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ESTUDO DE CASO - Aula 2 – 19 Fev. 2021 
 
Disciplina de Estágio III, Turma D3. 
 
1. Informe quais dados que retirou de sua entrevista. 
Antes de mais nada, verificamos que no período de trabalho do caso em questão 
(17/12/2017 a 28/02/2020) já estava em vigor a reforma trabalhista. 
Em seguida, buscamos confirmar que a relação de emprego se enquadra como de 
empregado doméstico, uma vez que Marionete prestava serviços de forma remunerada, 
continuada, subordinada e pessoal, de finalidade não lucrativa, à pessoa ou à família, em âmbito 
residencial (muito embora a proposta tenha sido omissa quanto a quantidade de dias 
trabalhados por semana, que devem ser mais do que 2, porém assim supomos). 
As demais informações que merecem atenção são: 
• Marionete foi demitida por suposta justa causa. 
• Se encontrava grávida de 05 meses na data da demissão. 
• Foi notificada anteriormente por desídia no trabalho. 
• Marionete confessa no atendimento condutas ensejadoras de demissão por justa 
causa (desídia e fazer uso não autorizado de itens pessoais da empregadora). 
• Marionete não recebeu o salário referente ao mês da demissão. 
• Marionete entregou a CTPS à empregadora e não a recebeu de volta. 
 
2. Quais documentos requeridos em seu atendimento. 
RG, CPF, CTPS (nesse caso não está em poder com a assistida), comprovante de 
residência, holerite (pelo menos dos últimos 3 meses, se houver), contrato de trabalho (se 
houver), extrato FGTS, extrato INSS, extrato bancário. 
 
3. Informe se vislumbra direito à assistida; 4. Caso haja direitos, fundamente-os. 
Primeiramente, o final do enunciado afirma que a empregadora demitiu a assistida 
APENAS pelo uso de produtos de limpeza e perfumaria. Se a justificativa apresentada pela 
empregadora for apenas e tão somente esta, a demissão é ilegal, pois, uma vez se encontrando 
grávida, a assistida goza de estabilidade temporária, conforme artigo 319-A da CLT, de modo que 
 
a mesma só pode ser demitida por justa causa, conforme artigo 10º, alínea B” da ADCT e 
jurisprudência consolidada nos TRTs. No entanto, o uso da perfumaria da empregadora pela 
assistida não constitui hipótese de demissão por justa causa, cujas possibilidades são dispostas 
no artigo 482 da CLT. 
Inclusive, em caso idêntico, a demissão por justa causa foi revertida pela 1ª Turma do TRT 
da 10ª Região. Informações disponíveis na matéria veiculada pelo portal Consultor Jurídico: 
Doméstica grávida que usou cosméticos da empregadora reverte justa causa. Processo 0000878-
70.2014.5.10.020. 
Disponível em: 
 https://www.conjur.com.br/2017-jan-25/domestica-usou-cosmeticos-empregadora-
reverte-justa-
causa#:~:text=A%20utiliza%C3%A7%C3%A3o%20de%20cosm%C3%A9ticos%20da,admitida%20n
o%20contrato%20de%20trabalho.&text=No%20entendimento%20do%20relator%2C%20o,a%20
trabalhadora%20e%20a%20empregadora 
Nessa hipótese, a demissão deve ser revertida. 
 
ENTRETANTO... 
A conduta da empregada ensejaria, sim, demissão por justa causa, ante a desídia 
apresentada por ela no desempenho das atividades (hipótese prevista na alínea “e” do artigo 
482 da CLT). 
Entretanto, uma questão delicada é a gravidez da trabalhadora. Nessa situação, a mesma 
goza da estabilidade provisória prevista no artigo 391-A da CLT. Entretanto, a ADCT em seu 
artigo 10º, alínea “b”, estabelece que é vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa da 
empregada gestante desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto. Ou seja: em 
tese, é possível a dispensa não arbitrária, e com justa causa de empregada gestante, situação 
presente no caso em análise. 
Neste mesmo sentido, a jurisprudência dominante da justiça trabalhista tem afastado a 
estabilidade de emprego da gestante quando da comprovação de faltas graves (artigo 489 da 
CLT), ensejadoras de demissão por justa causa. 
Assim, a assistida não terá direito a aviso prévio (trabalhado ou indenizado); 13º terceiro 
salário proporcional; Férias proporcionais com um terço; Saque do FGTS; Saque do seguro-
desemprego. Porém, ela terá direito ao saldo de salário dos dias trabalhados no mês da 
https://www.conjur.com.br/2017-jan-25/domestica-usou-cosmeticos-empregadora-reverte-justa-causa#:~:text=A%20utiliza%C3%A7%C3%A3o%20de%20cosm%C3%A9ticos%20da,admitida%20no%20contrato%20de%20trabalho.&text=No%20entendimento%20do%20relator%2C%20o,a%20trabalhadora%20e%20a%20empregadora
https://www.conjur.com.br/2017-jan-25/domestica-usou-cosmeticos-empregadora-reverte-justa-causa#:~:text=A%20utiliza%C3%A7%C3%A3o%20de%20cosm%C3%A9ticos%20da,admitida%20no%20contrato%20de%20trabalho.&text=No%20entendimento%20do%20relator%2C%20o,a%20trabalhadora%20e%20a%20empregadora
https://www.conjur.com.br/2017-jan-25/domestica-usou-cosmeticos-empregadora-reverte-justa-causa#:~:text=A%20utiliza%C3%A7%C3%A3o%20de%20cosm%C3%A9ticos%20da,admitida%20no%20contrato%20de%20trabalho.&text=No%20entendimento%20do%20relator%2C%20o,a%20trabalhadora%20e%20a%20empregadora
https://www.conjur.com.br/2017-jan-25/domestica-usou-cosmeticos-empregadora-reverte-justa-causa#:~:text=A%20utiliza%C3%A7%C3%A3o%20de%20cosm%C3%A9ticos%20da,admitida%20no%20contrato%20de%20trabalho.&text=No%20entendimento%20do%20relator%2C%20o,a%20trabalhadora%20e%20a%20empregadora
https://www.conjur.com.br/2017-jan-25/domestica-usou-cosmeticos-empregadora-reverte-justa-causa#:~:text=A%20utiliza%C3%A7%C3%A3o%20de%20cosm%C3%A9ticos%20da,admitida%20no%20contrato%20de%20trabalho.&text=No%20entendimento%20do%20relator%2C%20o,a%20trabalhadora%20e%20a%20empregadora
 
demissão e ainda a eventuais férias vencidas com adicional de um terço, conforme artigo 146 da 
CLT. 
Quanto a retenção da CTPS da assistida pela empregadora: 
O empregador tem até 5 (cinco) dias úteis para fazer as anotações do contrato de 
trabalho e devolver ao trabalhador (artigo 29 da CLT), e a retenção indevida por período superior 
ao citado enseja indenização por danos morais. No presente caso, tendo em vista que a 
empregadora está há anos com a CTPS da assistida, há a possibilidade de propositura de ação 
por danos morais.

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