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MATRIZ do parecer
	
	
	
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Elaborado por: Bárbara Souto Faria Gonzaga
Disciplina: Compliance
Turma: Compliance-0221-1_4
Cabeçalho
Conselho da Administração da Empresa Carnes para a Família 
Assunto: Oferecimento de ração vencida aos seus animais e os danos decorrentes dessa conduta, considerando a possibilidade de prejudicar a saúde do rebanho e contaminar as suas. 
Ementa
Em observação ao pedido formulado pelo Conselho da Administração da Empresa Carnes para a Família (“Conselho”), apresentamos nosso Parecer Técnico em relação aos seus questionamentos quanto o oferecimento de rações vencidas ao rebanho, as obrigações e responsabilidades de um Auditor Interno, e a postura tomada pela Alta Direção da Empresa, bem como sobre os riscos jurı́dicos inerentes à continuidade da prática. 
Seguindo as mencionadas diretrizes, este parecer abordará os seguintes tópicos:
1) análise das obrigações de José como auditor e da Empresa como empregadora; análise da atuação da alta direção com base nos princípios do compliance e também da governança corporativa; a obediência de José aos gestores da organização; 
2) análise das semelhanças e diferenças entre as funções de auditor e compliance officer e se tais profissionais possuem a mesma independência. 
Relatório
O Conselho da Administração da Empresa Carnes para a Família requereu a elaboração de um parecer técnico, tendo em vista a situação observada durante auditoria interna. Conforme relatado, o auditor interno, Sr. José, observou que a Empresa oferecia ração vencida aos animais que, posteriormente, seriam levados ao abate. Cumpre ressaltar que a o oferecimento de rações vencidas poderia prejudicar a saúde do rebanho e contaminar as carnes que, posteriormente, seriam vendidas. 
Ao levar a situação para a Alta Diretoria da Empresa, o Sr. José foi comunicado de que já possuíam cidência da situação e que, inclusive, optaram pelos alimentos próximos ao vencimento em razão dos preços reduzidos. Por fim, a alta direção, informou ao Sr. José que, por ser um funcionário da Empresa, não deveria mais tocar nesse assunto. 
Dentro do contexto acima, que será mais bem explorado em tópicos próprios, passe-se adiante a discorrer acerca do caso trazido à baila pelo Conselho, analisando-o à luz da correta aplicação dos institutos de direito, das normas legais e das jurisprudências pátrias, com o objetivo de esclarecer dúvidas e, mais importante, orientá-lo sobre riscos e sobre como proceder a partir de agora.
Fundamentação
I. PRINCÍPIOS DA COMPLIANCE E DA GOVERNANÇA CORPORATIVA
Em primeiro lugar, é importante destacar a importância de estar em conformidade com as normas, tanto internas (norteadoras e organizadoras da Empresa) quanto externas (ordenamento pátrio). A conformidade gera confiabilidade, segurança, qualidade e eficiência de serviços prestados e produtos vendidos, inclusive, a conformidade é fundamental para empresas que buscam perenidade no mercado. Não devendo se submeter ou ceder às práticas de inconformidade, ainda que isso signifique ganho econômico ou redução de gastos. 
Compliance é o termo utilizado para descrever o dever de estar em conformidade com as normas internas e externas, com as diretrizes estabelecidas, com o código de conduta, de forma a mitigar os riscos da empresa.
Em outras palavras, dentro de uma organização, o programa de Compliance, a cultura de “ser” Compliance, está intimamente ligada ao objetivo de prevenir a exposição da organização a situações que violem as normas, os princípios, ou seja, comportamentos pessoais ou profissionais que não estejam em conformidade, irregulares, seja no âmbito das normas internas ou externas, com intuito de mitigar riscos, sanções e danos reputacionais. 
Já a “Governança Corporativa”, segundo SILVA (2016, p. 29) “é um conjunto de práticas que têm por finalidade otimizar o desempenho de uma companhia, protegendo investidores, empregados e credores, facilitando, assim, o acesso ao capital”.
E, ainda, segundo o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC, 2004): 
“a governança corporativa é o sistema pelo qual as organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre proprietários, Conselho de Administração, Diretoria e órgãos de controle. As boas práticas de governança corporativa convertem princípios em recomendações objetivas, alinhando interesses com a finalidade de preservar e otimizar o valor da organização, facilitando seu acesso a recursos e contribuindo para sua longevidade.” 
(IBGC, 2004)
Assim, o que se observa é que a Governança Corporativa está intimamente ligada às ações da Alta Administração e da Alta Diretoria, que devem insculpir princípios e condutas que serão responsáveis por nortear a organização e o funcionamento da empresa. 
Ademais, cabe ressaltar a importância da Alta Administração e da Alta Diretoria das Empresas nos programas de Compliance e na Governança, que por ocuparem cargos de liderança são capazes de influenciar os seus funcionários a seguirem as diretrizes e a cultura da Empresa (“tone at the top”, que pode ser explicada por “o exemplo vem de cima”). 
Inclusive, conforme exposto pelo Professor, pós-doutor, Rodrigo Pironti: 
“(...) a credibilidade do programa de integridade está intrinsecamente vinculada ao exemplo prático de seus gestores, tendo em vista que de nada vale a capacitação e treinamento quando a alta administração não demonstra interesse no tema e suas atitudes não se coadunam com o conteúdo das normas da entidade, seus valores e os treinamentos ministrados.
Segundo determina a ISO 19.600/14, “um compliance eficaz requer um comprometimento ativo do órgão de controle e da Alta Administração, que permeie toda a organização”, e, de acordo com a DSC 10.000/15, “a cultura do Compliance deve permear a organização através do exemplo de seus dirigentes e atingir todos os níveis hierárquicos por meio de atitude a ações da chefia”. (PIRONTI, 2018) (grifou-se)
É inegável a importância de que os gestores das organizações ajam como exemplo de integridade para que exista, de fato, engajamento e empenho no cumprimento das diretrizes organizacionais. Os gestores devem ser os exemplos de condutas éticas e em conformidade com os princípios e normas que regem a atividade exercida pela organização. 
Revela-se tão importante a conduta dos gestores, que no Decreto nº 8.420 de 18 de março de 2015, que regulamenta a Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013, popularmente conhecida como “Lei Anticorrupção”, dispõe em seu art. 42, inciso I, que o programa de integridade das empresas (ou programa de Compliance) será avaliado observando o parâmetro de “comprometimento da alta direção da pessoa jurídica, incluídos os conselhos, evidenciado pelo apoio visível e inequívoco ao programa”. 
Apesar das normas acima descritas serem direcionadas apenas para os atos lesivos à Administração Pública, já é pacificado o entendimento que de que a sua abrangência também alcança organizações privadas, regulando as condutas no âmbito interno e externo. 
Além do exemplo (“tone at the top”), cabe à Alta Direção incentivar o cumprimendo do programa de Compliance, observando as normas, regulamentos e as diretrizes organizacionais. É de suma importância que as diretrizes sejam claras, sem lacunas, para que não existam margens interpretativas, e também de fácil compreensão e assimilação, para que sejam aderidas por todos os funcionários da Empresa. 
É por isso, que um bom programa de Compliance tem como premissas a: prevenção, detecção e resposta. 
É o mesmo que dizer que: o Compliance visa prevenir/inibir determinadas práticas, buscando sempre a lisura e a ética profissional; a detecção é a observação de determinado comportamento que foge dos padrões estipulados; e, por fim, a resposta, que significa qual atitude será tomada diante da inconfomidade encontrada, buscando não só corrigi-la mas, também, evita-la. 
Note, portanto, que um bom programa de Compliance somado à uma boa Governança Corporativa, são capazesde prever e mitigar irregularidades e inconformidades.
Feitas essas considerações, passa-se à apreciação em especı́fico das possı́veis ocorrências aptas a incidirem no caso sob comento, conforme pedido do Conselho, em caso de oferecimento de rações vencidas aos animais da empresa Carnes para a Família.
I.1. Atuação da alta direção com base nos princípios do compliance e também da governança corporativa
Conforme exposto no tópico acima, o programa de Compliance tem como premissas a: prevenção, detecção e resposta. In casu, observa-se que a Alta Direção agiu de forma irregular na premissa “prevenção”, ao conivir com a compra de rações próximas do vencimento, buscando uma economia financeira e, também, ao oferecer rações já vencidas aos animais, colocando em risco a saúde do rebanho e a contaminação das carnes. 
Resta clara a negligência em prevenir possíveis danos: 1) a compra de volume alto de rações que venceriam antes de serem consumidas; 2) o oferecimento de rações vencidas aos animais; 3) risco à saúde do rebanho; e 4) possibilidade de contaminação das carnes posteriormente vendidas para consumo. 
Inclusive, o artigo 16 da Instrução Normativa nº 81 de 2018 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento[footnoteRef:1], disciplina que: “é proibida a utilização de resíduos sólidos das indústrias da alimentação humana e animal com validade vencida, bem como a utilização do retorno do comérico, para a produção de coprodutos destinados a alimentação animal.” [1: Disponível em: https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/inspecao/produtos-vegetal/legislacao-1/biblioteca-de-normas-vinhos-e-bebidas/instrucao-normativa-no-81-de-19-de-dezembro-de-2018.pdf/view, acesso em 05 de março de 2021.] 
Ademais, a Alta Direção também agiu em desconformidade com a premissa “resposta”, já que, conforme narrado, pretendeu restringir atuação do Auditor Interno - ato completamente ilegal -, ao informar ao auditor que por ser funcionário da empresa, não deveria mais tocar no assunto das rações vendidas.
Conforme será demonstrado adiante, o Auditor possui independência e autonomia para exercer a sua profissão. Em outras palavras, ainda que seja Auditor Interno da organização, ele detém plena independência para elaborar os seus relatórios. 
Note que a Alta Direção deixou de dar o exemplo (“tone at the top”) de ética e lisura profissional, fragilizando a segurança da organização e legitimando que condutas similares sejam praticadas, uma vez que não houve nenhum tipo de sanção, pelo contrário, foram condutas premeditadas, buscando redução de gastos. 
I.2. Obrigações de José como auditor e da Empresa como empregadora
Dito isso, passaremos para uma análise das obrigações do auditor interno dentro das organizações, in casu, o Sr. José. Primeiramente, cumpre destacar que, conforme mencionado acima, cada Empresa terá o seu próprio código de conduta, o seu próprio programa de Compliance, isto porque, cada Empresa tem as suas particularidades que devem ser observadas. 
É por isso que, no momento da auditoria, cumpre ao auditor fiscal analisar e avaliar as conformidades (e inconformidades) presentes na Empresa, seguindo tanto as normas contidas na legislação interna, quanto as normas externas, fazendo um trabalho minucioso e preciso para evitar danos, descumprimento de normas, ilícitos e possíveis responsabilizações civis, bem como agregar valor e melhorias à Empresa. 
Nesta toada, para o desempenho do trabalho de auditoria fiscal, é imprescindível que o auditor possua independência funcional e autonomia para exercer a sua função, seguindo os princípios basilares do Código de Ética dos Auditores Internos, quais sejam: i) a integridade; ii) a objetividade; iii) a confidencialidade; iv) a competência. 
Curial destacar que em homenagem ao Princípio da Integridade, o Auditor Fiscal deve observar a lei no cumprimento da sua atividade e, não deve, conscientemente, fazer parte de qualquer atividade ilegal ou se envolver em atos impróprios para a profissão de Auditoria Interna ou para a organização.
Frisa-se, ainda, que Auditor deve agir de forma imparcial, sem influências de terceiros, prestigiando e buscando, apenas, agregar valor à empresa e introduzir melhorias. Sendo certo que cabe à Empresa empregadora, a garantia de que o exercício da auditoria poderá ser realizado de forma autônoma e imparcial. 
Caso contrário, estaremos diante de uma situação de fragilidade, em que a pessoa contratada para desempenhar a função de encontrar, mitigar e gerenciar riscos, não possui liberdade para a sua atuação. Ora, sem a autonomia o Auditor não conseguirá realizar com precisão a sua função.
Assim, o que podemos compreender é que os Auditores, no exercício de sua profissão, deverão prezar pela honestidade e pelo estrito cumprimento das normas regentes, aplicando a objetividade, agindo de maneira imparcial (livres de seus próprios interesses) e ética, buscando agregar valor e melhorias à Empresa. 
Ademais, as declarações constantes em seu relatório devem sempre prezar pela veracidade dos fatos e ser baseada em evidências, reunindo uma gama probatória que comprove a inconformidade, com intuito de construir uma conclusão fidedigna, que justifique a correção da falha apontada.
Não obstante, após a auditoria, o Auditor deverá reportar à Alta Direção os diagnósticos e avaliações, indicando as inconformidades, irregularidades, falhas ou erros operacionais encontrados que possam ser prejudiciais à Empresa. 
Portanto, in casu, o Sr. José agiu em conformidade com as normas de condutas e com o Código de Ética de Auditoria Interna, tendo identificado uma irregularidade capaz de gerar sérios prejuízos à Empresa e, tão logo finalizado o processo de auditoria, informou à Alta Diretoria acerca da irregularidade e os seus possíveis danos, para que fosse sanada. 
I.3. Da obediência de José aos gestores da organização
Com o perdão da repetição, cabe ressaltar que o Auditores, sejam internos ou externos, gozam de independência e autonomia na elaboração dos seus relatórios. Não devendo se submeter à nenhuma condicionante no momento da elaboração de seus relatórios, que devem ser fiéis à realidade fática. 
No caso em comento, o Sr. José, apesar de ser funcionário da empresa, hierarquicamente inferior aos membros da Alta Direção e a eles subordinado, no exercício de sua função de auditar, elaborar relatórios e reportar inconformidades, não deve, sob nenhuma hipótese, se sujeitar a intervenções de terceiros. Em outras palavras, deve buscar apresentar relatórios fidedignos, descrevendo a realidade observada, de maneira completamente imparcial, ainda que seja funcionário subordinado de uma organização.
Contudo, os Auditores não possuem poder decisório, cabendo à Alta Direção tal função. Desta forma, na presente situação, isso significa dizer que, a Alta Direção que, de posse da irregularidade apontada pelo Sr. José em seu relatório, deve decidir como responderá à situação. Não cabendo ao Sr. José o poder de voto decisório, mas, tão-somente, o dever de reportar a irregularidade. 
Dito isso, em relação ao Sr. José, há duas considerações relevantes: 
1) o Sr. José não deve deixar de reportar a irregularidade à Alta Direção, mesmo que tenha sido informado – de forma ilegal – que não deveria ter tocado no assunto. Isto porque, pelo Princípio da Integridade, o auditor interno não deve, “conscientemente, fazer parte de qualquer atividade ilegal, ou se envolver em atos impróprios para a profissão de Auditoria Interna ou para a organização” (IIA Brasil, 2016); 
2) conforme se observa do Código de Ética dos Auditores internos, um dos princípios basilares da profissão é a confidencialidade, devendo os auditores, portanto, serem prudentes no uso e na proteção das informações obtidas no curso de suas funções. In casu, pela obrigação legal de reportar a situação às autoridades competentes, bem como em homenagem ao princípio da Integridade, caso a Alta Direção opte por não sanar a irregularidade, o princípio da confidencialidade poderá ser afastado e o Sr. José poderáprocurar a autoridade competente para reportar a situação. 
Feitas a análises referente às obrigações do Sr. José e da sua obediência perante a Empresa em que é funcionário, miser diferenciar a atuação do Compliance Officer e do Auditor Interno, bem como a abrangência da independência de ambos os cargos dentro da empresa. É o que abordaremos no tópico a seguir. 
II. O COMPLIANCE OFFICER E O AUDITOR INTERNO
Conforme demonstrado ao longo deste parecer, é de suma importância que o programa de Compliance seja difundido e seguido por toda a empresa, desta forma, a fim de concretizar as suas diretrizes, mister se faz a presença do Compliance Officer.
O Compliance Officer possui a função de monitorar o programa, buscando aperfeiçoa-lo continuamente. Em outras palavras, deve monitorar e supervisionar a organização, buscando, sempre, a conformidade com as normas. 
Ou seja, cabe ao profissional de Compliance Officer, “se debruçar sobre as balizas que suportam sua operacionalização, tais como: aval e suporte da alta administração, código de ética e conduta, classificação e gerenciamento dos riscos, controles internos, treinamentos corporativos, comunicação e disseminação do programa, canal de denúncia, investigações, auditoria, monitoria e melhoria contínua” (FUJINO, 2019). 
De igual modo, o Auditor Interno também deve prestigiar a conformidade das normas, mas diferentemente do Compliance Officer, que busca implementar e gerir os procedimentos internos, o código de condutas e de ética, o Auditor Interno avalia o cumprimento dos procedimentos e, em caso de inconformidades, reporta à Alta Direção e a à Alta Administração. Ou seja, o Auditor Interno possui a função de apontar falhas, certificar-se do cumprimento das normas, enquanto o Compliance Officer, busca gerir o programa de conformidade. 
Note que o compliance faz parte da estruturação de controles, de gestão, implementação, enquanto a auditoria fiscaliza essa estruturação. Então, são funções que não se confundem, mas se complementam, garantindo uma governança corporativa e gestão empresarial eficaz. 
Tanto a função do Compliance Officer, quanto a função da Auditoria Interna, gozam de independência para realizar as suas funções, devendo reportar-se diretamente à Alta Direção da Companhia, sendo a autonomia e independência pilares fundamentais para o bom desenvolvimento das suas atividades. Não é possível mensurar qual possui maior ou menor independência, exatamente por se tratarem de funções distintas, contudo, dentro do exercício de suas atividades, ambas as funções possuem independência. 
Considerações finais 
Ante o exposto, diante dos levantamentos trazidos pelo Conselho, esta consultoria conclui o seguinte: 
I) o Sr. José agiu em conformidade com as condutas exigidas de um Auditor Interno, agindo de forma autônoma e imparcial, tendo detectado irregularidade capaz de causar danos à Empresa e reportado à Alta Direção para tomada de providências;
II) o Sr. José, como auditor fiscal, possui independência e autonomia para exercer a sua profissão, devendo se reportar apenas à Alta Diretoria. Apesar de ser funcionário da empresa, sua conduta deverá seguir a imparcialidade;
III) o programa de Compliance se apoia no “tone at the top”, sendo que o exemplo de conduta ética e de lisura profissional devem partir da Alta Administração e da Alta Direção, que além de agirem em conformidade com as normas internas e externas, devem incentivar que os demais funcionários tenham a mesma conduta. Sendo certo, portanto, que as posturas e condutas da Alta Direção serão tomadas como modelo para atitudes e decisões futuras;
IV) o programa de Compliance e a Governança Corporativa são mecanismos indispensáveis na mitigação de riscos, na confiabilidade e segurança da empresa no mercado, assim, não é razoável colocar a Empresa diante de prováveis riscos, de forma consciente, apenas para reduzir gastos. 
Desta forma, postas estão as nossas considerações e sugestões para subsidiar o Conselho na tomada das decisões relativas ao uso de determinada marca em sua atividade empresarial. 
Referências bibliográficas
Código de Ética dos Auditores Internos, Disponível em: https://iiabrasil.org.br/ippf/codigo-de-etica, acesso em 05 de março de 2021. 
PIRONTI, Rodrigo. O compliance nas empresas e a fixação da cultura de integridade pelo tone at the top. Consultor Jurídico. 27 de setembro de 2018. Disponível em <https://www.conjur.com.br/2018-set-27/pironti-compliance-cultura-integridade-tone-at-the-top>; Acesso em 04 de março de 2021.
SILVA, Edson Cordeiro da. Governança corporativa nas empresas: guia prático de orientação para acionistas, investidores, conselheiros de administração e fiscal, auditores, executivos, gestores, analistas de mercado e pesquisadores / Edson Cordeiro da Silva. – 4. ed. – São Paulo: Atlas, 2016.
IBGC. Governança corporativa. São Paulo: IBGC, 2004.
COELHO, Claudio C.B.P. SANTOS JUNIOR, Milton C. Compliance. Rio de Janeiro: FGV, 2020. 
FUJINO, Nelson Kenzo Gonçalves Fujino. Advogado é profissional adequado para função de compliance officer. Consultor Jurídico. 20 de janeiro de 2019. Disponível em < https://www.conjur.com.br/2019-jan-20/nelson-kenzo-advogado-compliance-officer>; Acesso em 04 de março de 2021.
	
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