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TEORIAS DO DISCURSO Aula 5- A Coerência Textual Conteúdo Programático desta aula -Conhecerá os conceitos de coesão textual e de coerência textual -Compreenderá a relação entre coesão e coerência. - Distinguirá os tipos de coesão. -Conhecerá os fatores de coerência. A COERÊNCIA TEXTUAL: AULA 5 TEORIAS DO DISCURSO O conceito de texto Textos são unidades de significação: precisam de um contexto para se realizar. Koch e Travaglia (2001). Sempre que produzimos um texto, temos a intenção de comunicar uma ideia. A comunicação depende de muitos fatores linguísticos (conhecimento acerca da estrutura da língua), assim como de fatores extralinguísticos que nos auxiliem a calcular o sentido do texto. Sob essa visão, embora o texto tenha sido produzido de forma coerente pelo autor, podem nos faltar ferramentas para torná-lo coerente. A COERÊNCIA TEXTUAL: AULA 5 TEORIAS DO DISCURSO Por que dizemos “Isso não tem coerência”? O mecanismo de coerência é o responsável por sermos capazes de relacionar os elementos do texto construindo um significado para ele. É a coerência que faz com que percebamos uma sequência linguística como um texto. A coerência se manifesta nas diversas camadas da organização do texto e tem: uma dimensão semântica - caracteriza-se por uma interdependência semântica entre os elementos constituintes do texto. uma dimensão pragmática - é fundamental, no estabelecimento da coerência, o nosso conhecimento de mundo, e esse conhecimento é acumulado ao longo de nossa existência, de maneira ordenada. A COERÊNCIA TEXTUAL: AULA 5 TEORIAS DO DISCURSO Uma charge é um texto? A COERÊNCIA TEXTUAL: AULA 5 TEORIAS DO DISCURSO Um texto envolve significação Vimos essa tirinha em nossa aula sobre denotação e conotação. A fala de Maluquinho é um texto para seu amigo? A COERÊNCIA TEXTUAL: AULA 5 TEORIAS DO DISCURSO ) Um texto envolve significação A COERÊNCIA TEXTUAL: AULA 5 TEORIAS DO DISCURSO O que é a coerência em um texto? O texto deve apresentar um raciocínio lógico, de se manter ao longo do texto uma unidade de sentido. Escrevermos ou falarmos um texto com uma intenção comunicativa. O indivíduo que recebe nosso texto precisa ativar seu conhecimento de mundo e projetar esse conhecimento de modo a que o texto faça sentido para ele. Lembrando a aula 4: pressuposição e acarretamento. Exemplos. ‘para, ‘continuar’, ‘até’ etc. A COERÊNCIA TEXTUAL: AULA 5 TEORIAS DO DISCURSO A coerência e as notícias Reunião pode pôr fim ao impasse na GM em São José dos Campos (http://g1.globo.com/sp/vale-do-paraiba-regiao/noticia/2012/08/reuniao-pode-por-fim-ao-impasse-na-gm-em-sao-jose-dos-campos.html) A geração do Ctrl+C, Ctrl+V Entenda por que músicos como AraabMuzik, que se apresenta neste domingo em São Paulo, apostam em samples -- cópias de trechos de outras músicas -- como um caminho para a criatividade http://veja.abril.com.br/noticia/celebridades/a-geracao-do-ctrl-c-ctrl-v A COERÊNCIA TEXTUAL: AULA 5 TEORIAS DO DISCURSO Existe o não texto? Beaugrande e Dressler (apud Koch e Travaglia, 2001:46). A coerência é definida em função da continuidade de sentidos e para esses autores há textos incoerentes. “Sequências linguísticas incoerentes seriam aquelas em que o receptor não consegue descobrir qualquer continuidade de sentido, seja pela discrepância entre os conhecimentos ativados ou pela inadequação entre esse conhecimento e seu universo cognitivo.” Para que um texto faça sentido, é muito importante que o conhecimento de mundo seja partilhado pelo produtor e receptor do texto, do contrário, se a quantidade de informação for nova em sua maioria a tendência é que o leitor o veja como incoerente porque esse não fará sentido para ele. A COERÊNCIA TEXTUAL: AULA 5 TEORIAS DO DISCURSO Existe o não texto? Charolles (apud Koch e Travaglia, 2001:47): a coerência se estabelece na interação de dois usuários, numa dada situação comunicativa. Para Charolles: não há textos incoerentes em si. Coerência: a) qualidade que têm os textos de serem reconhecidos como bem formados pelos falantes. b) princípio de interpretabilidade: “boa formação” do texto, determinando a possibilidade de se estabelecer o sentido do texto. Pode haver incoerência local: ou seja, sequências nas quais não há nenhuma marca de relação entre os enunciados e nas quais a relação entre o conteúdo dos enunciados não é aparente. A COERÊNCIA TEXTUAL: AULA 5 TEORIAS DO DISCURSO Fatores de coerência A coerência depende de uma série de fatores, entre os quais vale ressaltar: - conhecimento do mundo e o grau em que esse conhecimento deve ser ou é compartilhado pelos interlocutores; - domínio das regras que norteiam a língua: isto vai possibilitar as várias combinações dos elementos linguísticos; - os próprios interlocutores, considerando a situação em que se encontram, as suas intenções de comunicação, suas crenças, a função comunicativa do texto. A COERÊNCIA TEXTUAL: AULA 5 TEORIAS DO DISCURSO Tipos de coerência Coerência Semântica. Diz respeito à combinação dos significados da sequência linguística. Quando os sentidos não combinam a sequência torna-se contraditória. Exemplos. Ele comprou um carro novo. Esse veículo de comunicação é muito veloz. O sintagma ‘carro novo’ pode ser retomado pela palavra ‘veículo’, mas não pelo sintagma ‘veículo de comunicação’. O contexto pode desfazer uma aparente ‘incoerência semântica’. Lembrando: “Ele comprou um liquidificador, mas não comprou um eletrodoméstico.” Outro exemplo. Ela é viúva de marido vivo. . A COERÊNCIA TEXTUAL: AULA 5 TEORIAS DO DISCURSO Tipos de coerência Coerência Sintática. Refere-se aos meios sintáticos usados para expressar a coerência semântica: conectivos, pronomes etc. Exemplo. Ele comprou um carro novo, mas continua sem carro novo. Coerência Estilística. Um texto deve manter um estilo uniforme, ou seja, deve-se evitar a mistura de registros. Ainda que ela não prejudique a interpretabilidade de um texto, ela deve ser evitada, a menos que seja usada propositalmente, como um recurso estilístico. Exemplo. Em uma reunião de negócios, o assistente diz ao diretor: _ Bem colega, se a reunião acabou, vou dar um rolé! A COERÊNCIA TEXTUAL: AULA 5 TEORIAS DO DISCURSO Tipos de coerência Coerência Pragmática. Quando pertencemos a um determinado grupo social, somos capazes de perceber uma série de ‘deixas’ em termos de usos da língua. Exemplo. Imagine a seguinte situação. Estamos em uma sala com o ar condicionado ligado e dizemos a uma pessoa sentada próxima ao aparelho “Nossa, como a sala está gelada”. Ainda que não tenhamos feito um pedido de forma direta, provavelmente, esse indivíduo irá nos perguntar algo como “Quer que eu altere a temperatura?” Elementos linguísticos: Koch e Travaglia (2001) afirmam que somente as palavras não são suficientes para apreender o sentido de um texto, mas são muito importantes para o estabelecimento da coerência. A COERÊNCIA TEXTUAL: AULA 5 TEORIAS DO DISCURSO Fatores de coerência Conhecimento de mundo: é determinante no estabelecimento da coerência. Koch e Travaglia (2001) estabelecem que “[...] a representação do mundo pelo texto, nunca coincide exatamente com o “mundo real”, porque há sempre a mediação dos conhecimentos de mundo [...]” (p. 60). Os autores também afirmam que “o conhecimento de mundo é visto como uma espécie de dicionário enciclopédico do mundo e da cultura arquivados na memória.” (p.61) - Conhecimento enciclopédico. Representa tudo o que se conhece e que está arquivado na memória de longo termo. - Conhecimento ativado. Trazido à memória presente (operacional e/ou temporária). A COERÊNCIA TEXTUAL: AULA 5 TEORIAS DO DISCURSO Modelos Cognitivos Frames (inglês = moldura). São conhecimentos armazenados sem uma ordenação temporal. Esquemas. Diferem dos frames porque são armazenados em sequência temporal ou causal. Exemplo. Se estamos habituados a ir a restaurantes, sabemos que há uma ordempré-estabelecida segundo para realizar essa ação. Planos. Ato de planejar algo de modo a atingir um objetivo: temos uma ordem previsível para que possamos atingir a um fim planejado. A COERÊNCIA TEXTUAL: AULA 5 TEORIAS DO DISCURSO Modelos Cognitivos Scripts. Relacionam-se aos papeis dos participantes envolvidos em determinada ação. Segundo Koch e Travaglia (2001), “São o conjunto de conhecimentos sobre modos de agir em dada cultura, inclusive em termos de linguagem.” (p.60) Exemplo. Os rituais religiosos (casamentos, batizados, etc.); as fórmulas de cortesia, as praxes jurídicas. Superestruturas ou esquemas textuais. “Conjunto de conhecimentos sobre os diversos tipos de textos” (Koch e Travaglia, 2001:60: quanto mais textos conhecemos, maior será nosso conhecimentos sobre o que se pode esperar daquele tipo de texto. 3. Conhecimento partilhado. Ao produzir um texto, o indivíduo parte do pressuposto de que seu leitor compartilha informações com ele. Quanto maior for o conhecimento por eles partilhado, ou seja, quanto maior a quantidade da informação velha, menos explícito precisará ser o texto já que o receptor pode preencher lacunas através de inferências. A COERÊNCIA TEXTUAL: AULA 5 TEORIAS DO DISCURSO Modelos Cognitivos Conhecimento partilhado. Ao produzir um texto, o indivíduo parte do pressuposto de que seu leitor compartilha informações com ele. Quanto maior for o conhecimento por eles partilhado, ou seja, quanto maior a quantidade da informação velha, menos explícito precisará ser o texto já que o receptor pode preencher lacunas através de inferências. Fatores de contextualização ou fatores pragmáticos. Koch e Travaglia (2001:67) afirmam que “Os fatores de contextualização são aqueles que “ancoram” o texto em uma situação comunicativa determinada.” Como fatores de contextualização temos elementos como a situação comunicativa, o grau de informatividade do texto, a intertextualidade entre outros. Até a próxima aula! A COERÊNCIA TEXTUAL: AULA 5 TEORIAS DO DISCURSO