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Protozoários são eucariontes unicelulares que são grandes causas de doença e morte em países em desenvolvimento. Os protozoários podem se reproduzir intracelularmente em grande variedade de células (p. ex., Plasmodium em eritrócitos, Leishmania em macrófagos) ou extracelularmente no sistema urogenital, intestino ou sangue. Organismos da espécie Trichomonas vaginalis são protozoários parasitos, flagelados, sexualmente transmitidos e que frequentemente colonizam a vagina e a uretra masculina. Os protozoários intestinais mais prevalentes, Entamoeba histolytica e Giardia lamblia, são ingeridos na forma de cistos imóveis em água e alimentos contaminados, e se tornam trofozoítos móveis que se aderem às células epiteliais intestinais. Protozoários transmitidos pelo sangue (p. ex., Plasmodium, Trypanosoma, Leishmania) são veiculados por insetos vetores, no interior dos quais eles se reproduzem antes de ser transmitidos para novos hospedeiros humanos. Toxoplasma gondii é adquirido tanto através do contato com gatos eliminando oocistos quanto pela ingestão de carne mal passada contendo cistos. Doença infecciosa causada por um parasita encontrado nas fezes do inseto barbeiro. A doença de Chagas é comum em locais onde o inseto triatomíneo (barbeiro) é encontrado, como América do Sul e América Central. Ele é o responsável pela transmissão do protozoário Trypanosoma cruzi ao homem. Os barbeiros abrigam-se em locais muito próximos à fonte de alimento e podem ser encontrados na mata, escondidos em ninhos de pássaros, toca de animais, casca de tronco de árvore, montes de lenha e embaixo de pedras. Nas casas escondem-se nas frestas, buracos das paredes, nas camas, colchões e baús, além de serem encontrados em galinheiro, chiqueiro, paiol, curral e depósitos. O Trypanosoma cruzi possui variações morfológicas e funcionais, alternando entre estágios que sofrem divisão binária (é um tipo de reprodução assexuada em que se formam organismos iguais àquele que os gerou) e as formas não replicativas e infectantes. Durante o seu ciclo de vida, o Trypanosoma cruzi pode apresentar três formas morfológicas: amastigota, epimastigota e tripomastigota. Amastigota: apresenta forma arredondada. O núcleo e o cinetoplasto não são observados com microscópios ópticos. Não possui flagelos. Presente na fase intracelular, durante a fase crônica da doença. Epimastigota: apresenta tamanho variável com formato alongado e núcleo semi- central. Representa a forma encontrada no tubo digestivo do barbeiro, o vetor da doença de chagas. Tripomastigota: apresenta formato alongado e fusiforme em forma de “c” ou “s”. É a forma presente na fase extracelular, que circula no sangue, na fase aguda da doença. É a forma infectante para os vertebrados. Célia Tássila 1. Ao se alimentar de sangue, o inseto vetor Triatominae infectado libera tripomastigotas nas fezes perto do local da picada. 2. As tripomastigotas penetram no hospedeiro pela ferida ou pelas mucosas íntegras (p. ex., conjuntiva). No hospedeiro, as tripomastigotas invadem as células próximas ao local da inoculação, onde se diferenciam em amastigotas intracelulares. 3. Os amastigotas se multiplicam por fissão binária. 4. A seguir, se diferenciam em tripomastigotas, e saem da célula e entram na corrente sanguínea. Os tripomastigotas na corrente sanguínea podem infectar as células em vários tecidos nos quais se transformam em amastigotas intracelulares e causam infecção sintomática. Os tripomastigotas não se multiplicam na corrente sanguínea, diferentemente dos tripanossomas africanos. A multiplicação só é retomada quando os parasitas entram em outra célula ou são ingeridos por outro vetor. 5. O Triatominae é infectado ao se alimentar de sangue humano ou animal contendo parasitas na circulação. 6. As tripomastigotas ingeridas se transformam em epimastigotas no intestino médio do vetor. 7. Os parasitas se multiplicam no intestino médio. 8. No intestino distal, se diferenciam em tripomastigotas metacíclicos infecciosos, que são eliminados nas fezes. A OMS estima em aproximadamente 6 a 7 milhões o número de pessoas infectadas em todo o mundo, a maioria na América Latina. Estimativas recentes para 21 países latino–americanos, com base em dados de 2010, indicavam 5.742.167 pessoas infectadas por T. cruzi, das quais 3.581.423 (62,4%) eram residentes em nações da Iniciativa dos Países do Cone Sul, destacando-se a Argentina (1.505.235), o Brasil (1.156.821) e o México (876.458), seguidos da Bolívia (607.186). Da centena de espécies de triatomíneos potencialmente vetores de T.cruzi, apenas alguns têm capacidade de boa adaptação à vivenda humana, com estreito contato com pessoas e mamíferos domésticos, reservatórios comuns da infecção. A espécie mais importante na transmissão no Brasil, o Triatoma infestans, encontra-se sob controle após certificação recebida em todo o território nacional em junho de 2006. Triatoma brasiliensis encontra-se extremamente disperso em todo o Nordeste brasileiro, associado especialmente às formações rochosas da caatinga, muitas vezes localizadas muito próximas às casas. Desde o início do Programa de Controle da Doença de Chagas na região, as populações intradomiciliares foram muito reduzidas. Entretanto, na ausência de inseticida, as populações presentes no ambiente artificial são rapidamente reconstituídas, devido à grande proximidade e extensão dos seus mananciais silvestres. Interessante que, mesmo havendo fluxo gênico entre as populações silvestres e o ambiente artificial, ainda assim as populações podem ser bem diferenciadas geneticamente, o que demonstra que as mesmas são fundadas a partir de poucos exemplares. Formas de Transmissão O ciclo se inicia quando o indivíduo contamina-se por contato de dejeções do inseto infectado (contendo tripomastigotas matacíclicos) com as mucosas ou a pele. Estes tripomastigotas caem na corrente circulatória, atingem outras células de qualquer tecido ou órgão para cumprir novo ciclo celular ou são destruídos por mecanismos imunológicos do hospedeiro. Os triatomíneos vetores se infectam ao ingerir as formas tripomastigotas presentes na corrente circulatória do hospedeiro vertebrado (ser humano, por exemplo) durante o hematofagismo. No estômago do inseto eles se transformam em formas arredondadas e epimastigotas. No intestino médio, os epimastigotas se multiplicam por divisão binária simples, sendo, portanto, responsáveis pela manutenção da infecção no vetor. No reto, porção terminal do tubo digestivo, os epimastigotas se diferenciam em tripomastigotas (infectantes para os vertebrados), sendo eliminados nas fezes ou na urina. Esta é a descrição clássica adotada para o ciclo do T. cruzi no invertebrado. Ciclo biológico T. Cruzi - Doença de Chagas Importante salientar que apesar de não tão comum, ainda existem outras vias de transmissão: 1. Vertical: a qual ocorre sobretudo após o terceiro mês de gestação. Esta via parece depender de fatores ligados ao parasita e ao hospedeiro, devendo este número estar subestimado pela não- realização, na maioria das maternidades, de exame sistemático de placentas, fetos e recém- nascidos falecidos. Para que ocorra a passagem de T.cruzi da mãe ao feto, é necessário haver parasitemia materna (maior na fase aguda) e que o T. cruzi atravesse o epitélio corial e vá parasitar o estroma vilositário, atingindo a circulação fetal. 2. Acidental (laboratórios, centro cirúrgico etc.). 3. Por transplante de órgãos. 4. Via oral. 5. Pelo coito e até, talvez, por vetores que não os triatomíneos. Exceção deve ser feita às diversas microepidemias de DC aguda, devidas provavelmente à transmissão oral por meio da contaminação de alimentos (garapa, açaí) e descritas principalmente na região amazônica. Após período de incubação que varia de 4 a 10 dias no casos de transmissão vetorial e de 20 a 40 dias ou mais nos de contaminação por transfusão de sangue, segue-se uma fase aguda. Esta pode ser sintomática (casos clássicos, detectados sobretudo em crianças de baixa idade) ou, o que é muito mais comum, assintomática (que ocorre em todas as idades). Segundo estudos de campo, os fatores que determinam o aparecimento das formas sintomáticas ou assintomáticas estão relacionados com o estado imunitário do hospedeiro e com sua idade, sendo mais aparentes e mais graves em indivíduos abaixo de 2 anos de idade. A fase aguda sintomática caracteriza- -se por parasitemia elevada, intenso parasitismo tecidual, manifestações de toxemia, processo inflamatório exuberante e quadro clínico variável. Uma das mais importantes características da fase aguda é o sinal de porta de entrada oftalmoganglionar, descrito como sinal de Romaña, que representa a reação do hospedeiro à penetração dos tripanossomas na mucosa ocular, gerando conjuntivite aguda, com edema bipalpebral, unilateral, indolor, róseo, acompanhado de linfadenopatia satélite pré-auricular, parotídea ou submaxilar. A porta de entrada em outras localizações é conhecida como chagoma de inoculação, e consiste em lesão nodular acompanhada de eritema, geralmente com gânglio satélite. Essa forma cursa com febre, adenomegalia cervical ou generalizada, hepatoesplenomegalia e edema subcutâneo. Este pode ser generalizado ou localizado em face e membro inferior, sem relação com insuficiência cardíaca, exantema macular, papular, petequial, taquicardia sinusal independente de febre, sinais de miocardite aguda, com ou sem insuficiência cardíaca, associada a mau prognóstico, quando presente. Pode ocorrer meningoencefalite, sobretudo em lactentes e em imunodeprimidos. Antes da introdução do tratamento específico contra o T. cruzi, óbito ocorria em 2 a 10% dos casos agudos, particularmente em crianças. Hoje, a taxa de mortalidade sofreu acentuada redução e praticamente não ocorrem mortes nos casos de DC aguda quando convenientemente tratados. Há dúvidas sobre a possiblidade de haver cura espontânea nessa fase da DC. Nos casos não tratados, a fase aguda dura 10 a 60 dias. Com o passar dos dias ou semanas, a sintomatologia regride, o número de parasitos diminui na circulação (tornam-se raros) e a doença evolui para a fase crônica. Nesta, parecem importantes tanto o papel desempenhado pelo parasito como a resposta imunitária do hospedeiro. Quase sempre, a fase crônica se instala como forma indeterminada (FI), que se caracteriza por comprovação sorológica e/ou parasitológica da infecção, ausência de sinais e sintomas da doença e eletrocardiograma convencional e radiológico contrastado portanto, de uma definição operacional, muito prática, tendo sido homologada por vários comitês de especialistas. A FI é a forma mais frequente de DC humana, acometendo, em áreas endêmicas, 50% dos infectados; tem prognóstico muito bom a médio e longo prazos e, em 30 a 50% dos casos , persiste por toda a vida. A morte é excepcional na FI. A evolução da forma indeterminada para as formas crônicas cardíaca, digestiva ou mista ocorre, em geral, de maneira insidiosa, 10 a 20 anos após a fase aguda, em uma proporção de 2 a 3% de casos ao ano. Na maioria das vezes, as formas crônicas assumem comportamento benigno e de evolução lenta. Contudo, número significativo de pacientes graves, especialmente os que desenvolvem insuficiência cardíaca e/ou arritmias, evolui para o óbito. Em raros casos, a fase aguda evolui diretamente para uma forma subaguda. Esta acomete geralmente adultos jovens, os quais desenvolvem grave cardiopatia com insuficiência cardíaca refratária, sobrevindo a morte na maioria dos casos. Quadro semelhante ocorre em indivíduos adultos infectados, na fase crônica, que sofrem imunodepressão, principalmente pelo HIV. A suspeita do diagnóstico da CCC é geralmente feita pela presença de anormalidades no eletrocardiograma de repouso (ECG) sugestivas de comprometimento cardíaco, em indivíduos sintomáticos ou não. O diagnóstico é firmado por critérios epidemiológicos, sorológicos e evidência de comprometimento cardíaco por meio de alteração do traçado do ECG de repouso, além da exclusão de cardiopatias de outras etiologias. Eletrocardiograma As alterações eletrocardiográficas constituem, frequentemente, o primeiro indicador do surgimento da CCC. Inicialmente, as alterações são caracterizadas por retardos transitórios ou fixos da condução atrioventricular, da condução no ramo direito, alterações da repolarização ventricular e ectopias ventriculares. Na evolução, principalmente quando surgem os distúrbios de contratilidade, global ou regional, as alterações no ECG se tornam marcantes e têm implicações prognósticas relevantes. Na CCC, o bloqueio completo do ramo direito, associado ao hemibloqueio anterior esquerdo, constitui a alteração mais frequente (> 50% dos pacientes). O acometimento do ramo esquerdo ou do fascículo posterior esquerdo é raro. Os bloqueios atrioventriculares(BAV) de graus variáveis são comumente descritos em diversos estudos. Os BAV mais avançados são decorrentes de lesões extensas do nó AV e sistema de His e podem ser a primeira manifestação da doença. Disfunção do nó sinusal pode ocasionar episódios de bloqueio sino-atrial, com bradicardia ou taquicardia atrial ectópica. Flutter e fibrilação atrial são tardios e costumam ocorrer após a instalação de grave disfunção ventricular, como em outras cardiopatias. Extrassístoles ventriculares polimórficas são comuns na presença de disfunção ventricular. Arritmias ventriculares complexas, como a taquicardia ventricular não sustentada (TVNS), ou sustentada (TVS), podem existir mesmo em pacientes sem IC, porém, usualmente, ocorrem em casos mais avançados e sua coexistência é indicativa de pior prognóstico. Radiografia Torácica Nas fases avançadas, cardiomegalia global muito acentuada em geral contrasta com graus discretos ou ausência de congestão pulmonar. Congestão venosa sistêmica, derrame pleural e pericárdico frequentemente acompanham os sinais de cardiomegalia. Ecocardiografia O aspecto clássico do ECO na CCC avançada é o de grande dilatação das cavidades atriais e ventriculares, com hipocinesia difusa, biventricular, aspecto este não tão chamativo em miocardiopatias isquêmicas ou de outras etiologias. A chamada lesão apical do VE ou aneurisma da ponta parece ser patognomônica da miocardiopatia chagásica, constituída por adelgaçamento do miocárdio nesta região por destruição da musculatura, e preenchido muitas vezes por trombo. Testes Sorológicos Dada a baixa parasitemia na fase crônica da doença, os testes parasitológicos não são utilizados e testes sorológicos baseados na detecção de anticorpos contra o T. cruzi devem ser rotineiramente empregados para o estabelecimentoda etiologia da cardiopatia. O diagnóstico sorológico da infecção pelo T. cruzi é confirmado (ou excluído) pelo emprego de pelo menos dois testes sorológicos de princípios diferentes, que devem comprovar a existência de anticorpos anti-T. cruzi. A quantificação da concentração de anticorpos é desejável. Os testes sorológicos mais empregados e de maior utilidade são os convencionais: ensaio imunoenzimático (ELISA), imunofluorescência indireta (IFI) e hemaglutinação indireta (HAI). Quando realizados os três testes, é possível obter concordância entre eles em mais de 98% dos soros. A principal droga parasiticida que dispomos é o benznidazol (nitroimidazólico). A dose recomendada é de 10 mg/kg/dia em crianças ou quadros agudos e 5 mg/kg/dia em crônicos, por 60 dias de tratamento, sendo a dose diária dividida em duas ou três vezes. A dose máxima diária recomendada é de 300 mg. Para adultos com peso acima de 60 kg, deve ser calculada a dose total esperada, estendendo-se o tempo de tratamento para além dos 60 dias, até completar a dose total necessária. Assim, paciente de 65 kg receberá 300 mg por dia, durante 65 dias; o de 70 kg, essa dose diária por 70 dias; e por 80 dias em paciente com 80 kg. Acima desse peso, mantém-se a dose de 300 mg e o período máximo de 80 dias para os pacientes. Não há evidências para o tratamento parasitológico para o paciente adulto com DC na fase crônica. As indicações consensuais para o uso da droga parasiticida são DC na fase aguda; DC na sua fase crônica em crianças (benznidazol 7,5 mg/kg/dia por 60 dias); contaminação acidental (benznidazol) na dose de 7-10 mg/kg, mantido por no mínimo dez dias, ou por no mínimo de 30 dias, em situações de alta carga parasitária); e reativação da DC (agudização de paciente crônico), que pode ocorrer em pacientes imunossuprimidos farmacologicamente ou em coinfectados pelo HIV (tratamento específico por período de 60-80 dias). O tratamento medicamentoso específico da cardiopatia chagásica deve seguir as diretrizes para o tratamento da IC, quando há fração de ejeção reduzida, com o uso de inibidores da enzima conversora da angiotensina, espironolactona, betabloqueador e diuréticos. O tratamento cirúrgico é indicado para pacientes com IC congestiva refratária, para implante de aparelhos de estimulação ventricular multissítio, transplante cardíaco e terapia celular – células tronco (ainda em perspectiva). Indivíduos com disfunção ventricular global, fibrilação atrial, história de tromboembolismo prévio e regiões acinéticas ou discinéticas, com evidência ao ECO de trombo mural, têm indicação de anticoagulação. Em circunstâncias especiais, a aneurismectomia e a embolectomia podem ser consideradas. Em situações em que se observa a presença de arritmias ventriculares, o clínico deve distinguir as formas simples, como as extra-sístoles isoladas e monomorfas, que não necessitam de tratamento específico, das complexas, que incluem as polimorfas, em pares, e períodos de taquicardia ventricular não- sustentada. Devem ser abordados distintamente pacientes sustentada (TVS) e os recuperados de morte súbita. Além do tratamento medicamentoso antiarrítmico, considerar em casos específicos o controle da arritmia por ablação do foco arrítmico ou implante de cardiodesfibrilador. Nos casos de arritmias supraventriculares, a fibrilação atrial (FA) é a arritmia mais frequente, geralmente crônica, associada à cardiomegalia. A anticoagulação está indicada na FA crônica associada à cardiomegalia e insuficiência cardíaca, ou com episódios embólicos prévios. Aqui sim, você tem a terceira causa importante de insuficiência cardíaca é as miocardites, isso aqui é muito importante porque o quadro clínico de uma miocardite é muito semelhante a uma cardiopatia isquêmico. O paciente chega com dor precordial, cansaço, fraqueza, indisposição, arritmias, alterações no ritmo cardíaco e às vezes você pensa só na isquemia e esquece que o paciente tem um quadro clínico que também pode ser uma inflamação do coração, chamado de miocardite. Interessante que no fluxograma de diagnósticos da Sociedade Brasileira de Cardiologia, a primeira coisa que está escrita é: “Para você diagnosticar uma miocardite, pensar em miocardite”. Tem miocardite aguda, miocardite crônica. Algumas agudas evoluem para crônica, isso porque o microorganismo que está causando essa inflamação é de difícil eliminação, o coração tenta eliminar, mas não consegue, a resposta inflamatória persiste, passa de uma fase vascular exsudativa para reparativa e produtiva, causando morta celular, fibrose, causando alterações morfológicas como essa, isso aqui é uma miocardite chagásica crônica, com remodelamento cardíaco, coração em moringa, as células vão morrendo com a inflamação, as que sobraram sofrem sobrecarga volumetria e vão sofrendo hipertrofia excêntrica, toda as quatro câmaras evoluem para hipertrofia excêntrica, o paciente tem o chamado cardiomegalia chagásica por uma hipertrofia excêntrica global das suas câmaras cardíaca. Agora, a miocardite chagásica crônica, que remodelou o coração, passou por uma fase aguda, na aguda tem um infiltrado inflamatório exuberante, muitas formas de amastigotas presentes, à medida que a inflamação vai caminhando, eu percebo que as formas de amastigotas vão diminuindo, até mesmo desaparecendo, o processo inflamatório vai dando lugar a cicatrização e fibrose. Na miocardite chagásica posso ter pacientes com miocardite chagásica aguda ou crônica, depende da infecção, do tipo do organismo, tempo de evolução. Se ela caminha para cronicidade, ela vai remodelando o coração e se tem remodelamento e a causa do remodelamento foi uma doença, existe uma chamada remodelamento patológico e ele pode caminha para uma insuficiência cardíaca. Aspectos macroscópicos do coração, mostrando coração flácido, globoso de aspecto liso e brilhante.
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