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1 Arqueologia Romana Arqueologia do Mundo Romano – Em torno do conceito de “romanização”. O conceito de romanização foi definido pela 1º vez, por F. Haverfeild, como sendo o processo segundo o qual as províncias do império romano foram civilizadas. Propõe-se assim um modelo que explica as mudanças culturais ocorridas na sequência da integração de novos territórios no Império, ao mesmo tempo que se sublinha a superioridade da cultura romana. Em resultado deste processo, “foi concebido” aos não romanos uma nova língua, uma nova cultura material, uma nova arte, um estilo de vida urbano e uma nova religião. Neste processo distingue-se as elites urbanas, que ele considera mais representativas do desenvolvimento cultural, das populações rurais indígenas, entre as quais terão sobrevivido alguns aspeto da cultura nativa. Apenas nos meios urbanos é que os valores culturais romanos teriam sido. Colling Wood- apresentará uma nova tese, baseada no conceito de fusão (cruzamento de culturas). Não aceita que a Britânia tenha sido “romanizada” só sentido que até então era atribuído a este conceito. Defende antes que terá ocorrido uma mistura de elementos “romanos e celtas” e, assim sendo, a civilização que nasce dessa mistura nem seria Romana nem indígena, seria uma fusão das duas: romano-celta -> (cultura híbrida). Partilha com Haverfeild a visão de que este processo não afeta toda a sociedade da mesma maneira e considera que seria sobretudo nos campos, no meio rural que os elementos da cultura nativa mais se fariam notar. Não entende estas permanências ou sobrevivências indígenas como uma forma de resistência indígena ao invasor romano. A década de 70/80 do séc. XX é marcada nas Ilhas Britânicas pelo aparecimento da “teoria nativista”. Assim, para os nativistas as populações indígenas teriam um papel ativo na aceitação ou na rejeição da cultura romana. Não foram agentes passivos e fiéis reprodutores da cultura romana como defende o modelo de Haverfeid. Alguns arqueólogos de então começam a defender que a cultura romana raramente terá sido adotada ou renegada simplesmente terá sido ignorada pela maior parte das populações indígenas. 2 A adoração de elementos da cultura romana ter-se-á resumido a atos públicos. Nestes participariam apenas as elites locais, como forma de legitimar o seu estatuto e predomínio. No privado/meio rural, os indígenas manter-se-ia fiéis á cultura nativa. Este modelo opõe claramente duas entidades: a indígena e a romana; não se detêm a identificar e a explicar os elementos híbridos que sobretudo nos campos se estes encontram. Mais recentemente, na bibliografia anglo-saxónica, surgiram duas novas teses. Millet (1990) A Romanização para este autor terá sido, desde logo, um fenómeno espontâneo. Os seus principais agentes terão sido as elites locais foram elas adotar (pacificamente, incondicionalmente) os valores e os símbolos da romanitas oferecidos pelo império, competindo mesmo por esta adesão, tanto por os consideraram “melhores”, como por ser desta forma que garantiam a sua permanência e a hegemonia social. As “não-elites”, por sua vez, limitar-se-iam a ser o recetor passivo de alguns dos elementos da Romanitas. (aleatoriamente transmitidos). Nesta fase não se prespetiva a possibilidade da existência de símbolos contraculturais e identidade ou de estatuto entre essas mesmas elites. Webster (2001) Crioulização: conceito de linguística segundo o qual 2 linguagens se misturam dando origem a um dialeto híbrido, com uma gramática completa - crioulo. Arqueólogos americanos alargaram o conceito da língua para o estudo da cultura material dos escravos dos E.U. Webster aplica esta tese á arqueologia defendendo, por ex., que os artefactos, romanos terão sido utilizados pelos nativos segundo um conjunto de regras indígenas diferentes daquelas que seriam ditas pelo ocupante. O valor cultural romano terá sido assim adaptado/ reinterpretado, mas também adaptado seletivamente, dando origem a “sociedades” “crioulas”. A origem dessa contracultura está na base da sociedade e não no topo. “O interior norte da Lusitânia romana: resistências, mudanças e ruturas nos 1ºs tempos do Império.” O passado nunca desaparece mesmo com os romanos. Exemplo: Serra do Larouco, Montalegre – santuário ao ar livre de época pré-romana. Deus Laroucus – pré-indígena – continuou a ser adotado em época romana, mas romanizou-se, gravou-se o nome do Deus em latim nas paredes. Conservam-se pelo menos dois santuários pré-históricos consagrados á divindade. Um exemplo de vilar de Perdizes e o outro em Baitar a nordeste já em terras de Galicias. Foram 3 ambos romanizados e posteriormente adoravam também Júpiter/Deus Máximo Romano – Simbiose. Exemplo: Santuário de cunha – romanização do espaço e cristianização depois. Anteriormente espaço de culto pré-romano. Apropriaram-se do lugar por ser importante para a comunidade então constituíram um templo romano. Exemplo: Berrões – Norte do Douro Época pré-romana (indicadores funerários) e continuam com a simbologia no tempo romanos. São reinterpretados, mas representam á comunidade Indígena do sítio e das pessoas. Exemplo: Marca identitária de Murça – Porca de Murça Pode até ser esculpida em época romana, mas reflete os povos indígenas de outrora. Base social: 99% indígenas mais 1% colono. Inscrições romanas / altares/ votivos /dedicados às divindades pré-romanas: Aventino – divindade indígena - Altares (passam adorá-lo á forma romana) – Simbiose “A Aventis Sunua (nome latino), filha de Camamul (nome indígena), o voto cumpriu de bom grado e com razão.” Aculturação: romanizam-se os nomes tipicamente latinos, mas atribuído a divindades. (V)otum (S)olvit (L)ibens (M)erito Exemplo: Cabeço das Fráguas (Sabugal/Guarda) População abandona o topo a nível residencial, mas voltam lá em época romana porque é visto como um espaço religioso. “O Romano prevalece, mas não abafa o Interior.” P.C. Escrita com carateres latinos, mas a língua e escrita era lusitana. Populações do interior continuavam a praticar culto a divindades indígenas e não propriamente os ritos romanos. (séc. I e II) Espaços ao ar livre ao qual sacrificavam animais. Exemplo: Serra da Estrela – Estradas Romanos Função: Unir 2 cidades mais rapidamente – símbolo de um novo tempo. Material: Terra batida ou pedra. Polimecesto – vestígio de diversas épocas, repavimento. TOLERANCIA RELIGIOSA NA ÉPOCA ROMANA 4 Magmiliares – Para saber a distância até as cidades, em milhas. Os Romanos utilizam corredores naturais de circulação que já eram utilizados anteriormente por povos pré-romanos e proto-históricos. O próprio traçado já existia. Exemplo: Rio Douro, Foz Coa Travessia do rio feita em barcos e não em pontes. Exemplo: Vila Flor e Mirandela – limites naturais como pontos de referência (lugar de fronteira). A diversidade e o valor das fontes Fontes literárias / autores clássicos – não se pode levar á letra. Políbio, Diodoro de Sículo, Tito Lívio, Estrabão, Mela Pomponio, Plínio o Velho, Apiano, Retolomeu, Dion Cásio, Vitruvio. Escrevem sobre costumes, guerras, povos pré-romanos… Ex: Naturalis historia de Plinio. Geographiaca de Estrabão. Exemplo: Tratados de Agronomia – indicações práticas Os diversos tratados que nos ficaram dos romanos elucidam-nos sobre as culturas praticadas e a tecnologia agrária, assim com sobre a visão que se tinha da vida no campo. Catão- 1º metade do séc. II a.C. Narrão, de re rústica – 37 a.C. Colomela – séc. I d.C. Paládio – séc. IV d.C. Vitruvio – arquitetura romana Fontes epigráficas Fontes escritas Fontes arqueológicas Conhecimento Fontes numismáticas Não sãobons elementos de datação do local onde são encontradas – podem circular por todo o mundo. 5 Das Cidades aos Campos: pra ticas sociais, religiosas e atratividades produtivas em e poca romana. Tratados de Agronomia: Os diferentes tratados de agronomia que nos ficaram dos Romanos elucidam-nos sobre as culturas praticadas e a tecnologia agrária, assim como sobre a visão que se tinha da vida do campo. Varrão , De re rústica (37 a.C.) • Pratica da pecuária, criação de aves de capoeira, abelhas, peixes em viveiro. • Terra como fonte de riqueza. • Aconselha a criação de animais em capoeira, como os pavões, tordos, javalis – muito apreciados nos banquetes da aristocracia. Colomela, De re rústica (séc. I a.C.) – mais completo possível • Para alem de falar do cultivo do trigo, da vinha e da oliveira, fala-se também da criação do gado. Algumas informações retiradas da leitura destes manuais escritos pelos autores clássicos: • O não de lavras por ano e a época mais propicia; • A forma de lavrar os campos e o tempo que demora; • A época mais propícia para as diversas sementeiras; • Aos trabalhos que deveriam seguir-se as sementeiras; • A forma como se deveria ceifar e joeirar o trigo; • Como se deve fertilizar a terra; • Os cuidados a ter na cultura da vinha; • O plantio da Oliveira, variedades, melhor espaço entre elas; • Importância da criação de gado; • As diversas instalações que compôs a pras fructuaria de uma villa. 6 “Vila” Romana – “Villae” Composta por: • Residência senhorial casa rica, poderia ter termas. • Instalações relacionadas com a atividade agrícola (celeiros, lagares, fornos) O habitat rural romano por excelência: 1. Situa-se no campo, no centro de uma herdade – a construção rural. 2. É unifamiliar (propriedade de uma família abastada, incluindo servos e escravos). Tem uma dupla funcionalidade: a) Residência do proprietário (pars urbana) (mais rica, mais nobre, mais dotada de conforto) • De carácter temporário ou permanente (… domus na cidade onde passa os momentos de lazer e descanso (otium) (as villae e os valores de ruralidade exaltados pela cultura romana faziam parte do ideal da vida dos romanos mais abastados) Daí, os autores clássicos preconizarem uma escolha criteriosa do sítio (…) e a presença dos urbana ornamenta, característicos da romanidade (escultura, mosaico, estuques de paredes pintados, termas…. Sumptuosidade) b) Exploração agro-pecuária (fundos)(pars rústica) (todas as villae teriam uma propriedade que exploravam) • Dai que para alem da pars urbana as Villae teriam tambem (segundo Columela) uma pars rústica – alojamento dos criados domésticos e da lavoura. • Pars fumentaria ou fructuaria – reunia uma serie de instalações para transformação e armazenamento de produtos e criação de animais: Armazém: (horrea) Adegas para o vinho (cellae vinaria) Lagares (torcularium) Campos de cultivo (funduslí) Bosque (silva) Terra de pasto (saltus) 7 Exemplo: Villa romana de Carranque (Toledo) Triclinium – sala de jantar Termas privadas Exemplo: Villa romana de São Cucufate – Alentejo Pequenas capelas- “Templos” “Igreja privada” Exemplo: Termas de Villa de Pisões (Beja) Exemplo: Villa Romana do Rabaçal (Penela) Mosaicos com estações do ano representadas (tecelas) Exemplo: Villa Fórnea (Belmonte) Peristilo em Octógono e termas afastadas da villa 8 • Não tem mosaicos no pavimento • Tem pequenas termas • Tem canalização • Lareira romana (talvez cozinha) • Celeiro/ espigueiro. Observação: Villae derivam de local em local. Umas mais ricas do que outras. Exemplo: Pompeia e Herculano Podemos encontrar as coisas ainda intactas Grajas ou Casais – Casas de famílias mais modestas – propriedades mais pequenas. Tecnologia Romana Instrumentos/ferramentas agrícolas: sachos, inchadas, foices, arados, mós manuais (moer os cerais farinar). Mos grandes- Relacionadas na produção de azeite e vinho. Com a expansão da Oliveira a partir do séc. I a.C. a produção do vinho e do azeite era feita na P. Ibérica e de seguida ouve uma generalização do vinho e do azeite por todo o império romana. Exemplo: Lagar- Torcularium – escavado na rocha Exemplo: Pesos de lagares romanos: Peristilo em Octógono e termas afastadas da villa 9 Detalhes em forma de cauda de andorinha Mais largo no fundo do que no cimo Forma cilíndrica ou paralelepipédica. Uma zona mais alta e uma mais baixa O pastorício e a criação de gado: A importância da atividade pecuária, gado ouvi caprino: lã e leite (e seus derivados, como possivelmente o queijo e a manteiga); Bovinos e os equinos: animais de trabalho (atrelado ao arado grande) e o transporte. Transumância – ida do gado para terras altas pastar. Tecelagem: peso e tear As unidades romanas tendiam a ser autos suficientes – produziam o que necessitavam. Importância da Mineração: Exemplo: Lás Médulas – Leon – norte de Espanha • Aureus (ouro) • Batimento das areias fluviais • Ruína montium • Rede hidráulica • 100 milhoes m³de terra/ rocha extraída • 4 a 5 toneladas de ouro Território explorado o mais possível Império Romano - exploração mineira e Recursos marinhos 10 Mineração comentário ao vídeo “tresminas”: • Principais minas de ouro do império romano – P. Ibérica no séc. I d.C. • Só depois da conquista da Dácia é que encontraram mais e maiores importantes minas. • Montanha cortada e exploradas • 100 anos de exploração • Não era gente com estatuto de escravo que trabalhavam aqui. • Investimento brutal por parte do Império Romano • “Montanha levada a baixo” Ruína Montium: Abriram canais no interior da montanha e canalizavam água dentro das galerias fazendo colapsar a montanha. Processo de lavagem das terras e no final ficavam com as partículas de ouro. Tresminas: (Vila Pouca de Aguiar) Exemplo: imagem cratera tirada a braço com 100m de profundidade e 400m de largura. Exploradas entro os anos 20 e 30 d.C. • Ao lado das minas existiam cerca de 3 povoados, construídos por trabalhadores e a sua família. • Para além de trabalhadores nas minas ainda praticavam a agricultura e produção de gado. • Casas humildes 2 redes hidráulicas: • Barragens criadas para que a água fosse “escorrendo” até ao local pretendido. • Exército e militares fiscalizavam o transporte do ouro e controlavam tecnicamente a obra. As minas de ouro são propriedade do estado e os indígenas trabalhavam. Terrenos com outros metais já eram privados. 11 Outra técnica utilizadas era a canalização de água e faziam uma fogueira até a rocha aquecer e depois colocavam água fria no interior e o choque térmico causava a explosão da montanha. Indicadores das explorações mineiras: Exemplo: Alvaco das Varzeas Através da fotografia aérea é possível localizar as minas. Conheiras- resultado das lavagens das areias depositadas perto dos rios “Bacias” para triturar a rocha Exemplo: Inscrição Romana – Havia sempre particulares que lucravam com a exploração do ouro. Ação Evergética – Podem investir parte do dinheiro para obras públicas de forma a subir na hierarquia romana e ganhar nome. Recursos Marinhos Exemplo: Milrreu (Faro) – Mosaico do Oceano, pormenor de cabeça. Império romano amplo mercado comum com escola de produção completamente diferente. Exemplo: Porto Côvo/ Ilha do Pessegueiro – Instalação fabril • Produção de garum – apreciado por todo o império e depois exportado. • Fábricas /Cetárias; • Garum – cavala – enchovas – depositado ao sal ao sol e quando se decompunha era armazenadoo molho. Os preparados de peixe e os centros de produção de preparados piscícolas assumem uma importância assinalável na economia da Lusitânia. A pesca, a exploração de salinas e o fabrico de ânforas eram atividades que se relacionavam com este tipo de produção. 12 Na Lusitânia os centros de produção piscícola (cetárias) e os fornos de ânforas situam- se sobretudo nos estuários do Tejo e do Sado e na costa algarvia. As ânforas São os contentores por excelência por via marítima ou fluvial de três produtos fundamentais: O vinho, o azeite, e as conservas de peixe ou preparados piscícolas (garum) Havia ânforas diferentes para distinguir qual o produto que transporta. Dressel 1 – vinho ; Dressel 20- Azeite; Dressel 14 – garum. Dressel- nome do alemão arqueólogo que categorizou as ânforas também existe o Almagro. Ânforas – documentam as trocas em longa distância. Rotulagem das ânforas: produtor, produto e para onde vai. Pintadas ou gravadas7 inscritas. Exemplo: Monte Testaccio – porto de Ostia Lixeira do porto de Roma “Lixeira de Ânforas”- ânforas descartadas. Na chegada dos barcos aos produtos levados dentro das ânforas eram retirados e colocados em outros recipientes para facilitar o transporte. Salinas: Encontram-se por vezes debaixo das salinas naturais. Exemplo: Vigo Algumas por debaixo de casas atuais o que significa que o mar recuou. Salinas - Sal (sódio) – dieta alimentar. Conservação de alimentos, curtimento de peles. Algumas conhecidas no norte de pais podem remontar á Idade do Ferro. 13 A arquitetura Romana Génese da evolução, caraterísticas essenciais e materiais de construção: Urbanismo ortogonal romano - ruas paralelas e perpendiculares. Os romanos não se limitam a fazer as coisas por influência mas implantam as suas próprias criações. Exemplo: Cidade Etrusca de Marzabetto • Inicio do séc. V a.C.: Plano regular/ geométrico/ hipodâmico; • Ruas retilíneas principais • 4 portas de entrada; • Influencias: religião etrusca, colónias gregas (séc. VI a.C.); • Os urbanismo hipodâmico parece encontrar a sua génese no urbanismos oriental (Ásia Menor); • Relacionado com a religiosidade – orientação para o sol (onde nasce e onde põem). Exemplo: Pompeia Fundada no séc. VI a.C. não revela nenhuma fase etrusca, e apresenta um urbanismo regular aparentemente influenciado pelas colónias gregas vizinhas. Hipódamo de Mileto – arquiteto Planta Hipodâmica de Mileto (Inicio do séc. I a.C.) transformou em doutrina/conceito a seguir um plano já conhecido desde o séc. anterior que se baseia na existência de ruas retilíneas e equidistantes e na sua interseção perpendicular formando um ângulo reto (90°). O mérito de Hipódamo de Mileto foi ter contribuído para o aperfeiçoamento e a generalização deste tipo de plano urbano ás colónias gregas de sul da Itália e ou da Ásia Menos. Exemplo: Himera (Sicília – séc. V a.C.) Urbanismo ortogonal Romano (séc. IV a.C.) Planta baseada em 2 eixos principais (cardo e decumanus) que se cruzam e dividem um plano urbano em 4 regiões. Estas regiões por sua vez, encontram-se cruzadas por cardines e decumani dando origem a insulae geralmente de planta quadrangular. 14 Influencias – vários elementos sintetizados pelos romanos: 1. Influências helenísticas, através de urbanismo hipodâmico visível nas colinas gregas de sul da Itália. 2. Influências de tradição religiosa/ augural etrusca, observáveis no ritual de fundação, na muralha quadrada, no cardo e decumanus (a sua orientação). Nota: Os autores clássicos são unânimes quando referem que o rito de fundação das cidades romanas, no seu duplo aspeto, pratico/ material e religioso, foi transmitido aos romanos pelos Etruscos. O urbanismo ortogonal romanos também não deixa de ser a materialização do terreno dos conceitos da vida politica e jurídica de Roma republicana ( a localização do fórum no cruzamento do cardo e do decumanus); O primeiro exemplo romano conhecido da planta ortogonal situa-se em Ostia (349 a.C.) o urbanismo ortogonal acaba por se impor definitivamente no séc. III/II a.C. Exemplo: Ostia vista de cima Exemplo: Lambaesis – Norte de África Romana Urbanismo ortogonal também é encontrado Nos acampamentos militares romanos Alguns acampamentos mais tarde tornam-se cidades Cestra – Acampamento militar Este modelo de cidade romana só podia materializar-se á risca em fundações novas (ex. Nihilo) onde não existiam pré-existências urbanas condicionadoras e onde a topografia não tivesse desnível acentuado (foi o caso de Timgad). 15 Urbanismo romano: génese e principais carateristicas: Urbanismos hipodâmico: origem na Magna Grécia (séc. VII – VI a.C.) Transformando uma doutrina por Hipodamo de Mileto (séc. V a.C.) e depois difundido. (Pireu, Olinto, Prince etc…) Marzabolto (cidade etrusca, séc. V a.C.), urbanismo influenciado pelas colónias gregas do sul da P. Itálica; arruamentos retilineos. Várias ruas principais, insulae retangulares (planta hopodâmica). Urbanismo ortogonal romano: • Ostia 349 a.C. • Anterior aos castra descritos depois por Políbio; • O traçado em grelha/ xadrez regular; • O espaço urbano colocado em ordem; • O sistema cardo- decumanus; • O esquema quadripartido das cidades (régio 4) • O fórum ao centro; • As ruas secundárias: cardies e decumani; • As insulae quadrangulares (integrando edifícios públicos e privados); • As 4 portas e a muralha (pomerium) da cidade; O plano ortogonal foi influenciado pelo urbanismo hipodâmico (ordem/ geometrismo), pela tradição religiosa etrusca (o ritual religioso Etrusco presidia à fundação da cidade: pomerium, cardo e decumanus, o capitolium, o centro/mundus); e pelos próprios conceitos políticos e jurídicos romanos (o fórum). Processo de construção da cidade: Local junto a um rio 1. Muralha + cardo e decumanus + portas; 2. Principais edifícios públicos; (Forum, termas, Mercado (acelum) 3. Preenchia-se os restantes locais livres com edifícios privados – Insulae e Domus 4. Necrópoles no exterior da muralha. 5. Anfiteatro por vezes também fora da muralha. 16 Principiais caraterísticas da arquitetura romana: • Princípios fundamentais, Vitrúvio, De Architectura, III, nº2 Exemplo: Coliseu de Roma • Caracteriza-se pela utilidade e funcionalidade dos edifícios; • Constroem-se edifícios funcionais, ao serviço da humanidade. Exemplo: Aqueduto de Segóvia – Hispânia, séc. I • A arquitetura romana utiliza em grande escala o arco em abóbada (e também ao opus caementicium e o tijolo); Exemplo: Panteão de Roma Na arquitetura romana existe quase uma obsessão pela axialiação e geometrismo dos espaços construídos; sentido de ordem /simétrica. Com um óculo com 9 metros de diâmetro, em que a altura e a largura da estrutura são extremamente iguais formando uma meia esfera. Comparação de uma Ágora – Atenas e uma Ágora romana. Templos romanos de Vienna e de Roma: No templo romano (e etrusco) é apenas valorizada uma fachada. O podium, com uma (única) escadaria de acesso à fachada principal é um elemento itálico, não se encontram no templo grego. “OPUS CAEMENTICIUM” argamaça 17 Ordens arquiteto nicas Romanas Estilo arquitetónico particular Toscanos, Dórico, Jónico, Coríntio e Compósito – cuja conceção teórica e concretização prática obedece a certas regras pré- estabelecidas (no que concerne as dimensões e decorações), visando uma deposição proporcional e harmónica das diversas componentes construtivas de um edifício. O dimensionamento proporcional dessas componentes (pedestal, coluna e entablamento) estabelece-se em função de uma unidade de medida particular (=módulo) que corresponde á medida do diâmetro (raio) de uma coluna medida no arranque do fuste (ouna base onde este assenta.) Cada ordem apresenta o seu próprio e pré-determinado sistema modular/sistema de proporções. Se por exemplo, no caso da ordem toscana, a altura/dimensão da coluna (incluindo a sua base e capitel) deve equivaler a um valor 14 vezes superior á medida do diâmetro da coluna medida na sua base (=módulo); No caso da ordem Coríntia, mais elegante e ornamentada (como uma dupla fila de folhas de acanto no capitel), o valor obtido para o módulo deve ser multiplicado por 18 (é este o valor do módulo para as colunas coríntias). Arquitetura Romana Os edifícios públicos: dos monumentos urbanos às obras de engenharia dispersas pelo território: Exemplo: Forum Augustano de Conimbriga – séc. X a.C. (Fora) FORUM 18 • Forum é o centro cívico romano por excelência de uma cidade romana, é a principal praça pública de uma cidade capital de cívitas. • No fórum podem estar presentes 3 funções: ⬧ A político-administrativa e jurídica; (basílica e cúria) curia anexo á basílica onde se reúne o senado – Local: “ordem dos curiões” ⬧ A religiosa (templo); sobre elevado comparativamente com as outras áreas do fórum. ⬧ A Comercial (tabernae); mais tarde passa a ter lugar no “masselum” • No centro do fórum existe uma praça pública; • Porta/s de entrada. Os Fora Republicanos – Fase inicial Exemplo: Roma e Mintume Nessa fase inicial o espaço do forum era delineado pelas fachadas de edifícios construídos em épocas diferentes, criando-se assim um espaço interior retangular não obedecendo a um plano geral ou a um eixo pré-determinado. Lugar de mercado. • Construção que não é realizada toda ao mesmo tempo; • Praça central dos Fora dá lugar a lutas de gladiadores • A primeira luta data do séc. III Os Fora Imperial: A paraça é um espaço fechado, rodeado de 3 componentes essenciais: templo, pórtico/praça e basílica. Forum construído segundo um plano geométrico (axialidade e simetria) Em alguns vê-se aplicada a chamada fórmula vitruviana: a forma da praça republicana corresponde a 2/3 do seu cumprimento. • Obedece a uma construção realizada toda ao mesmo tempo- Edifício uno 2º as regras romanas. Existe um eixo longitudinal (desde a fachada até ao templo) – medida guiada a formar o plano geométrico ajuda a dimensionar todos os espaços. Unidade de medida: pé-romano (29,6 ) Exemplo: Forum de Colunia, Forum de Arles (França) e Forum de Lutecia (Paris) Fora Imperiais e seus subtipos: “Forum Basílica” 19 • Não tem templo • Edifício autónomo • Só com praça central, lógias e pórtico • O espaço religioso estava anexo á basílica. Templo como edifício autónomo não existe. “Forum Templo” • Basílica não existe • Edifício religioso prevalece sobre os outros edifícios. • Só tem templo, praça pública e lógias. “Forum Duplo” • Em certos fora provinciais a área sagrada é profana estão separadas por uma rua • Exemplo: Suiça Augustana Romana “Forum Bloco” • Todo fechado - bloco • Quem passa na rua não vê o que está lá dentro • Exemplo: Saint Bertrand de Comminges Templos – Os primeiros Templos Romanos: Os templos italianos mais antigos do período republicano mostram estreitas ligações com a arquitetura estrusca ao apresentarem uma planta tendencialmente quadrangular e área interior dividida em 3 cellae. Mas essa influência etrusca revela-se sobretudo pela presença de um podium. O templo romano só é visível por um único lado, por uma escadaria em frente da fachada principal, em frente de única fachada com colunas, neste ponto distinguem-se dos templos gregos e distinguem-se também dos gregos por apresentarem um só Cella e não a tripla divisão grega do templo em pronaos, nãos/cella e apisthodamos. A influência grega revela-se desde logo na introdução das colunas e do frontão triangular, mas também na própria conceção do templo como casa da divindade e não como lugar de reunião dos fiéis. VS Romano • Única escadaria; • Tem Podium Grego • Escadaria em volta do templo; • Não tem Podium 20 Tanques/ espelhos de água a rodear o templo Nada é como Dantes – com o imperador Augusto Durante o Império a tríade capitolina (Capitólio) será substituída pelo culto ao Imperador; surgem estão os templos clássicos consagrados ao culto imperial. 21 Classificação dos templos quanto a planta: Templo caracteriza-se pela planta e o número de colunas na fachada Panteão de Roma: Obra de Adriano construído entre 118 e 125 com uma planta circular e cúpula. A altura da abóbada é = ao diâmetro da base; (43,30m) como preconiza Vitrúvio. (9m de diâmetro de cúpula). É uma exceção por ser circular e com colunas em volta. Outro tipo de templos: Os templos romanos podem também surgir associados a outros edifícios por exemplo, o teatro republicano de Pompeu em Roma, apresenta um templo (consagrado a Vénus) ao cimo da cávea; Já no teatro de Mércia o templo imperial (culto imperial) surge na palestra. Exemplo: Ponte de Alcantara – Trajano séc. II Templo pequeno no final da travessia da ponte. Componente sagrada ligada a todas as construções. Intensa religiosidade ou superstição. Todos os espaços tinham a sua divindade protetora – In andis. “Fana” : Interculturalidade Templos quadrados uma lunata a rodear o espaço; Presença de divindades indígenas não que deixaram de ser cultuados na época romana; São construídos com materiais e técnicas romanas. Exemplo: Nossa senhora das cabeças – Covilhã Basílicas: As basílicas foram introduzidas no fórum de Roma pelo censor Pórcio Catão, em 184 a.C. (Basílica Pórcia) segue-se a basílica de Aemilia, em 179 a.C. e a Semprónia, em 70 a.C. 22 Numa fase inicial (atos administrativos e judiciais) as basílicas eram sobretudo um lugar de passeio e conserva, á semelhança do que se passava nos grandes pósticos cobertos das cidades orientais (pósticos reais helenísticos: rei basileus). Exemplo: Forum Augustano de Conimbriga O lugar que ocupa uma basílica no fórum pode variar: As basílicas tanto podem ocupar o topo da praça do fórum, sendo o edifício principal como podem estar no lado oposto ao templo, num dos lados menores da praça como podem também ocupar um dos lados maiores da praça; As suas proporções: A largura de uma basílica poderá ser 1/3 ou ½ do seu cumprimento. Exemplo: Basílica Pompeiana VS Basílica Vitrúviana: Existem 2 tipos principais de basílica: Basílica Pompeiana: o eixo longitudinal posiciona-se no sentido do comprimento da basílica; Basílica Vitrúviana: a entrada faz-se por uma das fachadas maiores da basílica. Plano geral das Basílicas: Normalmente as basílicas apresentam 3 naves ( e duas colunas a separá-las) e por regra a nave central é mais largo que as laterais , funcionando estas como corredores de circulação (ambulacrum); mas são também frequentes as basílicas com 2 naves (uma fiada de colunas ao centro); A certa altura são introduzidas absides nas basílicas; nos casos mais antigos (Glanem) as absides são quadrangulares ou retangulares; tendendo depois a ser circulares; estas absides ou marcam a tribuna dos juízes ou funcionam frequentemente como aedes Augusti como capelas reservadas ao culto imperial. Edifício de planta retangular ou quadrangular com uma área inferior à das basílicas onde reunia o senado de Roma e das capitais das civitates (ardo decurionum); geralmente são edifícios de pequenas dimensões, associados ás basílicas. A “Cúria Hostila” terá sido a primeira de Roma. Vitruvio refere-se a necessidade de conferir dignidade a este espaço. A sua altura deveria pelo menos ser igual a largura da fachada e a sua dimensão proporcional á importância da cidade. 23 Os edifí cios de espeta culo Teatros: Entre os Romanos o teatro surge relativamente tarde. O mais antigoconhecido encontram-se em Pompeia; Na própria cidade Roma o primeiro teatro em pedra e argamassa só começou a ser construído em 55. Este chamado teatro de Pompeu, em Roma, vem substituir os teatros em madeira até então existentes. Exemplo: Teatro de Mérida ao lado do anfiteatro – Localizava-se na parte da cidade destinada ao divertimento – ócio. Componentes do Teatro: Pulpito - onde a representação acontecia; Próscenium - espaço que separa o púlpito para a orquestra. Cávea- Bancada; 24 Frouns scaenae- cenário; Frouns scaenae – muro da fachada servindo de fundo da cena, ricamente decorado com 2 ou 3 andares de colunas de nichos (estátuas) ou com pinturas em panos (ductiles) que eram substituídas em função das representações teatrais. Segundo Vitrúvio a frouns scaenae deveria elevar-se á mesma altura do pórtico que coroava o teatro, de modo a que a voz dos autores se repercutisse até as extremidades do auditório; nos casos dos teatros com fracas condições acústicas, recorria-se a caixas com vasos de ressonância em bronze e ou cerâmica fixados entre os assertos; Vitrúvio preocupa-se com as condições acústicas dos teatros e define normas para amplificar a voz. Diferença entre o teatro grego e o romano: Os primeiros teatros romanos inspiravam-se em modelos Gregos mas apresentam caraterísticas diferentes quer em termos da própria representação teatral quer ao nível arquitetónico. Teatro grego: a cavea apresenta-se em formas de arco e ferradura; os autores e o coro (elemento essencial nas representações gregas) evoluíam na ampla orchestra, num espaço circular em frente ás bancadas; só mais tarde, no período helenístico, aparecerá um embrião da scena; onde se encontraram os autores continuando o coro de pé na orchestra (i.e., no teatro grego clássico de espetáculo declamado, não existia palco ou tribuna propriamente dito. Orquestra: círculo completo Cavea: ultrapassa a orquestra Teatro Romano: a cavea é semicircular, sempre que possível a cavea assentava no terreno, aproveitando a sua inclinação natural, mas também se podia elevar num terreno plano, assentando em estruturas expressamente construídas para o afeito, que tanto podiam ser simples taludes de terra amparados por muros ou uma estrutura artificial mais complexa, com galerias e corredores abobadados construídos de pedra e tijolos (opus caementicium). A orchestra reduz-se a um semi-círculo (nas representações romanas não participava o coro), a orchestra era ocupada por músicos e por espetadores mais ilustres. O palco era o mais amplo que o teatro grego, porque como diz Vitrúviu, todos os artistas representam na cena. Orquestra: semi-circulo; Cavea: semi-circulo perfeito; No teatro grego, de acordo com o conceito democrático da polis, as bancadas podiam não apresentar qualquer separação. No teatro romano a cavea podia estar dividida em 3 sectores anelares ou maenianum e os espetadores repartiam-se em função da sua posição social: • Suma cavea 25 • Media cavea • Ima cavea (parte mais baixa da cavea, reservada a equipes, algumas magistraturas religiosas e políticas e representantes das principais corporações); A separar estes setores estavam pequenos muros (praecinstio/nes) e corredores de circulação (iter praecinctibnis); a separar a orchestra da cavea podia encontrar-se um pequeno parapeito de separação (balteus/baltei). Segundo Vitrúvio, a construção de um teatro deveria assentar sobre um plano de 4 triângulos equiláteros inseridos num círculo. Exemplo: Teatro de Olissipo (Lisboa) Possibilidade de ter um templo associado a construção do teatro. Aproveitamento cenográfico do rio. Contraído na colina. O teatro Romano assenta em locais com uma vista deslumbrante. Anfiteatros (amphitheatrum): Os anfiteatros juntamente com as termas e os aquedutos) constituem talvez o tipo de edifícios que caracterizará melhor a arquitetura e a sociedade romana. Os anfiteatros surgiram relativamente tarde na História da Roma antiga. Desconhecidos dos Gregos, começam a ser construídos na Campânia no sul da Península Itálica. Nas áreas dos anfiteatros tinha lugar o espetáculos preferido dos romanos- os combates de gladiadores (munera gladiatores). Mas não só. Para alem destes combates, outras representações decorriam nesses palcos: as caçadas (venationes) de animais selvagens ou exóticos (desde os javalis, ursos e touros, aos leões, crocodilos e rinocerontes), as lutas entre esses animais, o lançar criminosos a animais selvagens, ou menos as batalhas entre frotas navais (naumachie), recriando em pequena escala os confrontos militares navais que marcavam a História de Roma. Exemplo: Anfiteatro de Pompeia Um dos mais antigos em pedra que se conhece (80/70 a.C.) O primeiro em pedra construído em Roma data 29 a.C. Antes destes anfiteatros permanentes, construídos em pedra, haveria alguns erguidos em madeira. 26 Exemplo: O Coliseu de Roma, o mais conhecido, data de 72/80 d.C. 8iniciado no reino de Vespasiano e conluiado no de Tito); Teria capacidade para cerca de 45.000/50.000 espetadores; o seu plano apresenta 187m x 155m. • Funcionalidade – teto amovível. • Por de baixo da arena havia corredores de circulação com alçapões para a arena. Muito geométricas. • Conjunto de canalização muito bem- feita. Particularidades: Muitos anfiteatros foram projetados para receber algumas dezenas de milhares de pessoas. As galerias interiores abobadadas (vomitória) e os largos lanços de escada (scalaria) permitiam o acesso e a saída rápida dos espetadores (como acontece hoje nos estádios de futebol). Os espetadores entravam no anfiteatro por acessos diferentes em função do local onde se iria sentar. Isso também permitia que as personagens mais importantes de uma cidade nunca se cruzassem com o povo. Os lugares em redor de arena estavam também separados por muros, reservando-se as filas da frente (ima cavea) para os notáveis locais – seria uma forma de estas mostrarem a sua condição social privilegiada. A estrutura de um anfiteatro era toda em alvenaria, mas as bancadas/ assentos (cavea) podiam ser em madeira, assim como poderia ser revestido a madeira o muro (podium) que delimitava a arena. No subsolo desses recintos um conjunto complexo de celas e corredores (hypogeum) desembocava em alçapões ligados a arena, permitindo que, a dado momento do espetáculo, surgissem do interior da terra mais homens e animais preparados para o combate. As paredes do anfiteatro também podiam ser pintadas com cores corridas, sobretudo as interiores. As bancadas dos anfiteatros de maiores dimensões estavam horizontalmente divididas em 3 sectores (ima, media e suma cavea). As fachadas dos anfiteatros poderiam ter vários andares, sendo então habitual observar nas arcadas a suceção das ordens; toscana, jónica e corintia e ou compósita. Os mais sofisticados possuíam um grande toldo em linho de cobertura amovível para resguardas os espetadores do sol e calor – esta cobertura consistia num grande toldo em linho (volum/velarium) muito resistente e firmemente fixo no alto da cavea por um sistema de cordas. Outros anfiteatros tinham ainda um sistema interno de tubagens, em redor do muro 27 da arena, que permitia vaporização de água perfumada (spar siones) para atenuar o calor entre os espetadores e o forte odor produzido pelos animais e pela multidão. Exemplo: Mérida – também interior para batalhas navais. Portugal: Bobadela bancada em madeira com lugar para 1.000 pessoas Circos Romanos: A tradição abriu a Tarquínio Prisco Exemplo: Circos de Roma Componentes principais de um circo: • Cavea (Bancadas): dividida também segundo o modelo dos maenianum e cuni; • Carceres: onde se alojavam os cavalos; por cima dos cárceres podia ficar o camarote de honra = pulvinar. (era aqui que poderiam também encontrar-seas estatuas dos deuses, assistindo deste modo ás corridas); • Spina: Longo muro existente no centro da arena, separando 2 faixas de rodagem; composto por diversos elementos decorativos; em cada uma das extremidades havia metae/marcos; Os circos habitualmente surgem no exterior das cidades. Exemplo: Circo de Tarraco Exemplo: Circo de Mérida (Emerita Augusta) – Na Hispânia aparentemente, os circos seriam mais importantes e frequente que os anfiteatros; nas províncias surge o maior número de mosaicos representando corridas de carros e cavalos. Tudo o que se passava nestes recintos encontrava-se aureolado por uma certa magia e religiosidade – as vitorias eram atribuídas pelos deuses, querendo favorecer não só os intervenientes diretos nos espetáculos mas também os seus apoiantes. No dia em que se realizavam jogos toda a vida urbana parava, e o povo comprimia-se no teatro, no anfiteatro ou no circo. Pierre Grimal Termas: As termas (balnea): Na época romana mais do que uma forma de higiene pessoal a ida ás termas e o ritual do banho era um habito social, funcionando as termas como um local de encontro e de distração. 28 Em todas as cidades do Império podiam encontrar-se termas públicas mas também termas privadas associadas ás principais domus. No campo também surgem associadas ás Villae. Exemplo: Villa do Rabaçal – Penela Termas fora da construção da casa – independente da casa (para evitar fumos e a ideia de perigo de fogo – incêndio). Termas públicas: masculinas e femininas: Origem das termas: Mesmo que se verifique alguma influência helenística, a sua estrutura construtiva geral e evolutiva, será uma verdadeira criação da arquitetura romana, tal como constituem também um sinal inequívoco de um modo de vida genuinamente romano. Por exemplo: as salas aquecidas e o hypociaustum serão uma conceção romana, assim como as noções do percurso regular e de axialização; Exemplo: Lacónium (Conimbriga) A construção de termas públicas nas cidades tornou o ritual do banho romano ao alcance de todos. O banho obedecia então a várias regras, tendo os frequentadores das termas (homens e mulheres), que passar por diversas fases para cumprir esse ritual (do banho quente para o frio) e isso vai refletir-se na própria arquitetura das termas. Assim o percurso normal e completo era muitas vezes o seguinte: 1. Apodytherium, vestuário; 2. Eleotherium, sala destinada a massagens (=Eleothesium) 3. Palaestra, espaço aberto, porticado e ajardinado, onde se fazia ginástica; 4. Destictarium, sala onde se usavam os “estrigilos” (espécie de faca para tirar óleos do corpo); 5. Laconicum, sala de banhos a vapor (sauna, com temperaturas elevadas), geralmente de planta circular com bancos, sem banheiras (a temperatura segundo Vitrúvio, podia regular-se através de um oculus aberto na cúpula e com tampa de bronze); (=sudatia) 6. Caldarium, sala muito aquecida, com banheiras circulares ou semicirculares) de água quente (alveus); 7. Terpidarium, câmara menos aquecida tépida, de ligação e transição para o frigidarium; 8. Frigidarium, sala com banheiras de água fria; 9. Natatio, Piscina Exemplo: Caldarium de Herculano Hipocaustum: Sistema de suspensão do pavimento por meio de pilares ou arcos de tijolo (suspensurae) que permitia criar uma caixa-de-ar-quente. Aos espaços interiores das termas 29 juntavam-se as áreas das fornalhas (paefuncium) destinadas a aquecer o ar e a água (o/praefunium) poderia estar a baixo do caldarium). Este ar quente circulava pelo chão e pelas paredes graças ao sistema de hipocaustum e de suspensurae e recorrendo aos “tegulae mammatae” e depois aos tubuli (entre paredes). Exemplo: Termas de Caracala • Inauguradas em 212 (inicio 211); • 2 pisos em alçada e 2 pisos subterrâneos (c/mitreu); • Área 337 x 328m; • 6.000/8.000 Utilizadores por dia; • Fornos consumiam 10 toneladas de madeira por dia; • Eram muito decoradas; Em Roma ao tempo de Agripa (finais do séc. I a.C.), foram recenseadas 170 termas no séc. IV serviam cerca de 1000 Exemplo: Aquae Flaviae – termas medicinais termas de chaves. Aquedutos: Os aquedutos são sempre também o símbolo por excelência da arquitetura utilitária e pragmática dos romanos mas também revelam uma conseguida símbolos entre função a arte. Exemplo: Segóvia (Hispânia) O primeiro aqueduto da cidade de Roma (Aqua Appea) terá sido construído em 312 a.C. iniciado do Ápio (Claudio) (totalmente subterrâneo sem arcos). No séc. II a.C. vão reestruturar-se e aperfeiçoar-se fruto da generalização da construção em arco e abóbada permitindo encontrar a distância dos seus traçados e controlar melhor a pressão da água. Em Roma é então construída o primeiro aqueduto sobre arcos (arcuationes), o Aqua Marcia, em 144 a.C. por iniciativa do pretor Marcius Rex, e outros serão posteriormente construídos como a Aqua Claudia (38-52 d.C.) com 68 km de campo (18 áreas) e com um caudal diário de 184 280 m³. (construíram outros pois não seria suficiente para abastecer a capital: domus, pontes, esgotos, canalização …) Exemplo: Pont du Grand (Nimes) apresenta uma altura máxima de quase 49m atravessando um vale com cerca de 360m de longitude. 30 Exemplo: Segóvia (Hispânia) (trabalho milimétrico seria necessário por parte dos arquitetos). Nem sempre os aquedutos eram construídos com recurso a arcos. Estes (arcuationes) só eram construídos quando havia necessidade de vencer desníveis. A conduta para onde correia água (specus conduta coberta de abobada revestida no interior com opus sigmimun) na maior parte do seu trajeto poderia correr diretamente sobre a superfície do terreno, assente num pequeno murete de alvenaria (substruciones), ou então corria subterrada ou semi-sobterrada (e mesmo escavada na rocha). A construção em altura, com série de arcadas, surgia apenas quando tal era mesmo inevitável face ao desnível do terreno. (limpeza anual dos aquedutos, tanques de decomposição são limpos também). O desnível dos specus deveria ser suave, mas o suficiente para a água manter uma certa pressão nem ausência de desnível, para evitar que as águas ficassem estagnadas, nem com desnível muito acentuado, que originária uma rápida erosão do canal. Vitrúvio recomendava um desnível pelo menos pé em cada 100 pés ou seja, cerca de 1cm para cada 2m de comprimento. Ainda segundo Vitrúvio o specus de um aqueduto deveria ter a cada 100 pés (35.5m) aberturas de vigilância / verificação para limpeza do canal (puleus/pulei =poço). Pontes: Exemplo: Alcântara (Hispânia) Várias civitas agruparam na construção pois usufruíram dela (travessia do Tejo) séc.II d.C. (ligava Mérida ás civitas do Douro). • Foi construída no sítio de outra ponte mais antiga do tempo de Augusto. • Pontes de Madeira não resistem ao tempo. • Ou usariam barcos. Exemplo: Cháves (Aque Flaviae) Final do séc. I Padrão dos povos – regista todos os povos/civitas que contribuíram na sua construção. • Rio Tâmega; 31 • Imposto a Roma em forma de dias de trabalho; • Exército controlava as obras. Acompanhavam as obras públicas; Exemplo: Ponte de Salamanca (Salmantica) • Contrafortes a montante para parar o fluxo foste do rio) • Arcos comemorativos: A maioria dos arcos são comemorativos ou honorificados, destinados a comemorar um determinado imperador ou acontecimento. Exemplo: Aosta (arco de época Augustana) • Só podemos chamar arcos triunfais aqueles que em Roma (onde a cerimónia da triunfa teria lugar) se destinavam a receber em triunfo a passagem de um general e do seu exército vitorioso (no período republicano seriam em madeira e estuque). Colunas Comemorativas: Poderiam ter começado por ser elementos funerários, ganhando depois um carater profano em honorificado ou comemorativo; A mais conhecida é a grande coluna imperial deTrajano. No fuste, uma espiral de baixo-relevo que corre sobre todo o fuste, celebra-se a vitória das guerras Dácias; interiormente existe uma escala em espiral, no topo existia uma estátua de Trajado em bronze dourado. Portos: Exemplo: Porto de Ostia e de Roma Circulava grande parte do comércio (cerâmica, pessoas, alimento, …) Faróis: Exemplo: La Coruntia (hipotece de reconstrução). Muralhas: Exemplo: Roma muralha servíana; Exemplo: Roma muralha aureliana; (Perímetro que delimitava a cidade a construir – muralha honorífica /ritual; pequena, estreita e muito alta; pumerium) Muralha fundacional. 32 (Muralha tardia: volumosas, altas, longas, construídas á pressa para defensa, cidade muitas vezes divididas, parte da cidade de fora abandonadas casa) Muralha defensiva. Com Aureliano (c271 a.C.) Roma é datada de nova muralha (perímetro 19km), Roma esvazia-se de poder e monumentalidade no Baixo Império sobretudo a partir do momento em que Constantino funda Constantinopla. Exemplo: Ammaia Exemplo: Lugo (Note de Lugo, Hispânia) séc. III d.C. com Torreões. Os edifí cios privados e a arquitetura dome stica nas cidade: Exemplo: Pompeia, casa dos Vetti, antes de 79 ou menos 62 da nossa era. Um salão Ordens arquitetónicas representadas nas casas privadas, mas não tão monumentais como nos templos - apresenta-se os mesmos princípios da arquitetura romana nas construções privadas. Domus: Casa térrea - rés-do-chão com pequeno pátio interior descoberto onde entra ar e luz, as casas são mais abertas para dentro do que para fora. • Casa de átrio (atrium) Hortus (Horta) Impluvium - lago (armazenamento da água da chuva) cria também um espelho de água. Tabernae – taberna – lojas voltadas para a rua Triclinium- Sala de jantar - voltada para o peristilo Cubiculum- Quartos de dormir Lararium- Zona sagrada, altar sagrado da família Conpluvium - Telhado 33 Exemplo: casa do repuxo de Coninbriga • Casa de átrio e peristilo: Grandes casas, todos os aposentos se estruturam a partir desses espaços sentais. Exemplo: Casa de Pompeia- com 2 átrios, 1 peristilo e termas privadas Generalidades: • Geometrismo das formas e axialização presente na domus; • Noção de família alargada para os romanos T10/ T12 – escravos fazem parte da família; • Difusão do modo de construção romana, generalizou-se por todo o império; • Modo de vida sofisticado – “urbana ornamenta” – Varrão (escritor); • Mosaicos no pavimento – característicos das casa - utilizados nas principais divisões da casa – Triclinium. Exemplo: Conimbriga. Músicos só na parte central do Triclinium onde passavam a argamassa não se via porque estava tapada pelos canapés da comida. Insulae: Casas que se desenvolviam em altura com vários andares. Exemplo: Insulae de vaso Fálico – Conimbriga Verdadeiros apartamentos com tabernas virados para a rua. O Exercito Romano 34
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