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Direito Civil - Obrigações e Responsabilidade

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Direito Civil – Obrigações e Responsabilidade Civil
Professora: Mariarosa Costa Gonçalves.
Conceito de obrigação: Obrigações é o vínculo jurídico pelo qual o devedor
(sujeito passivo) compromete-se a realizar em favor do credor (sujeito ativo) uma
prestação de Dar, Fazer ou Não Fazer (Tradição).
Dar e Fazer = Positivos
Não Fazer = Negativo
Tradição = Efetiva entrega
Elementos da Obrigação
1. Subjetivo:
Credor – sujeito ativo, o que exige a prestação.
Devedor – sujeito passivo de quem a prestação é exigida.
2. Objetivo: É a prestação que poderá ser de Dar, Fazer ou Não Fazer. O objeto da prestação é um bem da vida, é o objetivo.
3. Imaterial: é o vínculo jurídico, liga credor, devedor e objeto.
Teoria Dualista alemã de Brinz – vínculo tem 2 elementos
Schuld – dívida ou “debitum” - cumprimento espontâneo da prestação pelo devedor. Ex.: locatário que paga o aluguel.
Haftung - “Obrigatio” - responsabilidade: prerrogativa conferida ao credor de na hipótese de inadimplemento proceder à execução dos bens do devedor.
Regras: Sistema Romano é a tradição que aperfeiçoa o contrato. Não basta o contrato nos bens móveis, e nos imóveis é necessário o Registro do título junto ao registro de imóveis.
 “Res perit domino” - quem sofre a perda é o dono.
Classificação das Obrigações:
 Quanto ao Conteúdo - Obrigação
De Resultado
De meio (ex.: Advocacia	
Em Relação a Pluralidade sujeitos - Obrigação
Quanto aos Elementos Acidentais - Obrigação
Múltipla
Única
A termo (a morte é certa)
Modal
Condicional (futura e incerta)
Pura
De Execução Continuada ou periódica
Momentânea ou Instantânea
Relativamente ao Tempo do Adimplemento - Obrigações
Alternativas
Facultativas
Quanto ao Modo de Execução - Obrigações
Simples e Cumulativas
Ilíquida
Natural
Civil
Moral
Líquida
Em Atenção à Sua Liquidez - Obrigação
Quanto ao seu Objeto – Relativa a Natureza - Obrigações
Não Fazer
Fazer
Dar
DDar
Em Relação ao Vínculo Jurídico - Obrigação
De Garantia (ex.: arras – sinal / fiança
	
Das Obrigações de Dar Coisa Certa
Artigo 233 - A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso.
Artigo 234 - Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as partes; se a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos.
Artigo 235 - Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu.
Artigo 236 - Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se acha, com direito a reclamar, em um ou em outro caso, indenização das perdas e danos.
Artigo 237 - Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação.
Parágrafo único - Os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor os pendentes.
Artigo 238 - Se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, sem culpa do devedor, se perder antes da tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação se resolverá, ressalvados os seus direitos até o dia da perda.
Artigo 239 - Se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá este pelo equivalente, mais perdas e danos.
Artigo 240 - Se a coisa restituível se deteriorar sem culpa do devedor, recebê-la-á o credor, tal qual se ache, sem direito a indenização; se por culpa do devedor, observar-se-á o disposto no art. 239.
Artigo 241 - Se, no caso do art. 238, sobrevier melhoramento ou acréscimo à coisa, sem despesa ou trabalho do devedor, lucrará o credor, desobrigado de indenização.
Artigo 242 - Se para o melhoramento, ou aumento, empregou o devedor trabalho ou dispêndio, o caso se regulará pelas normas deste Código atinentes às benfeitorias realizadas pelo possuidor de boa-fé ou de má-fé.
Parágrafo único - Quanto aos frutos percebidos, observar-se-á, do mesmo modo, o disposto neste Código, acerca do possuidor de boa-fé ou de má-fé.
	A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso.	O devedor compromete-se a entregar algo, confere ao credor somente o direito pessoal e não o real, ou seja, o contrato cria a obrigação.
	1. Coisa certa (Art. 233 a 242 do CC).
	O devedor se obriga a entregar coisa (móvel ou imóvel) certa e determinada com características previamente ajustadas (objeto específico e individualizado). Só se desonera da obrigação com a entrega do bem pactuado.	
	Em regra, o credor não é obrigado a receber outra coisa, ainda que mais valiosa. Inclui acessório, salvo se as partes estipularem diversamente. Não abrange os cômodos, que são as vantagens produzidas pela coisa. Exemplo: alguém vende uma vaca, que antes da entrega deu cria.
	Responsabilidade: até a entrega da coisa, está ainda pertence ao devedor que, deve conservá-la adequadamente.
	Força maior = que é um evento previsível ou imprevisível, porém inevitável, decorrente das forças da natureza, como o raio, a tempestade etc.
	Caso Fortuito = É o evento proveniente de ato humano, imprevisível e inevitável, que impede o cumprimento de uma obrigação, tais como: a greve, a guerra etc.
	Obrigação poder ser:
· Positiva: quando a prestação do devedor implica Dar ou Fazer.
· Negativa: quando importa em abstenção Não Fazer.
	
	Perecimento: É a perda total.
	Deterioração: É a perda parcial.
Antes – Concentração = Escolha 
Tradição 
Após – Obrigação = de quem recebeu 
 
Multa Astreintes – advém da multa de Dar, Fazer e Não Fazer – o Juiz decreta o valor com critério da razoabilidade. 
Penalidade imposta, mediante ação judicial (multa judicial) consistente em prestação periódica (em geral diária), que vai sendo acrescida enquanto a obrigação não for cumprida. É forma de coerção em sentido econômico para que alguém cumpra a obrigação imposta em uma decisão judicial. Atualmente há a possibilidade de o Juiz fixá-la nas obrigações de Fazer, de Não Fazer e Dar coisa certa. Por falta de previsão legal, não se aplica às obrigações de dar coisa incerta, de pagar quantia em dinheiro e de restituir dívida em dinheiro. 
 
Com culpa = responderá pelo equivalente mais por perdas e danos.
Sem culpa = Dar se pôr fim a obrigação.
 
Tradição = Efetiva entrega da coisa.
 
1 – Antes da Tradição: perecimento - a doutrina em perda ou destruição total P.T. (Perda Total). 
Sem culpa do devedor: caso fortuito ou força maior resolve-se a obrigação para ambas as partes, o vendedor que já recebeu o preço deve devolvê-lo com correção monetária. 
Com culpa do devedor: indenização pelo valor da coisa (equivalente em dinheiro) mais perdas e danos. 
 
Deterioração (perda ou destruição parcial). 
Sem culpa do devedor: resolve-se a obrigação. O credor pode aceitar a coisa, com abatimento proporcional no preço. 
Com culpa do devedor: o credor pode extinguir a obrigação, mais perdas e danos, ou receber a coisa no estado em que se encontra, recebendo uma indenização pelos prejuízos causados. 
 
2 – Após a Tradição 
A coisa já pertence ao credor, se ela se perder, o prejuízo será suportado pelo credor (comprador, salvo se tiver ocorrido negligência (omissão) ou fraude do vendedor (Ex.: venda de animal doente, sabendo desse fato). 
A obrigação de restituir se equipara a obrigação de dar coisa certa. Se a coisa se perder antes da tradição sem culpa do devedor, o credor (dono) sofrerá com a perda da coisa (“res perit domino”) e a obrigação se extinguirá, ressalvados seus direitos até o dia da perda Art. 393 do Código Civil. 
Negligência 
 
Também conhecida como falta de cuidado ou desatenção. A negligência implica em omissão ou falta de observação do dever, ou seja, aquele de agir de forma, prudente, não age com o cuidado exigido pela situação. 
 
Negligencia é quandoaquele que deveria tomar conta para que uma situação não acontecesse, não presta a atenção requerida e deixa acontecer. É o caso da pessoa que sai para passear com a família de carro, mesmo sabendo que o mesmo está com os freios estragados, acontece uma batida por falta do freio e a família morre. Ele não queria, e nem assumiu o risco de matar a família, mas sua conduta resultou na morte de todos. 
 
O derramamento de óleo poderia ter sido evitado se a empresa se atentasse para itens básicos de conservação da plataforma petrolífera. Configurando-se também um ato de negligência da parte da empresa. 
 
Imprudência 
 
Também conhecida como Imprevidência, tem a ver com algo mais do que a mera falta de atenção ou cuidado, mas o ato pode até se revelar de má fé, ou seja, com conhecimento do mal e intenção de praticá-lo. 
 
Imprudente é a é aquele que não toma os cuidados normais que qualquer pessoa tomaria. 
 
A imprudência tem como característica sempre se revelar através de ação (uma ação imprudente). É como alguém que dá marcha ré sem olhar para traz e acaba atropelando alguém. 
 
Imprudente é aquele que sabe do grau de risco envolvido na atividade e mesmo assim acredita que é possível a realização sem prejuízo para ninguém. É aquele que extrapola os limites da inteligência e do bom senso. 
 
Imperícia 
 
Requer da pessoa falta de técnica, conhecimento ou até falta de habilidade, erro ou engano na execução de alguma tarefa que ele deveria saber. 
 
Imperícia é quando alguém que deveria ter domínio sobre uma determinada técnica não a domina. Refere-se à ausência de conhecimentos básicos, habilidades e ignorância sobre determinados assuntos relacionados a profissão. 
 
É o caso do engenheiro mecânico que faz inspeção no cabo do elevador, e após um curto período de tempo o elevador cai por rompimento do referido cabo. O Engenheiro estudou durante anos para dominar a técnica, o que se exige que ele deveria saber sobre a durabilidade do cabo do elevador. 
 
A imperícia pode gerar responsabilidade civil e criminal nos envolvidos. 
Arts. 186 e 187 do CC
Art. 927 do CC
Antes da Tradição
Artigo 186 - Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Artigo 187 - Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
Artigo 927 - Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único - Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
Das obrigações de Dar Coisa Incerta
Artigo 243 - A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade.
Artigo 244 - Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence ao devedor, se o contrário não resultar do título da obrigação; mas não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar a melhor.
Artigo 245 - Cientificado da escolha o credor, vigorará o disposto na Seção antecedente.
Artigo 246 - Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito.
	A obrigação possui objeto indeterminado e genérico no início da relação, mas indicado ao menos, pelo gênero e qualidade. Falta determinar a qualidade. Coisa incerta, não quer dizer qualquer coisa. Ela está indeterminada, porém é suscetível de determinação futura.
Ex.: Compra (encomenda) de 10 (quantidade) bois (gênero), quando for buscar posso escolher a raça (escolha/Concentração/qualidade) – Ato Jurídico Unilateral.
	A determinação ou individualização se faz pela Concentração (escolha) realizada na ocasião do cumprimento da obrigação. É ato jurídico unilateral, que se exterioriza pela pesagem, medição, contagem, etc.
	As partes podem indicar um dos contratantes ou terceiro para escolher os exemplares que serão entregues. Na omissão do contrato, a escolha cabe ao devedor, que não poderá dar a coisa pior nem ser obrigado a presar a melhor.
	Antes da concentração, não pode o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito. Realizada a concentração (escolha) a obrigação, acaba incerteza (de dar coisa incerta e transforma-se em coisa certa).
“Res perit domino” - quem sofre a perda é o dono.
Das Obrigações de Fazer
Artigo 247 - Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que recusar a prestação a ele só imposta, ou só por ele exequível.
Artigo 248 - Se a prestação do fato tornar-se impossível sem culpa do devedor, resolver-se-á a obrigação; se por culpa dele, responderá por perdas e danos.
Artigo 249 - Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo executar à custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização cabível.
Parágrafo único - Em caso de urgência, pode o credor, independentemente de autorização judicial, executar ou mandar executar o fato, sendo depois ressarcido.
	Consiste em uma atividade (prestação de serviço ou execução de tarefa) positiva (material ou imaterial) e lícita do devedor. Este se vincula a um ato ou serviço seu ou de terceiro, em benefício do credor ou de terceiros. A impossibilidade do devedor de cumprir a obrigação de fazer, bem como a recusa em executá-la, acarreta o inadimplemento (não cumprimento) contratual.
 Responsabilidade
· Sem culpa do devedor – (caso fortuito e força maior) – resolve-se a obrigação sem indenização, volta tudo ao estado anterior.
· Com culpa do devedor – Havendo recusa voluntária ou se o próprio devedor criou a impossibilidade responderá por perdas e danos.
 Obrigação fungível – (Resultado) – Ressarcimento – perdas e danos. Art. 248 do CC. 
 Obrigação fungível - A obrigação fungível de fazer é aquela onde o resultado da prestação é o que importa. Na prática, não há muita importância a respeito de quem é o responsável pela realização da ação, desde que ela seja feita de acordo com o estabelecido.
 É o caso, por exemplo, de se pintar uma parede de branco. Se ela estiver devidamente pintada ao final do serviço, pouco importa quem foi o pintor responsável por aquele serviço.
A identificação da obrigação fungível é essencial para determinar os efeitos de sua recusa. Se o prestador se recusar a cumprir a obrigação (o que é diferente de impossibilidade), pode-se recorrer à realização da obrigação por parte de um terceiro, que será bancado às custas daquele que não cumpriu sua obrigação.
É necessário considerar, no entanto, que a terceirização da prestação é uma das três possíveis soluções de recusa da obrigação fungível. Além disso, ela só pode ocorrer em casos onde há autorização judicial para tal. A exceção é umas circunstâncias onde há comprovada urgência da prestação, podendo-se obter a autorização de forma posterior.
As outras soluções para a recusa de obrigação fungível são a resolução do contrato com perdas e danos ou, para alguns doutrinados, a tutela específica da obrigação.
Obrigação Infungível – (intuito persona) – (execução específica) – perdas e danos, multa periódica. (Multa Astreinte). Art. 247 do CC.
Obrigação infungível - Em uma obrigação infungível, o resultado da prestação não é o único ponto de real interesse. Neste caso, o responsável pela prestação é igualmente essencial. Contrata-se determinada pessoa para fazer algo.
Diferentemente do caso anterior, onde importava ter a parede devidamente pintada, pode-se associar a obrigação infungível à contratação de determinado artística plástico para pintar um quadro. É essencial que aquela artista seja o responsável pela pintura, não que apenas haja uma pintura ao final da prestação.
Por isso, em casos de recusa, a obrigação infungível não compreende a possibilidade de contratação de um terceiro.Não é útil, por exemplo, contratar outro músico para o show de uma banda famosa e com uma enorme legião de fãs.
Por isso, as possibilidades para a solução da recusa, neste caso, resumem-se à resolução do contrato com pagamento de perdas e danos, ou para parte da doutrina a tutela específica da obrigação. Nesta, o judiciário obriga o devedor a cumprir a obrigação de forma judicial.
Das Obrigações de Não Fazer
Artigo 250 - Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do devedor, se lhe torne impossível abster-se do ato, que se obrigou a não praticar.
Artigo 251 - Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor pode exigir dele que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas e danos.
Parágrafo único - Em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou mandar desfazer, independentemente de autorização judicial, sem prejuízo do ressarcimento devido.
O devedor se compromete a não praticar certo ato que poderia livremente praticar se não houvesse se obrigado. Somente podem ser cumpridas pelo próprio devedor (personalíssima). Exemplo: proprietário se obriga a não construir muro acima de certa atura para não obstruir a visão do vizinho.
Inquilino se obriga a não trazer animais domésticos para o apartamento alugado.
Praticando o ato que se obriga a não praticar torna-se inadimplente. O credor pode exigir o desfazimento do que foi realizado (a sua custa) exigindo perdas e danos. 
Há casos em que não é possível o desfazimento, só restando o caminho da indenização (revelação de segredo industrial).
Exercício
Ernesto foi proibido, judicialmente, de se aproximar de Cláudia. Que tipo de obrigação é essa? Como pode o juiz garantir o afastamento de Ernesto?
Resposta: Obrigação de Não Fazer. Garante com a multa pecuniária diária (multa Astreinte).
Das Obrigações Alternativas
Artigo 252 - Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se estipulou.
§ 1o Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte em outra.
§ 2o Quando a obrigação for de prestações periódicas, a faculdade de opção poderá ser exercida em cada período.
§ 3o No caso de pluralidade de optantes, não havendo acordo unânime entre eles, decidirá o juiz, findo o prazo por este assinado para a deliberação.
§ 4o Se o título deferir a opção a terceiro, e este não quiser, ou não puder exercê-la, caberá ao juiz a escolha se não houver acordo entre as partes.
Artigo 253 - Se uma das duas prestações não puder ser objeto de obrigação ou se tornada inexequível, subsistirá o débito quanto à outra.
Artigo 254 - Se, por culpa do devedor, não se puder cumprir nenhuma das prestações, não competindo ao credor a escolha, ficará aquele obrigado a pagar o valor da que por último se impossibilitou, mais as perdas e danos que o caso determinar.
Artigo 255 - Quando a escolha couber ao credor e uma das prestações tornar-se impossível por culpa do devedor, o credor terá direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da outra, com perdas e danos; se, por culpa do devedor, ambas as prestações se tornarem inexequíveis, poderá o credor reclamar o valor de qualquer das duas, além da indenização por perdas e danos.
Artigo 256 - Se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do devedor, extinguir-se-á a obrigação.
Obrigação Alternativa = ou
Exemplo: Carro ou Dinheiro
Obrigações Alternativas (Disjuntivas Art. 252 do C.C.): Obrigações que embora múltiplo do seu objeto o devedor se exonera satisfazendo uma das prestações entre as várias. É a que contém duas ou mais prestações com objetos distintos, da qual o devedor se libera com cumprimento de uma só delas, mediante escolha sua ou do credor. Caracteriza-se por:
· Haver dualidade ou multiplicidade de prestações.
· Opera a exoneração do devedor pela satisfação de uma única prestação, escolhida para pagamento do credor.
O cerne da obrigação alternativa está na concentração (escolha) da prestação de que, uma vez escolhida, o débito se concentrará na prestação selecionada extinguindo a obrigação. 
Elementos Acidentais
Elementos acidentais - são cláusulas inseridas num negócio jurídico com o objetivo de modificar uma ou algumas de suas consequências naturais.
1. Pura e Simples – não está sujeita a nenhum outro elemento.
2. Condicional – contém cláusula que subordina seu efeito a evento futuro e incerto. Pode ser suspensiva (há uma expectativa de direito) ou resolutiva (perde a eficácia quando implementada a condição: casual (acontecimento natural fortuito) ou potestativa (vontade de uma das partes).
3. A termo – contém cláusula que subordina seu efeito a evento futuro e certo, pode ser inicial (dies a quo) ou final (dies ad quem) com data determinada ou indeterminada.
4. Modal – contém um encargo, um ônus ao contemplado pela relação jurídica.
Quanto à Independência
1. Principal – independe de qualquer outra para ter validade.
2. Acessória – sua existência está subordinada a outra relação jurídica. Ex.: fiança, multa contratual. A extinção, ineficácia, nulidade ou prescrição da obrigação principal reflete-se na acessória (princípio da gravitação jurídica) o acessório segue o principal. O inverso não é verdadeiro, pois o vício na obrigação acessória não afeta o principal.
Distinção entre Solidariedade e Indivisibilidade
A Solidariedade baseia-se em relação jurídica subjetiva, resultante da lei ou da vontade das partes;
A Indivisibilidade em relação jurídica objetiva, em razão da natureza indivisível do objeto da prestação.
Ocorrendo a perda da coisa, na obrigação indivisível, há a conversão da prestação em dinheiro e a Indivisibilidade deixa de existir, cada devedor responde apenas por sua cota.
Na Solidariedade, a responsabilidade continua para todos os devedores, mesmo que a prestação se converta em perdas e danos.
A Solidariedade cessa com a morte, não se transmitindo aos sucessores. Já a Indivisibilidade se transmite aos sucessores como tal.
Quanto à Liquidez
1 – Líquida – Certa quanto à existência e determinada quanto ao objeto, constitui o devedor em mora de pleno direito, se não for cumprida no prazo.
2 – Ilíquida – Incerta quanto a quantidade, depende de uma apuração prévia, posto que o montante da prestação ainda é indeterminado. Para que seja cobrada, é necessário que se torne líquida (certa e determinada). Essa apuração realiza-se pela liquidação de sentença, que fixará o valor exato a ser pago ao credor. A liquidação pode ser realizada por:
a) Convenção das partes
b) Disposição legal
c) Decisão Judicial
Ler o Art. 233 e seguintes do Código Civil
Quanto ao momento para o cumprimento
1 – Instantânea – Cumprida quando o negócio é celebrado, consuma-se em apenas um ato.
2 – Fracionada – A obrigação de pagar o preço é uma só, mas a execução de cada fração é feita ao longo do tempo (prestações).
3 – Diferida – A execução é realizada em um único ato, mas em momento posterior ao surgimento da obrigação.
4 – Trato Sucessivo (periódica ou de execução continuada) – Resolve-se em intervalos de tempo, de forma reiterada. Quando uma parcela é paga, a obrigação está quitada. Nesse instante inicia-se a formação de outra prestação, a ser paga no fim do próximo período. Exemplo: despesas condominiais.
Obrigação “PROPTER REM” (Página 26 do Livro de Carlos Roberto Gonçalves) É Híbrida:
A Doutrina menciona a existência de algumas figuras híbridas ou intermediarias, intermédias, que se situam entre o direito pessoal e o direito real. Híbrido é o que se origina do cruzamento ou mistura de espécies diferentes.
As Obrigações Híbridas ou Ambíguas são as seguintes:
Obrigação “PROPTER REM”, os ônus reais e a obrigações com eficácia real.
Conceito de Obrigação “PROPTER REM”: é a que recai sobre uma pessoa, por força de determinado direito real e só existe em razão da situação jurídica da obrigação do obrigado, de titular do domínio ou de detentor de determinada coisa.
Obrigação Natural 
 
O credor não pode exigir judicialmente a prestação do devedor, pois não há direito de ação. Mas, se houver o pagamento pelo devedor capaz,é considerado válido e irretratável (ex.: dívida prescrita, resultante de jogo e apostas). 
 
Obrigação Ambulatória 
 
Pode ser transferida sem formalidades, passando de um titular a outro (títulos ao portador: bilhetes de cinema, teatro, ônibus, etc.). 
 
Da Cláusula Penal
Artigo 408 - Incorre de pleno direito o devedor na cláusula penal, desde que, culposamente, deixe de cumprir a obrigação ou se constitua em mora.
Artigo 409 - A cláusula penal estipulada conjuntamente com a obrigação, ou em ato posterior, pode referir-se à inexecução completa da obrigação, à de alguma cláusula especial ou simplesmente à mora.
Artigo 410 - Quando se estipular a cláusula penal para o caso de total inadimplemento da obrigação, esta converter-se-á em alternativa a benefício do credor.
Artigo 411 - Quando se estipular a cláusula penal para o caso de mora, ou em segurança especial de outra cláusula determinada, terá o credor o arbítrio de exigir a satisfação da pena cominada, juntamente com o desempenho da obrigação principal.
Artigo 412 - O valor da cominação imposta na cláusula penal não pode exceder o da obrigação principal.
Artigo 413 - A penalidade deve ser reduzida equitativamente pelo juiz se a obrigação principal tiver sido cumprida em parte, ou se o montante da penalidade for manifestamente excessivo, tendo-se em vista a natureza e a finalidade do negócio.
Artigo 414 - Sendo indivisível a obrigação, todos os devedores, caindo em falta um deles, incorrerão na pena; mas esta só se poderá demandar integralmente do culpado, respondendo cada um dos outros somente pela sua quota.
Parágrafo único - Aos não culpados fica reservada a ação regressiva contra aquele que deu causa à aplicação da pena.
Artigo 415 - Quando a obrigação for divisível, só incorre na pena o devedor ou o herdeiro do devedor que a infringir, e proporcionalmente à sua parte na obrigação.
Artigo 416 - Para exigir a pena convencional, não é necessário que o credor alegue prejuízo.
Parágrafo único - Ainda que o prejuízo exceda ao previsto na cláusula penal, não pode o credor exigir indenização suplementar se assim não foi convencionado. Se o tiver sido, a pena vale como mínimo da indenização, competindo ao credor provar o prejuízo excedente.
Cláusula Penal – Obrigação acessória que impõe expressamente uma penalidade pela inexecução culposa parcial ou total daquela ou pela mora (atraso ou demora) em seu cumprimento. Não é necessário que haja prejuízo: decorre do mero descumprimento do contrato (multa contratual). Seu valor não pode exceder ao da obrigação principal. 
 
Funções 
 
· Coerção: intimida o devedor a saldar a obrigação principal para não ter de pagar a acessória. Reforça o vínculo obrigacional, visando garantir o cumprimento da obrigação principal (caráter preventivo). 
 
· Ressarcimento: Prefixação das perdas e danos no caso de inadimplemento (caráter repressivo). 
 
 
	Vínculo Jurídico 	 
	 	R$ 10.000,00 – Principal 
	Credor Contrato Devedor 	R$ 4.000,00 – Dano emergente 
	 	R$ 4.000,00 – Cláusula Penal 
	Principal 	R$ 2.000,00 – Lucro cessante 
	 	 R$ 20.000,00 
Cláusula acessória 	 
	 	Juiz – Multa Astreinte 
 
Cláusula Penal: é ACESSÓRIA 
 
Sinalagmático: tem duas partes – CREDOR e DEVEDOR 
 
Diferenças de: Caráter Preventivo e Caráter Repressivo 
 
 
 Espécies de Cláusula Penal
 
 1ª Compensatória: estipulada no caso de total inadimplemento da obrigação. 
 
2ª Moratória: estipulada para evitar o retardamento culposo no cumprimento da obrigação fixa-se a mora / atraso. Se o valor da penalidade for manifestamente excessivo o juiz pode reduzi-la equitativamente (função social do contrato). 
 
Perdas e Danos 
 
 
“Pacta sunt servanda” (do Latim "Acordos devem ser mantidos"): é um brocardo latino que significa "os pactos assumidos devem ser respeitados" ou mesmo "os contratos assinados devem ser cumpridos". 
Artigo 402 - Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar.
Artigo 403 - Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do disposto na lei processual.
Artigo 404 - As perdas e danos, nas obrigações de pagamento em dinheiro, serão pagas com atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, abrangendo juros, custas e honorários de advogado, sem prejuízo da pena convencional.
Parágrafo único - Provado que os juros da mora não cobrem o prejuízo, e não havendo pena convencional, pode o juiz conceder ao credor indenização suplementar.
Artigo 405 - Contam-se os juros de mora desde a citação inicial.
As perdas e danos equivalem ao prejuízo suportado pelo credor, por não ter o devedor cumprido, total ou parcialmente, a obrigação, expressando-se em soma de dinheiro correspondente ao desequilíbrio sofrido pelo lesado. Abrange: 
 
· Danos Emergentes – (positivos) – Prejuízo real e efetivo no Patrimônio de um dos contratantes. 
 
· Lucros Cessantes – (frustrados ou danos negativos) – Os que o contratante razoavelmente deixou de auferir, em razão do descumprimento da obrigação pelo devedor. 
 
Em ambas as situações, é necessário que se comprove o Nexo de Causalidade entre a inexecução da obrigação e os eventuais prejuízos. Incluem atualização monetária, cláusula penal (se houver), juros, custas, despesas processuais e honorários Advocatícios. 
 
Extinção das Obrigações 
 
Em regra, as obrigações se extinguem por seu cumprimento, liberando o sujeito passivo. Pagamento é a execução voluntária e exata, pelo devedor, da prestação devida ao credor. 
É sinônimo de solução, cumprimento, adimplemento. Deve ser realizada no tempo, forma e lugar previstos no contrato. 
 
Pagamento Direto – Art. 304 e seguintes do CC – É a forma normal de se extinguir a obrigação. 
 
Requisitos 
 
1. Existência de um vínculo obrigacional: decorre da Lei ou de um negócio jurídico. 
1. Intenção voluntária de pagar: “Animus Solvendi” (solver a dívida). 
1. Prestação exata do devido: entregando efetivamente a coisa (Obrigação de Dar), praticando determinada Ação (Obrigação de Fazer) ou abstendo-se de certo ato (Obrigação de Não Fazer). 
 
Artigo 304 - Qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la, usando, se o credor se opuser, dos meios conducentes à exoneração do devedor.
Parágrafo único - Igual direito cabe ao terceiro não interessado, se o fizer em nome e à conta do devedor, salvo oposição deste.
Artigo 305 - O terceiro não interessado, que paga a dívida em seu próprio nome, tem direito a reembolsar-se do que pagar; mas não se sub-roga nos direitos do credor.
Parágrafo único - Se pagar antes de vencida a dívida, só terá direito ao reembolso no vencimento.
 
Partes envolvidas: Solvens – quem deve pagar, geralmente é o próprio devedor ou seus herdeiros, se a obrigação não for personalíssima. 
 
Também pode ser realizada por outrem a obrigação: 
 
1. Terceiro interessado: fiador, paga a dívida para não agravar sua responsabilidade, transferem-se todos os direitos, garantias e ações do primitivo credor (sub-rogação). 
1. Terceiro não interessado: não está vinculado a relação obrigacional (embora possa ter um interesse moral ou afetivo, como pai que paga dívida do filho) se o fizer em nome e por conta do devedor. 
 
Pagando em nome próprio, tem direito de reembolso, mas não se sub-roga nos direitos do credor

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