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Estudo de caso 1

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Acadêmico: Guilherme Maciel
Levando-se em consideração os trechos de notícias abaixo, analise e responda adequadamente os questionamentos.
Notícia 01:
RIO — De norte a sul do país, cidades e estados estão adotando novas medidas de lockdown para frear o crescimento de casos da Covid-19 e evitar novos colapsos no sistema de saúde. Toques de recolher e restrições de circulação em alguns horários, fechamento do comércio de atividades não essenciais e proibição de acesso a parques e praias são algumas das medidas adotadas pelas autoridades.
Notícia 02:
Em sessão por videoconferência, o Supremo Tribunal Federal decidiu nesta quarta-feira (15) que, além do governo federal, os governos estaduais e municipais têm poder para determinar regras de isolamento, quarentena e restrição de transporte e trânsito em rodovias em razão da epidemia do coronavírus. Os nove ministros presentes à sessão votaram de forma unânime em relação à competência de estados e municípios para decidir sobre isolamento. Por maioria, o plenário entendeu ainda que o Supremo deveria deixar expresso que governadores e prefeitos têm legitimidade para definir quais são as chamadas atividades essenciais, aquelas que não ficam paralisadas durante a epidemia do coronavírus.
 
Notícia 03:
O TJSC (Tribunal de Justiça de Santa Catarina) afirmou nesta sexta-feira (19) que o Governo de Santa Catarina é o responsável pela decisão final das medidas de combate à pandemia da Covid-19. Ou seja, não é obrigatório implantar todas as decisões tomadas pelo Coes (Centro de Operações de Emergência em Saúde).
1- Com base nos recortes de notícias acima expostos, disserte acerca da divisão dos poderes e de suas funções atípicas e atípicas, bem como das competências dos entes federados, considerando o enfrentamento da crise de saúde atual.
R: Inicialmente, cumpre-me dissecar elementos que caracterizam a divisão dos poderes e suas atribuições, bem como, dos entes federados.
a. DA DIVISÃO DOS PODERES E SUAS FUNÇÕES TÍPICAS E ATÍPICAS:
Pelo disposto na Constituição, os poderes são divididos em Legislativo, Executivo e Judiciário. Em verdade o poder é um só, ocorrendo uma divisão de atribuições e funções do Estado. O mesmo necessita praticar atos para se mostrar presente na vida dos governados. Estes precisam de normas que regulamentem as suas vidas e de entes que as façam cumprir. Como meio de evitar o abuso de poder e tirania, a divisão do "poder-função" é uma forma eficiente de exercê-lo. A independência dos poderes, entendida como a impossibilidade de ingerência arbitrária entre os poderes, torna o Estado funcional, garantindo o seu equilíbrio.
a.1 Do Poder Executivo: No Brasil, a forma republicana e o sistema presidencialista de governo são marcados pela temporalidade e eletividade do cargo de Chefe do Executivo.
Cabem ao Poder Executivo a concepção e implantação de programas e projetos que traduzam, de forma ordenada, as metas e objetivos sociais, econômicos e institucionais emanados da Constituição e de leis específicas, em estreita articulação com os demais Poderes e com outros níveis de governo, sendo ele também o responsável pela correta aplicação dos meios e recursos mobilizados.
A administração pública compreende uma dimensão jurídica expressa no relacionamento harmônico dos três Poderes e uma dimensão funcional correspondente à necessária integração do Governo Federal com os Estados e Municípios.
No campo social, o Poder Executivo é responsável pela melhoria das condições de vida da população, abrangendo, DENTRE OUTRAS:
· a alimentação, saúde, habitação, educação e oportunidades econômicas de trabalho produtivo;
· o oferecimento de serviços médicos e hospitalares, fornecimento de medicamentos e defesa sanitária da população;
a.1.1 “O Poder Executivo constitui órgão constitucional cuja função precípua é a prática dos atos de chefia de estado, de governo e de administração. A Chefia do Poder Executivo foi confiada pela Constituição Federal ao Presidente da República, a quem compete seu exercício, auxiliado pelos Ministros do Estado, compreendendo, ainda, o braço civil da administração (burocracia) e o militar (Forças Armadas), consagrado mais uma vez o presidencialismo, concentrando na figura de uma única pessoa a chefia dos negócios do Estado e do Governo.” (MORAES, 2007. p. 444)
a.1.2 “O Executivo, portanto, além de administrar a coisa pública (função típica), de onde deriva o nome república (res publica), também legisla (art. 62 – Medidas Provisórias) e julga (contencioso administrativo), no exercício de suas funções atípicas.” (MORAES, 2007. p. 445)
a.2 Do Poder Legislativo: O Poder Legislativo é um órgão colegiado que estabelece as Leis do Estado, sendo que ao processo legislativo é designado a elaboração de emendas à Constituição, leis complementares, leis ordinárias, decretos legislativos, resoluções e leis delegadas.
a.2.1 “As funções típicas do Poder Legislativo são legislar e fiscalizar, tendo ambas o mesmo grau de importância e merecedoras de maior detalhamento. Dessa forma, se por um lado a Constituição prevê regras de processo legislativo, para que o Congresso Nacional elabore normas jurídicas, de outro, determina que a ele compete a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial do Poder Executivo” (CF, art. 70). (MORAES, 2007. p. 391)
a.2.2 “As funções atípicas constituem-se em administrar e julgar. A primeira ocorre, exemplificadamente, quando o Legislativo dispõe sobre a sua organização e operacionalidade interna, provimento de cargos, promoções de seus servidores; enquanto a segunda ocorrerá, por exemplo, no processo e julgamento do Presidente da República por crime de responsabilidade.” (MORAES, 2007. p. 391)
a.3 Do Poder Judiciário: No exercício da função jurisdicional, o Poder Judiciário distribui a justiça dirimindo os conflitos intersubjetivos com a imposição da lei.
Ao lado dos poderes Legislativo e Executivo, o Judiciário tem função relevante e inconfundível. Os atos dos poderes Legislativo e do Executivo poderão ser apreciados pelo Judiciário. Este exerce um controle sobre aqueles. Os atos administrativos podem ser anulados por decisão judicial. Também os atos legislativos, são passíveis de anulação. A autonomia estadual revela-se como determinante na auto-organização do seu Poder Judiciário[footnoteRef:1]. [1: Disponível em: http://www.casacivil.pr.gov.br/Pagina/Organizacao-dos-Poderes#:~:text=Conceitua%C3%A7%C3%A3o,atribui%C3%A7%C3%B5es%20e%20fun%C3%A7%C3%B5es%20do%20Estado.&text=Como%20meio%20de%20evitar%20o,forma%20eficiente%20de%20exerc%C3%AA%2Dlo.] 
a.3.1 “Ao lado da função de legislar e administrar, o Estado exerce a função de julgar, ou seja, a função jurisprudencial, consistente na imposição da validade do ordenamento jurídico, de forma coativa, toda vez que houver necessidade. Dessa forma, a função típica do Poder Judiciário é a jurisdicional, ou seja, julgar, aplicando a lei a um caso concreto, que lhe é posto, resultante de um conflito de interesses.” (MORAES, 2007. p. 478)
a.3.2 “O Judiciário, porém, como os demais Poderes Judiciário possui outras funções, denominadas atípicas, de natureza administrativa e legislativa. São de natureza administrativa, por exemplo, concessão de férias aos seus membros e serventuários; prover, na forma prevista nessa Constituição, os cargos de juiz de carreira na respectiva jurisdição. São de natureza legislativa a edição de normas regimentais, pois compete ao Poder Judiciário elaborar seus regimentos internos, com observância das normas de processo e das garantias processuais das partes, dispondo sobre a competência e o funcionamento dos respectivos órgãos jurisdicionais e administrativos.” (MORAES, 2007. p. 478)[footnoteRef:2] [2: Disponível em: https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-constitucional/separacao-dos-poderes-a-triparticao-do-poder-do-estado-a-organizacao-dos-poderes-e-suas-funcoes-tipicas-e-atipicas/] 
b. DAS COMPETÊNCIAS DOS ENTES FEDERADOS:
b.1 Competência comum dos entes federados: O artigo 23 da ConstituiçãoFederal enumera as competências comuns da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. As competências comuns, também denominadas paralelas ou cumulativas, são as que conferem a todos os entes federativos o poder de atuação, em condição de igualdade, sobre determinadas matérias.
São competências comuns da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: 
[...]
II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência;
[...]
Nesse sentido, de acordo com o STF é da responsabilidade solidária dos entes federados o tratamento médico adequado aos necessitados, de maneira que qualquer deles poderá figurar no polo passivo de demanda judicial, isoladamente ou conjuntamente (RE 855.178).
b.2 Competência concorrente dos entes federados: O artigo 24 da Constituição Federal adotou o modelo de competências legislativas concorrentes entre a União, os Estados e o Distrito Federal. Nesse modelo, a União legisla sobre normas gerais e diretrizes essenciais e os Estados-membros suprem a legislação fundamental por meio do acréscimo de suas peculiaridades.
Nos termos do artigo 24 da Constituição Federal, compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:[footnoteRef:3] [3: FONTANA, Nelma. Direito Constitucional p/ Magistratura Estadual: 2020.2 (curso regular). São Paulo: Estratégia Carreiras Jurídicas, 2020.] 
[...]
XII - previdência social, proteção e defesa da saúde;
[...]
c. CONCLUSÃO: 
Postas as considerações iniciais, porquanto indispensáveis à elucidação do objeto, passo às considerações acerca do tema proposto.
A crise do Coronavírus (COVID-19) se abateu sobre o mundo no início de 2020, tomando proporções inimagináveis, catastróficas! Não somente no que tange à saúde pública ou número de mortes, mas também no aspecto econômico e político em escala global.
No Brasil, em especial, os danos causados pelo vírus, em todas as escalas, ainda não podem ser mensurados por completo. Nesse sentido, as autoridades públicas têm a responsabilidade de conter/amenizar os efeitos e a disseminação da doença, bem como gerir toda a administração pública afim de evitar um verdadeiro colapso. Várias são as medidas que vêm sendo tomadas, como por exemplo lockdowns, isolamento social, fechamento de locais em que há aglomerações públicas bem como medidas de fito econômico, como a disponibilização do “auxílio emergencial” pelo governo federal afim de subsidiar a subsistência dos mais hipossuficientes, compra de leitos para UTIs e, mais recentemente, a aquisição de vacinas para imunizar a população e iniciar uma retomada À “normalidade”.
Pois bem, os trechos de notícias propostos pelo Douto Docente, têm íntima relação com a questão suscitada e, considerando a ampla fundamentação supra, convém dissecá-los: 
Da notícia 01 extrai-se que “cidades e estados estão adotando novas medidas...”, vislumbra-se, no caso, a atuação de Municípios e Estados em suas competências em comum, qual seja, cuidar da saúde e assistência pública, com medidas que visam a diminuição na propagação do vírus, impondo limites e restrições aos cidadãos, fazendo valer a intenção do constituinte na cooperação entre os entes federados na proteção daqueles direitos sociais.
Da notícia 02 percebe-se a atuação do poder judiciário em sua função precípua, qual seja, a de aplicar a jurisdição e sujeitar os atos do executivo (administração pública) às suas decisões. Muito se fala em invasão de competência quando o STF estende o poder da União aos Estados e Municípios, entrementes, é dever do judiciário sanar a lei (constituição) quando esta for omissa. A omissão da lei restou clara quando adveio o coronavírus, que trouxe consigo inúmeros problemas sociais cujos quais o governo federal não estava munido de armas para administrar. Restou ao Poder Judiciário dividir as responsabilidades (competências) entre os entes, a fim de extrair maior efetividade das medidas no combate ao COVID-19.
Por derradeiro, da notícia 03, o judiciário por mais uma vez sanou lacuna legal, determinando que a competência, no caso em específico, ficasse à encargo do Estado. No caso, o Estado de Santa Catarina (executivo) tem autonomia para decidir quais medidas vai tomar, sem que fique vinculado ao COES. 
2- Considerando o tema "ato administrativo", com especial relação a notícia 03, disserte acerca das características das decisões e atuações do Poder executivo que devem (ou deveriam) ser tomadas no enfrentamento da COVID-19.
R: Inicialmente, convém definir o termo “ato administrativo”, segundo José dos Santos Carvalho Filho[footnoteRef:4]: [4: Manual de Direito Administrativo, 31ª edição, p 105.] 
“...a exteriorização da vontade de agentes da Administração
Pública ou de seus delegatários, nessa condição, que, sob
regime de direito público, vise à produção de efeitos jurídicos
com o fim de atender ao interesse público.”
Maria Sylvia Zanella Di Pietro[footnoteRef:5]: [5: Direito Administrativo, 30ª edição, p 237.] 
“...a declaração do Estado ou de quem o represente, que produz efeitos jurídicos imediatos, com observância da lei, sob regime jurídico de direito público e sujeita a controle pelo Poder Judiciário.”
Nesse diapasão, acerca das decisões tomadas pelo Governo Estadual, estas devem pautar-se nos princípios da administração pública (famoso LIMPE), visando, além da celeridade (eficiência) necessária, a transparência nos gastos públicos e a correta destinação dos recursos públicos, a fim de garantir que as medidas tomadas surtam seus efeitos com o mínimo de prejuízos e efeitos colaterais possíveis.
No caso em específico, o Poder Judiciário determinou que o Governo Estadual não fique vinculado às recomendações do COES, podendo decidir as medidas que vai tomar no combate ao coronavírus. Entrementes, o Poder Executivo Estadual precisa sopesar suas decisões pautando-se em tais recomendações, porquanto o órgão (COES) existe com a função precípua de encontrar soluções/medidas aos problemas de saúde advindos do Coronavírus. Eis a questão, o COES limita-se a encontrar soluções pensando no aspecto epidemiológico da coisa, sem levar em consideração aspectos econômicos, políticos e afins. Daí a necessidade de o Poder Executivo deliberar quais medidas e como serão aplicadas, a fim de evitar efeitos colaterais adversos do esperado com as medidas impostas.

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