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2018 - MPE/PE - Técnico Ministerial - Área Administrativa A família dos porquês A lógica costuma definir três modalidades distintas no uso do termo “porque”: o “porque” causal (“a jarra quebrou porque caiu”); o explicativo (“recusei o doce porque desejo emagrecer”); e o indicador de argumento (“volte logo, você sabe por quê”). Mas há outros aspectos que precisam ser considerados. Imagine, por exemplo, que alguém inconformado com a morte de uma pessoa especialmente querida exclama: “Eu não consigo entender, isso não podia ter acontecido, por que não eu? Por que uma criatura tão jovem e cheia de vida morre assim?” Um médico solícito, se a ouvir nesse desabafo inconformado, poderá dizer-lhe: “Sinto muito pela perda, mas eu examinei o caso de sua filha e posso dizer-lhe o que houve: ela padecia de má-formação vascular e foi vítima da ruptura da artéria carótida que irriga o lobo temporal direito.” 2018 - MPE/PE - Técnico Ministerial - Área Administrativa A explicação do médico é irretocável, mas seria a resposta ao “por quê” do pai inconsolável? Os porquês da ciência são por vezes rasos: mapas, registros e explicações cada vez mais precisas e minuciosas da superfície causal do que acontece. Eles excluem de antemão como ilegítimos os porquês que mais importam. O “porque” da ciência médica nem sequer arranha o “por quê” do pai desconsolado. (Adaptado de: GIANETTI, Eduardo. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p. 30-31.) 2018 - MPE/PE - Técnico Ministerial - Área Administrativa [Q1024829] O verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se numa forma do PLURAL para integrar adequadamente a frase: a) Não (poder) mesmo caber aos médicos tentar responder às questões metafísicas que nos afligem. b) Às vezes se (apresentar) para um ser humano aflito questões que ele está longe de poder responder. c) As iniciativas que (tomar), por sua boa vontade, um médico dedicado, nem sempre nos consolam. d) Não se (dever) imaginar que as perguntas que são hoje irrespondíveis o sejam para sempre. e) Mesmo os médicos a quem se (dedicar) todo o respeito pela competência não são oniscientes. 2018 - MPE/PE - Técnico Ministerial - Área Administrativa [Q1024829] O verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se numa forma do PLURAL para integrar adequadamente a frase: a) Não (poder) mesmo caber aos médicos tentar responder às questões metafísicas que nos afligem. b) Às vezes se (apresentar) para um ser humano aflito questões que ele está longe de poder responder. c) As iniciativas que (tomar), por sua boa vontade, um médico dedicado, nem sempre nos consolam. d) Não se (dever) imaginar que as perguntas que são hoje irrespondíveis o sejam para sempre. e) Mesmo os médicos a quem se (dedicar) todo o respeito pela competência não são oniscientes. Letra B. 2018 - TRT 15/BR - Analista Judiciário - Área Apoio Especializado - Oficial de Justiça Avaliador Sabedoria de Sêneca Entre as tantas reflexões sábias que o filósofo estoico Sêneca nos deixou encontra-se esta: “Deve-se misturar e alternar a solidão e a comunicação. Aquela nos incutirá o desejo do convívio social, esta, o desejo de nós mesmos; e uma será o remédio da outra: a solidão curará nossa aversão à multidão, a multidão, nosso tédio à solidão”. É uma proposta admirável de equilíbrio, válida tanto para o século I, na pujança do Império Romano em que Sêneca viveu, como para o nosso, em que precisamos viver. É próprio, aliás, dos grandes pensadores, formular verdades que não envelhecem. Nesse seu preciso aconselhamento, Sêneca encontra a possibilidade de harmonização entre duas necessidades opostas e aparentemente inconciliáveis. O decidido amor à solidão ou a necessidade ingente de convívio com os outros excluem-se, a princípio, e marcariam personalidades radicalmente distintas. Mas Sêneca sabe que ambas podem ser insatisfatórias em si mesmas: a natureza humana comporta impulsos contraditórios. Por isso está no sistema filosófico dos estoicos a noção de equilíbrio como princípio inescapável para o que consideram, como o melhor dos nossos destinos, a “tranquilidade da alma”. 2018 - TRT 15/BR - Analista Judiciário - Área Apoio Especializado - Oficial de Justiça Avaliador Esse equilíbrio supõe aceitarmos as tensões polarizadas de nossa natureza dividida e aproveitar de cada polaridade o que ela tenha de melhor: a solidão nos impulsiona para o reconhecimento de nós mesmos, para a nossa identidade íntima, para a diferença que nos identifica entre todos; a companhia nos faz reconhecer a identidade do outro, movida pela mesma força que constitui a nossa. Sêneca, ao reconhecer que somos unos em nós mesmos, lembra que essa mesma instância de unidade está em todos nós, e tem um nome: humanidade. (Altino Sampaio, inédito) 2018 - TRT 15/BR - Analista Judiciário - Área Apoio Especializado - Oficial de Justiça Avaliador [Q996978] Há forma verbal na voz passiva e pleno atendimento às normas de concordância na frase: a) Aconselhamentos precisos, como os de Sêneca, são aqueles a que não faltam a certeza da boa aplicação, seguido do efeito maior da paz de espírito. b) São de se exaltar entre as tantas reflexões de Sêneca sua acuidade em buscar preservar o senso de equilíbrio nas difíceis escolhas humanas. c) Em meio a tensões polarizadas, é comum que se ignorem a necessidade de equilíbrio dentro da alternância, parece advertir-nos o postulado de Sêneca. d) Não há por que considerar definitivo, em nosso cotidiano, impulsos contraditórios que dividem nossos desejos e desafiam nosso equilíbrio. e) Uma vez atendidas as duas necessidades humanas a que Sêneca faz referência, preservam-se igualmente o senso de equilíbrio e a dialética. 2018 - TRT 15/BR - Analista Judiciário - Área Apoio Especializado - Oficial de Justiça Avaliador [Q996978] Há forma verbal na voz passiva e pleno atendimento às normas de concordância na frase: a) Aconselhamentos precisos, como os de Sêneca, são aqueles a que não faltam a certeza da boa aplicação, seguido do efeito maior da paz de espírito. b) São de se exaltar entre as tantas reflexões de Sêneca sua acuidade em buscar preservar o senso de equilíbrio nas difíceis escolhas humanas. c) Em meio a tensões polarizadas, é comum que se ignorem a necessidade de equilíbrio dentro da alternância, parece advertir-nos o postulado de Sêneca. d) Não há por que considerar definitivo, em nosso cotidiano, impulsos contraditórios que dividem nossos desejos e desafiam nosso equilíbrio. e) Uma vez atendidas as duas necessidades humanas a que Sêneca faz referência, preservam-se igualmente o senso de equilíbrio e a dialética. Letra E. 2018 - MPE/PE - Técnico Ministerial - Área Administrativa Presente para Maria da Graça Quando ela chegou à idade avançada de quinze anos eu lhe dei de presente o livro Alice no País das Maravilhas. Esse livro é doido, Maria da Graça. Isto é: o sentido dele está em ti. Escuta: se não descobrires algum sentido que há em toda loucura acabarás louca. Aprende, pois, logo de saída para a grande vida, a ler esse livro como um simples manual do sentido evidente de todas as coisas, inclusive as loucuras. A realidade, Maria, é louca. Não te espantes quando o mundo amanhecer irreconhecível. Para melhor ou pior, isso acontece muitas vezes por ano. “Quem sou eu neste mundo?” Essa indagação perplexa é o lugar-comum de toda história de gente. Quantas vezes mais decifrares essa charada, tão entranhada em ti mesma como os teus ossos, mais forte ficarás. Não importa qual seja a resposta: o importante é dar ou inventar uma resposta. Ainda que seja mentira. 2018 - MPE/PE - Técnico Ministerial - Área Administrativa Os homens vivem apostando corrida, Maria. Nos escritórios, nos negócios, na política, todos vivem apostando corrida. São competições tão confusas, tão cheias de truques, tão desnecessárias que, quando os corredores chegam exaustos a um ponto costumam perguntar: “Quem ganhou?” Bobagem, Maria. Há mais sentido nas saudáveisloucuras da nossa imaginação do que na seriedade que atribuímos a algumas bobagens que chamamos de “realidade”. (Adaptado de: CAMPOS, Paulo Mendes. O amor acaba. São Paulo: Companhia das Letras, 2013, p. 191-192) 2018 - MPE/PE - Técnico Ministerial - Área Administrativa [Q1024832] Há presença de forma verbal na voz passiva e adequada correlação entre os tempos e modos verbais na frase: a) Quando se chegasse à idade avançada dos quinze anos, não deverão faltar ao aniversariante os dotes máximos da imaginação. b) As corridas que se apostam no mundo dos negócios constituem uma prova de que os homens perdem tempo com tolos desafios. c) Aqueles a quem a loucura sempre espantará não teriam aproveitado o uso saudável da imaginação mais criativa. d) Se o mundo um dia surgir como irreconhecível, você terá imaginado que, além de você mesmo, também ele enlouqueceu. e) Por pior que fosse uma mentira ela terá sempre o dom de apelar para a imaginação de que a realidade costumasse se esquivar. 2018 - MPE/PE - Técnico Ministerial - Área Administrativa [Q1024832] Há presença de forma verbal na voz passiva e adequada correlação entre os tempos e modos verbais na frase: a) Quando se chegasse à idade avançada dos quinze anos, não deverão faltar ao aniversariante os dotes máximos da imaginação. b) As corridas que se apostam no mundo dos negócios constituem uma prova de que os homens perdem tempo com tolos desafios. c) Aqueles a quem a loucura sempre espantará não teriam aproveitado o uso saudável da imaginação mais criativa. d) Se o mundo um dia surgir como irreconhecível, você terá imaginado que, além de você mesmo, também ele enlouqueceu. e) Por pior que fosse uma mentira ela terá sempre o dom de apelar para a imaginação de que a realidade costumasse se esquivar. LETRA B 2018 - TRT 2/BR - Analista Judiciário - Área Judiciária A importância do imperfeito O conceito de perfeição guia muitas aspirações nossas, seja em nossas vidas privadas, seja nos diversos espaços profissionais. Falamos ou ouvimos falar de “relações perfeitas” entre duas pessoas como modelos a serem seguidos, ou de almejar sempre a realização perfeita de um trabalho. Em algumas religiões, aprendemos que nosso objetivo é chegar ao paraíso, lar da perfeição absoluta, final de jornada para aqueles que, se não conseguiram atingir a perfeição em vida, pelo menos a perseguiram com determinação. Historicamente, o perfeito está relacionado com a estética, andando de mãos dadas com o belo, conforme rezam os preceitos da arte clássica. Muito da criatividade humana, tanto nas artes como nas ciências, é inspirado por esse ideal de perfeição. Mas nem tudo. Pelo contrário, várias das ideias que revolucionaram nossa produção artística e científica vieram justamente da exaltação do imperfeito, ou pelo menos da percepção de sua importância. 2018 - TRT 2/BR - Analista Judiciário - Área Judiciária Nas artes, exemplos de rompimento com a busca da perfeição são fáceis de encontrar. De certa forma, toda a pintura moderna é ou foi baseada nesse esforço de explorar o imperfeito. Romper com o perfeito passou a ser uma outra possibilidade de ser belo, como ocorre na música atonal ou na escultura abstrata, em que se encontram novas perspectivas de avaliação do que seja harmônico ou simétrico. Na física moderna, o imperfeito ocupa um lugar de honra. De fato, se a Natureza fosse perfeita, o Universo seria um lugar extremamente sem graça. Do microcosmo das partículas elementares da matéria ao macrocosmo das galáxias e mesmo no Universo como um todo, a imperfeição é fundamental. A estrutura hexagonal dos flocos de neve é uma manifestação de simetrias que existem no nível molecular, mas, ao mesmo tempo, dois flocos de neve jamais serão perfeitamente iguais. Não faltam razões, enfim, para que nos aceitemos como seres imperfeitos. Por que não? (Adaptado de: GLEISER, Marcelo. Retalhos cósmicos. São Paulo: Companhia das Letras, 1999, p. 189-190) 2018 - TRT 2/BR - Analista Judiciário - Área Judiciária [Q995858] Há forma verbal na voz passiva e pleno atendimento às normas de concordância na frase: a) Sempre houve aspirações cuja meta era a perfeição, mas que não se cumpria por falta de determinação de quem as alimentavam. b) Por vezes caminham juntas a sede de perfeição e esforço pelo belo, tal como se podem constatar nas obras de arte clássicas. c) As obras de arte modernas comportam, com frequência, a ação de algum elemento imperfeito, que as elevam a patamares insólitos. d) O exemplo dos flocos de neve é trazido ao texto para ilustrar um caso em que mesmo uma rigorosa simetria pode produzir diferenças. e) A exaltação das formas imperfeitas, nas artes plásticas ou na música, ocorrem sobretudo na modernidade, em que recusa a composição harmônica. 2018 - TRT 2/BR - Analista Judiciário - Área Judiciária [Q995858] Há forma verbal na voz passiva e pleno atendimento às normas de concordância na frase: a) Sempre houve aspirações cuja meta era a perfeição, mas que não se cumpria por falta de determinação de quem as alimentavam. b) Por vezes caminham juntas a sede de perfeição e esforço pelo belo, tal como se podem constatar nas obras de arte clássicas. c) As obras de arte modernas comportam, com frequência, a ação de algum elemento imperfeito, que as elevam a patamares insólitos. d) O exemplo dos flocos de neve é trazido ao texto para ilustrar um caso em que mesmo uma rigorosa simetria pode produzir diferenças. e) A exaltação das formas imperfeitas, nas artes plásticas ou na música, ocorrem sobretudo na modernidade, em que recusa a composição harmônica. LETRA D
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