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Universidade Federal de Santa Catarina Departamento de Engenharia Mecânica Grupo de Análise e Projeto Mecânico Introdução à Dinâmica de Rotores Prof. José Carlos Pereira Florianópolis, janeiro de 2005 SUMÁRIO 1 - INTRODUÇÃO1 - INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................................................................................................... 44 Modelo massa/molaModelo massa/mola ...................................................................................................................................................................................................... 55 Movimento de um sistema rotativoMovimento de um sistema rotativo .................................................................................................................................................... 77 Análise do modelo Jeffcott rotorAnálise do modelo Jeffcott rotor ........................................................................................................................................................ 1100 Significado físico das soluçõesSignificado físico das soluções............................................................................................................................................................ 1122 Três formas de reduzir a amplitude do giro síncronoTrês formas de reduzir a amplitude do giro síncrono .................................................................................... 1133 Algumas definições sobre amortecimentoAlgumas definições sobre amortecimento ........................................................................................................................ 1144 Efeito de mancais flexíveisEfeito de mancais flexíveis .......................................................................................................................................................................... 1144 Instabilidade em rotoresInstabilidade em rotores.................................................................................................................................................................................... 1188 Efeito da anisotropia dos mancais no amortecimentoEfeito da anisotropia dos mancais no amortecimento .................................................................................. 1199 2 - EQUAÇÕES DE ENERGIA DOS ELEMENTOS DE ROTOR2 - EQUAÇÕES DE ENERGIA DOS ELEMENTOS DE ROTOR.................................................................... 2233 2.1 - Energia cinética do disco2.1 - Energia cinética do disco................................................................................................................................................................ 2233 2.1 - Energia de deformação do eixo em flexão2.1 - Energia de deformação do eixo em flexão ........................................................................................................ 2255 2.3 - Energia de deformação do eixo devido a uma força axial2.3 - Energia de deformação do eixo devido a uma força axial ...................................................... 3300 2.4 – Mancais2.4 – Mancais ........................................................................................................................................................................................................................ 3311 2.5 – Equações de movimento do rotor2.5 – Equações de movimento do rotor .................................................................................................................................. 3322 3 – MÉTODO DE RAYLEIGH-RITZ3 – MÉTODO DE RAYLEIGH-RITZ ............................................................................................................................................................ 3333 3.1 – Rotor isotrópico bi-apoiado3.1 – Rotor isotrópico bi-apoiado ...................................................................................................................................................... 3333 3.1.1 – Diagrama de Campbell para rotores isotrópicos................................... 34 3.1.2 – Resposta do rotor a um desbalanceamento .......................................... 37 3.1.3 – Diagrama de Campbell do rotor com uma força axial........................... 43 3.1.4 – Resposta do rotor à uma força assíncrona............................................ 47 3.1.5 – Resposta do rotor à uma força fixa no espaço...................................... 49 3.2 – Rotor anisotrópico bi-apoiado3.2 – Rotor anisotrópico bi-apoiado .............................................................................................................................................. 5533 3.3 – Efeito dos termos de acoplamento nos mancais3.3 – Efeito dos termos de acoplamento nos mancais .................................................................................. 5599 3.4 – Efeito do amortecimento dos mancais3.4 – Efeito do amortecimento dos mancais .................................................................................................................. 6633 3.5 – Efeito do amortecimento interno3.5 – Efeito do amortecimento interno ...................................................................................................................................... 6666 3.3 – Rotor isotrópico em balanço3.3 – Rotor isotrópico em balanço .................................................................................................................................................. 7711 4 – RESPOSTA TRANSIENTE DO ROTOR4 – RESPOSTA TRANSIENTE DO ROTOR.................................................................................................................................. 7788 4.1 – Equações e soluções4.1 – Equações e soluções............................................................................................................................................................................ 7788 4.2 – Exemplos de aplicação4.2 – Exemplos de aplicação...................................................................................................................................................................... 8822 Rotor isotrópicoRotor isotrópico .............................................................................................................................................................................................................. 8822 Rotor anisotrópicoRotor anisotrópico ...................................................................................................................................................................................................... 8855 4.3 – Fadiga em eixos de rotores4.3 – Fadiga em eixos de rotores........................................................................................................................................................ 8899 5 – BALANCEAMENTO EM ROTORES5 – BALANCEAMENTO EM ROTORES.............................................................................................................................................. 9944 5.1 – Introdução5.1 – Introdução .............................................................................................................................................................................................................. 9944 5.2 – Princípio básico do balanceamento5.2 – Princípio básico do balanceamento ............................................................................................................................ 9944 5.3 – Método dos Coeficientes de Influência5.3 – Método dos Coeficientes de Influência .................................................................................................................. 9966 6 – MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS APLICADO À DINÂMICA DE ROTORES6 – MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS APLICADO À DINÂMICADE ROTORES ........................................................................................................................................................................................................................................................................ 110088 5.1 – Matrizes de um elemento de disco5.1 – Matrizes de um elemento de disco ............................................................................................................................ 110099 5.2 – Matrizes de um elemento de eixo5.2 – Matrizes de um elemento de eixo ................................................................................................................................ 111100 5.3 – Matrizes de rigidez e de amortecimento dos mancais5.3 – Matrizes de rigidez e de amortecimento dos mancais.............................................................. 111155 5.4 – Efeito de uma massa desbalanceadora5.4 – Efeito de uma massa desbalanceadora ............................................................................................................ 111166 5.5 – Equações de movimento do rotor5.5 – Equações de movimento do rotor .............................................................................................................................. 111188 5.6 – Propriedades dos modos5.6 – Propriedades dos modos .......................................................................................................................................................... 112211 5.7 – Técnica de montagem das matrizes globais5.7 – Técnica de montagem das matrizes globais ............................................................................................ 112233 5.8 – Exemplos de aplicação5.8 – Exemplos de aplicação.................................................................................................................................................................. 112244 Rotor bi-apoiado – caso 1Rotor bi-apoiado – caso 1 .......................................................................................................................................................................... 112244 Rotor bi-apoiado – caso 2Rotor bi-apoiado – caso 2 .......................................................................................................................................................................... 112255 Rotor bi-apoiado – caso 3Rotor bi-apoiado – caso 3 .......................................................................................................................................................................... 112266 Rotor em balanço – caso 1Rotor em balanço – caso 1........................................................................................................................................................................ 112277 Rotor em balanço – caso 2Rotor em balanço – caso 2........................................................................................................................................................................ 112288 Rotor em balanço – caso 3Rotor em balanço – caso 3........................................................................................................................................................................ 112299 6 – ANEXOS6 – ANEXOS .............................................................................................................................................................................................................................. 113311 6.1 – Vibrações forçadas (Jeffcott rotor)6.1 – Vibrações forçadas (Jeffcott rotor) .......................................................................................................................... 113311 6.2 – Vibrações livres (Jeffcott rotor)6.2 – Vibrações livres (Jeffcott rotor) ...................................................................................................................................... 113399 REFERÊNCIASREFERÊNCIAS...................................................................................................................................................................................................................... 114433 4 Introdução à Dinâmica de Rotores 11 -- IINNTTRROODDUUÇÇÃÃOO As mais comuns máquinas rotativas, também denominadas de rotores, podem ser turbo-compressores, turbinas de aviões, turbinas à vapor para a produção de energia elétrica, etc. A grande capacidade dos rotores de gerar energia mecânica vem da alta velocidade a qual seus eixos são submetidos. Associado à essa alta velocidade estão altas cargas devido a inércia de seus componentes e potenciais problemas de vibração e instabilidade dos rotores. A previsão do comportamento de rotores através de modelos matemáticos é relativamente bem sucedida quando comparado com medições experimentais. No entanto, a intuição humana pode muitas vezes levar à conclusões incorretas, como por exemplo, a massa desbalanceadora permanecerá internamente à órbita realizada pelo eixo do rotor em altas velocidades, assim como o aumento do amortecimento pode causar instabilidade também em altas velocidades. Em análises do comportamento dinâmico de rotores, os estudos mais freqüentemente realizados são: o Previsão das velocidades críticas: Velocidades nas quais a vibração devido ao desbalanceamento do rotor é máxima; o Modificações de projeto de forma a alterar as velocidades críticas: Quando é necessário alterar a velocidade de operação do rotor, modificações no projeto do rotor são necessárias para alterar as velocidades críticas; o Prever as freqüências naturais das vibrações torsionais: Quando vários eixos estão acoplados (por exemplo, caixa de engrenagens) e estes eixos são excitados pelas pulsações do motor durante o start-up; o Calcular as massas de correção e suas localizações a partir de dados de vibração: Balanceamento de rotores; o Prever as amplitudes de vibração causadas pelo desbalanceamento do rotor; o Prever as freqüências de vibração nas instabilidades dinâmicas: Nem sempre simples de ser alcançado, haja visto que nem todas as forças desestabilizadoras são conhecidas; o Modificações de projeto para eliminar instabilidades dinâmicas. Introdução à Dinâmica de Rotores 5 MMooddeelloo mmaassssaa//mmoollaa O modelo mais simples para análise de vibração de rotores é o modelo massa/mola, com somente um grau de liberdade, no qual a massa é considerada rígida, Figura 1.1c. A primeira velocidade crítica de um sistema rotor/mancais pode ser aproximado por um modelo massa/mola, da forma: 1 60 kN r 2 m = π pm (1.1) E I Y Z m E I t F(t) = mω2u senωt Z(t) m k = 2KB ou 48EI/ 3 Z Y m KB KB (a) (b) (c) Figura 1.1 – Modelo rígido e flexível de rotor modelados como massa/mola 6 Introdução à Dinâmica de Rotores onde k é a rigidez efetiva do rotor para o primeiro modo e m é a massa efetiva. Para um rotor que é relativamente rígido comparado à rigidez do mancal, a massa efetiva é a massa do disco e do eixo, e a rigidez efetiva é a rigidez de todos os mancais trabalhando em paralelo, Figura 1.1a. Para um rotor que é relativamente flexível comparado à rigidez do mancal, a rigidez efetiva é determinada pela rigidez em flexão do eixo. Neste caso somente uma porção da massa do eixo contribui para a massa efetiva no modelo, já que a massa do rotor próxima dos mancais quase não participa do movimento de vibração, Figura 1.1b. Deve ser enfatizado que este modelo simples não pode ser utilizado em análises mais complexas de dinâmica de rotores, já que nestemodelo se executa um movimento em uma única direção, enquanto que, um rotor executa movimentos em duas direções ortogonais X e Z, formando uma órbita de diferentes forma. A forma da órbita depende das amplitudes e das fases entre os movimentos em X e Z, Figura 1.2a. . (a) (b) Z X k m t Z t X (c) (d) Z X α Z X Figura 1.2 – Combinações dos movimentos em X e Z produzindo órbitas: (b) circular, (c) eliptica e (d) translacional Introdução à Dinâmica de Rotores 7 Um modelo mais elaborado para evidenciar o surgimento das velocidades críticas em rotores consiste de um disco rígido desbalanceado montado sobre um eixo flexível e mancais rígidos, Figura 1.3. Este modelo de rotor chamado de Jeffcott rotor, explica como a amplitude se torna máxima na velocidade crítica e porque a massa desbalanceadora se movimenta internamente à órbita do rotor. Disco rígido /2 Massa desbalanceadora Mancal rígido Eixo elástico Figura 1.3 – Modelo Jeffcott rotor MMoovviimmeennttoo ddee uumm ssiisstteemmaa rroottaattiivvoo Um sistema rotativo, que ser pode composto basicamente de um eixo, um disco e mancais, realiza dois movimentos rotativos superpostos: rotação em torno de si próprio (rotação própria ou spin) e rotação do eixo defletido em torno de sua configuração não defletida (precessão ou whirl). A órbita que realiza o centro geométrico pode ter uma trajetória no mesmo sentido que a rotação própria do rotor, movimento caracterizado como precessão direta (forward whirl), ou ter sentido oposto, caracterizado como precessão retrógrada ou inversa (backward whirl), Figura 1.4. Os problemas mais destrutivos em máquinas rotativas ocorrem quando as precessões são inversas. 8 Introdução à Dinâmica de Rotores (b) precessão inversa sentido da órbita Z X sentido da órbita rotação do rotor Z X a Figur do rot desbala qual é m elemen de varia força de constan (preces velocid velocid a veloc (a) precessão diret a 1.4 – Movimentos de precessão (a) direta (forward) e (b) inversa (backward) Os movimentos de precessão podem também ser sincronizados com a rotação or ou não. Normalmente, as precessões síncronas ocorrem devido ao nceamento de um rotor, no entanto, nem todas as precessões são síncronas. Para o entendimento deste comportamento do rotor, considere a Figura 1.5 na ostrado a precessão do rotor a partir da vista de uma de suas extremidades. O to hachurado representa uma massa desbalanceadora. Na Figura 1.5a, a taxa ção do ângulo φ (φ ) é a velocidade de precessão. Se o ângulo β, entre o vetor excitação (U) e o vetor velocidade de precessão (V) (ou resposta), permanecer te, a velocidade de precessão e a rotação do eixo (Ω) são as mesmas são síncrona). Na Figura 1.5b, a taxa de variação do ângulo β ( i β i ) é a ade de rotação do rotor, relativa ao vetor velocidade de precessão V. Portanto, a ade do rotor é a soma de Ω = β+ φ i i . Neste caso, a velocidade da precessão φ i e idade do rotor Ω não são as mesmas (precessão não síncrona). Introdução à Dinâmica de Rotores 9 O motivo pelo qual as precessões inversas são destrutivas vem do fato deste movimento altenar as tensões normais na seção transversal do eixo, podendo levá-lo a falha por fadiga. As Figuras 1.6 e 1.7 ilustram a evolução das tensões na seção transversal ao longo de uma trajetória orbital em diferentes situações. Ωφ = i eixodisco β φ Z X V Ω = φ+ β i i β i φ i Z X V U (a) (b) Figura 1.5 – (a) Precessão síncrona e (b) precessão não síncrona Ω Ωφ = i A A' A' A A'A Ω Ωφ = − i - + A' A A' A A'A (b) precessão inversa (a) precessão direta Figura 1.6 – (a) Precessão direta e (b) precessão inversa (ambos síncronos) 10 Introdução à Dinâmica de Rotores Ω 2 φ = − i A A' A A A' Ω Ω Ω 2 φ = i A' A A' A A'A A' (a) precessão direta a Figura 1.7 – (a) Precessão direta e (b) precessã AAnnáálliissee ddoo mmooddeelloo JJeeffffccootttt rroottoorr A Figura 1.8 apresenta a vista de uma d rotor realizando uma precessão. O centro de mas centro geométrico do disco. O deslocamento estáti a deflexão do eixo do rotor devido as cargas dinâm é considerada desprezível comparada às forças din O eixo do rotor é considerado ter rigi amortecimento viscoso do conjunto é c e a veloc equações diferenciais que fornecem o moviment cartesianas X e Z são da forma : 2 2 mX c X kX mΩ d senΩt mZ c Z kZ mΩ d cosΩt + + = + + = ii i ii i (b) precessão invers o inversa (ambos não síncronos) as extremidades do modelo Jeffcott sa está em M. O ponto C localiza o co do desbalanceamento é d CM= e icas é r . A força de gravidade âmicas. OC= dez k, o disco tem massa m, o idade de rotação do rotor é Ω. As o do centro disco em coordenadas (1.2) Introdução à Dinâmica de Rotores 11 A solução da eq. (1.2) para a precessão síncrona é1: ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 2 2 22 2 2 22 1 2 Ω dX s Ωt ) k /m Ω cΩ /m Ω dZ Ωt k /m Ω cΩ /m cΩtan m k /m Ω − = − − + = − + β = − en( cos( ) β −β (1.3) Da Figura 1.8, conclue-se que a deflexão do eixo do rotor é: ( ) ( ) 2 2 2 2 22 Ω dr X Z k /m Ω cΩ /m = + = − + (1.4) β r M d C O φ Z X Figura 1.8 – Jeffcott rotor realizando uma precessão 1 A determinação das equações diferenciais de movimento se encontram em anexo 12 Introdução à Dinâmica de Rotores SSiiggnniiffiiccaaddoo ffííssiiccoo ddaass ssoolluuççõõeess A Figura 1.9a mostra como a amplitude da precessão síncrona aumenta com a aproximação da velocidade crítica, e após a passagem pela velocidade crítica, diminui e se aproxima assintoticamente do deslocamento estático d do desbalanceamento nas velocidades supercríticas (acima das velocidades críticas). Desta forma, em altas velocidades, a amplitude em precessão síncrona pode ser pequena com o balanceamento do rotor. (a) pequeno amortecimento grande amortecimento k m A m pl itu de d o gi ro s ín cr on o r d Velocidade do eixo Ω (b) k m 180° 0° 90° grande amortecimento pequeno amortecimento  ng ul o de fa se β Velocidade do eixo Ω Figura 1.9 – Resposta à um desbalanceamento do Jeffcott rotor Introdução à Dinâmica de Rotores 13 Em velocidades próximas da velocidade crítica, pode ser visto que o parâmetro mais importante para a redução da amplitude é o amortecimento. A Figura 1.9a também fornece a definição de velocidade crítica: velocidade na qual a resposta síncrona devido ao desbalanceamento é máxima. A Figura 1.9b explica a razão pela qual a amplitude se aproxima assintoticamente do deslocamento estático d do desbalanceamento. Quando a velocidade críticaé atravessada, o ângulo β passa por 90° e se aproxima de 180° nas velocidades supercríticas. Assim, para altas velocidades, o centro de massa M gira internamente à órbita realizada pelo disco, e o centro do disco C gira em torno do centro de massa M com uma amplitude igual ao deslocamento estático d do desbalanceamento. Este fenômeno é chamado de inversão da velocidade crítica. Observa-se que o centro de massa M se mantém externamente a órbita realizada pelo disco nas baixas velocidades kΩ m< , e o desbalanceamento está defasado de 90° do vetor V na velocidade crítica não amortecida ( k m ). TTrrêêss ffoorrmmaass ddee rreedduuzziirr aa aammpplliittuuddee ddoo ggiirroo ssíínnccrroonnoo Da observação da Figura 1.9, pode-se concluir que as três formas de reduzir a amplitude do giro síncrono são: (1) balancear o rotor (minimizando a massa M), (2) alterar a velocidade de rotação do rotor Ω (distante da velocidade crítica) e (3) adicionar amortecimento no sistema rotor/mancais. Balancear o rotor é a forma mais direta de resolver o problema, já que isto ataca o problema na sua fonte. A segunda opção pode ser alterar a velocidade de operação do rotor ou alterar a velocidade crítica, modificando a rigidez dos mancais. Se o rotor deve atravessar uma velocidade crítica e isto não pode ser evitado, então a forma mais efetiva de reduzir a amplitude é adicionando amortecimento em mancais flexíveis ou utilizando mancais com filme de óleo. 14 Introdução à Dinâmica de Rotores AAllgguummaass ddeeffiinniiççõõeess ssoobbrree aammoorrtteecciimmeennttoo É muito comum quantificar o amortecimento presente em rotores em termos de porcentagem do amortecimento crítico ccr. O coeficiente de amortecimento crítico é o valor requerido de amortecimento para suprimir completamente qualquer vibração no sistema. Assim a relação de amortecimento é crc / cξ = . Para o modelo Jeffcott rotor, o coeficiente de amortecimento crítico é cr =c 2 e é assumido ser concentrado no centro do disco. km Introduzindo o coeficiente de amortecimento crítico na eq. (1.3) e após na eq. (1.4), a amplitude do giro síncrono em k mω = é d 2=r ξ e a velocidade crítica é 2(1 )ω − ξ2 . O fator 12ξ é as vezes referido como fator de amplificação ou Q factor do sistema rotor/mancais. Colocando a eq. (1.4) em uma forma adimensional temos: ( ) ( ) ( ) 2 22 2 Ωr d Ω Ω1 2 ω= − + ξ ω ω (1.5) EEffeeiittoo ddee mmaannccaaiiss fflleexxíívveeiiss A forma dos modos como o rotor irá vibrar é determinada pela distribuição da massa e da rigidez ao longo do mesmo, assim como da rigidez dos mancais. Os três primeiros modos, associados com as três mais baixas freqüências naturais de um eixo uniforme, muda com o aumento da rigidez dos mancais (ver Figura 1.10). Note que para baixa rigidez do mancal (K ≈ 0), os dois primeiros modos causam uma flexão no eixo do rotor quase desprezível. Nestes dois primeiros modos, o eixo do rotor permanece rígido (modo de corpo rígido) e percorre uma trajetória cilíndrica no primeiro modo e cônica no segundo. Introdução à Dinâmica de Rotores 15 Se a velocidade do rotor é acrescida, o terceiro modo será atingido, causando flexão no eixo do rotor, Figura 1.10. Se a rigidez dos mancais é muito baixa, este modo é praticamente o modo livre-livre. Para rotores com mancais hidrodinâmicos, o amortecimento pode ser suficiente para fazer desaparecer um ou os dois modos de corpo rígido. KK K → ∞ Valor intermediário de K K ≈ 0 1° modo 2° modo 3° modo Figura 1.10 – Forma dos modos de vibração em função da rigidez dos mancais É desejável em qualquer máquina rotativa que os mancais sejam mais flexíveis que o eixo do rotor. Os motivos para isso são: o A baixa rigidez dos mancais reduz a transmissão das cargas dinâmicas para a sua fundação, prolongando a vida útil dos mancais e reduzindo as vibrações estruturais; o A baixa rigidez dos mancais permite que o amortecimento, em mancais hidrodinâmicos ou com amortecedores ditos externos, opere com maior eficiência, atenuando a amplitude do rotor nas velocidades críticas. O primeiro motivo pode ser explicado utilizando um rotor curto de rigidez k = 2 KB e amortecimento c = 2 CB. A deflexão r é a deflexão de todo o rotor e não mais OC= 16 Introdução à Dinâmica de Rotores somente do disco. CB KB CB KB KB CB CB m KB Figura 1.11 – Rotor curto amortecido por mancais flexíveis Considerando que a força transmitida pelo mancal é a resultante da força devido a rigidez (proporcional ao deslocamento) e a força devido ao amortecimento (proporcional à velocidade tangencial), temos que: ( ) ( ) ( ) k B c B 22 2 2 t k c B B F K r força devido a rigidez F C Ω r força devido ao amortecimento F F F r K C Ω = = = + = + (1.6) Utilizando a eq. (1.4), a expressão da força transmitida é: ( ) ( ) ( ) ( ) 2 2 B B2 t 2 22 B B 2K 2C Ω1F mΩ d 2 2K mΩ 2C Ω + = − + (1.7) Considere que, se o mancal fosse rígido, a força no mancal fosse dada por : 21F mΩ d 2∞ = (1.8) Introdução à Dinâmica de Rotores 17 Pode ser demonstrado através de um exemplo simples que, para um rotor de massa m = 10 kg, com um deslocamento estático d = 0,001 m e operando em uma alta velocidade, como por exemplo 25000 rpm 5000 rad/ s 60 Ω π= = , a força transmitida pode ser intolerável, da ordem de 1370 N. Portanto, a relação entre a força transmitida Ft e a força transmitida considerando o mancal rígido F∞ é: ( ) ( )( ) ( ) 2 t 22 2 1 2 Ω /F F 1 2 Ω / 2 Ω /∞ + ξ ω = + ξ ω + ξ ω (1.9) onde a velocidade crítica não amortecida é BKk 2mω = = m e a relação de amortecimento é B Bcr 2C Cc / c m2 km ξ = = = ω . Observa-se na Figura 1.12 que : o A transmissibilidade tem o mesmo valor para qualquer amortecimento na velocidade de rotação * 2= ωΩ ; o O amortecimento nos mancais aumenta a força transmitida nas altas velocidades , onde o efeito da flexibilidade dos mancais é favorável; ( *Ω Ω> ) o O amortecimento nos mancais pode ser necessário para manter a força transmitida dentro de limites aceitáveis na passagem pela velocidade crítica ; o Baixa rigidez de mancal não é um fator incondicional, já que um valor impropriamente escolhido pode produzir forças dinâmicas superiores quando considerado o mancal rígido, eq. (1.8). 18 Introdução à Dinâmica de Rotores 2 Ω ω t F∞ *Ω Ω= F 3 2 1 1 grande amortecimento pequeno amortecimento Figura 1.12 – Transmissibilidade vs. relação de velocidade do rotor Através da comparação da Figura 1.12 com a Figura 1.9, pode-se concluir que o efeito do amortecimento sobre a força transmitida é diferente do efeito do amortecimento sobre a amplitude de vibração. Enquanto que, o efeito do amortecimento sobre a amplitude de vibração é favorável ao longo de toda a faixa de rotações, o efeito do amortecimento sobre a força transmitida é favorável somente para Ω 2< ω . IInnssttaabbiilliiddaaddee eemm rroottoorreess A instabilidade em máquinas rotativas é normalmente produzida por forças que são tangenciais à órbita de giro do rotor, chamadas deforças desestabilizadoras, agindo no mesmo sentido do movimento instantâneo. Se a intensidade da força desestabilizadora é proporcional a velocidade instantânea da órbita, esta força é classificada como uma força de amortecimento negativa. Se a intensidade da força é proporcional ao deslocamento do rotor (raio instantâneo da órbita), ela é classificada como força de rigidez de acoplamento. O termo acoplamento vem do fato de um deslocamento na direção X produzir uma força na direção Z, e vice-versa, Figura 1.13. A força tangencial Fφ é a força resultante das componentes FX e FZ. A instabilidade Introdução à Dinâmica de Rotores 19 pode também ser causada por forças axiais compressivas, menos freqüentes em rotores. Fφ FZ = KZXX FX = -KXZZ φ C O Z X KXZ > 0 KZX < 0 Figura 1.13 – Representação das forças de acoplamento (desestabilizadoras) EEffeeiittoo ddaa aanniissoottrrooppiiaa ddooss mmaannccaaiiss nnoo aammoorrtteecciimmeennttoo Um mancal é dito anisotrópico ou assimétrico quando os coeficientes de rigidez nas direções X e Z são diferentes, KXX ≠ KZZ (ver Figura 1.14). KXZ CXZ KZX CZX Z X KXX CXX KZZ CZZ Figura 1.14 – Rotor com mancais anisotrópicos – KXX ≠ KZZ 20 Introdução à Dinâmica de Rotores Vários estudos já comprovaram a relação entre o amortecimento interno2 do material e a taxa de deformação a qual ele é submetido. Assim considerando, a tensão normal à seção transversal do eixo do rotor pode ser colocada da forma (ver figura 1.15): vEσ = ε + η ε i E (1.10) onde E é o módulo de elasticidade do material do eixo, ηv é o fator de amortecimento viscoso do material do eixo, e ε é a taxa de deformação normal à face. i Tensão normal trativa Tensão normal compressiva M Figura 1.15 – Distribuição da tensão normal à seção transversal do eixo do rotor Em um desses estudos, foi observado que o amortecimento interno em um sistema rotativo não afeta a resposta ao desbalanceamento em rotores com mancais 2 O amortecimento interno é inerente ao material do eixo do rotor, enquanto que, o amortecimento externo é devido aos mancais. Introdução à Dinâmica de Rotores 21 isotrópicos (KXX = KZZ), ao contrário do que acontece com mancais anisotrópicos (KXX ≠ KZZ). Se os mancais são isotrópicos, o eixo do rotor defletirá e girará em torno do eixo neutro na velocidade de rotação Ω, seguindo uma órbita circular. Ou seja, a forma de deflexão do eixo permanece inalterada durante o movimento. Portanto, em um eixo movimento de precessão síncrona (Ω )= φ i e órbita circular, as deformações não variam durante o movimento de precessão, Figura 1.16a. Conseqüentemente, o amortecimento interno, inerente ao material, não afeta o estado de tensão na seção transversal do eixo do rotor. Porém, se o rotor está apoiado sobre mancais anisotrópicos, a órbita do movimento de precessão é elíptica, fazendo com que as deformações variem proporcionamente à diferença entre os eixos da elipse, Figura 1.16b. Neste caso, o amortecimento interno do eixo pode afetar consideravelmente o estado de tensão na seção transversal do eixo do rotor. Uma forma do amortecimento interno afetar a resposta de um rotor com mancais isotrópicos é através de uma excitação assíncrona (Ω )≠ φ i . Neste caso, apesar do rotor movimentar seguindo uma órbita circular, as deformações na seção transversal do eixo irão variar na medida que este gira, pois a velocidade de precessão é diferente da velocidade de rotação do rotor, Figura 1.16c. 22 Introdução à Dinâmica de Rotores Ω Ωφ = i Ωφ = i Ω 2 φ = i (c) A' A A' A A' A (b) A' A A' A ΩA' A (a) A' A A' A A'A Ω Figura 1.16 – Evolução da tensão normal na seção transversal do eixo de um rotor: (a) precessão síncrona e mancais isotrópicos; (b) precessão síncrona e mancais anisotrópicos; (c) precessão sub-síncrona ( Ω 2 φ = i ) e mancais isotrópicos. Introdução à Dinâmica de Rotores 23 22 -- EEQQUUAAÇÇÕÕEESS DDEE EENNEERRGGIIAA DDOOSS EELLEEMMEENNTTOOSS DDEE RROOTTOORR Este capítulo tem por objetivo avaliar o comportamento dinâmico de rotores partindo de um modelo mais complexo do que o modelo Jeffcott rotor (ou de Laval). De forma a facilitar a compreensão e evitar um número excessivo de equações, será considerado um rotor com um eixo e somente um disco e dois mancais. Para a obtenção das equações de movimento de rotores, é considerado somente a energia cinética do disco, sendo a energia cinética do eixo considerada desprezível com relação a energia cinética do disco. O disco é considerado rígido, logo a energia de deformação é devido somente ao eixo e o efeito das forças dos mancais é introduzido através do conceito de trabalhos virtuais. A equação de movimento do rotor é obtida aplicando-se a equação de Lagrange sobre as energias cinética do disco e de deformação do eixo, Lalanne et al, 1998. 22..11 -- EEnneerrggiiaa cciinnééttiiccaa ddoo ddiissccoo y Da Figura 2.1, pode-se deduzir o vetor velocidade instantânea de rotação do disco no sistema de coordenadas de referência (x, y, z) como sendo, Vance, 1988. ω = ψ + θ + φ i i i Z x ' (2.1) onde , e são vetores unitários. Os eixos (X, Y, Z) formam o sistema de coordenadas fixo (ou inercial), os eixos (x’, y’, z’) formam um sistema de coordenadas intermediário e os eixos (x, y, z) formam o sistema de coordenadas fixo no disco (ou de referência). Z x ' y Observa-se que a ordem das rotações deve ser: (1) ψ em torno de Z, (2) θ em torno de x’ e (3) φ em torno de y, já que a rotação do rotor Ω é em torno do eixo instantâneo y. A velocidade angular do disco é φ i e as componentes do vetor velocidade instantânea ω no sistema de coordenadas de referência é: 24 Introdução à Dinâmica de Rotores x y z cos sen cos sen cos cos sen −ψ θ φ + θ φ ω ω = φ + ψ θ ω ψ θ φ + θ φ i i i i i i (2.2) Ωφ = i ψ i θ i z’ y’ Ω w u φ φ ψ ψ θ θ Y z Z x x’ X y Y Z X Figura 2.1- Sistema de coordenadas de referência para um disco em um eixo flexível A energia cinética do disco pode ser expressa por: ( ) 2 2 2 2 D D Dz z Dy y Dz z 1 1T M u w I I I 2 2 = + + ω + ω + i i 2ω (2.3) onde u e w são coordenadas nas direções x e z do centro de inércia do disco, MD é a massa do disco de densidade volumétrica ρ e, IDx, IDy e IDz são momentos de inércia de massa do disco com relação ao sistema de coordenadas de referência, Figura 2.2. Introdução à Dinâmica de Rotores 25 dm z x ∆ x z y Figura 2.2- Momentos de inércia de massa do disco no sistema de referência 2 Dx V I z= ρ∫ dV dV, I x , I2Dz V = ρ∫ = ρ∫ 2Dy V ∆ dV Considerando que os ângulos θ e ψ são pequenos, que a velocidade de rotação é e a simetria do disco, IΩφ = i Dx = IDz, segue que, a partir da eq. (2.3): 2 2 2 2 2 D D Dx Dy Dy 1 1T M u w I I Ω I Ω 2 2 = + + θ + ψ + ψ θ + i i i i i 1 2 (2.4) Osdeslocamentos transversais u, w e as rotações θ e ψ são as coordenadas ditas generalizadas. 22..11 -- EEnneerrggiiaa ddee ddeeffoorrmmaaççããoo ddoo eeiixxoo eemm fflleexxããoo A expressão geral para a energia de deformação é: V 1U d 2 = σ ε∫ V (2.5) 26 Introdução à Dinâmica de Rotores onde, dentro do regime elástico linear, a relação dada pela Lei de Hooke é, : Eσ = ε O campo de deslocamento de um ponto qualquer sobre o eixo é definido como sendo (ver Figuras 2.3 e 2.4): o o o u u w w u wv v x z y y = = ∂ ∂ = − − ∂ ∂ (2.6) onde os deslocamentos uo, wo e vo são os deslocamentos de um ponto situado no eixo neutro da seção transversal do eixo. A partir do campo de deslocamento definido pela eq. (2.6), as deformações lineares são tais que: x x o z z o 2 2 y y o 2 2 u x w z v ux z y y y ∂ ε = = ε ∂ ∂ ε = = ε ∂ ∂ ∂ ε = = ε − − ∂ ∂ ∂ w∂ (2.7) (a) x P Mx (positivo) θ θ = ∂w/∂y (positivo) wo configuração deformada configuração não deformada y, vo z Introdução à Dinâmica de Rotores 27 x Mz (negativo) P ψ ψ =–∂u/∂y (negativo) uo configuração deformada configuração não deformada y, vo z (b) Figura 2.3 – Campo de deslocamentos de um ponto do eixo – (a) Plano zy (b) Plano xy Desprezando as deformações normais à espessura do eixo, εx0 e εz0, e a deformação de membrana εy0, somente as deformações de flexão 2 2 2 u wx , z y y ∂ ∂− − ∂ 2 ∂ são consideradas. Assim, a expressão de tensão normal na direção y é da forma: 2 2 y y 2 uE E x z y y ∂ ∂ σ = ε = − − ∂ ∂ 2 w (2.8) Sabe-se que a relação entre curvatura e momento fletor é da forma: ∂ ∂θ = ⇒ = ∂∂ ∂ ∂ = − ⇒ = ∂∂ 2 x x 2 x 2 z z 2 z z M Mw E I y E Iy M Mu E I y E Iy ψ x (2.9) 28 Introdução à Dinâmica de Rotores Substituindo as eqs. (2.9) na eq. (2.8), tem-se uma nova expressão de tensão normal: z y z x M Mx z I I σ = − x (2.10) As deformações são medidas sobre o sistema de coordenadas de referência colocado no centro do eixo que gira a uma velocidade de rotação de . Para efeito de distinção, são denotados u* e w* como sendo componentes do deslocamento do centro do eixo no sistema de coordenadas de referência, Figure 2.4. A passagem para o sistema de coordenadas global (ou inercial), onde as componentes do deslocamento são u e w, é feita pela relação: Ωφ = i u* w senΩ t u cosΩ t w* w cosΩ t u senΩ t = − + = + (2.11) onde Ωt é o ângulo entre o sistema de coordenadas de referência (x, y, z) e o sistema de coordenadas global (X, Y, Z) medido num instante t. z x Ωt P u u* w* w x z x z X Z Figure 2.4 – Campo de deslocamento de um ponto P na seção transversal do eixo Introdução à Dinâmica de Rotores 29 Assim, a deformação longitudinal medida na direção y pode ser escrita sob a forma: 2 2 y 2 u * w *x z y y ∂ ∂ ε = − − ∂ ∂ 2 (2.12) Substituindo a expressão de deformação, eq. (2.12), na expressão de energia de deformação, eq. (2.1), obtém-se a expressão final de energia de deformação do eixo em flexão: 22 2 2 2 V 1 u * w *U E x z d 2 y y ∂ ∂ = − − ∂ ∂ ∫ V (2.13) Desenvolvendo a eq. (2.13), temos: 2 22 2 2 2 2 2 2 2 2 2 V 1 u * w * u * w *U E x z 2 x z d 2 y y y y ∂ ∂ ∂ ∂ = + + ∂ ∂ ∂ ∂ ∫ V (2.14) As integrais da eq. (2.14) podem ser separadas em um integral na seção transversal A e outra ao longo do comprimento L do eixo: L L2 22 2 2 2 2 2 A 0 A 0 L 2 2 2 2 A 0 1 u * wU E x dx dz dy z dx dz dy 2 y y u * w *x z dx dz dy y y ∂ ∂= + ∂ ∂ ∂ ∂ + ∂ ∂ ∫ ∫ ∫ ∫ ∫ ∫ * + (2.15) 30 Introdução à Dinâmica de Rotores As integrais e 2 z A x dx dz I=∫ 2 x A z dx dz I=∫ são os momentos inércia de seção com relação aos eixos z e x, e a integral A x z dx dz 0=∫ , já que os eixos x e z são eixos principais de inércia. Como Iz = Ix = I para o caso de um eixo simétrico, temos que a energia de deformação do eixo em flexão é da forma: L 2 22 * 2 * 2 2 0 1 u wU E I d 2 y y ∂ ∂ = + ∂ ∂ ∫ y (2.16) Substituindo a eq. (2.11) na eq. (2.16), pode-se determinar a equação de energia de deformação no sistema de coordenadas global: L 2 22 2 2 2 0 1 u wU E I d 2 y y ∂ ∂= + ∂ ∂ ∫ y (2.17) 22..33 -- EEnneerrggiiaa ddee ddeeffoorrmmaaççããoo ddoo eeiixxoo ddeevviiddoo aa uummaa ffoorrççaa aaxxiiaall Considere que o rotor está submetido à uma força axial Fo sobre a seção transversal A do eixo. A energia de deformação devido a esta força é da forma: o V FU A = ε∫ dV (2.18) As deformações são como aquelas obtidas na eq. (2.7), com exceção dos termos não lineares, que são agora adicionados. Introdução à Dinâmica de Rotores 31 x x o z z o 2 22 2 y y o 2 2 u x w z v u w 1 u 1x z y 2 yy y ∂ ε = = ε ∂ ∂ ε = = ε ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ε = = ε − − + + ∂ ∂∂ ∂ w 2 y ∂ ∂ (2.19) Desprezando novamente as deformações normais à espessura do eixo, εxo e εzo, e a deformação de membrana εyo, e substituindo a eq. (2.19) na eq. (2.18), obtém- se a expressão de energia de deformação devido a momentos fletores e à uma força axial no eixo: 2 22 2 o 2 2 V F u w 1 u 1 wU x z A 2 y 2y y ∂ ∂ ∂ ∂= − − + + ∂ ∂∂ ∂ ∫ dVy (2.20) 22..44 –– MMaannccaaiiss i A influência da rigidez e do amortecimento viscoso dos mancais no comportamento do rotor é considerada a partir do trabalho virtual das forças atuando no eixo (ver Figura 1.13). xx xz zz zx xx xz zz zx W k u u k w u k w w k u w c u u c w u c w w c u w δ = − δ − δ − δ − δ − δ − δ − δ − δ i i i (2.21) ou : u wW F u F uδ = δ + δ (2.22) onde, Fu e Fw são as componentes das forças generalizadas, colocadas da forma: 32 Introdução à Dinâmica de Rotores u xx xz xx xz w zx zz zx zz F k k c cu F k k c cw w u = − − i i (2.23) onde o sinal negativo significa que as forças nos mancais são no sentido contrário aos deslocamentos u e w e às velocidades u e . i w i 22..55 –– EEqquuaaççõõeess ddee mmoovviimmeennttoo ddoo rroottoorr As eqs. (2.4), (2.17), (2.20) e (2.22) associadas à um método analítico do tipo Rayleigh-Ritz ou à um método numérico, permitem determinar as equações de movimento do rotor a partir da aplicação da equação de Lagrange, Lalanne et al. (1998). i i i i i d T T U D Fp dt p p p p ∂ ∂ ∂ ∂ − + + = ∂ ∂ ∂ ∂ (2.24) onde T é a energia cinética, U é a energia de deformação, D é uma energia dissipativa e Fpi são forças generalizadas correspondentes as coordenadas generalizadas pi (u, w, θ e ψ). Introdução à Dinâmica de Rotores 33 33 –– MMÉÉTTOODDOO DDEE RRAAYYLLEEIIGGHH--RRIITTZZ O método de Rayleigh-Ritz é utilizado para a determinação das n freqüências naturais mais baixas de um sistema, a partir de uma hipótese razoável do deslocamento dos pontos da estrutura. Logo: 1 1 n n p u ( , , ) p = γ γ (3.1) onde u é o vetor deslocamento, γi são funções deslocamento que devem verificar as condições cinemáticas ou as condições de contorno e pi são novas variáveis em função do tempo. 33..11 –– RRoottoorr iissoottrróóppiiccoo bbii--aappooiiaaddoo Como exemplo de utilização do método de Rayleigh-Ritz, determine a evolução da primeira freqüência natural em função da velocidade de rotação Ω de um rotor simplesmente apoiado como apresentado na Figure 3.1. O mancal é considerado rígido, não tendo portanto influência nas equações de movimento do rotor. 2° modo 1° modo Ω x z y 2L/3L/3 Figura 3.1 – Rotor simplesmente apoiado3 3 Para fins de simplificação, o sistema de coordenadas inercial (X, Y, Z) será substituído por (x, y, z). 34 Introdução à Dinâmica de Rotores Uma hipótese razoável do deslocamento em flexão do rotor para esta configuração pode ser da forma: 1 2 m yu(y,t) sen p (t) L m yw(y,t) sen p (t) L π = π = (3.2) Estas hipóteses de deslocamento verificam as condições de contorno do problema para y = 0 e y = L onde u = w = 0. O parâmetro m representa o número do modo em flexão a ser analisado. Neste caso, todas as análises serão realizadas considerando somente o 1° modo em flexão, logo m = 1. As rotações de seção são determinadas fazendo (ver Figura 2.3): 2 1 w y(y,t) cos p y L L u y(y,t) cos p y L L ∂ π π θ = = ∂ ∂ π π ψ = − = − ∂ (3.3) 3.1.1 – Diagrama de Campbell para rotores isotrópicos Introduzindo as eq. (3.2) e (3.3) na eq. (2.4), a energia cinética do disco é dada por: π π π π π = + + − i i i2 22 2 2 2 2 D D Dx 1 2 Dy 1 2 1 y y yT M sin I cos p p I Ω cos p p 2 L L L L L (3.4) Substituindo a eq. (3.2) na eq. (2.17), a energia de deformação do eixo é dada da forma: Introdução à Dinâmica de Rotores 35 ( L4 2 22 1 2 0 1 yU E I sen dy p p 2 L L π π = ∫ )+ = (3.5) Da aplicação da equação de Lagrange, eq. (2.24), nas eqs. (3.4) e (3.5), temos: 11 2 22 1 m p a Ω p k p 0 m p a Ω p k p 0 − + = + + ii i ii i (3.6) com: 2 2 2 D Dx .y .yM sin I cos L L L π π π = + m , 2 2 Dy .ya I cos L L π π = , 3 I L 2 k E π π = . As eqs. (3.6) representam as equações de movimento do rotor. Observa-se que estas equações são acopladas pelos termos a e . Estes termos representam o efeito Giroscópico (ou efeito Coriolis) do disco e são função sua inércia rotacional I 2Ω p i 1a Ω p− i DY e de sua posição y no eixo. Observa-se que, se o disco estiver posicionado no centro do eixo, y = L/2, este efeito é nulo. A solução para a eq. (3.6) pode ser da forma: st 1 1 st 2 2 p (t) P e p (t) P e = = (3.7) onde são as freqüências naturais em flexão para cada rotação Ω do rotor. s j (Ω)= ± ω Substituindo as eqs. (3.7) nas eqs (3.6), obtém-se as expressões: 2 st st st 1 2 1 2 st st st 2 1 2 m s P e aΩ s P e k P e 0 m s P e aΩ s P e k P e 0 − + + + = = (3.8) 36 Introdução à Dinâmica de Rotores que colocadas em forma matricial, e considerando que est ≠ 0, são: ( ) ( ) 2 1 2 2 m s k aΩ s P 0 PaΩ s m s k + − = + (3.9) A solução não trivial, P1 ≠ 0 e P2 ≠ 0, é determinada fazendo o determinante da matriz igual a zero. Fazendo isto, obtêm-se a equação característica (ou polinômio característico) do rotor onde as raízes são as freqüências naturais: 2 2 4 2 2 2 2k a ks Ω s m m m + + + = 2 0 (3.10) A expressão para a primeira raiz, correspondente a primeira freqüência ω1 é : 22 2 2 2 2 1 2 2 k a k a ks Ω Ω m m2m 2m m = − + − + − 2 2 (3.11) onde s1 = ± jω1. E, a expressão para a segunda raiz, correspondente a segunda freqüência ω2 é : 22 2 2 2 2 2 2 2 k a k a ks Ω Ω m m2m 2m m = − + + + − 2 2 (3.12) onde s2 = ± jω2. Como exemplo de aplicação, considere a rotor com a configuração mostrada na Figura 3.1, com os seguintes dados; disco rígido: IDx = 0,1225 kg.m2, IDy = 0,2450 kg.m2, MD = 7,85 kg; eixo: L = 0,4 m, I = 0,49 10-9 m4, E = 2 10 11 N/m2. Como o disco situa-se a y = L/3 da origem do sistema inercial, m = 7,7766 e a = 3,7782, e k = 74578,8. A Figura 3.2 apresenta a curva de evolução das freqüências naturais em função Introdução à Dinâmica de Rotores 37 da rotação do rotor Ω, eqs. (3.11) e (3.12), também chamada de Diagrama de Campbell. A curva tracejada representa a evolução da freqüência ω1 associada ao movimento de precessão inversa (backward) e a curva contínua representa a evolução da freqüência ω2 associada ao movimento de precessão direta (forward). 0 20 40 60 80 Velocidade de rotação (rps) 100 0 10 20 30 40 50 60 Fr eq ue nc ia (H z) Backward Forward Figure 3.2 – Diagrama de Campbell para o rotor isotrópico 3.1.2 – Resposta do rotor a um desbalanceamento A velocidade crítica do rotor é determinada em função da força de excitação. Para isto, suponha uma massa md = 0,001 kg situada em uma posição M sobre o disco a uma distância d = 0,05 m do centro, a qual provocará um desbalanceamento do rotor (ver Figura 3.3). O vetor posição M da massa desbalanceadora md medido no sistema de coordenadas inercial, conforme mostra a Figura 3.4, é: 38 Introdução à Dinâmica de Rotores + = + Lu( ,t) d senΩt 3 OM cons tante Lw( ,t) d cosΩt 3 (3.13) d md Ω x z y 2L/3L/3 Figura 3.3 – Massa desbalanceadora md no disco u w M d C O Ω t Z X Figura 3.4 – Movimento de precessão do disco excitado por uma massa md Considerando que a aproximação por Rayleigh-Ritz do deslocamento de um ponto qualquer do rotor é da forma dada pela eq. (3.2), a eq. (3.13) se transforma em: Introdução à Dinâmica de Rotores 39 π + + = = π + + 1 1 2 2 sen p d senΩt 0,866 p d senΩt3 OM cons tante cons tante 0,866 p d cosΩtsen p d cosΩt 3 (3.14) A energia cinética da massa md é: = 2 m d 1 dOMT m 2 dt (3.15) Substituindo a eq. (3.14) na eq. (3.15) temos: = + + − + i i i i 2 2 2 2d m 1 1 2 2 2 2 2 2 m T 0,75 p 1,732 dΩcosΩt p d Ω cos Ωt 2 0,75 p 1,732 dΩsenΩt p d Ω sen Ωt + (3.16) Aplicando as equações de Lagrange na eq. (3.16) tem-se : ∂ ∂ − = − ∂ ∂ ∂ ∂ − = − ∂ ∂ ii i ii i 2m m d 1 d 1 1 2m m d 2 d 2 2 T Td 0,75 m p 0,866 m dΩ senΩt dt pp T Td 0,75 m p 0,866 m dΩ cosΩt dt pp (3.17) Introduzindo as eqs. (3.17) na eq. (3.6), e considerando que a massa desbalanceadora md é muito inferior a massa do disco (0,001 << 7,85), os termos e 0, podem ser desprezados. Logo: ii d 10,75 m p ii d 275 m p 40 Introdução à Dinâmica de Rotores 2 1 2 1 d 2 2 1 2 d m p aΩ p k p 0,866 m dΩ senΩt m p aΩ p k p 0,866 m dΩ cosΩt − + = + + = ii i ii i (3.18) Em regime permanente, a solução para as equações diferenciais acima são: 1 1 2 2 p P senΩt p P cosΩt = = (3.19) Substituindo as eqs. (3.19) nas eqs. (3.18), e eliminado os termos em sen Ωt e cos Ωt temos: 2 2 1 2 1 d 2 2 2 1 2 d m PΩ a P Ω k P 0,866 m dΩ m P Ω a PΩ k P 0,866 m dΩ − + + = − + + = 2 2 (3.20) Subtraindo uma equação da outra na eq. (3.20) chega-se a P1 = P2. Logo: 2 d 1 2 2 0,866 m dΩP P k (a m)Ω = = + − (3.21) Observa-se pela eq. (3.21) que a órbita percorrida pelo eixo do rotor é circular, P1 = P2. Na velocidade crítica, as amplitudes P1 e P2 teoricamente se tornam infinitas, o que corresponde a anular o denominador da eq. (3.21). c kΩ m a = − (3.22) A velocidade crítica, é o ponto onde a velocidade de rotação se iguala a freqüência natural do rotor, Ωc = ω = 136,6 rad/s = 21,7 hz. A resposta em freqüência (função da velocidade de rotação do rotor) de um ponto qualquer ao longo do comprimento do rotor é determinada a partir da eq. (3.2), onde p1 e p2 são dados pela eq. (3.8): Introdução à Dinâmica de Rotores 41 2 d 2 2 d 2 0,866 m dΩyu(y,t) sen senΩt L k (a m)Ω 0,866 m dΩyw(y,t) sen cosΩt L k (a m)Ω π = + − π = + − (3.23) Como exemplo de aplicação, deseja-se determinar o deslocamento do centro do disco, y = L/3. Na Figura 3.6 é traçado a resultante das componentes do deslocamento, 2 2w= +R u . 0 20 40 60 80 100 Velocidade de rotação (rps) 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Fr eq ue nc ia (H z) 1.0E-9 1.0E-8 1.0E-7 1.0E-6 1.0E-5 1.0E-4 1.0E-3 Am pl itu de (M ) Forward Backward Resposta em Freqüência Freqüência = rotação velocidade crítica Figure 3.5 – Diagrama de Campbell e deslocamento do centro do disco O sentido do movimento de precessão do rotor é de bastante interesse no estudo do seu comportamento dinâmico, uma vez que os problemas de fadiga em eixos de rotores ocorrem nos movimentos de precessão não síncronos. Para isso, considere a Figura 3.6, onde C é o centro do eixo e V é a velocidade tangente à órbita do centro do eixo. Assim podemos colocar os vetores, posição do centro do rotor ( ) e velocidade tangencial ( ) da seguinte forma (lembrando que, em uma excitação síncrona, do tipo r V 42 Introdução à Dinâmica de Rotores massa desbalanceadora, a freqüência do movimento de precessão é igual a velocidade de rotação do eixo, ω = Ω): 1 2 1 2 P senΩt . i r 0 . j P cosΩt . k P ΩcosΩt . i d rV 0 . j dt P ΩsenΩt . k = = = − (3.24) k̂ î r Ω ω = Ω P1 sen Ωt P2 cos Ωt V C OX Z Figura 3.6 – Sentido do movimento de precessão do rotor O produto vetorial r V∧ fornece o sentido do movimento de precessão, lembrando que: : ˆ ˆ ˆ ˆ ˆ ˆ ˆi j k, i j k∧ = ∧ ∧ =ˆ ˆk j,= − i 1 2 0 . i r V P P Ω . j 0 . k ∧ = (3.25) Então, se o produto P1P2 > 0, a precessão é direta (forward), e se o produto Introdução à Dinâmica de Rotores 43 P1P2 < 0, a precessão é inversa (backward). Como P1 = P2, eq. (3.35), conclui-se que, um rotor isotrópico excitado por uma massa desbalanceadora precessiona sempre em sentido forward. 3.1.3 – Diagrama de Campbell do rotor com uma força axial Substituindo as hipóteses de deslocamento, eq. (2.7), na eq. (2.20) e separando a integral de volume em uma integral na seção transversal A e outra ao longo do comprimento L do eixo, temos: ( ) π π π π π π = + + + ∫∫ L 2 2 o 1 2 1 2 A 0 F y 1 y 1 yU sen x p z p cos p cos p dxdzdy A L L 2 L L 2 L L 2 (3.26) A primeira integral ( ) L 2 1 2 A 0 ysen x p z p dxdzdy L L π π + ∫∫ é nula quando feita sobre toda a seção transversal, Figura 3.7: de = 2 re ϕ ∆ x z z x Figura 3.7 – Seção transversal do eixo do rotor onde: x = ∆ sen ϕ, y = ∆ cos ϕ, dxdz = dA = ∆ dϕ d∆ 44 Introdução à Dinâmica de Rotores Substituindo as expressões de x, y e dxdy na segunda integral, temos: ( ) r 2 Le 2 2 1 2 0 0 0 ysen sen p cos p d d dy L L π π π ϕ + ϕ δ δ ϕ ∫ ∫ ∫ (3.27) Resolvendo a integral sobre a área, observa-se que os limites de integração em ϕ se anulam, anulando assim a integral: ( ) Lre2 32 1 2 0 0 0 ycos p sen p sen dy L 3 ππ δ − ϕ + ϕ ∫ L π (3.28) A expressão final de energia de deformação para uma força axial aplicada no eixo é: L 2 2 o 1 2 A 0 F 1 y 1 yU cos p cos p A 2 L L 2 L L π π π π = + ∫∫ dxdzdy (3.29) Resolvendo esta integral, e sabendo que 2 2 y1 cosy Lcos L 2 π+π = , tem-se: ( 2 2 2o 1 2 FU p 4L π = + )p (3.30) Aplicando as equaçõesde Lagrange, eq. (2.24), e introduzindo os termos resultantes nas eqs. (3.6), temos: Introdução à Dinâmica de Rotores 45 2 o 11 2 2 o 22 1 Fm p a Ω p k p 2 L Fm p a Ω p k p 2 L π − + + π + + + ii i ii i 0 0 = = (3.31) Supondo uma força axial de Fo = 1.000 N, o Diagrama de Campbell é da forma como apresentado pela Figura 3.8. Considerando que o rotor sujeito a força axial Fo é excitado por uma massa desbalanceadora md como visto anteriormente, as equações de movimento do rotor são: 2 2o 1 d1 2 2 2o 2 d2 1 Fm p a Ω p k p 0,866 m dΩ senΩt 2 L Fm p a Ω p k p 0,866 m dΩ cosΩt 2 L π − + + = π + + + = ii i ii i (3.32) A solução das eqs. (3.32) em regime permanente, é da forma apresentada pela eq. (3.19). Eliminado os termos em sen Ωt e cos Ωt temos: 2 2 2 o 1 2 1 d 2 2 2 o 2 1 2 d Fm PΩ a P Ω k P 0,866 m dΩ 2 L Fm P Ω a PΩ k P 0,866 m dΩ 2 L π − + + + = π − + + + = 2 2 (3.33) Sabendo-se que P1 = P2, temos que: 2 d 1 2 2 2o 0,866 m dΩP P F k (a m)Ω 2 L = = π + + − (3.34) 46 Introdução à Dinâmica de Rotores Novamente, a órbita realizada pelo eixo do rotor é circular, P1 = P2. Na velocidade crítica, as amplitudes P1 e P2 se tornam infinitas, o que corresponde a anular o denominador da eq. (3.34). 2 o c F k 2 L Ω m a π + = − (3.35) Assim, a velocidade crítica para um rotor sujeito à uma força axial Fo = 1.000 N é Ωr = 147,4 rad/s = 23,5 ciclos/s = 23,5 hz. A resposta em freqüência (função da velocidade de rotação do rotor) de um ponto qualquer ao longo do comprimento do rotor devido a uma força axial, é também determinada a partir da eq. (3.2) e da eq. (3.34): 2 d 2 2o 2 d 2 2o 0,866 m dΩyu(y,t) sen senΩt L F k (a m)Ω 2 L 0,866 m dΩyw(y,t) sen cosΩt L F k (a m)Ω 2 L π = π + + − π = π + + − (3.36) Na Figura 3.8, é traçado a resultante do deslocamento do centro do disco quando o rotor está sujeito à uma força axial Fo = 1.000 N. Comparando com a amplitude do centro do disco na velocidade crítica sem força axial, Figura 3.5, a amplitude neste caso é muito superior. Isto vem do fato da aplicação de uma força axial de tração, que aumentou a rigidez do eixo, e conseqüentemente a amplitude de vibração quando da passagem pela velocidade crítica. Introdução à Dinâmica de Rotores 47 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Velocidade de rotação (rps) 1E-9 1E-8 1E-7 1E-6 1E-5 1E-4 1E-3 Am pl itu de (m ) 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Fr eq ue nc ia (H z) Forward Backward Resposta em freqüência Freqüência = rotação velocidade crítica Figure 3.8 – Deslocamento do centro do disco, Fo = 1.000 N Como P1 = P2, o sentido do movimento de precessão do rotor é forward. 3.1.4 – Resposta do rotor à uma força assíncrona Considere agora, o rotor sendo excitado por forças assíncronas do tipo Fo sen µΩt e Fo cos µΩt atuando no disco do rotor. Este caso pode ocorrer em rotores coaxiais e as forças assíncronas podem surgir devido ao desbalanceamento de um rotor secundário, Lalanne et al. (1998). O trabalho virtual devido a força assíncrona é: δ = µ δ + µ δo oW F sen Ωt u F cos Ωt w (3.37) onde δu e δw são os deslocamentos virtuais devidos à uma força assíncrona e µ ≠ 1. Substituindo os deslocamentos da eq. (3.2) na eq. (3.37), as forças generalizadas Fp1 e Fp2 aplicadas em uma posição qualquer do rotor principal são: 48 Introdução à Dinâmica de Rotores π = µ = π = µ = 1 o 2 o yFp sen F sen Ωt Fsen Ωt L yFp sen F cos Ωt Fcos Ωt L µ µ (3.38) Introduzindo a eq. (3.38) na eq. (3.6), obtém-se as equações de movimento do rotor sujeito à uma força assíncrona: − + = µ + + = µ ii i ii i 1 2 1 2 1 2 m p aΩ p k p F sen Ωt m p aΩ p k p F cos Ωt (3.39) onde m = 7,7766; a = 3,7782 e k = 74578,8. Em regime permanente, a solução das equações diferenciais acima são: = µ = µ 1 1 2 2 p P sen Ωt p P cos Ωt (3.40) Substituindo a eq. (3.40) na eq. (3.39), temos: ( ) = = µ − µ + 1 2 2 2 FP P a m Ω k (3.41) Aqui novamente, a órbita do eixo do rotor é circular, P1 = P2. Na velocidade crítica Ωc do rotor, as amplitudes P1 e P2 se tornam infinitas, logo da eq. (3.41): c 2 kΩ m a = η − η (3.42) Observa-se que para µ = 1, a velocidade crítica é a mesma obtida no caso de Introdução à Dinâmica de Rotores 49 um desbalanceamento, Ωc = 136,6 rad/s = 21,7 ciclos/s = 21,7 hz. Como P1 = P2, o sentido a precessão é também forward. 3.1.5 – Resposta do rotor à uma força fixa no espaço Considere agora, o rotor sendo excitado por uma força assíncrona do tipo F sen ωt atuando no disco do rotor principal. Este caso pode acontecer quando o rotor é acoplado a um rotor secundário que gira a uma velocidade ω e a força de excitação surge devido a um desbalanceamento no rotor secundário, Figure 3.9, ou excitando o rotor através de um mancal colocado numa posição y qualquer ao longo do eixo do rotor. Rotor secundário Rotor principal Ω x y 2L/3L/3 z ω Figura 3.9 – Rotor simplesmente apoiado acoplado Supondo que há uma força de excitação atuando na direção x, o trabalho virtual devido a esta força é: oW F sen t uδ = ω δ (3.43) onde δu é o deslocamento virtual devido a uma força assíncrona. Substituindo os deslocamentos da eq. (3.2) na eq. (3.43), a força generalizada Fp1 aplicada num ponto qualquer do rotor principal é: 50 Introdução à Dinâmica de Rotores 1 o 2 yFp sen F sen t L Fp 0 π = ω = (3.44) Introduzindo a eq. (3.44) na eq. (3.6), obtém-se as equações de movimento do rotor sujeito à uma força assíncrona: 11 2 22 1 m p a Ω p k p F sen m p a Ω p k p 0 − + = + + = ii i ii i tω t tω (3.45) onde m = 7,7766, a = 3,7782 e k = 74578,8. Em regime permanente, a solução para as equações diferenciais acima são: 1 1 2 2 p P sen p P cos = ω = (3.46) Substituindo a eq. (3.46) na eq. (3.45), e resolvendo o sistema temos: ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 2 1 2 22 2 2 22 k m P F k m aΩ aΩ P F k m aΩ − ω = − ω − ω − ω = − ω − ω (3.47) Pela eq. (3.47), observa-se que a trajetória do eixo do rotor nãoé mais circular, mas sim elíptica, P1 ≠ P2. Na velocidade crítica, as amplitudes P1 e P2 se tornam infinitas, logo da eq. (3.47): ( ) ( )2 22k m aΩ 0− ω − ω = (3.48) Introdução à Dinâmica de Rotores 51 ou : 2 2 4 2 2 2 2k a kΩ 0 m m m ω − + ω + = 2 (3.49) A eq. (3.49) é semelhante a eq. (3.10), onde as raízes da equação são as velocidades críticas, em função da velocidade do rotor, dadas por: 22 2 2 2 2 1 2 2 22 2 2 2 2 2 2 2 k a k a kΩ Ω m m2m 2m m k a k a kΩ Ω m m2m 2m m ω = + − + − ω = + + + − 2 2 2 2 (3.50) Diferentemente dos casos anteriores, desbalanceamento e força assíncrona, no caso de uma força fixa no espaço, em um mesmo modo de vibração, podem ocorrer duas velocidades críticas. Este comportamento é freqüentemente utilizado para reproduzir experimentalmente o Diagrama de Campbell do rotor. A resposta em freqüência de um ponto qualquer ao longo do comprimento do rotor devido a uma força fixa no espaço, é também determinada a partir da eq. (3.2) e da eq. (3.47): ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 2 2 22 2 22 k myu(y,t) sen Fsen t L k m aΩ aΩyw(y,t) sen Fcos t L k m aΩ − ωπ = ω − ω − ω − ωπ = ω − ω − ω (3.51) A Figura 3.10 apresenta as duas freqüências naturais na rotação do rotor em Ω = 80 rps. Uma comparação com a Figura 3.5 mostra que estas freqüências são ω1 ≅ 6 Hz e ω2 ≅ 42 Hz. 52 Introdução à Dinâmica de Rotores 0 10 20 30 40 50 6 Frequencia (Hz) 1E-7 1E-6 1E-5 1E-4 A m pl itu de (m ) Forward Backward 15,59 0 Figure 3.10 – Deslocamento do centro do disco, Ω = 80 rps O sentido do movimento de precessão é determinado da seguinte forma: P1P2 > 0 (Forward) e P1P2 < 0 (Backward). Das eqs. (3.47), o produto P1P2 fornece: ( ) (21 2PP k m aΩ= − ω − ω ) (3.52) ou: 2 1 2PP k m= − + ω (3.53) Observa-se na eq. (3.53) que, como k é >> m, para pequenos valores de ω, a equação é negativa, assim, a precessão é Backward, e para grandes valores de ω, a equação é positiva, sendo a precessão portanto Forward. A mudança de sinal ocorre quando a eq. (3.53) for nula, o que ocorre para ω = 15,59 hz, considerando que m = 7,7766 e k = 74578,8. Introdução à Dinâmica de Rotores 53 33..22 –– RRoottoorr aanniissoottrróóppiiccoo bbii--aappooiiaaddoo No estudo do comportamento de rotores anisotrópicos, serão considerados mancais flexíveis, com Kxx = 10 104 N/m e Kzz = 20 104 N/m, Figura 3.11. Os termos de amortecimento Cxx, Czz e os termos de acoplamento Kxz, Kzx, Cxz e Czx são considerados nulos. 1 modoo Kxx Kxx kzz kzz x z y 2L/3L/3 Figura 3.11 – Rotor com mancais flexíveis e anisotrópicos Uma hipótese razoável do deslocamento em flexão do rotor para esta configuração pode ser da forma: 1 2 1 m yu(y,t) 1 sen p (t) 2 L 1 m yw(y,t) 1 sen p (t) 2 L π = + π = + (3.54) Estas hipóteses de deslocamento verificam as condições de contorno do problema para y = 0 e y = L onde u ≠ 0 e w ≠ 0. Os deslocamentos uo e wo são função das rigidezes kxx e kzz nos apoios e podem ser considerados unitários para a determinação de freqüências e modos de vibração. O parâmetro m representa o número do modo em flexão a ser analisado. Todas as análises serão realizadas considerando somente o 1° modo em flexão, logo m = 1. A partir da eq. (3.54), observa-se que as rotações de seção e a energia de deformação do eixo têm as mesmas expressões que as dadas pela eq. (3.3) e (3.5) respectivamente. 54 Introdução à Dinâmica de Rotores Introduzindo as eq. (3.54) e (3.3) na eq. (2.4), a energia cinética do disco é dada por: π π π π π = + + + − i i i2 2 22 2 2 2D D Dx 1 2 Dy M1 y y yT 1 sin I cos p p I Ω cos p p 2 4 L L L L L 1 2 (3.55) Substituindo as eqs. (3.54) na eq. (2.22), a expressão que fornece o trabalho virtual devido a flexibilidade dos mancais é: xx 1 1 zz 2 2 xx 1 1 zz 2 2 1 0 1 0 1 0 1 0W k 1 sen p 1 sen p k 1 sen p 1 sen p 2 L 2 L 2 L 2 L 1 L 1 L 1 L 1 Lk 1 sen p 1 sen p k 1 sen p 1 sen p 2 L 2 L 2 L 2 L π π π δ = − + δ + − + δ + π π π − + δ + − + δ + π π (3.56) Logo, a eq. (3.56) se resume em: xx 1 1 zz 2 2 1 1W k p p k p 2 2 δ = − δ − δp 1 (3.57) Assim, as forças generalizadas Fp1 e Fp2 são: = − = − 4 1 4 2 2 Fp 5 10 p Fp 10 10 p (3.58) Considerando a eq. (3.6), e a equação de Lagrange eq. (2.18), as equações de movimento para o rotor anisotrópico são: Introdução à Dinâmica de Rotores 55 − + = − + + = − ii i i i 4 1 2 1 4 2 1 2 m p aΩ p k p 5 10 p m p aΩ p k p 10 10 p 1 2 = (3.59) ou: 1 11 2 2 22 1 m p a Ω p k p 0 m p a Ω p k p 0 − + = + + ii i ii i (3.60) onde, 2 2 2D Dx M ym 1 sin I cos 4 L L π π = + + y L π , k1 = k + 5 104 e k2 = k + 10 104. As constantes a e k são as mesmas apresentadas na eq. (3.6). A solução para a eq. (3.60) é também da forma apresentada pela eq. (3.7), que quando substituída na eq. (3.58) fornece a seguinte equação matricial: ( ) ( ) 2 1 1 2 22 m s k aΩ s P 0 PaΩ s m s k + − = + (3.61) O polinômio característico obtido na procura da solução não trivial é: 2 4 2 21 2 1 2 2 k k k kas Ω s m m m mm + + + + = 0 (3.62) A expressão para a primeira raiz, correspondente a primeira freqüência ω1 é : 22 2 2 2 21 2 1 2 1 2 1 2 2 k k k k k ka as Ω Ω 2m 2m 2m 2m m m2m 2m = − + + − + + − (3.63) 56 Introdução à Dinâmica de Rotores onde s1 = ± j ω1. E, a expressão para a segunda raiz, correspondente a segunda freqüência ω2 é : 22 2 2 2 21 2 1 2 1 2 2 2 2 k k k k k ka as Ω Ω 2m 2m 2m 2m m m2m 2m = − + + + + + − (3.64) onde s2 = ± j ω2. Considerando o eixo e o disco do rotor da Figura 3.11 tendo as mesmas propriedades que o rotor da Figura 3.1, chega-se a m = 8,7226, a = 3,7782, k1 = 124578,8 e k2 = 174578,8, o Diagrama de Campbell para o rotor anisotrópico é como apresentado pela Figura 3.12. A resposta a um desbalanceamento em um rotor anisotrópico é analisada considerando o deslocamento da massa desbalanceadora da forma: o o uLu( ,t) r senΩt d senΩt (1 sen ) d senΩt 3 2 3 wLw( ,t) r cosΩt dcosΩt (1 sen ) d cosΩt 3 2 3 π = + = + + π = + =
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