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Beatriz Rithiely Fisioterapia na lesão medular FUNÇÕES BÁSICAS DA MEDULA MOTORA - Transfere impulsos nervoso do cérebro para nossos músculos SENSITIVA – Leva informações sensitivas do nosso corpo até o córtex AUTONÔMICA - regulação homeostática e de funções vitais, mediadas pelo SNA, com consequentes manifestações clínicas diversificadas LESÃO MEDULAR – DEFINIÇÃO • Qualquer lesão da medula, do cone terminal ou da cauda equina acompanha-se obrigatoriamente por deficiências motoras, sensitivas e neurovegetativas refletindo em alguma região do corpo. (Pape In Becker,2008) ETIOLOGIA – LESÃO MEDULAR TRAUMÁTICA • 80% DOS CASOS → Trauma/agressão → Acidentes automobilísticos (47%) → Quedas de alturas (21%) → Mergulho em piscina rasa → Esportes (14%) → Acidentes de trabalho → Ferimentos Armas de fogo Armas brancas EPIDEMIOLOGIA – LESÃO MEDULAR TRAUMÁTICA • Incidência anual com hospitalização é de 30 a 40 por milhão. • Adultos jovens (16 a 30 anos). • Sexo masculino (80%) • Dia mais comum da lesão = sábado CLASSIFICAÇÃO – LESÃO MEDULAR TRAUMÁTICA • A terminologia indica o nível geral da lesão de coluna vertebral e da perda de função: • PARAPLEGIA → Segmentos torácico, lombar ou sacral. • TETRAPLEGIA → Segmentos cervicais. Beatriz Rithiely → Alguns autores: Acima ou abaixo de T1 → Quadriparesia e tetraparesia designam as lesões incompletas • Designação do nível da lesão → Indicar o segmento mais distal com função normal em que a raiz nervosa não foi afetada. → Indicar os achados neuromusculares: → Função normal: Teste de FM (Grau 3) → Lesões transversas: completa x incompleta. → Lesões oblíquas: lesão sensorial/motora assimétrica. • Completas → Não há função motora ou sensorial abaixo do nível da lesão. → Causas: Transecção completa Compressão grave Comprometimento vascular extenso à medula Prognóstico é mais reservado. • Incompletas → Preservação de alguma função motora ou sensorial abaixo do nível da lesão. → Causas: Contusões (Pressão sobre a medula de osso ou tecido deslocado) O retorno precoce da função é geralmente considerado um bom sinal de prognóstico. CLASSIFICAÇÃO QUANTO A ÁREA DA LESÃO • Síndrome medular central: → Predominam lesões das vias nervosas mais curtas. → Resulta deficiências mais acentuadas em MMSS. → Comprometimento motor maior que o sensorial → Causas: típica em idosos com espondilose cervical; lesões em hiperextensão da região cervical Beatriz Rithiely • Síndrome medular anterior: → Perda motora completa inferior a lesão. → Perda da sensibilidade superficial. → Preservação da sensibilidade profunda. → Causas: embolia da artéria espinhal anterior; lesões em flexão da região cervical (compressão anterior da medula devido a fratura, luxação ou protrusão discal) • Síndrome de Brown-Séquard: → Paralisa motora ipsilateral. → Perda da sensibilidade superficial contra-lateral. → Comprometimento ipslateral da propriocepção consciente (sensibilidade profunda) → Causas: ferimentos com arma branca, hemissecçao da medula • Síndrome medular posterior: → Perda da sensibilidade profunda. → Preservação da função motora e das vias da dor e temperatura. → Obs: o paciente pode apresentar ataxia devido a perda da propriocepção. • Lesão de cone e causa equina: → Cone medular: Borda inferior de L1 (afilamento distal da ME em forma de cone) – Disfunções de bexiga, intestino e MMII. → Cauda equina: Abaixo do cone (raízes nervosas dos últimos nervos espinhais – L2 a S4) – Paralisia Flácida. – Interrupção variável da raiz sacral. *Frequentemente incompletas (grande n° de raízes nervosas) * Lesões de NMI (potencial de regeneração axonal) Beatriz Rithiely ETIOLOGIA – NÃO TRAUMÁTICA • 20% DOS CASOS → Processos inflamatórios/infecciosos (mielite) → Processos degenerativos (ELA/EM) → Processos compressivos (tumores, hérnia discal, edema no canal vertebral) → Vasculares (mal formação arteriovenosa, trombose, emboliaou hemorragia) → Malformações (Mielomeningocele) QUADRO CLÍNICO DA LESÃO MEDULAR • Fase de Choque Medular: → Cessação de toda a função do Sistema Nervoso, abaixo do nível da lesão da ME → Em geral dura em torno de 24 horas, mas pode levar semanas. → Reflexo bulbocavernoso positivo no final desta fase (exame retal realizado clinicamente). • Comprometimento motor e sensorial abaixo do nível da lesão: → Dependem do nível neurológico, se completa/incompleta, se a lesão foi transversa ou oblíqua (assimetria ou simetrica) - Dermátomos e miótomos (Escala ASIA) • Alterações da termorregulação: → Disfunção autonômica simpática. → Perde-se: habilidade de tremer, vasodilatação em resposta ao calor ou vasoconstricção em resposta ao frio (piloereção). • Comprometimento respiratório: → Lesões em T1 e acima perdem 40-50% da função respiratória. → Lesões cervicais (capacidade vital 20% do esperado). • Em geral, espasticidade: → Após a fase de choque medular – SNMS (dependendo do nível da lesão) • Disfunções vesicais e intestinais: → Centro de integração medular para micção e defecação: cone medular (S2-S4) → Bexiga neurogênica e disfunção intestinal; infecções no trato urinário; etc. → Reabilitação especifica • Disfunção sexual – não necessariamente sempre perdida → Acima e abaixo do cone medular (NMS e NMI) → Deficiência de ereção, ejaculação, orgasmo, lubrificação vaginal. → Fertilidade em mulheres preservada, gestação com supervisão. LESÃO MEDULAR TRAUMÁTICA – COMPLICAÇÕES Beatriz Rithiely • Infecções, TVP. • Úlceras de pressão. • Disreflexia autonômica – reflexo de massa (lesões acima de T6 – maior perda de controle simpático descendente) que pode ser provocado por vários estímulos nocivos abaixo do nível da lesão. • Hipotensão postural (pela perda da vasoconstricção simpática e da ação de bombeamento dos músculos para retorno venoso). • Contraturas e dor neuropática. • Perda da massa óssea. • Ossificação heterotópica (abaixo do nível da lesão; pp quadris e joelhos) • Complicações emocionais NÍVEL DE LESÃO MEDULAR LESÃO MEDULAR TRAUMÁTICA – MIÓTOMOS C5 → Flexores do cotovelo C6 → Extensores do punho C7 → Extensores do cotovelo C8 → Flexores dos dedos T1 → Adutor do dedo mínimo L2 → Flexor do quadril L3 → Extensor do joelho L4 → Dorsiflexores do tornozelo L5 → Extensor do hálux Beatriz Rithiely S1 → Flexores plantares LESÃO MEDULAR TRAUMÁTICA – ASIA EXPECTATIVAS FUNCIONAIS • Traçar metas/objetivos funcionais de acordo com o nível da lesão de cada paciente • Fase de reabilitação → Quadro clínico estável → Limitações/incapacidades estabelecidas → Treino das capacidades residuais Beatriz Rithiely NÍVEIS C1-C3 • Tetraplegia alta NÍVEIS C1-C3 • Movimentos da face e do pescoço • Necessidade de suporte ventilatório devido à perda da inervação do diafragma. • Dependência total nas AVDs. • Tecnologia assistiva: interruptores leves, viradores de página, botões de alarme. • Cadeira de rodas elétrica (encosto alto, reclinável, suporte de tronco, controles com interruptores de sopro ou com bastão). • As metas funcionais são facilitar a comunicação e a mobilidade independente em cadeira de rodas motorizada através de controle com a cabeça ou queixo. NÍVEL C4 • Inervação do diafragma (ou quase toda) preservada. • Controle dos movimentos de cabeça e pescoço (podem encolher os ombros). • Necessita de suporte ventilatório para respirar, mas é possível respirar espontaneamente. • Alguma independência na alimentação (equipamentos especializados) ou na operação de cama ajustável (controle adaptado). NÍVEL C5 • Controle dos mov. de cabeça, pescoço e ombros fazemflexão de cotovelos e supinação de antebraço. • Possível independência alimentação e higiene (assistência especializada: órteses de punho p/segurar objetos). • Alívio de pressão (inclinação p/ frente/lados). • Cadeira de rodas manual (curtas distâncias superfícies lisas). • Cadeira de rodas motorizada (controles de mão) usada para AVDs. NIVEL C6 • Habilidades anteriores associadas ao ganho da extensão do punho e pronação. • Tarefas diárias de alimentação, banho, higiene pessoal e limpeza c/+ facilidade (equipamentos especializados). • Alívio de pressão, e virar na cama. • Transferências independentes (placa de deslizamento). • Cadeira de rodas p/ AVDs e motorizada para maior facilidade e independência. Beatriz Rithiely NIVEL C7 • Capacidade adicional para estender os cotovelos. • Também podem se tornar independente para higiene, limpeza extremidade inferior, e cuidado intestinal (adaptações). • Cadeira de rodas (alívio de pressão, transferências, mobilidade). • Independência na alimentação, em vestir a parte superior do corpo, tomar banho, mobilidade na cama NIVEL C8 • Controle para flexão dos dedos (preensão manual). • Tem mais força e precisão nos movimentos dos dedos. • Atividades diárias independente, sem necessidade de dispositivos de auxílio. NÍVEIS T1 – T12 • Função de todos os músculos dos MMSS, inclusive para a função da mão. • Melhor controle de tronco • Alto nível de independência em quase todas as atividades. • Treinamento avançado de cadeira de rodas. NÍVEIS L1 – L5 • Flexão e adução do quadril, extensão (L2-L4) e flexão do joelho (L4-L5). • Dirigir de forma mais independente. • Deambulação comunitária possível. - Órteses de perna e tornozelo-pé; - Muletas ou bengalas NIVEIS S1-S5 • Dependendo do nível da lesão, existem graus de retorno voluntário da bexiga, intestino e das funções sexuais. • Maior capacidade de andar com poucos ou nenhum dispositivo de apoio. Beatriz Rithiely INTERVENÇÃO FISIOTERAPEUTICA • Cuidados com a pele • Mudanças de decúbito • Prevenção de TVP • Prevenção da osteopenia (FES, ortostatismo, marcha) • Tratar a bexiga neurogênica. • Treino de transferências • Atividades de solo: - Rolar - Decúbito ventral apoiado nos cotovelos → sobre as mãos - Decúbito dorsal sobre os cotovelos - Sentado com joelhos estendidos - Quadrupedia - Ajoelhado - De pé • Utilizar recursos e técnicas variadas nessas posturas: espelho, FNP, tapings, atividades de equilíbrio, push-up, treino de transferências, bola suíça… • Cinesioterapia • Alongamentos (ativos, ativo-assistidos, bola) • Fortalecimento muscular seletivo e funcional (FNP, FES…) • Treino de equilíbrio • Ortostatismo (dispositivos auxiliares: cama ortostática, tutor longo, tala extensora). • Fisioterapia aquática • Orientações aos familiares LESÃO MEDULAR TRAUMÁTICA – PROGNÓSTICO • Nível da lesão • Fase após choque medular • Adaptações • Plasticidade da medula espinhal • Secção periférica → regeneração axonal → retorno significativo da função • Alguns estudiosos acreditam que não existe regeneração espontânea do SNC • Meta: máximo de autonomia nas AVD’s, AVP’s, lazer…
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