produtor de alumínio primário e quarto produtor de bauxita, o que nos deixa numa posição de destaque a nível mundial. Depois das ligas de aço, as ligas de alumínios estão entre os metais mais utilizados nas indústrias. Embora o custo de extração e beneficiamento sejam bem superiores ao do aço, o alumínio vem gradativamente substituindo o aço em muitas aplicações, como por exemplo na indústria automotiva, que vem utilizando o alumínio como matéria-prima para blocos de motores em reposição aos blocos de ferro fundido. 17 Algumas características, como menor peso específico, proporcionam em um motor de carro de passeio um ganho na ordem de 20 kg, aproximadamente. Sem contar que também propicia melhor controle de temperatura do motor e menor tempo para aquecimento, com benefício direto ao consumo. Mas como são os processos para obtenção de peças de alumínio? Por suas características, como o baixo ponto de fusão (em torno de 650 °C) em relação ao aço, o alumínio pode ser obtido por meio dos processos de fundição. Dentre os processos de fundição, podemos destacar os seguintes: • Fundição em areia: um dos processos industrias mais antigos que existe, consiste em vazar o alumínio fundido (em estado líquido) em um molde fabricado em areia. O molde de areia é obtido com base em um modelo (similar à peça que se quer obter) que é ajustado ao molde por meio da compactação da areia. O molde é fabricado em duas partes para facilitar a retirada da peça. Para escoamento do metal líquido, é construído um canal específico. Esse processo ainda é bastante utilizado para peças em baixa quantidade e de tamanho grande, como base de máquinas operatrizes, por exemplo. Normalmente, o molde é utilizado apenas uma única vez. Figura 9 – Fundição em molde de areia Crédito: Chongsiri Chaitongngam/Shutterstock. • Fundição em coquilha: obtido por gravidade (similar ao processo de fundição em areia), esse processo consiste em vazar o metal líquido em um molde de aço, também conhecido como coquillha. A despeito de parecer algo simples, é necessária muita tecnologia para se obter peças 18 técnicas por meio desse processo. É também conhecido como fundição a baixa pressão. • Fundição sobre pressão: Processo de fundição em que a injeção do metal líquido contido em um recipiente chamado de câmara de injeção é direcionada para o interior da cavidade de um molde metálico por meio de um pistão. A velocidade do pistão deve ser suficiente para evitar o resfriamento do material. Após o preenchimento do molde, vem a etapa de recalque, que consiste em compactar o metal para eliminar e/ou diminuir as microporosidades. Figura 10 – Exemplo de injeção sobre pressão Fonte: Telecurso 2.000 Profissionalizante – Processos de fabricação Além dos processos convencionais anteriormente mencionados, o alumínio já vem sendo utilizado em impressoras 3D. Um dos pilares da indústria 4.0, a manufatura aditiva vem ganhando espaço na fabricação de produtos. Um dos exemplos pode ser visto na fabricação de rodas especiais desenvolvidas pela empresa Audi para uma sonda de exploração espacial. TEMA 5 – RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS: DETERMINAÇÃO DOS ESFORÇOS Entender os fundamentos básicos de resistência dos materiais pode contribuir consideravelmente no cotidiano da vida profissional de um engenheiro de produção. Não é pretensão desse tema revisar todo o material estudado 19 nessa disciplina, o que seria algo totalmente impossível, mas sim buscar na prática do dia a dia de uma organização a utilização dessa complexa disciplina. Como fonte para nossos estudos, vamos continuar com o caso da empresa SRRC, porém, antes. vamos relembrar alguns conceitos. Um corpo (uma peça mecânica, por exemplo), pode ser submetido à aplicação de forças que originam diversos tipos de solicitações, como: tração, compressão, flexão, torção e cisalhamento. Vamos lembrar como elas atuam. • Tração: solicitação que tem como característica alongar o corpo (peça) no sentido de aplicação das forças opostas aplicadas. É a resistência que o material oferece ao ser puxado nos dois extremos. É uma forma de avaliação muito utilizada na classificação de materiais. Por exemplo, um aço qualquer em que em um dos valores de tabela é possível encontrar aço 60 kg/mm², significa que em um mm² de secção chega a suportar um esforço de 60 kg quando puxado. Figura 11 – Corpo solicitado à tração • Compressão: solicitação em que forças são aplicadas no mesmo sentido em um determinado corpo, tendendo a encurtá-lo. Figura 12 – Corpo submetido à compressão • Flexão: solicitação que tende a alterar o eixo geométrico de um corpo em função de uma força normal a ele. Interessante notar que, em uma viga submetida à flexão, tem-se as solicitações de tração e compressão trabalhando ao mesmo tempo, conforme figura a seguir. 20 Figura 13 – Corpo submetido à flexão • Torção: solicitação que tende a girar as secções de uma peça sobre seu próprio eixo, uma em relação às outras, por meio de um momento de força. Figura 14 – Corpo submetido à torção Fonte: Aula 1 – Resistência dos materiais – Tema 1 • Cisalhamento: solicitação em que forças agem em sentido oposto tendendo deslocar paralelemente duas secções de uma peça, constituindo-se de forças denominadas cortantes. Figura 15 – Corpo submetido à cisalhamento 21 Bem, voltando ao caso da peça da empresa SCCR, em uma breve análise das solicitações a esforços descritas anteriormente, fica claro que o principal esforço a que a peça é submetida é o de flexão. É possível perceber na Figura 15 que existem esforços compostos agindo sobre a peça. Do esforço de flexão, origina-se esforços de tração nas fibras do material, o que pode causar trincas, tal qual ocorreu na empresa SRRC. Figura 1 – Esforço de flexão e tração na peça da SRRC O objetivo desse exemplo foi o de mostrar, independente dos cálculos que precisam ser realizados, que o conhecimento das técnicas de resistência dos materiais pode auxiliar bastante nas soluções de problemas de manufatura que ocorrem no cotidiano das empresas. FINALIZANDO Finalizamos esta aula resgatando alguns fundamentos tecnológicos e de materiais muito importantes para a atuação do engenheiro de produção. Como a atuação desse profissional tem se tornado cada vez mais abrangente, é necessário que ele reúna conhecimentos e técnicas para solução de problemas na área fabril. Para atendimento ao caso da empresa SRRC, foram necessários conhecimentos prévios sobre aspectos de desenho técnico e acabamentosuperficial, sem os quais o problema não seria resolvido. Retomamos alguns princípios de mecânica para avaliação do problema no dispositivo de fixação da SRRC. 22 Mesmo conhecendo os fundamentos de desenho técnico e os princípios de mecânica, foi fundamental para solução do problema o conhecimento sobre materiais. Agora você é capaz de entender a aplicação dos aços ligas, bem como a influência dos tratamentos térmicos. Continuando a abordar o tema material, vimos um pouco sobre o alumínio e seus processos de fundição no Tema 4. Para finalizar, recapitulamos as principais solicitações de esforços a que os corpos mecânicos são submetidos e fizemos uma analogia na peça da SRRC. Conhecer as tecnologias relacionadas à engenharia de produção é muito relevante, no entanto, mais do que isso, ter a percepção de como aplicá-las em problemas práticos é o que faz a diferença entre os profissionais de sucesso. Bons estudos e até a próxima aula! 23 REFERÊNCIAS ABAL – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DO ALUMÍNIO. Disponível em: <abal.org.br>. Acesso em: 27 fev. 2019. CUNHA, L. S. Manual prático do mecânico. 8. ed. São Paulo: Hemus, 1982. HIBBELER, R. C. Resistência dos materiais. 7. ed. Pearson, 2010. PAVANATI, H. C. (Org.). Ciência e tecnologia dos materiais. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2015. ZATTAR, I. C. Introdução ao desenho técnico. Curitiba: InterSaberes, 2016. Disponível em: <http://desenhotecniconaindustria.blogspot.com/>. Acesso em: 27 fev. 2019. 1 Prof. Roberto Pansonato Tópicos especiais em engenharia de produção Aula 1 Conversa Inicial A abrangência da atuação de um profissional de engenharia de produção A produção tem, como objetivo primário, satisfazer às necessidades humanas no que diz respeito a bens e serviços O objetivo da disciplina é destacar alguns elementos técnicos relevantes para o profissional de engenharia de produção A base são os casos de rotina da engenharia de produção 1. Desenho técnico: acabamento superficial 2. Princípios de mecânica: forças e movimentos 3. Tecnologia dos materiais: materiais ferrosos 4. Tecnologia dos materiais: materiais não ferrosos 5. Resistência dos materiais: determinação dos esforços Temas Quebras constantes em peça de dispositivo Comprometimento da produtividade Utilização de técnicas específicas para a solução do problema Caso da empresa SRRC Fonte: Elaborado pelo próprio autor. 2 Desenho técnico: acabamento superficial Nada substitui o desenho A palavra: por mais artifícios que se utilizem, dificilmente se consegue transmitir a ideia da forma de uma peça A fotografia: não pode alcançar detalhes internos de uma peça, por exemplo A própria peça: elementos como tolerância, material etc. não podem ser obtidos O desenho técnico transmite todas as ideias de forma e dimensões de uma peça O material do qual é feita a peça O acabamento das superfícies A tolerância dimensional Etc. Desenhos utilizados em empresas Engenharia de produto: desenhos referentes a produtos feitos pela empresa, como projeto de produtos, desenhos de peças compradas etc. Engenharia de manufatura (ou industrial): desenhos referentes a materiais de suporte a manufatura, como ferramentas, estampos, moldes, dispositivos e calibradores Para saber se o acabamento superficial de uma peça está adequado ou não, deve-se medir a sua rugosidade Rugosidades são saliências microgeométricas existentes na superfície das peças provenientes do processo de fabricação Fonte: Elaborado pelo próprio autor. O padrão Ra é um dos mais utilizados e se refere à média aritmética dos valores dos pontos de perfil da rugosidade Mas também podem ser encontradas unidades como Rz, Rmax, Rq e Rt 3 Estratégia de processo “Dê-me um ponto de apoio e moverei o mundo” Módulo de força: representado pela força F Direção: representada pela letra alfa. Nesse caso, a direção da força é ortogonal ao eixo Sentido: no caso da abaixo, sentido horário Fonte: Elaborado pelo próprio autor. Momento = força x distância 𝑀𝑜 = -(100 𝑁) . (2 𝑚) = -200 𝑁 Densidade Quilograma por metro cúbico kg/m3 Força Newton N Tensão/pressão Pascal Pa Aceleração angular Radiano por segundo quadro rad/s2 Velocidade angular Radiano por segundo rad/s Frequência Hertz Hz Potência Watt W Unidades derivadas do SI 4 Tecnologia dos materiais: materiais ferrosos Material com baixo peso específico, boa resistência mecânica, reciclável, sustentável e de custo competitivo, entre outras características Onde o aço se encaixa? O aço ainda é o material mais utilizado na engenharia de um modo geral Grande parte do material envolvido em uma indústria é o aço - nas máquinas, nos dispositivos, nas ferramentas e também como matéria-prima O aço é uma liga metálica entre ferro e carbono (na ordem de 0,1 a 1,8%, aproximadamente) Propriedades do aço muito importantes com relação à aplicação Dureza: movimento que gera atrito deve apresentar dureza para resistir ao desgaste Resiliência: é a resistência a golpes, pancadas, choques. É a capacidade que alguns materiais têm de retornar à forma original após terem sido submetidos a uma deformação elástica (...) (...) Resistência à tração: é a resistência que um material tem ao ser puxado nos dois extremos. Um aço com 60 kg/mm² significa que 1 mm² deve suportar 70 kg quando puxado Têmpera: processo de tratamento térmico de aços com o objetivo de aumentar a dureza e a resistência deles Revenimento: processo de tratamento térmico nos aços para corrigir a tenacidade e a dureza excessivas provenientes da têmpera Aço SAE 6150: aço cromo-vanádio utilizado para a fabricação de molas, barras de torção e pinças para fixação (caso da peça da SRRC) Elemento Símbolo Concentração (%) Carbono C 0,48 a 0,53 Cromo Cr 0,80 a 1,1 Vanádio V 0,15 minuto Manganês Mn 0,7 a 0,9 Silício S1 0,15 a 0,35 Enxofre S 0,04 máximo Fósforo P 0,03 máximo Tecnologia dos materiais: materiais não ferrosos 5 O Brasil é o 11º produtor de alumínio primário e quarto produtor de bauxita, o que nos deixa numa posição de destaque em nível mundial Corrosão, peso específico, condução de energia elétrica, magnetismo, entre outros, são determinantes na escolha desses materiais Utilização em crescimento na indústria automotiva Processos de fundição de alumínio Fundição em areia 1 2 3 4 5 6 7 Crédito: Thyago Macson Fundição sobre pressão Fonte: Telecurso 2.000 Profissionalizante – Processos de fabricação. Processos de fundição de alumínio 4.0 Impressoras 3D para alumínio Caso da Audi, que fabricou rodas para uma sonda de exploração espacial Resistência dos materiais Tração Compressão Flexão Fonte: Elaborado pelo próprio autor. 6 Caso da empresa SRRC Fonte: Elaborado pelo próprio autor. Finalizando Você é capaz de interpretar e aplicar os conceitos de acabamento superficial nos desenhos técnicos Princípios de mecânica para a solução dos problemas da SRRC Conhecimentos sobre ligas de aço especiais e os tratamentos térmicos A importância das ligas de alumínio e os processos de fundição Retomando os fundamentos de resistência de materiais para o caso da empresa SRRC TÓPICOS ESPECIAIS EM ENGENHARIA DA PRODUÇÃO AULA 2 Prof. Roberto Pansonato 2 CONVERSA INICIAL Prezado aluno, como já salientamos em outras oportunidades (e com certeza ainda o faremos em outras tantas), a flexibilidade de atuação do engenheiro de produção é notável. Esta aula será destinada aos tópicos qualidade e produtividade. Para compreender mais detalhadamente essas áreas do conhecimento, nada melhor do que um breve relato de um caso do cotidiano de uma empresa. A empresa desse caso é a Metalúrgica Vima Ltda. (nome fictício). A Vima estava num processo de crescimento em termos de vendas. Especializada em peças metálicas estampadas e usinadas para indústria automotiva,recebeu recentemente uma excelente proposta para fornecimento de algumas peças estampadas de um grande cliente. Seu proprietário, Sr. Mateus, tem vasto conhecimento técnico sobre os processos de estamparia (corte, dobra e repuxo) e ferramentaria, porém não tem conhecimento sobre os procedimentos de qualidade que eram necessários para atender aos requisitos do cliente. Para iniciar o fornecimento, o cliente solicitou que a empresa implantasse um sistema de gestão da qualidade baseado nas normas ISO 9000, que dominasse as ferramentas da qualidade para solução de problemas, e que tivesse um sistema de controle de tempo das atividades produtivas para posterior avaliação. No planejamento da empresa para o ano corrente, já estava prevista a contratação de um engenheiro de produção para os processos de estamparia. Por ser uma empresa de porte pequeno, na estratégia concebida pelo Sr. Mateus, esse engenheiro deveria assumir as funções referentes à produção e qualidade. Uma característica administrativa da empresa Vima era a de formar profissionais “em casa”, ou seja, contratar jovens recém-formados e treiná-los de acordo com a cultura organizacional da empresa. Para atender a essa demanda, foi contratado Alex, um engenheiro de produção recém-formado. O desafio a ser enfrentado por Alex era realmente complexo. Os conhecimentos obtidos na faculdade seriam suficientes para atender as demandas previstas? Por mais que se busque auxílio no mundo virtual da internet, saber como aplicar as técnicas aprendidas e obter bons resultados é outra história. 3 E quais seriam as competências que Alex deveria ter para atender aos requisitos de qualidade e produtividade? Vamos resumir essas competências em forma de temas que serão abordados nessa aula: 1. Sistemas de Gestão da Qualidade: ISO 9000 2. Metrologia: MSA e R&R 3. Utilizando as ferramentas da qualidade I 4. Utilizando as ferramentas da qualidade II 5. Tempos e métodos na prática O Brasil, de uma forma geral, não é um país de destaque quando se aborda itens referentes à qualidade e produtividade. É evidente que temos bons exemplos a serem apontados, mas também é de conhecimento geral que temos muito que avançar nesses quesitos, e o engenheiro de produção tem participação importantíssima nesse desafio. Vamos ver como o engenheiro Alex “se saiu nessa”. TEMA 1 – SISTEMAS DE GESTÃO DA QUALIDADE: ISO 9000 É interessante como é de entendimento comum que os produtos e serviços devem atender aos clientes com qualidade. Há uma frase que diz que qualidade é fazer o óbvio. Mas por que é tão difícil fazer o óbvio? Por que existem tantos problemas de qualidade, tanto em produtos quanto em serviços? Com certeza, você que está lendo esses parágrafos já deve ter tido algum problema relativo à qualidade: ou um produto com defeito ou um serviço que não atendeu as expectativas, como atraso na entrega ou serviço mal executado. Mas onde o engenheiro de produção entra nessa conversa? A decisão de trabalhar em um sistema de qualidade robusto passa por uma relação de investimento e retorno, e o engenheiro de produção tem papel importante nesse processo. A cultura organizacional influencia o comportamento dos funcionários, que por sua vez influencia nos resultados da empresa e na relação com o cliente. Portanto, se o objetivo de uma empresa é prover produtos e serviços com qualidade, é necessário que esse desejo faça parte da cultura da empresa. E para que isso ocorra, é preciso que se tenha um sistema de gestão de qualidade robusto. Entre os acontecimentos que alavancaram os níveis de qualidade de produtos e serviços ao redor do mundo, um deles, inegavelmente, é o 4 surgimento, no Japão, do movimento denominado TQC (Total Quality Control), em português, Controle Total da Qualidade. Isso fez com que o ocidente se mexesse e intensificasse os trabalhos em prol da ISO 9000. Embora a data de criação seja 1947, foi a partir da década de 80 que a ISO 9000 passa a ser disseminada pelo mundo, chegando a ser utilizada em mais de 170 países. As normas ISO série 9000 são constituídas por normas destinadas ao Gerenciamento da Qualidade e à Qualidade Assegurada. O objetivo principal é de desenvolver e promover normas que possam ser utilizadas igualmente por todos os países do mundo. A Figura 1 mostra algumas derivações da ISO 9000. Figura 1 – ISO 9000 e suas derivações Mas a obtenção da ISO 9000 é garantia da qualidade total? Não necessariamente; no entanto, é um excelente caminho para implantação de uma cultura baseada na qualidade nas empresas. A ISO 9000 é a norma que regulamenta os fundamentos e o vocabulário do Sistema de Gestão da Qualidade, e traz conceitos centrais que são utilizados no sistema. A ISO 9001 fornece orientações sobre a qualidade dos projetos, bem como sobre seu desenvolvimento, produção, instalação e manutenção. É uma das normas mais específicas, e mostra como deve ser cada processo da empresa (Furtado; Da Silva, 2019). A versão atual da ISO 9001 é a de 2015. Mas na prática, como o engenheiro de produção Alex poderá atuar nesse processo? Bom, ele pode atuar 5 diretamente como um coordenador da qualidade ou também na preparação dos procedimentos em atendimento às normas. Mas quais seriam essas normas? Antes de focar em algumas dessas normas, vamos relembrar os princípios que regem a ISO 9001 2015: 1. Foco no cliente — o objetivo maior de qualquer organização. O cliente pode ter outras designações (consumidor, usuário, público), entretanto o bem ou o serviço é sempre prestado a ele, que, de forma direta ou indireta, é o motivo da existência das organizações. 2. Liderança — Pode ser interpretada como uma liderança no negócio ou como uma atuação por meio da liderança em qualidade. Esse mesmo princípio definirá o grau de engajamento das pessoas, que é decorrente do interesse delas pela organização e por seus processos, bem como por aquilo que a organização pode oferecer em contrapartida. 3. Engajamento das pessoas — Representa o comprometimento das pessoas com os processos em que estão envolvidas. 4. Abordagem por processos — Este princípio, bem como o pensamento sistêmico, dá à qualidade a visão do todo. Isso se justifica, uma vez que são os processos que determinarão os resultados obtidos pelas organizações. A abordagem sistêmica permite a análise das consequências dos processos adotados pela organização e do seu impacto em cada instante da produção e/ou fornecimento. 5. Melhoria contínua — O princípio relativo à melhoria contínua indica que a norma prevê a evolução da qualidade, não necessariamente mantendo o sistema de gestão da qualidade original, o que permite que as organizações se desenvolvam e aperfeiçoem seus produtos com o tempo. 6. Tomada de decisão baseada em evidência — Muito utilizado para a avaliação da qualidade, este princípio indica a utilização de dados como fundamento para sistemas de gestão da qualidade; a tomada de decisões deve se realizar com base em fatos e não em situações subjetivas. 7. Gestão de relacionamentos — Parte da lógica de que o fornecedor poderá ampliar o espectro da qualidade, oferecendo matéria-prima de qualidade, que, por sua vez, resultará em ganhos de mercado do produto principal e também em ganhos para o próprio fornecedor. Assim, são fomentadas as relações de qualidade com os fornecedores, o que redunda em benefícios mútuos. 6 Os princípios acima fomentam a base de sustentação para entendimento da ISO 9001. Outro aspecto que facilita bastante o trabalho para implantação de um sistema de gestão da qualidade baseado na ISO 9001 é o entendimento das seções (ou requisitos) da referida norma. Abaixo, é possível visualizar de uma forma macro como estão estruturadas as seções 4 a 10, e uma analogia com o PDCA. Figura 2 – ISO 9001 2015 seções 4 a 10 Crédito:Maria, 2013. Para ajudar o engenheiro Alex, vamos exemplificar algumas seções com o auxílio de procedimentos práticos. Vejamos: Sobre a Seção 6 – Planejamento, tópico 6.1. Traz ações para abordar riscos e oportunidades. A norma solicita que a organização apresenta mecanismos que possam identificar os riscos, analisá-los, avaliá-los e agir no sentido de reduzi-los ou eliminá-los. Suponha que na Metalúrgica Vima um dos produtos que pode ser produzido em apenas uma máquina existente na empresa tem apresentado, através de análises estatísticas, baixa capabilidade de processo, ou seja, alta probabilidade de produzir peças defeituosas. 7 Quais são as estratégias para a gestão desse risco? Existe algum fornecedor externo que atenda aos requisitos desse produto? Existe algum plano de manutenção do equipamento que melhore a capabilidade do processo? Nota-se que o entendimento básico de uma das subseções da norma já direciona a empresa no sentido de criar procedimentos e ações que atuem diretamente sobre a qualidade do produto ou serviço. TEMA 2 – METROLOGIA: MSA E R&R Pode-se questionar: qual é a relação de um engenheiro de produção com a metrologia? Vamos utilizar o exemplo acima para melhorar o entendimento. Uma determinada máquina da empresa Vima tem demonstrado tendências de produzir produtos fora do especificado. Normalmente, a primeira suspeita recai sobre as condições do equipamento: manutenção, dispositivos de fixação, ferramentas etc. No entanto, o engenheiro de produção pode estar sendo ludibriado pelo sistema de medição, ou seja: será que a variação apontada na medição das peças provém do equipamento ou do sistema de medição? Nesse momento, entram os conhecimentos sobre metrologia, que podem ajudar muito na solução de problemas. Vamos recordar alguns tópicos vistos na aula de Metrologia. O primeiro deles é sobre MSA (Measurement System Analysis), em português, Análise dos Sistemas de Medição. Segundo o Inmetro (portaria n. 163, 2005), a verificação de um instrumento de medição é o procedimento que compreende o exame, a marcação e/ou a emissão de um certificado de verificação que constata e confirma que o sistema de medição satisfaz às exigências regulamentares. Para ajudar a solucionar esse problema, é ideal que se faça um estudo de R&R. No entanto, o que vem a ser R&R? O R&R é um método para estimar a variabilidade associada ao sistema de medição com base em dois termos: a repetitividade e a reprodutibilidade. Por meio desse método estatístico, é possível analisar se o equipamento de medição está dentro dos critérios de aceitação e de onde provém os possíveis erros Vamos supor que o desenho do produto da empresa Vima tenha a configuração a seguir (dados fictícios), e a dimensão que está apresentando problemas refere-se à cota de 1,4 ± 0,02. 8 Figura 3 – Desenho da peça para estudo de R&R (fictícia) Crédito: Pansonato, 2019. O dispositivo de inspeção para essa medida é indireto, com componentes mecânicos que deslizam em mancais cilíndricos acionados por mola. A obtenção da medida é obtida por meio de coluna eletrônica de medição e transdutores lineares LVDT. O ajuste do dispositivo é obtido através de um padrão devidamente calibrado. Para efetivar o estudo de R&R, o engenheiro Alex precisa cumprir as seguintes etapas, conforme aula da disciplina de Metrologia: Selecionar aleatoriamente operadores que utilizam e conhecem bem o sistema de medição a ser estudado. Em geral, recomenda-se três operadores. Se isso não for viável, utilizar pelo menos dois operadores. Caso o operador não influencie na medição, não avalie a reprodutibilidade. Utilizar equipamentos de medição devidamente calibrados. Selecionar de 5 a 15 peças da produção cujas dimensões varram o campo de variação do processo. Se o sistema de medição for utilizado para processos com campos de variação muito distintos, recomenda-se realizar estudos de R&R distintos. Sempre que possível, procure obter g = (número de peças) X (número de operadores) maior que 15. Se isso não for possível, aumente o número de leituras por peças. Escolher o método de conduzir e analisar o estudo. Identificar cada operador (avaliador) que será avaliado no sistema de medição através de uma letra (operador A, B e C). Identificar as peças com números sem que estes sejam do conhecimento dos avaliadores. 9 Obter do avaliador “A” as medidas das “n” peças, de modo aleatório, seguindo um procedimento de medição e efetuar os devidos registros. Repetir o procedimento com os avaliadores “B” e “C”. Esse ciclo deve ser repetido pelo menos três vezes com os operadores A, B e C. Após a coleta de dados, os valores, juntamente com as informações da peça, devem ser inseridos em uma planilha ou até mesmo um software que faça o cálculo do R&R. Há como fazer os cálculos manualmente, conforme informações contidas em aula da disciplina de Metrologia, porém o tempo despendido e a possibilidade de ocorrer um erro humano inviabilizam essa hipótese. Após realizado os cálculos pertinentes, é necessário analisar os gráficos e também o resultado final (em porcentagem), utilizando o quadro a seguir como referência para a tomada de ações. Quadro 1 – Índices de decisão do estudo de R&R R&R DECISÃO COMENTÁRIOS Abaixo de 10% Sistema de medição geralmente considerado aceitável Recomendável principalmente quando as especificações de projeto são “estreitas” e quando for requerido um controle apertado do processo Entre 10% e 30% Pode ser aceito para algumas aplicações A decisão deve ser baseada na importância da aplicação da medição que está sendo realizada, no uso e nos riscos associados à peça que está sendo medida, no custo de decisões erradas em função da inadequação do SM. Nesse caso, o sistema de medição adotado pela empresa fornecedora da peça deve ser aprovado pelo cliente. Acima de 30% Considerado inaceitável Deve se analisar as causas da baixa adequação e melhorar o SM, planejando e implementando as ações necessárias. A utilização do quadro é de suma importância para A tomada de decisão quanto ao desempenho do sistema de medição. No caso da empresa Vima, o resultado foi superior a 30%, E, portanto, o sistema de medição deve ser melhorado. Até que isso aconteça, um plano de contenção deve ser implementado (outro meio de medição, inspeção 100% etc.) TEMA 3 – FERRAMENTAS DA QUALIDADE (I): CARTA DE CONTROLE Se bem utilizadas, as ferramentas básicas da qualidade podem ajudar a resolver a grande maioria dos problemas relativos à qualidade, no entanto ainda 10 se vê dentro das empresas um mau uso dessas ferramentas, e como consequência deixamos de gerar resultados positivos. Muitas vezes, alguns profissionais desistem de utilizá-las, por não conseguirem aplicá-las de forma eficaz. Vicente Falconi Campos (1992), um dos gurus brasileiros para assuntos relacionados à qualidade, descreve: Diante de um problema as empresas pulam todo processo de análise das causas, entendimento das razões do problema e já querem ir para a solução. Essas soluções na maioria das vezes não são as mais acertadas – no final você tem métodos que custam caro e não resolvem o problema. (Campos, 1992) E por que será que isso acontece nas empresas? Um dos motivos, conforme já apresentado, é a busca por soluções imediatas. Mas vamos ver como as ferramentas da qualidade podem ajudar o engenheiro de produção Alex. O engenheiro de produção sempre deve estar atento a tudo que o corre no chão de fábrica ou na área destinada à execução de serviços. Alex logo entendeu o quanto era importante essa forma de trabalho. Em uma das incursões pela fábrica, foi solicitado a auxiliar dois colaboradores que estavam enfrentado um problema. Vamos chamá-los de colaborador “A” e colaborador “B”. O colaborador “A” era responsávelpelo setor de usinagem e fornecia um componente metálico que seria acoplado a um conjunto no setor de montagem, que era coordenado pelo colaborador “B”. Algo comum que ocorre na área de usinagem é manter o dimensional da peça próximo ao limite superior da tolerância, pois o risco de produzir uma peça não conforme é menor (ou o risco de “matar” a peça, que é a expressão utilizada no chão de fábrica). Isso estava acontecendo na usinagem e afetando diretamente o setor de montagem, pois pelo fato de a medida das peças estar no limite superior (as vezes até um pouco acima), o acoplamento no conjunto final estava comprometido. Muitas vezes, era necessário desmontar algumas peças e “tentar” algumas outras para finalizar o conjunto montado. Para auxiliar na solução desse tipo de problema, uma das ferramentas da qualidade que pode ser utilizada é a carta de controle. De acordo com Kume (1993), os gráficos de controle foram idealizados por Shewhart com a finalidade de separar as chamadas causas assinaláveis (comuns), aquelas passíveis de serem identificadas e acompanhadas, das causas aleatórias, aquelas cuja ocorrência não pode ser prevista. 11 Como se trata de um item com característica de valor contínuo (variável), é aconselhável utilizar um gráfico �̅� – R (média e amplitude). Como se trata do controle de uma mediada de comprimento, esse gráfico é o mais indicado. O primeiro passo para a criação de uma carta de controle é a coleta de dados. Vale ressaltar que para esse estudo não houve a preocupação de se trabalhar próximo ao limite superior de especificação. No caso em estudo, foram coletadas seis amostras com cinco medidas cada, conforme tabela abaixo. A partir daí, calcula-se médias, amplitudes e desvios padrões. Tabela 1 – Coleta de dados para carta de controle Crédito: Pansonato, 2019. Gráfico 1 – Carta de controle (médias) Crédito: Pansonato, 2019. 12 Detalhes para a realização dos cálculos podem ser obtidos nas aulas da disciplina de Gestão da Qualidade. Após essa experiência com a implantação da primeira carta de controle na empresa Vima, Alex aprimorou mais o seu trabalho, com a implantação de controle estatístico de processo (CEP) para dimensões com características críticas. TEMA 4 – FERRAMENTAS DA QUALIDADE (II): CORRELAÇÃO Pelas suas características de atuação, o engenheiro de produção se envolve com várias áreas de uma empresa. Nesse tema, continuamos a abordar assuntos relativos à qualidade, mais especificamente as ferramentas da qualidade, porém o caso que ocorreu com o engenheiro Alex da empresa Vima envolveu produção, engenharia de produção e manutenção. Um determinado equipamento da empresa estava apresentando ligeira queda de performance e essa variação era motivo de reclamação da produção na reunião gerencial. O pessoal da produção insistia que a máquina estava com perda de pressão hidráulica. E isso vinha afetando o seu desempenho, e consequentemente o desempenho da produção. Por outro lado, a manutenção, que fazia a coleta de dados periodicamente, informava que não havia nada de errado com a pressão hidráulica da máquina. Afirmava ainda que os valores estavam dentro das condições normais da máquina, conforme informações do fabricante. O engenheiro Alex, que participava diariamente dessas reuniões, foi questionado em relação ao que fazer para evidenciar se estava ocorrendo ou não deterioração dos níveis de pressão da máquina. Como fazer esse estudo com uma base estatística? Para solucionar esse problema, Alex usou uma das ferramentas da qualidade, que é o gráfico de correlação (ou dispersão). O gráfico de correlação (ou dispersão) é uma ferramenta que possibilita o estudo da relação entre duas variáveis associadas, indicando os padrões de variação que definem o padrão da qualidade (Kume, 1993, citado por Seleme; Standle, 2012, p.94). Duas variáveis podem ser consideradas relacionadas se a mudança de uma provoca a mudança na outra, tal qual velocidade de um veículo e o consumo de combustível, por exemplo. Mas será que isso se aplica ao caso em questão? Como em qualquer estudo, o primeiro passo foi a coleta de dados. O departamento de manutenção tinha dados referentes a oito meses, quantidade 13 que não foi aceita pelo engenheiro, em função da baixa quantidade de amostras. Foram coletadas mais quatro amostras, dentro das mesmas condições das amostras anteriores, para completar doze meses, conforme tabela abaixo. Tabela 2 – Dados para estudo de correlação Meses (X) Pressão (y) Mpa 1 1 10,3 2 2 9,9 3 3 10,8 4 4 9,3 5 5 9,5 6 6 10,4 7 7 9,0 8 8 9,3 9 9 7,6 10 10 7,8 11 11 8,0 12 12 7,8 Crédito: Pansonato, 2019. Com os dados coletados, utilizou-se de uma planilha de Excel para efetuar os cálculos e o gráfico, conforme vemos a seguir. Gráfico 2 – Correlação Crédito: Pansonato, 2019. 14 É evidente que somente através de uma avaliação visual já é possível enxergar que há uma certa correlação nos dados avaliados, principalmente em função do gráfico criar uma reta com os dados visualmente agrupados. Porém, existem outras variáveis que devem ser avaliadas. Uma delas é o coeficiente de Correlação Linear (r), que mede o grau de relacionamento linear entre valores emparelhados “x” e “y” em uma amostra. É também conhecido como Correlação de Pearson, para efeito de interpretação – quanto mais próximo de um, tanto com sinal negativo quanto positivo, melhor será a correlação, conforme demonstrado na tabela a seguir. Tabela 3 – Referencial para análise de correlação Índice de correlação Indicativo 1 Indica uma correlação fortíssima 0,9 Indica uma correlação muito forte 0,7 a 0,9 Indica uma correlação forte 0,5 a 0,7 Indica uma correlação moderada 0,3 a 0,5 Indica uma correlação fraca 0 a 0,3 Indica uma correlação muito fraca (desprezível) 0 Indica que não há correlação Crédito: Pansonato, 2019. Conforme a Tabela 3, o índice obtido no cálculo (0,86) demonstra que há uma correlação forte entre o passar dos meses e a queda da pressão do sistema hidráulico da máquina, portanto o resultado sinaliza que algo deve ser feito para conter essa tendência. TEMA 5 – TEMPOS E MÉTODOS NA PRÁTICA Bom, entendemos nos parágrafos anteriores que a qualidade é um fator importantíssimo nas atividades da engenharia de produção; sem conhecer os princípios e fundamentos da qualidade, com certeza a competitividade da empresa estará comprometida. Mas será que apenas como foco na qualidade a empresa será competitiva? Há, nessa analogia, um fator importantíssimo, que é o tempo, que tem influência direta num indicador não menos importante, a produtividade. Não adianta sermos competitivos em termos de qualidade, 15 entregar o produto conforme as especificações, se utilizamos muito mais tempo para produzir esse determinado produto em relação ao concorrente. A competitividade de uma empresa tem de atender, obrigatoriamente, aos preceitos qualidade, produtividade e custo. Vamos estudar produtividade e as análises de tempo neste tema. Para dar um sentido prático ao assunto, vamos retornar ao caso da Metalúrgica Vima. O controle sobre os tempos de produção em uma empresa é de suma importância para a apuração dos custos produtivos, que por sua vez irão compor o preço do produto final. Como uma empresa pode compor o custo de um produto se para uma mesma atividade é possível apurar tempos produtivos totalmente discrepantes uns dos outros? Pois era esse um dos problemas que recorrentes na empresa Vima, sem contar com os tempos produtivos que nunca eram alcançados. O que fazer nessa situação? A primeira ação é padronizar as atividades. A padronização, como muitos tendem a pensar, não é uma camisa de força. Ela reduz as fontes de variabilidade dos processos e contribui para o seu controle e estabilidade. Não há comoimplementar melhorias onde não há padronização. Após o árduo trabalho de padronização, ainda restou outro desafio a ser enfrentado: tempos de manufatura que não atendiam à demanda dos clientes, sendo necessário recorrer constantemente a horas extras. Hoje em dia, na maioria das empresas, existe um controle de tempo eficaz de ciclo das atividades; no entanto, um dos grandes problemas são os chamados tempos acíclicos. Mas o que seria, na prática, os tempos acíclicos? Eles referem-se a atividades que não são realizadas a cada ciclo de produção de uma peça. Atividades como a de ter que “parar” o ciclo regular de produção para embalar 20 peças, por exemplo. Outros exemplos seriam os tempos para troca de ferramentas, tais como brocas, insertos de metal duro para usinagem, punções afiadas para estampagem etc. O que ocorre nas empresas é que, normalmente, cronometra-se o tempo “gargalo” de uma linha e utiliza-o como referência para estipular a capacidade produtiva da linha, sem levar em consideração os tempos acíclicos. Em uma das linhas de produção da empresa Vima, verificou-se esse problema. Por mais que o pessoal se esforçasse, não conseguia atender à capacidade desejada em função do tempo de ciclo do posto gargalo (restrição). Essa linha de produção utilizava um layout por produto e era composta por 16 processos de estampagem, usinagem (furação), crimpagem, montagem, teste final e embalagem. Em quase todos os postos, havia tempos acíclicos que não eram levados em consideração, tais como troca de punção, reposição de brocas, troca de punção de crimpagem, entre outros. O objetivo, em termos de controle de tempo em um sistema produtivo, é obter o chamado tempo padrão. Para recordarmos, o tempo padrão é obtido pela seguinte fórmula: Tp = Tn x Ft Em que: Tp = Tempo Padrão (min.); Tn = Tempo normal (min.); Ft = Fator de tolerância O fator de tolerância leva em consideração a tolerância à fadiga, as tolerâncias pessoais e as tolerâncias de espera. O cálculo se dá conforme a fórmula abaixo: Ft = 1 + (Tt / Td) Em que: Tt= Tempo das tolerâncias Td= Tempo disponível Não vamos entrar no cálculo do tempo padrão, mas sim apresentar como o tempo padrão pode ser “mascarado” pelos tempos das atividades acíclicas. Vamos supor que o takt time seja de 87 segundos e o tempo padrão calculado seja de 86 segundos (valores fictícios). Isso significa que o cliente quer uma peça a cada 87 segundos e o tempo padrão calculado, considerando todas as tolerâncias, é de 86 segundos. Teoricamente, haveria condições de atender a demanda do cliente. No entanto, essa linha apresenta alguns tempos acíclicos que não foram considerados na composição do tempo padrão. Os tempos acíclicos são: Tempo de reposição de ferramenta (brocas e punções): 20 minutos (S); Quantidade de peças a cada troca: 500 (P); Tempo para embalar peças: 5 minutos (TF); 17 Quantidade de peças por embalagem: 100 (F). Como se pode observar, há muita interferência dos tempos acíclicos sobre o tempo padrão calculado. Para obter o tempo padrão real para esse produto, deve-se utilizar a equação abaixo: 𝑇𝑝𝑟 = ( 𝑇𝑠 𝑃 ) + 𝑇𝑝 + ( 𝑇𝑓 𝑓 ) Em que: Ts= Tempo para troca de ferramentas (ou setup) P= Peças por troca de ferramentas Tf= Tempo para embalagem F= Peças por embalagem Vamos verificar como ficará o tempo padrão recalculado? Como o tempo padrão está em segundo, antes é necessário transformar os tempos de troca de ferramenta e de embalagem de minutos para segundos: Tempo de reposição de ferramenta (brocas e punções) TS: 20 minutos x 60 segundos = 1.200 segundos. Tempo para embalar peças Tf: 5 minutos x 60 segundos = 300 segundos. Agora é só substituir os valores na equação. 𝑇𝑝𝑟 = ( 1200 500 ) + 86 + ( 300 100 ) Tpr = 91,4 segundos Observem que partimos de um tempo padrão calculado de 86 segundos, que é o tempo que é fornecido ao PCP (Planejamento e Controle da Produção), porém o tempo que deveria ser utilizado para efeitos de cálculos de capacidade produtiva seria de 91,4 segundos. Observem ainda que, além de não atingir o tempo padrão, também não foi alcançado o takt time, que é o tempo em que o cliente deseja ter uma peça. Esse é um caso típico em que não se consegue atender a capacidade produtiva e se recorre a horas extras. Para esse caso específico, em função da não observância dos tempos acíclicos, teríamos uma diferença de aproximadamente 360 peças a menos ao final do mês, o que com certeza 18 acarretaria na execução de horas extras. Muitas vezes, o que parece óbvio, como o caso dos tempos acíclicos apresentados nesse tema, não é observado no cotidiano das empresas. Fica a dica! FINALIZANDO Os tópicos especiais em Engenharia de Produção dessa aula foram destinados a assuntos relacionado à qualidade e produtividade. Abordamos assuntos referentes aos Sistemas de Gestão da Qualidade. Conhecemos os princípios que regem a ISO 9001 2015 e exemplificamos algumas seções com o auxílio de procedimentos práticos. A metrologia exerce um papel importantíssimo, tanto na vida cotidiana do cidadão, como por exemplo na quantidade de combustível que se abastece em um posto, até em um atestado de confiabilidade em um sistema de medição por meio de um teste de repetitividade e a reprodutibilidade (R&R). As ferramentas da qualidade são extremamente úteis na solução de problemas, principalmente relacionados à engenharia de produção. Ainda assim, ainda nos dias de hoje ainda existem muitos erros de aplicação; a eficácia dessas ferramentas é notória. Foram apresentados dois casos envolvendo as ferramentas da qualidade gráficos de controle e correlação. Para finalizar a nossa aula, estudamos um pouco sobre tempos e métodos, com foco na influência dos tempos acíclicos na definição do tempo padrão. Até a próxima aula. Bons estudos! 19 REFERÊNCIAS AGOSTINHO, D. S. Tempos e métodos aplicados à produção de bens. Curitiba: InterSaberes, 2015. CAMPOS, V. F. T. Q. C.: Controle da Qualidade Total (no estilo japonês). Belo Horizonte: Fundação Christiano Ottoni, 1992. CHIROLI, D. Avaliação de sistemas de qualidade. Curitiba: InterSaberes, 2016. FURTADO, D. R. B.; SILVA, S. C. A. da. Gestão de Qualidade. Disponível em: <http://gestao-de-qualidade.info/fale-conosco.html>. Acesso em: 10 mar. 2019. KUME, H. Métodos estatísticos para melhoria da qualidade. 10 ed. São Paulo: Gente, 1993. MARIA, G. Comparação dos requisitos ISO 9001:2008 x ISO 9001:2015. 8idea, fev. 2013. Disponível em: <http://www.8idea.com.br/blog/comparacao- requisitos-iso-9001-2008-x-2015/>. Acesso em: 12 mar. 2019. SELEME, R. Métodos e tempos: racionalizando a produção de bens e serviços. Curitiba: InterSaberes, 2012. SELEME, R.; STANDLE, H. Controle da qualidade: as ferramentas essenciais. Curitiba: InterSaberes, 2012. 1 Prof. Roberto Pansonato Tópicos Especiais em Engenharia de Produção Aula 2 Conversa Inicial A flexibilidade de atuação do engenheiro A aula 2 será destinada aos tópicos qualidade e produtividade A metalúrgica Vima Ltda. Especializada em peças metálicas estampadas e usinadas para a indústria automotiva Qualidade e Produtividade O proprietário tinha ótimos conhecimentos técnicos sobre os processos de estamparia (corte, dobra e repuxo) e ferramentaria Porém não tinha conhecimentos sobre os procedimentos de qualidade Implantação de um sistema de gestão da qualidade com base nas normas ISO 9000 Sistemas de Gestão da Qualidade ISO 9000 Metrologia MAS R&R Utilizando as ferramentas da qualidade I Utilizando as ferramentas da qualidade II Tempos e métodos na prática Sistemas de Gestão da Qualidade ISO 9000 2 Os produtos e serviços devem atender aos clientes com qualidade (óbvio) Mas por que é difícil fazer o óbvio? É necessário que o desejo de prover produtose serviços com qualidade faça parte da cultura da empresa A partir da década de 1980, a ISO 9000 passa a ser disseminada pelo mundo, chegando a ser utilizada em mais de 170 países A obtenção da ISO 9000 é garantia da qualidade total? A versão atual da ISO 9001 é a de 2015 Foco no cliente: o objetivo maior de qualquer organização Liderança: no negócio ou como uma atuação por meio da liderança em qualidade Engajamento das pessoas Abordagem por processos: dá à qualidade a visão do todo Tomada de decisão baseada em evidência: a tomada de decisões deve se realizar com base em fatos e não em situações subjetivas Gestão de relacionamentos: relações de qualidade com os fornecedores resulta em benefícios mútuos Fonte: www.8idea.com.br/blog/comparacao-requisitos-iso-9001-2008-x-2015 Metrologia: MAS e R&R 3 Qual é a relação de um engenheiro de produção com a metrologia? Máquina da empresa Vima tem demonstrado tendências de produzir produtos fora do especificado Normalmente as causas recaem sobre Condições da máquina Dispositivos Ferramentas etc. Fonte: Elaborado pelo autor Fonte: Toledo, 2014, p. 129 (adaptado de Aaig, 2008) RR Decisão Comentários Abaixo de 10% Sistema de medição geralmente considerado aceitável Recomendável principalmente quando as especificações de projeto são “estreitas” e quando for requerido um controle apertado do processo. Entre 10% e 30% Poder ser aceito para algumas aplicações A decisão deve ser baseada na importância da aplicação da medição que está sendo realizada, no uso e nos riscos associados à peça que está sendo medida, no custo de um SM de melhor R&R, no custo de decisões erradas em função de inadequação do SM. Nesse caso, o sistema de medição adotado pela empresa fornecedora da peça deve ser aprovado pelo cliente. Acima de 30% Considerado inaceitável Deve-se analisar as causas da baixa adequação e melhorar o SM, planejando e implantando as ações necessárias. Conhecer se o sistema de medição é confiável é de suma importância para se produzir produtos com a qualidade exigida Utilizando as Ferramentas da Qualidade I – Gráfico de Controle Se bem utilizadas, as ferramentas básicas da qualidade podem ajudar a resolver a grande maioria dos problemas relativos à qualidade Muitas vezes alguns profissionais desistem de utilizá-las por não conseguir aplicá-las de forma eficaz ...a busca por soluções imediatas 4 O histórico da empresa Vima Como estabelecer os limites superior e inferior do processo? A utilização da carta de controle Separar As causas comuns, aquelas passíveis de ser identificadas e acompanhadas Das causas aleatórias, aquelas cuja ocorrência não pode ser prevista Fonte: Elaborado pelo autor Fonte: Elaborado pelo autor Calcular os limites de controle de processo e atendê-los, com certeza, proporcionará o produto correto Utilizando as Ferramentas da Qualidade II – Correlação Mais um caso prático da empresa Vima A engenharia de produção e sua relação com outros departamentos Discussões do cotidiano das empresas Produção Manutenção Engenharia de produção 5 Equipamento apresentando ligeira queda de performance Perda de pressão hidráulica com o decorrer do tempo Como provar estatisticamente se essa afirmação se sustenta? O gráfico de correlação (ou dispersão) é uma ferramenta que possibilita o estudo da relação entre duas variáveis associadas, indicando os padrões de variação que definirão o padrão da qualidade Fonte: Kume, 1993; apud Seleme; Stadler, 2010, p. 94 Meses (x) Pressão (y) MPa 1 1 10,3 2 2 9,9 3 3 10,8 4 4 9,3 5 5 9,5 6 6 10,4 7 7 9,0 8 8 9,3 9 9 7,6 10 10 7,8 11 11 8,0 12 12 7,8 Fonte: Elaborado pelo autor Fonte: Elaborado pelo autor Índice de correlação Indicativo 1 Indica uma correlação fortíssima 0,9 Indica uma correlação muito forte 0,7 a 0,9 Indica uma correlação forte 0,5 a 0,7 Indica uma correlação moderada 0,3 a 0,5 Indica uma correlação fraca 0 a 0,3 Indica uma correlação muito fraca (desprezível) 0 Indica que não há correlação 1 0,5 0‐0,50 Fonte: Elaborado pelo autor Tempos e Métodos na Prática 6 A influência do fator tempo na produtividade das empresas O controle sobre os tempos de produção em uma empresa é de suma importância para apuração dos custos produtivos, que por sua vez comporão o preço do produto final A primeira ação a se fazer é padronizar as atividades A padronização, como muitos tendem a pensar, não é uma camisa de força O que são tempos acíclicos? Tempos para atividades de embalagens, para troca de ferramentas, tais como brocas, insertos de metal duro para usinagem, punções afiados para estampagem etc. Takt time: 87 s Tempo-padrão calculado: 86 s Tempo de reposição de ferramenta (brocas e punções): 20 minutos (S) Quantidade de peças a cada troca: 500 (P) Tempo para embalar peças: 5 minutos (TF) Quantidade de peças por embalagem: 100 (F) Exemplo 86 , Aproximadamente 360 peças a menos ao final do mês TÓPICOS ESPECIAIS EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO AULA 3 Prof. Roberto Candido Pansonato 2 CONVERSA INICIAL Olá! Já vimos que o engenheiro de produção deve dominar alguns conceitos técnicos que vão auxiliá-lo na condução de seus trabalhos dentro das organizações. Vimos também que o conhecimento sobre os princípios e fundamentos da qualidade e da produtividade é essencial para exercer essa função. Por falar em qualidade, um dos princípios que regem a ISO 9001 2015 refere-se à abordagem por processos. São os processos que determinam os resultados obtidos pelas organizações e estarão em destaque nesta aula, destinada aos tópicos em manufatura. O objetivo dessa disciplina é evidenciar os tópicos especiais em engenharia de produção sob contexto de solução de problemas para que você se sinta como se estivesse participando da solução. Pois bem, vamos então, a mais um caso de ensino. Muitos administradores de empresas de manufatura, quando sentem que as coisas não estão indo muito bem, buscam no mercado profissionais que possam alavancar os negócios por meio de suas técnicas e experiência. O caso em questão diz respeito à empresa JCR Produtos Eletrônicos (nome fictício). Os dois sócios, engenheiro e técnico ligados à eletrônica, direcionavam muito bem a empresa quanto às estratégias de produto e tecnologia. Ambos já tinham bastante experiência na área, obtida por meio de vários anos de trabalho em uma grande empresa do ramo. Juntando a qualidade técnica dos sócios com a experiência acumulada, bons resultados surgiram em curto prazo de tempo. Alta tecnologia dos produtos com boa qualidade logo se reverteu em bom volume de vendas. Vendas em alta requer processos eficazes que garantam fluidez das atividades para que se obtenham índices de produtividade competitivos. No entanto, não era a realidade da empresa JCR que estava com muitos problemas de processo. Na manufatura, fluxos de produção sem fluidez, ocasionando o chamado “WIP” (work in process), que, em português, significa trabalho (ou peça) em processo. Também se observavam tempos de espera e estoque excessivos devido à ineficácia dos processos. Por exemplo, a programação da produção era realizada em grandes lotes para “aproveitar” alguns recursos. Se há desperdícios, nada melhor do que os combater por meio de técnicas de manufatura enxuta. 3 As empresas têm adotado cada vez mais uma administração horizontal, ou seja, focar naquilo que é sua expertise e delegar a terceiros atividades que não são de seu domínio. A JCR optou pela estratégia da administração horizontal, o que demandou a utilização de vários fornecedores, no entanto, essa cadeia de suprimentos não estava funcionando a contento. Mais uma vez, são necessárias as competências de um profissional da engenharia de produção. O desafio foi lançado e a contratação do engenheiro foi efetivada. Quais seriam os desafios