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Laís Kemelly – M14 FEBRE P2 Intermediária Introdução As infecções pelo vírus do herpes-simples são causadas pelos membros da família Herpesviridae, em específico a subfamília Alfaherpesviridae. • HSV-1: mais relacionado com lesões orofaciais • HSV-2: mais relacionado com lesões genitais Essa família/subfamília possui características gerais, como: • Ciclo replicativo curto • Elevada citopatogenicidade • Primoinfecção aguda seguida de períodos de latência Epidemiologia A prevalência de infecção pelo HSV-1 é de 60% - 80% na população mundial. No Brasil, constam os seguintes dados epidemiológicos: Segundo o Veronesi, em uma população adulta, solteira, de origem hispânica ou negra, com baixo nível educacional e de idade mais avançada, a soroprevalência foi de: • 62% positivos para HSV-1 • 33% positivos para HSV-2 Transmissão Doença sintomática • O período de incubação é de 1 a 26 dias, com a maioria dos sintomas se manifestando nos primeiros oito dias. O contágio geralmente ocorre por contato íntimo com uma pessoa transmissora viral a partir de superfície mucosa ou lesão infectante. O vírus ganha acesso por escoriações na pele ou contato direto com cérvix uterina, uretra, orofaringe ou conjuntivas. Exista a possibilidade de autoinoculação a partir de uma lesão primária para um sítio distante. Geralmente resulta em ceratite ou conjuntivite. Transmissão assintomática • A transmissão assintomática é mais comum nos primeiros três meses após a doença primária, quando o agente etiológico é o HSV-2 e há ausência de anticorpos contra HSV-1. Baseados em amostras de uretra e pele peniana de homens + cérvix, reto e uretra de mulheres, as taxas de transmissores assintomáticos encontram-se entre 10 e 50%. (fique aí furando sem preservativo, quem vê cara não vê sorologia de IST) A profilaxia com aciclovir diminui a probabilidade de transmissão. Herpes-Simples Laís Kemelly – M14 FEBRE P2 Intermediária Patogênese Após a penetração, o vírus rapidamente sofre replicação em células da epiderme e da derme, causando necrose e ulceração. A disseminação da doença é limitada, principalmente em função da imunidade mediada por células (IMC); com atuação inicial neutrofílica e, posteriormente, com infiltrado linfocítico. O influxo macrofágico inicia o processo de debridamento e de cura com reepitelização. (aqui formam as crostas) O vírion perde o seu envoltório, penetrando nas terminações nervosas cutâneas; depois, o nucleocapsídeo migra centralmente para o gânglio nervoso sensitivo, onde estabelece latência. A replicação no núcleo e a migração periférica dos vírions levam ao surgimento de novas lesões, podendo ser distantes do sítio inicial de inoculação, geralmente na segunda semana após o episódio primário. Geralmente a infecção é limitada à pele em volta do sítio e os gânglios acometidos, mas adultos com comprometimento da imunidade celular podem ter doenças disseminadas. (tabelinha aí) Latência O HSV mata as células em que se replica, mas é capaz de subsistir em estado latente dentro de neurônios. Dentre os possíveis mecanismos de ativação, temos: • Gatilho ganglionar → mudanças no ambiente imune, hormonal ou físico do gânglio levam à reativação. (ex. imunodeficiência) • Gatilho cutâneo → mudanças no microambiente cutâneo permitem que a replicação se inicie (ex. exposição à raios UV) Manifestações Clínicas Como tudo na medicina, temos tipos e subtipos. Vale lembrar que na maioria dos casos a inoculação inicial por HSV-1 é assintomática, detectável apenas pela presença de anticorpos. O período de incubação é de 4 a 5 dias. Herpes simples oral • HSOp (primário) • HSOr (recorrente) Herpes simples genital • HSGp (primário) • HSGr (recorrente) Herpes Simples Oral HSOp Ocorre geralmente em crianças pequenas, sem imunidade suficiente contra o HSV-1. • Sintomas prodrômicos o Formigamento o Dor o Queimação • Gengivomastite oral • Vesiculações pequenas e de rápida duração • Ulceram, liberando um exsudato • Sintomas gerais o Febre 38,8º - 40º C Laís Kemelly – M14 FEBRE P2 Intermediária o Mal-estar o Disfagia o Adenopatia Fatores deflagradores: • Exposição solar • Febre • Radiação UV • Corticoterapia • Ansiedade Duração: 7 – 14 dias, mas a eliminação do HSV-1 persiste por até 23 dias. Importante orientar quanto ao risco de autoinoculação. (criança já gosta de mão na boca) HSOr Pode afetar qualquer divisão do V par craniano. Pense, se ele é recorrente é porque já está instalado nos gânglios nervosos. Mas a manifestação mais comum é na boca mesmo. Falando bonito: • Afeta a junção mucocutânea dos lábios • Pródromos de dor → 6 horas o Queimação o Formigamento • Agrupamento de vesículas • Pústulas que ulceram → 24 – 48h • Crostas → involução de 5 a 10 dias Recapitulando aqui a ordem: Vesículas → pústulas → úlceras → crostas. Se eu fosse você voltava na patogênese pra relacionar com a clínica. Herpes Simples Genital HSGp Segue a evolução clássica: Vesículas/pápulas → ulceração → formação de crosta → reepitelização A distribuição geralmente é bilateral e novas lesões se desenvolvem entre o 4º e 6º dias, atingindo um pico entre o 7º e 8º dias, com cura completa das lesões até o 20º dia. A duração média da presença do vírus é de 12 dias após o início das lesões, mas o adequado é evitar relações sexuais até que a reepitelização esteja completa. Sintomas constitucionais: • Febre • Cefaleia • Fadiga • Mialgia Os linfonodos inguinais aumentam durante a segunda semana, podendo permanecer assim após a cura das lesões. • Ao exame físico, são firmes e não flutuam Nas mulheres, é comum: • Disúria • Corrimento uretral claro e mucoide HSGr As lesões são unilaterais e em menor número. • Tempo de formação da crosta: 4 – 5 dias • Período de transmissão viral: 4 dias Os sintomas constitucionais são incomuns. A maioria dos pacientes apresenta sintomas prodrômicos até 5 dias antes, que resultam da neuralgia sacral. • Pruridos leves • Dores lancinantes em nádegas/coxas Laís Kemelly – M14 FEBRE P2 Intermediária Tratamento Cuidados locais Aplicação de gelo, álcool ou éter como terapia paliativa local. É importante orientar a aplicação com cotonetes para evitar a autocontaminação ou contaminação do cuidador. Medicamentoso Para o tratamento da herpes-simples, são usados os antivirais análogos sintéticos dos nucleosídicos purínicos (guanosina). • Valaciclovir • Aciclovir • Famciclovir O mecanismo de ação de todos é igual: ados pela timidina-quinase viral e por mais duas quinases até a sua forma nucleotídica trifos-fato [GTP (guanosine triphosphate)]. A GTP medicamentosa irá competir com o nucleotídeo natural pela DNA polimerase viral. Entretanto, por não possuir o grupamento hidroxila da GTP natural, a GTP medicamentosa não poderá ser polimerizada, sendo assim interrompida a síntese do DNA viral. Quando indicar o tratamento medicamentoso? • Indivíduos com surtos frequentes • Indivíduos imunocomprometidos Aciclovir • Diminui a eliminação viral • Acelera a resolução e antecipação da cicatrização das lesões • Interrupção do surgimento de novas lesões Efeitos adversos • Náuseas • Diarreia • Cefaleia • Erupções cutâneas Valaciclovir É uma pró-droga, só inicia os efeitos quando sofre metabolização intestinal e hepática. Eficaz na redução da duração de um surto. Efeitos adversos • Diarreia • Dor abdominal • Cefaleia Famciclovir Pró-droga do penciclovir, convertida a esta segunda na parede intestinal e no fígado. Mais bem absorvido e de melhor biodisponibilidade em relação ao penciclovir. São parâmetros comparativoscom o aciclovir: • o penciclovir atinge concentração intracelular 30 vezes supe-rior, tem meia- vida intracelular 11 a 15 vezes mais longa e obtém maior estabilidade intracelular (tudo isto permite um intervalo posológico mais longo); • biodisponibilidade superior (77%); • menor frequência posológica. Toxicidade: cefaleia, diarreia e náuseas. Medicamentos Tópicos • aciclovir: um esquema factível para adultos e crianças é aciclovir creme 5% cinco vezes ao dia por 4 dias, iniciado imediatamente após o diagnóstico (inclusive em lesões recorrentes); • penciclovir: penciclovir 1% creme de 2 em 2 horas quando em vigília, por 4 dias, proporciona redução de 1 dia na duração da cicatrização, dor e eliminação viral em adultos; • idoxuridina: reduz a dor e acelera a resolução do HSO; • doconasol: interfere na ligação do HSV ao epitélio oral; • cidofovir.
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