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Sepse Sepse: disfunção orgânica aguda que ameaça a vida, desencadeado por uma resposta desregulada do hospedeiro a uma infecção. A presença de SIRS não é mais um pré-requisito obrigatório para o diagnóstico de sepse. SIRS Presença de 2 ou mais: Temperatura > 38ºC ou < 36ºC FC > 90 bpm FR > 20 IRPM ou pCO2 < 32 mmHg Leucócitos > 12.000 céls/mm 3 , < 4.000 céls/mm 3 ou > 10% de bastões Outras causas de SIRS que podem cursar sem infecção: Pancreatite aguda Grande queimado Politrauma Pós-operatório de grandes cirurgias Disfunção orgânica aguda: escore SOFA ≥ 2. SOFA É um escore validado para predizer mortalidade em pacientes com infecção. Ele pode ser avaliado na admissão e recalculado a cada 48h. Rastreamento de sepse inicial, presença de pelo menos 2: FR ≥ 22 irpm PAS ≤ 100mmHg Alteração do estado mental Sepse = infecção + SOFA ≥ 2 Sequential Organ Failure Assessment Sistema Parâmetro avaliado Respiratório Relação PaO2/FiO2 Cardiovascular Quantidade de aminas vasoativas necessária para evitar hipotensão Hepático Bilirrubina plasmática De Coagulação Contagem Plaquetária Nervoso Escore de Glasgow Renal Creatinina plasmática ou débito urinário Choque séptico Subtipo especial de sepse caracterizado por profundas alterações circulatórias, celulares e metabólicas Exige presença de sepse e: Necessidade de vasopressores para manter a PAM ≥ 65mmHg Lactato sérico >2mmol/l (>18mg/dl) a despeito de ressuscitação volêmica adequada Fisiopatologia É preciso que a secreção de citocinas pró-inflamatórias ultrapasse os limites de uma resposta estritamente local tornando-se uma resposta sistêmica à infecção Hipóteses: Superantígenos: maior capacidade de estimulação da imunidade inata Carga muito grande de antígenos Polimorfismos genéticos que aumentem a susceptibilidade Junto com a produção de citocinas pró-inflamatórias ocorre secreção de citocinas anti-inflamatórias. Se esta também for excessiva, o hospedeiro acaba ficando mais propenso à invasão e disseminação dos patógenos, de modo a favorecer a perpetuação do estímulo séptico, criando um ciclo vicioso. Disfunção orgânica Começa pelo mau funcionamento das células individuais Hipóxia celular, devido à diminuição do aporte de O2 aos tecidos, secundária às alterações circulatórias generalizadas Efeito citopático direto das citocinas pró- inflamatórias e/ou antígenos invasores Disfunção das mitocôndrias Aumento na taxa de apoptose Disfunção orgânica múltipla: disfunção multiorgânica progressiva e cumulativa, cuja letalidade é de virtualmente 100% quando 3 ou mais órgãos apresentam critérios de disfunção aguda. Órgãos e sistemas mais afetados: Circulação Pulmões Tubo digestivo Rins SNC Fatores de risco Fatores de risco para sepse Internação em CTI Imunodepressão Infecção nosocomial História de hospitalização prévia, principalmente se a causa da internação foi uma infecção Bacteremia Idade avançada Pneumonia Exames complementares Nos primeiros 45 minutos de atendimento, solicitar: Exames de sangue de rotina Lactato sérico Gasometria arterial Hemocultura: amostras obtidas de 2 sítios periféricos distintos e de um cateter venoso profundo, se houver. Cada amostra deve ser dividida em frascos para aeróbios e anaeróbios (2 amostras produzem 4 garrafinhas de hemocultura: 2 para aeróbios e 2 para anaeróbios) Culturas: de sítios facilmente acessíveis (escarro, urina), desde que haja suspeita clínica de infecção nesse locais. Exames de imagem da fonte suspeita: RX de tórax, USG/TC de abdome. Tratamento Proteger a via aérea e assegurar a ventilação e as trocas gasosas Ressuscitação volêmica Obter acesso vascular e administrar fluidos para restaurar a volemia e a perfusão tecidual Precoce e agressiva, utilizando fluidos intravenosos. O fluido de escolha é a salina isotônica (SF 0,9%, Ringer lactato). Esquema de adm: infusão de bolus repetitivos de volume (um bolus = 500-1.000ml IV rápido). Os bolus são feitos até que a PA e a perfusão tecidual sejam consideradas aceitáveis, ou então até que o paciente desenvolva EAP. Meta de PAM: ≥ 65 mmHg. Meta de perfusão tecidual: débito urinário > 0,5 ml/kg/h. Meta do lactato sérico: normalização, dosar o lactato de maneira seriada, a cada 6h. O ideal é que atinja seus objetivos nas primeiras 3h do atendimento. Vasopressores Se após adm de um volume cumulativo de 30-50 ml/kg nas primeiras 3h as metas hemodinâmicas não forem atingidas, recomenda-se o início de drogas vasopressoras. Noradrenalina: é a escolha, podendo-se associar vasopressina nos casos refratários. Se não houver resposta à ressuscitação volêmica + vasopressores, deve-se ministrar (de forma individualizada): Glicocorticoides (hidrocortisona) Inotrópicos (dobutamina – se o ecocardiograma à beira do leito mostrar disfunção sistólica do VE) Transfusões de sangue: Quando Hb <7g/dl (<10g/dl nos cardio/pneumo/cerebropatas prévios). O objetivo é manter acima desses valores. Antibioticoterapia Antibioticoterapia empírica direcionada contra os germes mais provavelmente envolvidos Deve ser ministrada dentro da 1º hora do atendimento O esquema deve ser de amplo espectro (de preferencia cobrir gram + e -) A decisão acerca de que drogas prescrever depende da análise de vários fatores: Sítio infeccioso suspeito Idade do paciente Presença de comorbidades/imunodepressão Fatores de risco para germes MDR História de uso recente de ATB Gravidade clínica Presença de dispositivos invasivos Resultado do Gram Dados locais sobre a prevalência de patógenos e perfil de resistência aos antimicrobianos. Controle do foco infeccioso Drenagem de pus e/ou retirada de material exógeno infectado Recomenda-se que as medidas sejam tomadas nas primeiras 6-12h do atendimento. Após conhecimento do resultado das culturas e antibiograma, o tratamento deve ser reajustado. O ideal é que se escolha a droga com menor espectro de ação possível, que de preferência tenha pouca toxicidade e baixo custo. Duração do tratamento Em torno de 7-10 dias, podendo ser prolongada em pacientes mais graves ou que evoluem com complicações, ou mesmo encurtada, em casos com culturas negativas que melhoram de forma rápida e expressiva
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