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MEMÓRIA Disciplina: TSP-IVProfessora: Liana Ximenes MEMÓRIA Memória é o meio pelo qual retemos e nos valemos de nossas experiências passadas para usar essas informações no presente. A memória, como um processo, refere-se aos mecanismos dinâmicos associados a codificação, armazenamento e recuperação de informações sobre experiências passadas. Sterbeng, 2010 OPERAÇÕES DA MEMÓRIA Os psicólogos cognitivos identificaram especificamente três operações usuais de memória: codificação, armazenamento e recuperação. Cada operação representa um estágio do processamento da memória. 1. Codificação - Na codificação você transforma dados sensoriais em uma forma de representação mental. 2. Armazenamento - Na armazenamento você mantém as informações codificadas na memória. 3. Recuperação - Na recuperação você acessou usa as informações armazenadas na memória. MODELO DE ATKINSON-SHIFFRIN Três Buffers de Memória (modelo clássico): Ambiente Baddley, Anderson e Eysenck (2011) afirmam que este modelo permanece o mesmo. Existem distinções entre os tipos de sistemas de memória. No entanto, consideram que não existe um fluxo simples de informação do ambiente para a memória de longo prazo como é sugerido na figura anterior, já que existem evidências de que as informações fluem em ambas as direções. Por exemplo, nosso conhecimento do mundo, armazenado na memória de longo prazo, pode influenciar nosso foco de atenção, que então determinará o que é alimentado para o sistema de memória sensorial. MEMÓRIA SENSORIAL (REGISTRO SENSORIAL) A informação que chega ao indivíduo é primeiramente mantida pelos registos sensoriais durante fracções ou escassos segundos após o desaparecimento do estímulo. Esta forma de armazenamento sensorial para material visual é denominada de memória icônica (quando visual) e memória ecóica (quando auditiva). O armazenamento icônico é um registro sensorial de natureza visual e descontínua que retém informações por períodos muito breves. O armazenamento ecóico seria o equivalente auditivo. MEMÓRIA DE CURTO PRAZO E DE TRABALHO Memória de curto prazo - Retenção temporária de pequenas quantidades de material sobre breves períodos de tempo. Memória de trabalho – A memória de trabalho é uma memória de curto prazo, mas seu conceito é mais abrangente do que apenas a retenção temporária de informação. O conceito de memória de trabalho fundamenta-se na suposição de que existe um sistema para a manutenção e manipulação temporárias de informação, e que isto é útil para muitas tarefas. Supõe-se que ela esteja associada a atenção e que seja capaz de recorrer a outros recursos dentro da memória de curta e de longa duração. O MODELO DA MEMÓRIA DE TRABALHO •Em 1974, Baddeley e Hitch propuseram o modelo de memória de trabalho (working memory) também chamado de memória operacional. •Este sistema múltiplo de memória veio ampliar o conceito de memória de curto-prazo, deixando de ser apenas um armazenador temporário para ser um processador ativo capaz de manipular um conjunto limitado de informações por um curto período de tempo. MEMÓRIA DE TRABALHO •Define-se memória de trabalho como um sistema de capacidade limitada que permite o armazenamento temporário e gerenciamento de informações. •Tem como principal função manter informações que estão sendo processadas por um curto período de tempo. • Ex: aquela que dura segundos, como no caso em que, por exemplo, alguém nos dita um número telefônico e lembramos por tempo suficiente para a discagem, mas logo esquecemos. • “Podemos também, ao lermos o número do telefone, lembrar dos vários encontros e da antiga amizade que tivemos com o possuidor do telefone focalizado. Junto com essas recordações, chegamos a “enxergar” a pessoa em diversos contextos e épocas, e, em cada focalização, sentimos emoções diversas”. CARACTERÍSTICAS DA MEMÓRIA DE TRABALHO •Possui como função gerenciar a realidade, mantendo por alguns segundos ou poucos minutos a informação que está sendo processada. •A memória de trabalho é responsável por determinar o contexto em que os diversos fatos, acontecimentos ou outro tipo de informação ocorrem e se vale a pena ou não fazer uma nova memória de tal evento ou não. •Também considerada como um sistema gerenciador central, que mantém a informação “viva”pelo tempo suficiente para entrar na memória propriamente dita ou não, a partir do processo de determinação de tal informação é nova (ou não) e se é útil (ou não) para o organismo. •É importante para os outros processos cognitivos, como: raciocínio, solução de problemas, cálculo mental etc. •Não é um arquivo passivo de armazenamento de informações, mas possui um processamento altamente ativo e flexível, onde o material está constantemente sendo manejado, combinado e transformado. DIFERENÇA ENTRE MEMÓRIA DE TRABALHO E MEMÓRIA DE CURTO PRAZO • A memória de curto prazo simplesmente envolve a retenção da informação na mente por curto período de tempo, por exemplo, lembrar-se de que o problema que você precisa resolver é 333 + 999. •Memória de trabalho – refere-se à manutenção temporária da informação enquanto são executadas operações mentais. •A memória de trabalho, em contraste, envolve a manipulação mental – ou o trabalhar com - da informação retida e começa a funcionar numa série de atividades de aprendizagem. • Por exemplo, para responder questões sobre um capítulo de ciências, uma criança não somente tem de reter corretamente a informação factual, mas precisa trabalhar mentalmente com aquela informação para responder perguntas sobre ela. MODELO DE ATKINSON-SHIFFRIN (CONTINUANDO) Três Buffers de Memória (modelo clássico): Ambiente MEMÓRIA DE LONGA DURAÇÃO Sistema ou sistemas de memória que servem de base à capacidade de armazenar informações por longo períodos de tempo. Depois de passar pelo armazenamento a curto prazo a informação ou é esquecida ou, se for processada, por exemplo, através da recapitulação, pode passar para o armazenamento a longo prazo, onde pode permanecer indefinidamente nesse compartimento de capacidade ilimitada. Memória de longa duração Explícita Memória episódica Memória semântica Implícita Condicionamento, habilidades, priming, etc TIPOS DE MEMÓRIA DE LONGA DURAÇÃO Memórias implícitas ou não declarativas – Evocação da informação da memória de longo prazo por meio do desempenho em vez da lembrança ou do reconhecimento conscientes. Em 1985, Tulving a nomeou de memória procedimental ou procedural. Por isso alguns autores também utilizam este termo para nomear este tipo de memória. Memórias explícitas ou declarativas – Memória que está aberta à evocação intencional, seja como base de recordação de eventos pessoais (memória episódica) ou fatos (memória semântica). MEMÓRIA Memória Explícita (ou declarativa) •São aquelas adquiridas com plena intervenção da consciência. •É aquela que envolve a lembrança consciente de palavras, cenas, faces ou narrativas. •Pertencem os fenômenos de consciência e lembrança. •Pode ser: semântica ou episódica Memória Implícita (ou não declarativa) •São as memórias adquiridas sem que tenhamos consciência de que as estamos adquirindo; • São adquiridas de forma mais ou menos automática. •É a memória para procedimentos e habilidades, por exemplo, a habilidade para dirigir, jogar bola, dar um nó no cordão do sapato e da gravata, etc. •Somos capazes de executar tarefas, por vezes complexas, com nosso pensamento voltado para algo completamente diferente. MEMÓRIA IMPLÍCITA Este tipo de memória envolve a aquisição de conhecimento que não está disponível através de uma averiguação consciente, incluindo a capacidade para aprender hábitos, competências, priming e algumas formas de condicionamento clássico Condicionamento clássico – aprendizado no qual um estímulo neutro (p. ex., campanhia) é apresentado juntamente a um estímulo que provoca uma resposta (p. ex. carne) levando a evocação destaresposta (salivação). Ocorre então uma associação de estímulo e resposta, onde o estímulo, antes neutro, passa a eliciar a resposta. Priming – Processo pelo qual a apresentação de um item influencia o processamento de um item subsequente. Memória por meio de dicas. Ex:Fragmentos de uma imagem que nos fazem recordar a imagem inteira, a primeira palavra de uma poesia que nos faz recordar o todo, certos gestos que lembram ações, etc. MEMÓRIA EXPLÍCITA OU DECLARATIVA Memória que está aberta à evocação intencional, seja com base na recordação de eventos pessoais (memória episódica) ou fatos (memória semântica). Endel Tulving (1972) propôs uma distinção entre dois tipos de memória explícita. A memória semântica representa o armazenamento do conhecimento geral acerca do mundo, relacionado com o significado das palavras e conceitos. Ex: Coisas que são do conhecimento comum, tais como os nomes das cores, os sons das letras, as capitais de países e outros fatos básicos adquiridos ao longo da vida. A memória episódica refere-se ao armazenamento de acontecimentos pessoais ocorridos num lugar e num tempo particulares. É a lembrança de experiências biográficas e eventos específicos a partir dos quais podemos reconstruir os eventos reais que aconteceram em pontos específicos no tempo, dentro das nossas vidas. Ex: Recordar onde você estava quando ocorreu o 11 de setembro; Relembrar o seu primeiro beijo, o seu primeiro dia de escola, etc. OUTROS ASPECTOS IMPORTANTES NO ESTUDO DA MEMÓRIA EFEITO DA POSIÇÃO SERIAL Efeito da posição serial: a capacidade de lembra itens de uma lista depende da ordem de uma apresentação, com os itens apresentados no inicio ou no final da lista mais bem lembrados do que os do meio. Temos então PRIMAZIA e RECENTICIDADE. Efeito da recenticidade - o efeito da recenticidade ocorre quando nos recordamos melhor de itens do final de uma lista. Efeito da primazia - Os itens do início da lista tendem a ser evocados menos vezes do que os itens do final da lista, mas a sua evocação é superior ao nível de evocação do meio da lista os itens apresentados no inicio ou no final da lista mais bem lembrados do que os do meio. EXPERIMENTO DE EBBINGHAUS • Nos experimentos sobre memória, com o objetivo de evitar eventuais vieses que seus sujeitos experimentais pudessem apresentar em relação às palavras a serem memorizadas, Ebbinghaus necessitou criar palavras com as quais os sujeitos nunca tivessem tido contato. • Para resolver esse problema, Ebbinghaus inventou as palavras sem sentido, formadas por duas consoantes separadas por uma vogal (por exemplo “dit”). EBBINGHAUS – CURVA DE ESQUECIMENTO •Neste experimento, Ebbinghaus descobriu que grande parte das informações memorizadas em um dado momento tende a ser esquecidas rapidamente nas primeiras horas após a aprendizagem . •Após esse abrupto declínio na retenção das informações memorizadas, após os dias seguintes da primeira evocação, segue-se uma certa estabilidade, onde o esquecimento ocorre de forma mais suave e gradual. ALGUMAS TEORIAS SOBRE MEMÓRIA E ESQUECIMENTO •Teoria da deterioração (Desuso/ declínio) •Interferência •Recalcamento TEORIA DA DETERIORAÇÃO (OU DO DESUSO/ DECLÍNIO) •Segundo a Teoria da Deterioração, a informação é esquecida porque desaparece gradualmente, com o passar do tempo, e não porque ela foi deslocada por outra informação. •A deterioração acontece quando a simples passagem do tempo faz com que esqueçamos os conteúdos e informações (Sternberg, 2008). TEORIA DA INTERFERÊNCIA •Para a Teoria da Interferência, a interferência ocorre quando informações concorrentes, ou seja quando a informação anterior interfere com a nova aprendizagem. •O esquecimento será o resultado da competição entre respostas similares. • À medida que a informação vai sendo processada, a probabilidade de serem armazenadas informações muito semelhantes, faz com que a recuperação se possa processar com maior dificuldade. Neste contexto foram identificados dois tipos de interferência: proativa e retroativa. • Interferência proativa – uma informação antiga atrapalha a uma nova. Senha velha de cartão de banco. A interferência de uma informação antiga (francês) atrapalha na aquisição de uma nova informação (inglês). • Inteferência retroativa - uma informação nova atrapalha a recuperação da antiga. Ex: só lembra do número de telefone novo, e não consegue relembrar o anterior. RECALCAMENTO •Teoria ligada à teoria psicanalítica de Freud. •“[...] entre os vários fatores que contribuem para o fracasso de uma recordação ou para uma perda de memória, não se deve menosprezar o papel desempenhado pelo recalcamento” (FREUD, 1997 [1898]). •Trata-se da teoria do esquecimento ativo. Em função dessa perspectiva certos esquecimentos não seriam devidos à fraqueza da memória, mas devido à intervenção de uma força contrária que exerceria função inibitória. AMNÉSIA •Várias síndromes diferentes são associadas a perda de memoria. A mais conhecida e a amnésia. •A amnésia é uma perda grave de memória. Amnésia retrógrada – na qual os indivíduos perdem sua memoria intencional para eventos anteriores a algum trauma que cause a perda de memoria. Amnésia anterógrada – e a incapacidade de se lembrar de eventos que ocorreram apos um evento traumático. ALGUNS INSTRUMENTOS NEUROPSICOLÓGICOS QUE AVALIAM ASPECTOS DA MEMÓRIA TESTE DE APRENDIZAGEM AUDITIVO- VERBAL DE REY O RAVLT consiste em uma lista de 15 substantivos (lista A) que é lida em voz alta para o sujeito com um intervalo de um segundo entre as palavras, por cinco vezes consecutivas. Cada uma das tentativas é seguida por um teste de evocação espontânea. Depois da quinta tentativa, uma lista de interferência, também composta por 15 substantivos (lista B), é lida para o sujeito, sendo seguida da evocação da mesma (tentativa B1). Logo após a tentativa B1, é pedido ao sujeito que recorde as palavras da lista A, sem que ela seja, nesse momento, reapresentada (pela sexta vez). Após um intervalo de 20 minutos, que deve ser preenchido com outras atividades que não demandem raciocínio verbal, pede-se ao sujeito que se lembre das palavras da lista A (sétima vez) sem que a lista seja lida para ele. Após a sétima evocação é feito o teste de memória de reconhecimento, quando uma lista contendo 15 palavras da lista A, 15 palavras da lista B e 20 distratores (semelhantes às palavras de lista A e B em termos fonológicos ou semânticos) são lidas para o sujeito. A cada palavra lida, o sujeito deve indicar se ela pertence (ou não) à lista A. TESTE DE APRENDIZAGEM AUDITIVO- VERBAL DE REY Exemplo de aplicação: https://www.youtube.com/watch?v=WKtP a6q_Idk Figura complexa de Rey A Figura Complexa de Rey consiste em uma figura geométrica complexa composta por um retângulo grande, bissetores horizontais e verticais, duas diagonais, e detalhes geométricos adicionais interna e externamente ao retângulo grande. O desenho é apresentado horizontalmente e o examinando deve copiá-lo em uma folha em branco. Após o término da cópia solicita-se ao examinando que reproduza de memória. Quando a memória tardia também é avaliada, solicita-se ao examinando que reproduza a figura novamente após 30 minutos. FIGURA COMPLEXA DE REY DESEMPENHO NO TESTE DA FIGURA COMPLEXA DE REY DE UMA PACIENTE COM EPILEPSIA DE LOBO TEMPORAL DIREITO (ELTD) Cópia da figura Memória Imediata Memória tardia SPAN DE DÍGITOS Uma das principais tarefas utilizadas na avaliação da memória de curto prazo O examinador pede ao paciente que repita uma série de números (por exemplo: 2- 5, 3-6-7). A primeira sequência começa com dois dígitos. Após cada resposta correta, o examinador acrescenta um dígito na sequência seguinte. O teste é composto de duas partes, na ordem direta e inversa. CUBOS DE CORSI Um instrumento análogo ao teste de Span de Dígitos. O teste consiste de uma base quadrada com nove blocos idênticos. O examinandoé instruído a repetir uma sequência de movimentos realizada pelo examinador, tocando os cubos. “Eu irei tocar os cubos numa seqüência determinada neste tabuleiro. Quando eu terminar, quero que você os toque na mesma ordem. Depois disso, prosseguirei com outra seqüência. As seqüências serão gradualmente aumentadas” CUBOS DE CORSI REFERÊNCIAS Penna, A.G Introdução a Psicologia Cognitiva. São Paulo: EPU, 1984. Sternberg, R.J. Psicologia Cognitiva. Artmed, 2008. Baddley, A., Anderson M.C., Eysenck M.W. Memória. Porto Alegre: Artmed, 2011.
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