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S3P2 – REFLEXO E TRATOS Compreender as vias do sistema nervoso Entender o processo nervoso do arco reflexo Analisar a área do sistema nervoso central responsável pela interpretação dos receptores sensoriais. Listar os tipos de receptores sensoriais. MEDULA ESPINHAL A medula espinal é a principal via para o fluxo de informações em ambos os sentidos entre o encéfalo e a pele, as articulações e os músculos do corpo. Além disso, a medula espinal contém redes neurais responsáveis pela locomoção. A medula espinal é dividida em quatro regiões: cervical, torácica, lombar e sacra, nomes que correspondem às vértebras adjacentes. Cada região é subdividida em segmentos, e de cada segmento surge um par bilateral de nervos espinais. Pouco antes de um nervo espinal se juntar à medula espinal, ele divide-se em dois ramos, chamados de raízes. A raiz dorsal de cada nervo espinal é especializada em conduzir a entrada de informações sensoriais. Os gânglios da raiz dorsal, dilatações encontradas na raiz dorsal antes de entrar na medula, contêm os corpos celulares dos neurônios sensoriais. Já a raiz ventral carrega informações provenientes do SNC para músculos e glândulas. A medula espinal tem um centro de substância cinzenta, em forma de borboleta ou da letra H, rodeado de substância branca. Os cornos ventrais da substância cinzenta contêm corpos celulares de neurônios motores que conduzem sinais eferentes para músculos e glândulas. As fibras eferentes deixam a medula espinal pela raiz ventral. A substância branca da medula espinal pode ser dividida em diversas colunas compostas de tratos de axônios que transferem informações para cima e para baixo na medula. Os tratos ascendentes conduzem informações sensoriais para o encéfalo. Eles ocupam as porções dorsal e lateral externa da medula espinal. Os tratos descendentes conduzem principalmente sinais eferentes (motores) do encéfalo para a medula. Eles ocupam as porções ventral e lateral interna da substância branca. Os tratos propriospinais são aqueles que permanecem dentro da medula. VIAS DESCENDENTES Se originam no córtex cerebral ou em várias áreas do tronco encefálico e terminam fazendo sinapse com os neurônios medulares. Dependendo do local em que terminam, classificam-se em: vias descendentes viscerais e vias motoras descendentes somáticas. Sistema lateral Trato corticoespinhal: se origina no córtex e conduz impulsos nervosos aos neurônios motores situados da coluna anterior da medula do lado oposto. Assim, a motricidade voluntária é cruzada. Trato rubroespinhal: se origina no córtex e liga-se aos neurônios motores situados lateralmente na coluna anterior, os quais controlam os músculos responsáveis pela motricidade da parte distal dos membros (músculos intrínsecos e extrínsecos dos pés e das mãos). Sistema medial Os nomes dos tratos referem-se aos locais onde eles se originam. Todos os tratos desse sistema terminam na medula em neurônios internuncíais, através dos quais eles se ligam aos neurônios motores situados na parle medial da coluna anterior e, deste modo, controlam a musculatura axial, ou seja, do tronco e pescoço, assim como a musculatura proximal dos membros. Tratos vestibuloespinhais e reticuloespinhais são importantes para manutenção do equilíbrio e da postura básica. sendo que estes últimos controlam, também, a motricidade voluntária da musculatura axial e proximal Trato reticuloespinhal pontinho: promove a contração da musculatura extensora (antigravitária) do membro inferior necessária para a manutenção da postura ereta, resistindo a ação da gravidade. Isso dá estabilidade ao corpo para fazer movimentos com os membros superiores. Trato reticuloespinhal bulbar: promove o relaxamento da musculatura extensora do membro inferior. Trato teto-espinhal: tem funções mais limitadas relacionadas a reflexos em que a movimentação decorre de estímulos visuais. Trato corticoespinhal anterior: pouco antes de terminar, cruzam o plano mediano e termina em neurônios motores situados do lado oposto àquele no qual entrou na medula. O trato corticocspinhal anterior é muito menor que o lateral, sendo menos importante do ponto de vista clínico. VIAS ASCENDENTES As fibras que formam as vias ascendentes da medula relacionam-se direta ou indiretamente com as fibras que penetram pela raiz dorsal do nervo espinhal, trazendo impulsos aferentes de várias partes do corpo. Todos esses ramos terminam na coluna posterior da medula, exceto um grande contingente de fibras do grupo medial, cujos ramos ascendentes, muito longos, terminam no bulbo. Estes ramos constituem as fibras dos fascículos grácil e cuneiforme. Vias ascendentes no funículo posterior Fascículo grácil: inicia-se no limite caudal da medula e termina no tubérculo do núcleo grácil do bulbo. Conduz impulsos provenientes dos membros inferiores e da metade inferior do tronco e pode ser identificado em toda a extensão da medula. Fascículo cuneiforme: evidente apenas a partir da medula torácica alta, terminando no núcleo cuneiforme, situado no tubérculo do núcleo cuneiforme do bulbo. Conduz, portanto, impulsos originados nos membros superiores e na metade superior do tronco. Do ponto de vista funcional, não há diferença entre os fascículos grácil e cuneiforme; sendo assim, o funículo posterior da medula é funcionalmente homogêneo, conduzindo impulsos nervosos relacionados com: 1. Propriocepção consciente ou sentido de posição e de movimento (cinestesia) 2. Tato discriminativo (ou epicrítico) 3. Sensibilidade vibratória 4. Estereognosia: capacidade de perceber, com as mãos, a forma e o tamanho de um objeto. Vias ascendentes do funículo anterior Trato espinotalâmico anterior: suas fibras nervosas terminam no tálamo e levam impulsos de pressão e tato leve (tato protopático). Vias ascendentes do funículo lateral Trato espinotalâmico lateral: suas fibras terminam no tálamo. Conduz impulsos de temperatura e dor. Junto dele seguem também as fibras espinorreticulares, que também conduzem impulsos dolorosos. Essas fibras fazem sinapse na chamada formação reticular do tronco encefálico. onde se originam as fibras retículotalâmicas, constituindo-se assim a via espino-retículo-talâmica. Essa via conduz impulsos relacionados com dores do tipo crônico e difuso (dor em queimação), enquanto a via espinotalâmica se relaciona com as dores agudas e bem localizadas da superfície corporal. Trato espinocerebelar posterior: As fibras deste trato penetram no cerebelo pelo pedúnculo cerebelar inferior, levando impulsos de propriocepção inconsciente originados em fusos neuromusculares e órgãos neurotendinosos Trato espinocerebelar anterior: As fibras deste trato penetram no cerebelo, principalmente pelo pedúnculo cerebelar superior. Além de veicular impulsos nervosos originados em receptores periféricos, as fibras desse trato informam também eventos que ocorrem dentro da própria medula, relacionados com a atividade elétrica do trato corticoespinhal. Assim, através do trato espinocerebelar anterior, o cerebelo é informado de quando os impulsos motores chegam à medula e qual sua intensidade. REFLEXOS E ARCOS REFLEXOS Reflexo é uma sequência de ações automática, rápida e involuntária que ocorre em resposta a um determinado estímulo. Quando a integração ocorre na substância cinzenta da medula espinal, o reflexo é chamado de reflexo espinal. Um exemplo é o conhecido reflexo patelar. Se, por outro lado, a integração acontece no tronco encefálico, o reflexo então é chamado de reflexo craniano, a exemplo a movimentação dos olhos enquanto se lê uma frase. Além disso, destacam-se os reflexos somáticos, que envolvem a contração de músculos esqueléticos e os reflexos autônomos (viscerais), os quais geralmente não são percebidos conscientemente, esses envolvem respostas dosmúsculos lisos, dos músculos cardíacos e das glândulas. Arco reflexo (circuito reflexo): A via seguida pelos impulsos nervosos que produzem um reflexo, visto que os impulsos nervosos que se propagam em direção ao SNC, dentro dele ou para fora dele seguem padrões específicos, dependendo do tipo de informação, de sua origem e de seu destino. Um arco reflexo inclui os cinco componentes funcionais a seguir: 1. Receptor sensitivo: A terminação distal de um neurônio sensitivo (dendrito) ou de uma estrutura sensitiva associada exerce a função de receptor sensitivo. Ela responde a um estímulo específico – modificação dos ambientes interno ou externo – por meio da geração de um potencial graduado chamado de potencial gerador. Se um potencial gerador atinge o limiar de despolarização, ele irá gerar um ou mais impulsos nervosos no neurônio sensitivo. 2. Neurônio sensitivo: Os impulsos nervosos se propagam, a partir do receptor sensitivo, pelo axônio do neurônio sensitivo até as terminações axônicas, que estão localizadas na substância cinzenta da medula espinal ou do tronco encefálico. Nestes pontos, interneurônios enviam impulsos nervosos para a área do encéfalo responsável pela percepção consciente de que aconteceu um reflexo. 3. Centro de integração: Uma ou mais regiões de substância cinzenta no SNC atuam como um centro de integração. No tipo mais simples de reflexo, o centro de integração é uma simples sinapse entre um neurônio sensitivo e um neurônio motor. A via reflexa que apresenta apenas uma sinapse no SNC é chamada de arco reflexo monossináptico. Os centros de integração são mais frequentemente compostos por um ou mais interneurônios, os quais podem transmitir impulsos para outros interneurônios ou para um neurônio motor. Um arco reflexo polissináptico envolve mais de dois tipos de neurônios e mais de um tipo de sinapse no SNC. 4. Neurônio motor: Impulsos gerados pelos centros de integração se propagam para fora do SNC em um neurônio motor que se estende até a parte do corpo que executará a resposta. 5. Efetor: A parte do corpo que responde ao impulso nervoso motor, como um músculo ou uma glândula, é chamada de efetor. Esta resposta é conhecida como reflexo. TIPOS DE RECEPTORES SENSORIAIS Os receptores sensoriais de um reflexo neural não são receptores proteicos que se ligam a moléculas sinalizadoras, como os envolvidos na transdução de sinais. Em vez disso, os receptores neurais são células especializadas, partes de células ou receptores multicelulares complexos (como os do olho), que respondem a mudanças em seu ambiente. Existem muitos receptores sensoriais no corpo, cada um localizado nas melhores posições para monitorar as variáveis detectadas por eles. Os olhos, as orelhas e o nariz contêm receptores que detectam a luz, o som e o movimento e os odores, respectivamente. A pele é coberta com receptores menos complexos, que detectam o tato, a temperatura, a vibração e a dor. Outros receptores sensoriais são internos: receptores nas articulações do esqueleto, que enviam informações para o encéfalo sobre a posição do corpo, ou receptores de pressão sanguínea e de oxigênio nos vasos sanguíneos, que monitoram as condições no sistema circulatório. Os receptores sensoriais envolvidos em reflexos neurais são divididos em receptores centrais e receptores periféricos. Receptores centrais estão localizados no encéfalo ou intimamente ligados a ele. Um exemplo são os quimiorreceptores para o dióxido de carbono no encéfalo. Receptores periféricos residem em qualquer lugar do corpo e incluem os receptores da pele e os receptores internos descritos anteriormente. Todos os sensores possuem um limiar, o mínimo estímulo necessário para dar início à resposta reflexa. Se um estímulo está abaixo do limiar, nenhuma alça de resposta será iniciada. Os reflexos endócrinos que não estão associados com o sistema nervoso não usam os receptores sensoriais para iniciarem suas vias. Em vez disso, as células endócrinas atuam como sensor e como centro integrador do reflexo. Por exemplo, a célula beta-pancreática detecta mudanças na concentração de glicose do sangue e responde diretamente a essas mudanças. Portanto, a célula beta é uma célula endócrina que é tanto um sensor como um centro integrado. REFERÊNCIAS: MACHADO, Angelo, HAERTEL, Lucia M. Neuroanatomia Funcional. 3a ed. São Paulo. Atheneu, 2013. SILVERTHORN, Dee Unglaub. Fisiologia humana: uma abordagem integrada. 7. ed. Porto Alegre. 2017 TORTORA, G.J. Princípios de anatomia e fisiologia. 14ª ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 2017
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