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1. Sobre a SIRS, responda: Conceito, fisiopatologia, causa, quadro clínico, diagnóstico e conduta. CONCEITO A síndrome da resposta inflamatória sistêmica (SRIS) é caracterizada por seqüências de eventos fisiológicos envolvendo todas as células do corpo, desencadeada frente a uma agressão física, química ou biológica, levando ao processo inflamatório com liberação dos mediadores químico Uma característica marcante e invariável da SRIS consiste na indução e liberação de citocinas e proteínas de fase aguda, tanto pró-inflamatórias quanto antiinflamatórias, elevando os valores séricos durante a resposta sistêmica A síndrome da resposta inflamatória sistêmica é definida pela presença de no mínimo dois dos sinais abaixo: • temperatura central > 38,3º C ou < 36ºC OU equivalente em termos de temperatura axilar; • frequência cardíaca > 90 bpm; • frequência respiratória > 20 rpm, ou PaCO2 < 32 mmHg • leucócitos totais > 12.000/mm³; ou < 4.000/mm³ ou presença de > 10% de formas jovens (desvio à esquerda) Causas ● Infecção ● Trauma ● Queimaduras ● Grandes cirurgias ● Pancreatite Fisiopatologia (mecanismos de instalação) Processos infecciosos, traumáticos ou outros agentes agressores promovem, sob determinadas circunstâncias, uma ativação maciça dos sistemas de defesa do organismo. Principalmente aqueles relacionados ao sistema imune inato, levando à produção de grandes quantidades de mediadores inflamatórios, especialmente citocinas como o fator de necrose tumoral (TNF) e as interleucinas IL-1, IL-6 e IL-8. As manifestações clínicas descritas são decorrentes da ação destes mediadores em diferentes órgãos. A fisiopatogenia da SRIS pode ser dividida em três estágios. O primeiro é exclusivamente local e mediado pela produção de citocinas, e o segundo, representado pela liberação de pequenas concentrações dos mediadores químicos, acentuando os efeitos locais e iniciando os sistêmicos, a fase aguda inflamatória. Já o terceiro estágio, ocorre quando não há reestabilização da homeostase do organismo, com evolução para um quadro generalizado e a ocorrência dos efeitos colaterais da SRIS. Com o desenvolvimento da resposta inflamatória, há uma vasodilatação periférica acompanhada do aumento na permeabilidade vascular, gerando diminuição do volume intravascular. Além disso, há liberação do fator depressor do miocárdio liberado pelo pâncreas isquêmico, resultando na redução drástica da perfusão sanguínea tecidual, levando a isquemia e hipóxia. Com a resposta pró-inflamatória exacerbada ocorre a liberação de mediadores químicos, em virtude da hipoperfusão, acarretando no desenvolvimento dos sinais clínicos: hipertermia, hipotensão arterial, disfunção pulmonar com seqüestro de neutrófilos, quimiotaxia neutrofílica, anorexia, anomalias metabólicas, ativação plaquetária, vasoconstrição ou vasodilatação, isquemia e ulceração gastrointestinal As citocinas quando liberadas acarretam em injúrias endoteliais, levando ao aumento da permeabilidade vascular, vasodilatação arteriolar, hipotensão arterial e hipoperfusão tecidual com danos isquêmicos, podendo resultar na síndrome de disfunção de múltiplos órgãos (SDMO). Em resposta a hipotensão arterial, há ativação do sistema renina-angiotensinaaldosterona (SRAA) como tentativa de aumentar o volume circulatório, evitando o desenvolvimento da insuficiência renal aguda. No sistema gastrointestinal, há diminuição do peristaltismo devido a isquemia vascular, facilitando a adesão e translocação bacteriana, além das erosões ulcerativas na mucosa intestinal, potencializando o quadro da SIRS. Os principais mediadores inflamatórios envolvidos na SRIS são as moléculas de adesão (selectinas, integrinas e imunoglobulinas), o óxido nítrico (NO), os produtos do metabolismo do ácido aracdônico (tromboxano A2, prostaglandinas e os leucotrienos), o fator ativador plaquetário (PAF) e principalmente as citocinas DIAGNÓSTICO Características Clínicas O grande desafio no diagnóstico da SRIS é estabelecer parâmetros com alta sensibilidade e especificidade para a resposta inflamatória, principalmente quando o processo passa de localizado para generalizado, gerando riscos maiores a homeostasia do organismo. O paciente na fase aguda da SRIS caracteriza-se por sinais clínicos de metabolismo hiperdinâmico como hipertermia, taquicardia, mucosas congestas, aumento no tempo de preenchimento capilar, extremidades quentes, taquipnéia, letargia, anorexia, vômito ou diarréia, dor generalizada ou localizada. As primeiras alterações clínicas típicas na síndrome que demonstra o comprometimento da homeostase do organismo são: arritmias cardíacas com diminuição da contratilidade do miocárdio secundárias à isquemia e a liberação do fator depressor do miocárdio, trombose e acidose metabólica, edema pulmonar alveolar e intersticial devido o aumento na permeabilidade vascular pulmonar, levando ao comprometimento na oxigenação tecidual. TRATAMENTO Não existem terapias específicas para o tratamento da SIRS. Nos casos em que existe suspeita ou confirmação de processo infeccioso, a administração de antibióticos deve ser iniciada prontamente segundo critérios médicos. No tratamento da SRIS o atendimento baseia-se nas prioridades diagnóstica, terapêutica e suspeita clínica, iniciando essas medidas e as laboratoriais nas primeiras 6 horas, como a oxigenoterapia, a mensuração do lactato sérico, a realização de hemocultura, a antibioticoterapia endovenosa e o controle da hipotensão arterial com utilização, se necessário, de vasopressores. Nas primeira 24 horas, a terapêutica de manutenção é indicada, considerando o uso de dosagens baixas de sedativos ou hipnóticos, heparina na prevenção ao tromboembolismo venoso e ainda, a utilização de antagonista H2 para o controle das úlceras gástricas ocasionadas por estresse COMPLICAÇÕES A SIRS pode surgir eventualmente em condições clínicas benignas, como por exemplo, em uma infecção de vias aéreas superiores (laringite, amigdalite) ou após cirurgias. Entretanto, quando ocorre em pacientes cujos sistemas de defesa do organismo encontram-se comprometidos torna-se uma condição de elevada gravidade. Quando associada a infecção que foi comprovada laboratorialmente, tem-se então definição de sepse ou sepsis. Sepse associada a diminuição da pressão arterial (hipotensão arterial) de difícil tratamento ou refratária é definida como choque séptico. À associação de SRIS com sinais de insuficiência orgânica concomitante que afete ao menos um dos órgãos vitais, dá-se o nome de sepse severa. A insuficiência de múltiplos órgãos e sistemas é a mais temida e ameaçadora complicação da SRIS. Como o próprio nome indica, nesta complicação mais de um dos órgãos vitais é acometido e se torna disfuncional. Os índices de mortalidade em geral superam 50% dos pacientes acometidos. 2. Sobre a SEPSE, responda: Conceito, fisiopatologia, causa,quadro clínico, diagnóstico e conduta. → Fatores de risco da sepse → tratamento e manejo clínico da sepse (pacote de 1 hora e de 6 horas) CONCEITO O conceito mais recente a define como uma infecção associada à disfunção orgânica FISIOPATOLOGIA O desencadeamento de resposta do hospedeiro à presença de um agente agressor infeccioso constitui um mecanismo básico de defesa. Dentro do contexto dessa resposta, ocorrem fenômenos inflamatórios, que incluem ativação de citocinas, produção de óxido nítrico, radicais livres de oxigênio e expressão de moléculas de adesão no endotélio. Há também alterações importantes dos processos de coagulação e fibrinólise. Deve-se entender que todas essas ações têm o intuito fisiológico de combater a agressão infecciosa e restringir o agente ao local onde ele se encontra. Ao mesmo tempo, o organismo contra regula essa resposta com desencadeamento de resposta anti-inflamatória. O equilíbrio entre essas duas respostas é fundamental para que o paciente se recupere. O desequilíbrio entre essas duas forças, inflamatória e anti-inflamatória, é o responsável pela geração de fenômenosque culminam em disfunções orgânicas. Basicamente, temos alterações celulares e circulatórias, tanto na circulação sistêmica como na microcirculação. Entre as alterações circulatórias, os pontos mais marcantes são a vasodilatação e o aumento de permeabilidade capilar, ambos contribuindo para a hipovolemia relativa e hipotensão. Do ponto de vista da microcirculação, temos heterogeneidade de fluxo com redução de densidade capilar, trombose na microcirculação e alterações reológicas das células sanguíneas. Todos esses fenômenos contribuem para a redução da oferta tecidual de oxigênio e, por consequência, para o desequilíbrio entre oferta e consumo de oxigênio, com aumento de metabolismo anaeróbio e hiperlactatemia. Além disso, fazem parte dos mecanismos geradores de disfunção os fenômenos celulares de apoptose e hipoxemia citopática, quando há dificuldade na utilização de oxigênio pelas mitocôndrias FATORES DE RISCO A sepse é causada por infecções graves, tanto as adquiridas na comunidade, particularmente as que envolvem pulmões, vias urinárias, abdome, pele e coração, quanto as contraídas no ambiente hospitalar. Neste último caso, os processos infecciosos ocorrem por uma variedade de situações, entre as quais se destacam procedimentos cirúrgicos em regiões mais suscetíveis – como os intestinos –, uso prolongado de dispositivos que permanecem em contato com a pele e a corrente sangüínea de uma pessoa – a exemplo de cateteres e sondas –, eventuais falhas nos processos de limpeza e esterilização de artigos médico-hospitalares e até mesmo falta de adoção das práticas universais de limpeza e desinfecção por parte da equipe de saúde. Há, porém, um grupo mais suscetível a desenvolver a sepse, formado por bebês prematuros, crianças com menos de 1 ano de idade, pessoas com mais de 65 anos de idade, usuários crônicos de drogas e álcool, indivíduos desnutridos, vítimas de traumatismos, queimaduras, acidentes automobilísticos e ferimentos à bala, pacientes hospitalizados por períodos prolongados e indivíduos com o sistema imunológico deprimido por doenças e tratamentos, como transplantados e portadores de câncer, aids e doenças crônicas. A evolução do quadro clínico da sepse depende do local onde iniciou a infecção, da presença de outras doenças concomitantes, da idade da pessoa, do grau da resposta inflamatória, do comprometimento causado aos órgãos e até do momento do diagnóstico. De qualquer modo, os principais sintomas incluem febre ou temperatura corporal muito baixa, calafrios, falta de apetite, dores musculares, batimentos cardíacos acelerados, respiração rápida, pressão arterial baixa, volume reduzido de urina, surgimento de feridas e sangramentos, irritabilidade e alterações do nível de consciência QUADRO CLÍNICO A redução da oferta de oxigênio e as alterações celulares levam à disfunção orgânica. As principais disfunções são cardiovascular, respiratória, neurológica, renal, hematológica, intestinal e endócrina. Disfunção cardiovascular A disfunção cardiovascular é a manifestação mais grave do quadro séptico. A hipotensão é secundária à vasodilatação (redução da resistência vascular sistêmica) e diminuição nas pressões de enchimento das câmaras cardíacas. Esse estado de hipovolemia pode ser agravado pelas perdas secundárias ao extravasamento capilar característico dos quadros sépticos. Contribuem para a hipovolemia o aumento das perdas insensíveis em decorrência da febre ou taquipneia e a redução da ingestão de líquidos. O débito cardíaco pode estar aumentado, na sepse, em valores absolutos, principalmente após reposição volêmica. Entretanto, apesar de normal, esse débito pode não estar adequado ao aumento da demanda metabólica induzida pela sepse. Em decorrência de todos esses fatores, há comprometimento da perfusão tecidual e redução da oferta tecidual de oxigênio. A redução do enchimento capilar, cianose de extremidades e livedo são marcadores de hipoperfusão. Os tecidos passam a produzir energia de forma anaeróbica e os níveis de lactato se elevam. Hiperlactatemia é um claro sinal de gravidade na sepse e é utilizada como um dos critérios de disfunção orgânica. Além disso, níveis acima de duas vezes o valor normal constituem sinal de alerta e requerem imediata atenção no sentido de otimização hemodinâmica, como será posteriormente abordado na sessão de tratamento Disfunção respiratória Taquipneia, dispneia e comprometimento das trocas gasosas com hipoxemia caracterizam a lesão pulmonar na sepse. Ocorre redução na complacência pulmonar, pela presença de colapso alveolar secundário ao aumento da permeabilidade vascular e diminuição de surfactante. Consequentemente, esses pacientes apresentam oxigenação inadequada, com redução na relação PaO2 / FiO2 . Podemos definir disfunção pulmonar de causa inflamatória quando essa relação encontra-se abaixo de trezentos, na ausência de comprometimento primariamente cardíaco. Disfunção neurológica A sepse pode cursar com graus variáveis de alteração do nível de consciência, da confusão ao estupor ou coma. Delirium é bastante frequente, principalmente em pacientes idosos. A polineuropatia e as miopatias são frequentes e, embora não surjam nas fases mais agudas, exigem atenção. A resposta inflamatória parece ser o principal fator responsável pela degeneração axonal difusa motora e sensitiva característica da sepse. Ela se expressa por hiporeflexia, fraqueza e atrofia muscular, dificultando o desmame, prolongando o tempo de ventilação mecânica e aumentando o risco de pneumonia e de novos episódios sépticos. Disfunção renal A fisiopatogenia da disfunção renal na sepse é multifatorial, tanto pré renal por hipovolemia e hipotensão como por lesão direta. Pode ocorrer necrose tubular aguda e lesão por apoptose celular. Caracteriza-se pela diminuição do débito urinário e pelo aumento dos níveis séricos de ureia e creatinina. Disfunção hematológica Durante a tempestade inflamatória gerada por agressão, o endotélio se torna pró-coagulante, contribuindo para a geração de trombose na microcirculação, hipoperfusão e, consequentemente, disfunção orgânica. Esse quadro denomina-se coagulação intravascular disseminada (CIVD). Na sepse, ao contrário de outras doenças, as principais manifestações clínicas da CIVD são as disfunções orgânicas, e não o sangramento. Disfunção gastrointestinal A disfunção gastrointestinal na sepse é bastante frequente e, muitas vezes, negligenciada. Entre suas manifestações, destaca-se a colestase trans-infecciosa, secundária ao comprometimento da excreção canalicular de bilirrubina, expressando-se por elevação das enzimas canaliculares, fosfatase alcalina e gamaglutamiltransferase. O hepatócito geralmente consegue preservar suas demais funções, de sorte que a insuficiência hepática franca é rara, exceto em pacientes com comprometimento prévio da função hepática. A elevação de transaminases é, portanto, discreta. Disfunção endocrinológica O sistema endócrino também faz parte do quadro de disfunção generalizada associada à sepse. Podem ocorrer disfunção tireoidiana, alterações de suprarrenal e distúrbios glicêmicos. A disfunção adrenal pode contribuir para o quadro de vasodilatação e hipotensão já característicos da sepse. Distúrbios eletrolíticos como hiponatremia e hipercalemia são mais dificilmente identificados, visto serem mascarados pelos líquidos infundidos no paciente no decorrer do tratamento. A reposição com doses baixas de hidrocortisona pode ser necessária em pacientes com choque séptico refratário. A hiperglicemia faz parte da resposta inflamatória, seja ela associada ou não à sepse. Contribuem sobremaneira para hiperglicemia a resistência periférica à insulina e o aumento da produção de glicose pelo fígado. DIAGNÓSTICO O diagnóstico da sepse quase sempre é clínico e laboratorial. Muitas vezes, o foco da infecção inicial pode ser identificado com base no exame físico e na história de saúde da pessoa – é o caso, por exemplo, do indivíduo que está recebendo tratamento para pneumonia e, de repente, começa a apresentar febrenovamente. Quando não é possível localizar de imediato a origem do processo, geralmente se recorre a algum método de imagem para fazer essa pesquisa, como a ultra-sonografia e a tomografia. Qualquer que seja o caso, a investigação não prescinde da realização de alguns exames de sangue, entre eles o hemograma, que confirma o processo inflamatório ao revelar alterações no número dos glóbulos brancos, a dosagem de lactato, que pode indicar a má oxigenação de células e tecidos do corpo, e, finalmente, a hemocultura, que é capaz de isolar o microrganismo envolvido na sepse para direcionar a terapêutica. O escore SOFA é considerado padrão ouro no diagnóstico da sepse e está relacionado a maior mortalidade; todavia não é prático, pois envolve parâmetros laboratoriais (plaquetas, creatinina, bilirrubinas, PaO2). O escore varia de 0 a 4, e uma pontuação igual ou superior a 2 representa disfunção orgânica. Uma tentativa de selecionar os pacientes com maior potencial de complicação envolve o escore quickSOFA, tendo como parâmetros: PA sistólica <100 mmHg, FR>22irpm e GCS<15. Cada variável conta 1 ponto (0 a 3) e pontuação igual ou maior a 2 sugere maior mortalidade e aumento de permanência em UTI. O qSOFA, apesar de não ser útil como diagnóstico, pode ser uma ferramenta de triagem útil, permitindo selecionar os pacientes que possuem um risco aumentado de pior desfecho. TRATAMENTO Uma vez tendo levantado a suspeita de Sepse, a gente deve manejar o paciente o mais rápido possível e isso envolve, logo de cara, monitorá-lo e garantir acesso vascular, sendo que por esse nós já devemos colher os exames necessários para definir o SOFA, ou seja: Além disso, é importante investigar o foco infeccioso e por isso deve ser solicitado também 2 hemoculturas de sítios diferentes e culturas de todos os sítios pertinentes. Esses exames precisam ser feitos antes do início da terapia medicamentosa, contudo, não podemos atrasar a conduta inicial esperando o resultado! A antibioticoterapia deve ser instituída de imediato (antes da primeira hora após o atendimento ao paciente), preferencialmente após a coleta das culturas – como dito anteriormente. A cada hora de atraso no início na antibioticoterapia, a mortalidade aumenta cerca de 4%. A escolha de qual medicação deve ser usada vai variar de acordo com o foco suspeito de infecção Sendo assim, para todos os pacientes nós vamos colher o Lactato , podendo ser arterial ou misto - inclusive, isso já deve ser feito juntamente com a gasometria lá em cima. Associado a isso, se o paciente estiver com sinais de hipotensão e/ou lactato 2x maior do que o valor de referência (2mmol/L ou 18mg/dL), aí está indicado fazer reposição volêmica no paciente através da infusão de cristalóide, 30mL/kg por 3h, se atentando ao fato de que cada paciente deve ser individualizado, pois nem todos suportam a mesma reposição de fluidos – devido a comorbidades prévias ou estrutura física. A avaliação do estado hemodinâmico deve ser feita com a monitorização da frequência cardíaca, da pressão arterial, exame cardiovascular, tempo de enchimento capilar e avaliação da pele e mucosas. Em pacientes com sinais de hipoperfusão a despeito das medidas de ressuscitação volêmica, ou pacientes que não possam receber muito volume – como pacientes com insuficiência cardíaca - podem ser introduzido o uso de drogas vasoativas para auxiliar na estabilização do quadro. Caso os pacientes permaneçam hipotensos mesmo após a reposição volêmica inicial, com pressão arterial média menor que 42 Sepse: um problema de saúde pública 65 mmHg, deve ser iniciado vasopressor. Não se deve aguardar a passagem de acesso central para o seu início, haja vista o efeito deletério da hipotensão no fluxo circulatório. Assim, uma pressão arterial mínima precisa ser rapidamente obtida, ainda que a infusão seja em veia periférica, mesmo antes da reposição volêmica ter sido finalizada. O paciente deve receber vasopressor a despeito de ainda estar hipovolêmico caso haja hipotensão ameaçadora à vida. Assim que houver correção da hipotensão, deve-se iniciar a retirada dos vasopressores. A droga de escolha atualmente é a noradrenalina Após o resultado dos exames laboratoriais, o médico reavalia a presença de disfunção orgânica (clínica ou laboratorial), dando prosseguimento aos pacotes de 3 e de 6h (terapia precoce guiada por metas). Pacote de 3 horas 1. Colher lactato sérico. Obs: O lactato (e SvO2 nos pacientes que já tem acesso central) deve ser imediatamente encaminhado ao laboratório por quem estiver imediatamente disponível. O objetivo é obter esse resultado em menos que 30 minutos. 2. Colher duas amostras de hemocultura, urocultura e cultura de todos os outros sítios pertinentes. Prescreve essa coleta, colocando horário, pois o momento da mesma deve ficar registrado no prontuário. Coloque sempre a observação: colher hemocultura antes da administração de antibióticos do item 5. 3. Prescrever antibioticoterapia de amplo espectro. Coloque o horário em que a mesma foi prescrita. Entregue na mão da enfermeira do leito, que tem 30 minutos para administrar a medicação. 4. Pacientes com lactato alterado (acima de 20mg/dL) ou hipotensos (pressão arterial sistólica abaixo de 90mmHg, pressão arterial média <65 mmHg ou redução da pressão sistólica em 40 mmHg da pressão habitual) devem receber ressuscitação hemodinâmica, conforme fluxograma em anexo. 5. Nesses pacientes, iniciar imediatamente reposição volêmica agressiva (pelo menos 30 ml/kg de cristalóides). Colóides protêicos (soro albuminado) podem também ser usados. Coloides não proteicos de baixo peso molecular constituem opção terapêutica em casos selecionados, após infusão inicial de cristaloides. Esse volume deve ser infundido o mais rápido possível, idealmente em 30 a 60 minutos. Pacote de 6 horas 1. Caso a pressão arterial média (PAM) permaneça abaixo de 65 (após a infusão de volume inicial), iniciar vasopressores. Não se deve tolerar pressões abaixo de 65 mmHg por períodos superiores a 30-40 minutos. Em casos de hipotensão ameaçadora a vida, pode-se iniciar o vasopressor mesmo antes da reposição volêmica. É fundamental garantir pressão de perfusão enquanto se continua a reposição volêmica. Assim, o vasopressor pode ser iniciado mesmo em veia periférica, enquanto se providencia com urgência o acesso central. A droga de escolha é a noradrenalina. 2. Os pacientes com choque séptico (enquanto em uso de vasopressor) devem ser monitorados com pressão arterial invasiva. 3. Continuar reposição volêmica, orientado por pressão venosa central (PVC) visando atingir o alvo terapêutico. O paciente hipotenso, a despeito da otimização da reposição volêmica, e/ou com hiperlactatemia inicial, tem indicação de reavaliação do estado volêmico ou de parâmetros perfusionais pela equipe médica, dentro das primeiras 6 horas de tratamento. As seguintes formas de reavaliação poderão ser consideradas: • Mensuração de PVC • Variação de pressão de pulso • Variação de distensibilidade de cava • Elevação passiva de membros inferiores • Qualquer outra forma de responsividade a fluídos • Mensuração de SvO2 • Tempo de enchimento capilar • Intensidade de livedo • Sinais indiretos (por exemplo, melhora do nível de consciência ou presença de diurese) 4. A SvO2 deve estar acima de 70 dentro de seis horas do diagnóstico. Utilizar toda a estratégia de otimização descrita no fluxograma em anexo. Dela fazem parte à reposição volêmica, noradrenalina, dobutamina e, eventualmente, concentrado de hemácias. Todos os pacientes com hemoglobina < 7,0 g/dl devem receber transfusão. Pacientes com hemoglobina < 9,0 devem receber dobutamina. Caso a SvO2 continue abaixo de 70% após inicio de dobutamina, pacientes com hemoglobina <9,0 g/dL devem receber transfusão. Deve ser administrada uma unidade de cada vez com novo controle de SvO2. Caso a SvO2 não atinja 70% após essas manobras, considerar intubação e sedação para redução do consumo de oxigênio. A temperatura corporal deve ser normalizada. 5. Nos pacientes comlactato alterado, uma meta terapêutica adicional é o clareamento do mesmo. Assim, após duas horas de ressuscitação, nova dosagem deve ser solicitada. O objetivo é obter clareamento de 10 a 20% em relação aos níveis anteriores, visando a normalização do mesmo. 6. Pacientes sépticos podem se apresentar hipertensos, principalmente se já portadores de hipertensão arterial sistêmica. Nesses casos, a redução da pós-carga pode ser necessária para o restabelecimento da adequada oferta de oxigênio. Não se devem usar medicações de efeito prolongado, pois esses pacientes podem rapidamente evoluir com hipotensão. Assim, vasodilatadores endovenosos são preferíveis. 7. Não está indicado o uso de bicarbonato nos casos de acidose lática em pacientes com pH > 7,15, pois o tratamento dessa acidose é o restabelecimento da adequada perfusão. Nos pacientes com pH abaixo desse valor ela pode ser avaliada https://www.hcor.com.br/area-medica/wp-content/uploads/2020/11/1.-Protocolo-SEPSE.pdf https://ilas.org.br/assets/arquivos/ferramentas/livro-sepse-um-problema-de-saude-publica-cf m-ilas.pdf https://ilas.org.br/assets/arquivos/ferramentas/protocolo-de-tratamento.pdf 3. Sobre os episódios de bacteremia, responda: Conceito, fisiopatologia, causa, quadro clínico, diagnóstico e conduta. Bacteremia é a presença de bactérias na corrente sanguínea. ● A bacteremia pode resultar de atividades comuns (como escovação vigorosa dos dentes), de procedimentos médicos ou dentários, ou de infecções (como pneumonia ou infecção do trato urinário). ● Ter uma articulação ou válvula cardíaca artificial, ou apresentar anormalidades da válvula cardíaca, aumenta o risco de a bacteremia persistir ou causar problemas. ● A bacteremia geralmente não causa sintomas, mas, às vezes, acumulam-se bactérias em certos tecidos ou órgãos, causando infecções sérias. https://www.hcor.com.br/area-medica/wp-content/uploads/2020/11/1.-Protocolo-SEPSE.pdf https://ilas.org.br/assets/arquivos/ferramentas/livro-sepse-um-problema-de-saude-publica-cfm-ilas.pdf https://ilas.org.br/assets/arquivos/ferramentas/livro-sepse-um-problema-de-saude-publica-cfm-ilas.pdf Geralmente, a bacteremia, particularmente se ocorrer durante atividades ordinárias, não causa infecções porque as bactérias estão geralmente presentes somente em números pequenos e são rapidamente removidas da corrente sanguínea pelo sistema imunológico. Porém, se as bactérias estiverem presentes por um período longo o bastante e forem suficientemente numerosas, particularmente em pessoas com um sistema imunológico enfraquecido, a bacteremia pode levar a outras infecções e às vezes ativar uma resposta séria por todo o corpo, chamada sepse. As bactérias que não são removidas pelo sistema imunológico podem se acumular em vários lugares por todo o corpo, causando infecções, como as seguintes: ● Tecidos que recobrem o cérebro (meningite) ● A membrana que circunda o coração (pericardite) ● As células que revestem as válvulas cardíacas (endocardite) ● Ossos (osteomielite) ● Articulações (artrite infecciosa) Na bacteremia, as bactérias tendem a se alojar e a se acumular em certas estruturas do corpo, como válvulas cardíacas anormais. As bactérias estão especialmente propensas a se acumular em qualquer material artificial presente no corpo, como cateteres intravenosos e articulações e válvulas cardíacas artificiais (prostéticas). Essas coleções (colônias) de bactérias podem permanecer anexadas aos locais e soltar bactérias na corrente sanguínea de forma contínua ou periódica. Causas da bacteremia A bacteremia pode ocorrer durante ● Certas atividades comuns ● Procedimentos médicos ou dentários ● Certas infecções bacterianas ● Injeção de drogas recreativas Atividades comuns às vezes causam bacteremia em pessoas saudáveis. Por exemplo, escovar os dentes de forma vigorosa pode causar bacteremia porque bactérias que vivem nas gengivas, em volta dos dentes, são forçadas a entrar na corrente sanguínea. As bactérias também podem entrar na corrente sanguínea a partir do intestino, durante a digestão. A bacteremia que ocorre durante atividades ordinárias raramente leva a infecções. Procedimentos médicos ou dentários podem levar à bacteremia. Durante procedimentos dentários (como durante a limpeza dos dentes por um higienista dentário), as bactérias que vivem nas gengivas podem ficar desalojadas e entrar na corrente sanguínea. A bacteremia também pode ocorrer quando são inseridos cateteres na bexiga ou tubos no trato digestivo ou urinário. As bactérias podem estar presentes na área em que o cateter ou tubo foi inserido (como a bexiga ou o intestino). Portanto, embora sejam usadas técnicas estéreis, esses procedimentos podem introduzir bactérias na corrente sanguínea. O tratamento cirúrgico de feridas infectadas, abscessos (acúmulos pus) e úlceras de decúbito pode desalojar as bactérias do local infectado, causando bacteremia. Em algumas infecções bacterianas, tais como pneumonia e abscessos cutâneos , as bactérias podem entrar periodicamente na corrente sanguínea, causando bacteremia. Muitas infecções bacterianas comuns da infância causam bacteremia. Injetar drogas recreativas pode causar bacteremia, pois as agulhas usadas estão normalmente contaminadas com bactérias e as pessoas muitas vezes não limpam sua pele de forma adequada. Sintomas de bacteremia Geralmente, a bacteremia que resulta de eventos comuns, tais como procedimentos dentários, é temporária e não causa sintomas. A bacteremia que resulta de outros quadros clínicos pode causar febre. Se pessoas com bacteremia apresentarem febre, frequência cardíaca rápida, calafrios, pressão arterial baixa, sintomas gastrointestinais (como dor abdominal, enjoo, vômito e diarreia), respiração rápida e/ou se tornarem confusas, elas provavelmente têm sepse ou choque séptico . Diagnóstico de bacteremia ● Cultura de uma amostra de sangue Se houver suspeita de bacteremia, sepse ou choque séptico, os médicos geralmente coletam uma amostra de sangue para que possam cultivar (fazer uma cultura ) a bactéria no laboratório e identificá-la. Se necessário, os médicos podem tentar cultivar as bactérias a partir de outras amostras (como urina ou escarro). Tratamento de bacteremia ● Antibióticos 4. Sobre o choque séptico, responda: Conceito, fisiopatologia, causa, quadro clínico, diagnóstico e conduta. O choque é uma condição de falência circulatória ameaçadora à vida devido à distribuição inadequada de oxigênio. Pode então ser definido como um desequilíbrio entre a oferta e a demanda de oxigênio, produzindo assim, hipóxia celular e tecidual. Os efeitos do choque são reversíveis inicialmente, mas rapidamente se tornam irreversíveis, levando à síndrome de disfunção de múltiplos órgãos. Logo, fica evidente que quanto mais precocemente for instituída a terapia, melhor será o prognóstico para o paciente. Segundo a SSC, choque séptico é definido pela presença de hipotensão não responsiva à utilização de fluídos, independente dos valores de lactato. A SSC não adotou o novo conceito de choque, que exige a presença concomitante de lactato acima do valor de referencia mesmo após reposição volêmica inicial. FISIOPATOLOGIA A patogênese do choque séptico não é totalmente compreendida. Um estímulo inflamatório (p. ex., uma toxina bacteriana) desencadeia a produção de mediadores pró-inflamatórios, incluindo o fator de necrose do tumor (FNT) e (IL)-1. Essas citocinas causam adesão de neutrófilos a células endoteliais, ativam o mecanismo de coagulação e geram microtrombos. Eles também liberam inúmeros outros mediadores, incluindo leucotrienos, lipoxigenase, histamina, bradicinina, serotonina e IL-2. Eles sofrem oposição de mediadores anti-inflamatórios, como IL-4 e IL-10, resultando em um mecanismo de feedback negativo. Inicialmente, artérias e arteríolas se dilatam, diminuindo a resistência arterial periférica; tipicamente, o débito cardíaco aumenta. Esse estágio foi denominado “choque quente”. Depois, o débito cardíaco pode diminuir,a pressão arterial cai (com ou sem aumento da resistência periférica) e aparecem características típicas de choque. Mesmo no estágio de débito cardíaco aumentado, mediadores vasoativos fazem com que o sangue se desvie das redes capilares (um defeito distributivo). O fluxo capilar precário decorrente dessa derivação, juntamente com a obstrução capilar por microtrombos, diminui a entrega de oxigênio e reduz a capacidade de remoção de dióxido de carbono e produtos de excreção. A perfusão diminuída causa disfunção e, às vezes, falência de um ou mais órgãos, incluindo rins, pulmões, fígado, encéfalo e coração. Coagulopatia pode se desenvolver em consequência de coagulação intravascular com consumo dos principais fatores de coagulação, excessiva fibrinólise em reação a isso e, mais frequentemente, uma combinação de ambos. ---------------- Os agentes causadores da infecção são produtores de toxinas que induzem à produção de mediadores inflamatórios como interleucinas, bem como a síntese de óxido nítrico. Essas substâncias têm uma potente ação vasodilatadora. Essa resposta inflamatória é crucial para o combate a infecções locais, e a vasodilatação local não causa grandes prejuízos. No entanto, em uma infecção acometendo todo o organismo, uma vasodilatação generalizada diminui a RVP e, consequentemente a PA e a PEC. Além disso, a venodilatação causa a diminuição da pré-carga e do retorno venoso, diminuindo o débito cardíaco. Como resultado, há a ativação da resposta simpática (o que explica a taquicardia nos estágios iniciais deste choque), porém tal resposta não consegue reverter a vasodilatação, uma vez que a microcirculação se encontra seriamente afetada. Os mediadores inflamatórios liberados durante a sepse condicionam também um aumento da permeabilidade vascular. Isso resulta numa perda de plasma para os espaços intersticiais, além de uma perda concomitante de proteínas. Essa última diminui a pressão coloidosmótica nos capilares e induz a uma perda ainda maior de plasma, agravando o choque. Além disso, as endotoxinas podem atuar comoum veneno metabólico, intoxicando a musculatura lisa das arteríolas e produzindo uma vasodilatação generalizada e refratária a qualquer mecanismo compensatório e tratamento. Isso faz do choque séptico uma das principais causas de óbito nas unidades de terapia intensiva QUADRO CLÍNICO Os achados que levantam a suspeita para choque são: hipotensão, taquicardia, oligúria, alteração no estado mental, taquipneia, pele fria, pegajosa, cianótica, aumento do tempo de enchimento capilar (TEC), acidose metabólica e hiperlactatemia. A hipotensão ocorre nos pacientes com choque podendo ser absoluta (quando a pressão sistólica é < 90mmHg e a pressão arterial média é < 65 mmHg), A taquicardia é o sintoma compensatório mais precoce nos pacientes com choque. A taquipneia é um mecanismo compensatório precoce também, em especial nos pacientes que já apresentam acidose metabólica. As alterações mentais ocorrem por: perfusão cerebral pobre ou encefalopatia, começando com agitação e pode evoluir para confusão ou delirium, e mais gravemente para obnubilação e coma. DIAGNÓSTICO A avaliação começa na suspeição do estado de choque, ou seja, é aquele paciente que manifesta alguns sinais e sintomas sugestivos dessa condição clínica. Após confirmado o estado de choque, e a estabilização clínica, inicia-se uma investigação para descobrir qual é o fator desencadeante. Logo, após a história clínica e o exame físico, podem ser solicitados alguns exames, como: eletrocardiograma, laboratório (lactato sérico, função hepática e renal, enzimas cardíacas e peptídeo natriurético atrial, hemograma, estudo coagulação e D-dímero e gasometria arterial) TRATAMENTO A abordagem inicial dos pacientes com hipotensão/choque indiferenciado é baseada em uma abordagem multidisciplinar, sempre que possível. • A via aérea deve ser estabilizada e o acesso venoso deve ser garantido, para que os pacientes possam ser tratados imediatamente com líquidos (cristaloides) para restaurar a perfusão tecidual. • Os pacientes devem ser constantemente avaliados (monitoração) quanto à necessidade de alguma intervenção imediata ou precoce, para que as terapias salva-vidas possam ser instituídas prontamente. • Depois de estabilizados os pacientes devem passar por uma “pesquisa” minuciosa, para que seja determinada a causa do choque. Suporte hemodinâmico No geral, o suporte hemodinâmico ao paciente com choque inespecífico é – fluidos intravenosos e vasopressores, com o intuito de manter a pressão arterial média em torno de 65 – 70 mmHg. Inicialmente faz a utilização dos fluidos e quando eles não são efetivos administra-se os vasopressores. • Fluidos intravenosos: São as medidas de primeira linha nos pacientes com hipotensão e choque indiferenciados. É preferível que a administração dos fluidos seja feita em bólus, como por exemplo 500 – 1000 mL, até que a pressão arterial e a perfusão tecidual sejam aceitáveis. • Vasopressores: Os vasopressores são drogas frequentemente requeridas nos pacientes com choque, pois a ressuscitação volêmica não consegue estabelecer níveis aceitáveis de PA e perfusão tecidual. file:///C:/Users/ayume/Downloads/2403-Manuscrito%20sem%20identifica%C3%A7%C3%A3 o%20dos%20autores-16853-1-10-20171016.pdf 5. Compreender a resposta do organismo frente a infecções graves? A resposta imune tem papel fundamental na defesa contra agentes infecciosos e se constitui no principal impedimento para a ocorrência de infecções disseminadas, habitualmente associadas com alto índice de mortalidade. É também conhecido o fato de que, para a quase-totalidade das doenças infecciosas, o número de indivíduos expostos à infecção é bem superior ao dos que apresentam doença, indicando que a maioria das pessoas tem condições de destruir esses microorganismos e impedir a progressão da infecção. Em contraste, as deficiências imunológicas, sejam da imunidade inata (disfunções de células fagocíticas e deficiência de complemento) ou da imunidade adaptativa (deficiência de produção de anticorpos ou deficiência da função de células T), são fortemente associadas com aumento de susceptibilidade a infecções. Embora a resposta imune seja fundamental para a defesa contra a maioria de agentes infectantes, têm sido acumuladas nos últimos anos evidências de que em muitas doenças infecciosas os principais aspectos patológicos não estão relacionados com uma ação direta do agente agressor, mas sim com uma resposta imune anormal. Em muitas dessas situações existe uma reação de hipersensibilidade com resposta imune exagerada e não modulada que tem como conseqüência dano tecidual. Em outros casos, agentes infecciosos, seja por mimetizar antígenos próprios, por induzir proliferação de células auto-reativas ou por aumentar nas células infectadas a expressão de moléculas de MHC e moléculas co-estimulatórias, podem desencadear doenças auto-imunes Tanto as barreiras naturais como o sistema imunológico defendem o corpo contra os organismos que podem provocar infecção. O sangue O corpo também se defende contra infecção aumentando o número de determinados tipos de glóbulos brancos (neutrófilos e monócitos ), que se encarregam de absorver e destruir os micro-organismos que invadem o corpo. Esse aumento pode ocorrer no espaço de várias horas, em grande parte devido à liberação de glóbulos brancos do sangue a partir da medula óssea, onde são produzidos. A quantidade de neutrófilos aumenta primei ro. Quando a infecção persiste, aumenta a quantidade de monócitos. O corpo carrega glóbulos brancos do sangue aos locais das infecções. O número de eosinófilos , outro tipo de glóbulos brancos, aumenta em reações alérgicas e com várias infestações parasitárias, mas, normalmente, isso não acontece com as infecções bacterianas. https://www.msdmanuals.com/pt/casa/doen%C3%A7as-imunol%C3%B3gicas/biologia-do-sistema-imunol%C3%B3gico/imunidade-inata#v778667_pt https://www.msdmanuals.com/pt/casa/doen%C3%A7as-imunol%C3%B3gicas/biologia-do-sistema-imunol%C3%B3gico/imunidade-inata#v778656_pthttps://www.msdmanuals.com/pt/casa/doen%C3%A7as-imunol%C3%B3gicas/biologia-do-sistema-imunol%C3%B3gico/imunidade-inata#v778676_pt Porém, certas infecções, tais como febre tifoide , infecções virais e infecções bacterianas que sobrecarregam o sistema imunológico, podem levar a uma diminuição do número de glóbulos brancos do sangue. Inflamação Qualquer lesão, incluindo uma invasão de micro-organismos, provoca inflamação na área afetada. A inflamação, uma reação complexa, é o resultado de diferentes circunstâncias. O tecido danificado libera substâncias que causam a inflamação e que direcionam o sistema imunológico para fazer o seguinte: ● Envolver a área ● Atacar e matar invasores ● Descartar tecidos mortos e danificados ● Começar o processo de reparo Todavia, a inflamação pode não ser capaz de controlar grandes quantidades de micro-organismos. Durante a inflamação, o suprimento de sangue aumenta, ajudando a transportar células imunológicas para a área infectada. Devido ao aumento do fluxo sanguíneo, uma área infectada próxima à superfície do corpo fica vermelha e quente. As paredes dos vasos sanguíneos tornam-se mais porosas, permitindo que o líquido e os glóbulos brancos do sangue passem para o tecido afetado. O aumento de líquido faz com que o tecido inflamado inche. Os glóbulos brancos do sangue atacam a invasão de micro-organismos e liberam substâncias que continuam com o processo de inflamação. Existem outras substâncias que desencadeiam a coagulação nos diminutos vasos (capilares) da área inflamada, retardando a propagação dos micro-organismos que provocam a infecção e suas toxinas. Muitas das substâncias produzidas durante a inflamação estimulam os nervos, provocando dor. As reações a substâncias liberadas durante a inflamação incluem arrepios, febre e dores musculares que comumente acompanham a infecção. https://www.msdmanuals.com/pt/casa/infec%C3%A7%C3%B5es/infec%C3%A7%C3%B5es-bacterianas-bact%C3%A9rias-gram-negativas/febre-tifoide Resposta imunológica Durante a evolução de uma infecção, o sistema imunológico também responde produzindo várias substâncias e agentes que têm como objetivo o ataque específico aos micro-organismos invasores ( Imunidade adquirida ). Alguns exemplos são ● Células T matadoras (um tipo de glóbulo branco) que podem reconhecer e matar o micro-organismo invasor ● Anticorpos que têm por alvo o micro-organismo invasor específico Os anticorpos aderem aos micro-organismos e os imobilizam. Eles os matam diretamente ou ajudam os neutrófilos a reconhecê-los e a matá-los. A forma como o sistema imunológico defende o corpo contra cada micro-organismo depende, em parte, da constituição genética da pessoa. Febre O aumento da temperatura corporal constitui uma resposta de proteção perante a infecção e a lesão. Uma elevação da temperatura corporal (febre ) melhora os mecanismos de defesa do organismo, embora possa causar desconforto. Uma parte do cérebro chamada hipotálamo controla a temperatura corporal. A febre é consequência do reajuste do termostato do hipotálamo. Ao aumentar a temperatura corporal, o sangue se desloca da superfície da pele até o interior do corpo, reduzindo a perda de calor. Podem ocorrer arrepios (calafrios) para aumentar a produção de calor através da contração muscular. Os esforços do organismo para conservar e produzir calor continuam até o sangue chegar ao hipotálamo na nova temperatura mais elevada. A nova temperatura mais alta é então mantida. Depois, quando o termostato volta ao seu nível normal, o corpo elimina o excesso de calor por meio do suor e do desvio do sangue até à pele. https://www.scielo.br/j/abd/a/3VZ9Fz6BH9HDGnPhkN3Ktbd/?lang=pt 6. Discorra sobre a ITU (Conceito, fisiopatologia, causa, quadro clínico, diagnóstico e conduta). https://www.msdmanuals.com/pt/casa/doen%C3%A7as-imunol%C3%B3gicas/biologia-do-sistema-imunol%C3%B3gico/imunidade-adquirida https://www.msdmanuals.com/pt/casa/doen%C3%A7as-imunol%C3%B3gicas/biologia-do-sistema-imunol%C3%B3gico/imunidade-adquirida#v778756_pt https://www.msdmanuals.com/pt/casa/doen%C3%A7as-imunol%C3%B3gicas/biologia-do-sistema-imunol%C3%B3gico/imunidade-adquirida#v778784_pt https://www.msdmanuals.com/pt/casa/infec%C3%A7%C3%B5es/biologia-das-doen%C3%A7as-infecciosas/febre-em-adultos È a formação de cálculos no sistema urinário: ● rim ● ureter ● bexiga ● uretra EPIDEMIOLOGIA Trata-se de uma das doenças mais frequentes do trato urinário ( de 1 a 5% da população adulta dos países industrializados ) , com recorrência de 50% em 5 anos e maior incidência entre 3° e 4° décadas. Ocorre à proporção de 3 homens para cada mulher. Os fatores epidemiológicos mais conhecidos são : climáticos , ocupacionais, dietético e hereditário FISIOPATOLOGIA Apresenta 2 tipos de cristais (mono-hidratado e o di-hidratado), que diferem na sua morfologia e em propriedades. O fosfato de cálcio tem diferentes composições, a mais comum a hidroxiapatita. Tipos de cálculos Fatores etiológicos Oxalato de cálcio -Supersaturação urinária de cálcio por ● perda renal ● absorção renal ● reabsorção óssea Fosfato de cálcio PH urinário alcalino,hipercalciúria Carbonato de cálcio Hipercalciúria Àcido úrico Hipercalciúria Cistina Cistinúria Estruvita Urina alcalina produzida por bactérias desdobradas de ureia Matriz Urina alcalina produzida por bactérias desdobradas de ureia Com alimentação normal, ingere-se 1g de cálcio por dia, e 25% deste são absorvidos ativamente pelo intestino (duodeno e jejuno proximal) com o auxílio da vitamina D. Em contrapartida , 10g de cálcio são filtrados no rim , dos quais 98% são reabsorvidos pelos túbulos renais. Esse equilíbrio é mantido pela regulação do cálcio sérico controlado pelo Paratormônio (PTH) , por meio da mobilização do cálcio ósseo. O mecanismo de formação do cálculo implica um estado de supersaturação de solutos (sais formadores de cálculos, como oxalato de cálcio) associado a certas condições (PH e temperatura) que levam a precipitação de cristais sobre uma base que pode ter características bioquímicas semelhantes ou uma base de características bioquímicas diferentes e ou sobre cristais. Como exemplos de nucleação heterogênea , tem-se as moléculas de oxalato de cálcio depositando-se sobre fragmentos de células epiteliais descamadas ou cálculos de oxalato de cálcio que frequentemente contém moléculas de ácido úrico. A adição de moléculas do mesmo soluto denomina-se crescimento do cristal, quando ocorre a adesão de 2 ou mais núcleos em crescimento, chama-se agregação do cristal. A cristalização do soluto não costuma ocorrer em condições normais, pois o organismo possui substâncias que inibem esse mecanismo, denominados inibidores da cristalização. Estes atuam ligando-se aos solutos ou aumentando o solvente (diluindo o soluto) . Para ocorrer a litogênese , os inibidores de cristalização urinária geralmente estão com níveis abaixo do necessário. A água é um grande inibidor da formação de cálculos , pois, quando ingerida em grande quantidade , aumenta o solvente. O citrato liga-se ao cálcio , e o magnésio ao oxalato. Também são inibidores da cristalização as proteínas de Tamm-Horsfall, nefrocalcina e uropontina. Matriz é uma mucoproteína não cristalina geralmente associada ao cálculo renal. Em pacientes não formadores de cálculo renal , essas substâncias atuam como inibidor da cristalização , mas em formadores de cálculos serve como base para deposição dos cristais. Cálculo de matriz puro é visto somente em associação a infecção por Proteus mirabilis. Disfunção tubular renal pode ser importante fator na formação do cálculo. O crescimento do cristal inicia-se no túbulo coletor distal e gradualmente , ocorre a extrusão para o sistema coletor , tornando-se um cálculo urinário O processo físico de formação de cálculos compreende uma cascata complexa de eventos que ocorrem quando o filtrado glomerular atravessa o néfron. Ele começa com uma urina que se torna supersaturada em relação aos sais formadores de cálculo, de modo que íonsdissolvidos ou moléculas se precipitam para fora da solução e formam cristais ou núcleos. Após sua formação, os cristais podem fluir com a urina ou ficar retidos no rim em pontos de ancoragem que promovem crescimento e agregação, finalmente levando à formação de cálculo. Na urina, apesar de os produtos de concentração dos componentes salinos formadores de cálculos, como o oxalato de cálcio, ultrapassarem o produto de solubilidade, não ocorre necessariamente cristalização devido à presença de inibidores e outras moléculas que permitem que maiores concentrações de oxalato de cálcio sejam mantidas em solução antes que ocorra precipitação ou cristalização. Nesse estado de saturação, a urina é considerada metaestável em relação ao sal. Na urina humana normal, a concentração de oxalato de cálcio é quatro vezes maior que sua solubilidade em água. Os fatores urinários que favorecem a formação de cálculos incluem baixo volume e citrato, enquanto um aumento de cálcio, oxalato, fosfato e ácido úrico aumenta a supersaturação de oxalato de cálcio. Quando o produto de concentração do oxalato de cálcio ultrapassa o produto de solubilidade, existe a possibilidade de cristalização. Contudo, na presença de inibidores urinários e outras substâncias, a precipitação do oxalato de cálcio ocorre apenas quando a supersaturação excede a solubilidade em sete a 11 vezes. Locais de impactação (local em que o cálculo impacta e para obstruindo o caminha) ● junção uretopélvica ● vasos ilíacos ● junção ureterovesical QUADRO CLÍNICO Obstrução aguda ● cólica nefrética : dor em flanco/lombra ● irradiação para - fossa ilíaca - escroto/grandes lábios ● hematúria ● náuseas ● vômitos ● infecções Processo da DOR Obstrução aguda gera dilatação da via excretora → diminuição da taxa de filtração glomerular acaba ocasionando uma isquemia renal (tromboxano A2 que gera vasoconstrição) → espasmo da via excretora na tentativa de vencer o obstáculo que piora por estimular o reflexo vaga → por isso o uso de anti espasmódico → é mais útil tirar a dor do paciente do que fazer uso de antiémetico, diminuindo a dor se tem a diminuição do reflexo vagal → USG não encontra cálculos no ureter DIAGNÓSTICO A avaliação metabólica demonstra a etiologia da litíase em 90% dos pacientes. A passagem de 1 único cálculo pela via urinária sugere a avaliação com dosagem sérica de cálcio, fósforo e ácido úrico, além da dosagem urinária de 24 horas de creatinina, cálcio, fósforo , ácido úrico e oxalato. Pacientes com alguma anormalidade nesses exames devem ser avaliados com mais detalhes Avaliação Metabólica ● Avaliação inicial Em indivíduos com dieta normal , são dosados na urina 24 horas , creatinina , cálcio , fósforo , ácido úrico , oxalato e citrato. Associados ao PH e ao volume urinário total , dosagem sérica de cálcio , creatinina , fósforo e ácido úrico também são pesquisados. ● Restrição dietética Os pacientes são submetidos a dieta pobre em cálcio (400mg) e sódio (100mEq) por 1 semana. Após esse período, faz-se nova coleta de exames ● Sobrecarga de cálcio Após a ingestão de água somente no período da noite, o paciente vai ao laboratório as 7 da manhã. Após desprezar a urina da noite , é coletada a da 7 as 9 horas. O paciente recebe 1g de gluconato de cálcio oral as 9 horas e é coleta a urina das 9 as 13 horas. TRATAMENTO 1° linha ● AINEs (antiinflamatórios) ● analgésicos simples 2° linha ● antiespasmódico ● opióides Tratamento conservador È utilizado em cálculos de até 1cm → se utiliza uma terapia EXPULSIVA - uso de alfa-bloqueador = TANSULOSINA - em período de 4 semanas Fatores complicadores do TRATAMENTO ● infecções → é uma contraindicação para atuar no cálculo, paciente deve ser desobstruído com um duplo J e aí a infecção vai ser tratada e controlada e em um segundo momento você trata o cálculo → pode gerar sepse ● gravidez ● anúria 7. Identificar os fatores predisponentes da infecção urinária? A infecção do trato urinário (ITU) consiste na proliferação de microrganismos no trato urinário. Normalmente já existem microrganismos no trato urinário, todavia algumas situações podem acarretar em uma proliferação exacerbada deles ou a infecções de outros microrganismos patógenos, contribuindo para a instalação de uma ITU (RAMOS GC, et al., 2016). A ITU é um quadro infeccioso muito prevalente entre a população mundial, e estima-se que 86% das pessoas já tenham sofrido com alguma ITU ao longo da vida, especialmente a população feminina, devido a sua anatomia uretral ser mais curta que o comprimento da uretra masculino, e consequentemente os patógenos podem colonizar mais facilmente a bexiga e o espaço uretral . Os hábitos de vida e higiene estão relacionados ao surgimento de ITU. Em países subdesenvolvidos como a Angola, a população por ter menos acesso ao saneamento básico e as informações de saúde têm provavelmente 53% de chances de contraírem o quadro infecioso do que a população de países desenvolvidos como a Inglaterra, que a população tem mais acesso à educação em saúde, e as ações e serviços de promoção e proteção da saúde. Os principais fatores de risco para infecções no trato urinário (ITU) identificados foram relacionados ao uso de cateteres vesical, especialmente os de demora, práticas sexuais desprotegidas, aumento da idade, urina com pH alcalino, infecção genital, resistência a antibióticos, má higienização das regiões perianal e vaginal ou excesso de higiene nessas áreas, diabetes mellitus e a hiperglicemia, e mulheres pois essa possuem a uretra encurtada em relação a uretra masculina, e sofrem muitas alterações hormonais durante a gravidez file:///C:/Users/ayume/Downloads/5812-Artigo-65971-1-10-20210131.pdf 8. Quais são cuidados imediatos e essenciais no choque distributivo? Choque distributivo é caracterizado pela diminuição da resistência vascular sistêmica associada ao aumento compensatório, porém insuficiente , do débito cardíaco. Ocorre distribuição irregular do fluxo sanguíneo , levando a inadequada perfusão tecidual. Algumas regiões recebem fluxo em excesso , enquanto outras são mal perfundidas. CAUSAS ● choque séptico em fase inicial ● choque anafilático ● choque neurogênico ● complicações secundárias ao uso de drogas vasodilatadoras A abordagem correta do choque é essencial para a prevenção de falência cardiopulmonar e da parada cardiorespiratória. Se não for tratado adequadamente ou se mantido por tempo prolongado , o paciente evolui para disfunção orgânica múltipla e morte. A abordagem inicial da insuficiência circulatória segue a aparência,circulação,abrir vias aéreas,boa respiração priorizando: - Ressuscitação volumétrica , com obtenção de dois acessos venosos seguros - uso de suporte farmacológico ao sistema cardiovascular - manutenção de via aérea pérvia - maximização da oferta de oxigênio - tratamento da causa https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/3800.pdf 9. Identificar os critérios que classificam/sugerem internações em UTI? A Sociedade Americana de Terapia Intensiva (SCCM) elaborou critérios para admissão da UTI, com a finalidade de priorizar, no processo de triagem, a internação dos pacientes que mais se beneficiarão do tratamento intensivo e para melhorar alocação dos recursos disponíveis. Sendo assim, os pacientes são divididos em quatro prioridades para internação, ou seja, prioridade 1 - pacientes graves, instáveis, que necessitam de tratamento intensivo e monitorização em UTI, até prioridade 4 - pacientes sem indicação de admissão em UTI, por estarem muito bem ou muito mal para se beneficiarem do tratamento na terapia intensiva. Dessa forma, faz-se necessário racionalizar uma conduta para admissão de pacientes em UTI, principalmente quando os leitos são escassos. Isso torna muitas vezes a escolha de pacientes direcionada aos mais graves com múltiplas disfunções e poucas possibilidades de tratamento, fato que limita a monitorização em pacientes com potenciais riscos que acabam sendo atendidos tardiamente em piores condições. Portanto, os critérios sugeridospela SSCM podem auxiliar neste problema, pois são de fácil implementação e tem caráter mais objetivo aos utilizados na prática clínica, que habitualmente seguem o modelo por gravidade, estes muitas vezes se baseiam em cálculos matemáticos complexos ou em avaliações muito subjetivas. Então, o objetivo do presente estudo foi correlacionar o processo de triagem de pacientes para admissão em UTI com os critérios sugeridos pela SCCM 3 e definir quais os fatores relacionados com a recusa para admissão na terapia intensiva de um hospital público terciário. QUEM E QUANDO ADMITIR Pacientes com quadro clínico agudo ou crônico agudizado reversível que se beneficiem de monitorização e tratamento intensivos, que não o poderiam receber na enfermaria. Estes pacientes geralmente apresentam falência da função de um ou mais órgãos e devem ser admitidos antes da lesão estar instalada em caráter de irreversibilidade. Importante mencionar que idade ou pontuação elevada no cálculo de escore de gravidade, isoladamente, não são fatores para contraindicar a admissão em UTI. Levar em consideração sempre o diagnóstico do paciente, idade, gravidade da doença, comorbidades, reserva fisiológica, prognóstico, disponibilidade de tratamento adequado, resposta às medidas empregadas até o momento, parada cardiorrespiratória recente, diretivas antecipadas e a vontade do próprio paciente. MODELO DE PRIORIDADES Prioridade 1: Criticamente doentes, instáveis, necessitando de monitorização e tratamento intensivos que não podem ser oferecidos fora da UTI. Entre os suportes necessários estão incluídos o ventilatório, hemodinâmico (uso de drogas vasoativas) etc. Pacientes em Prioridade 1 geralmente não possuem limites a terapêutica a ser recebida. Exemplos: politraumatizados, insuficiência respiratória aguda, choque hemodinâmico. Prioridade 2: Estes pacientes requerem monitorização intensiva e podem potencialmente demandar intervenção imediata. Geralmente não há limitação terapêutica estipulada para estes pacientes. Exemplos: pacientes com doenças crônicas agudizadas. Prioridade 3: Estes pacientes instáveis são doentes críticos, porém a probabilidade de recuperação é reduzida devido à doença de base ou gravidade da doença atual. Eles podem se beneficiar da terapia intensiva para aliviar o quadro agudo, mas pode haver algum grau de limitação de esforços. Exemplos: choque séptico em paciente com neoplasia maligna metastática. Prioridade 4: São pacientes que geralmente não têm indicação de admissão em UTI. Os casos devem ser analisados individualmente e em algumas situações pode ocorrer a internação. Eles podem ser classificados em duas categorias: A. Pouco ou nenhum benefício em receber cuidados intensivos devido à baixa complexidade de sua condição (estão muito bem para beneficiar de cuidados intensivos). Exemplos: cirurgia vascular periférica, cetoacidose diabética estável. B. Pacientes em condições terminais e irreversíveis em morte iminente (muito graves para se beneficiar da UTI). Exemplos: estado vegetativo persistente, diretivas antecipadas. MODELO DE PARÂMETROS OBJETIVOS Sinais vitais: • Frequência cardíaca < 40 ou > 150 bpm; • PAs < 80 mmHg ou 20 mmHg abaixo do normal para o paciente; • PAm < 60 mmHg; • PAd > 120 mmHg; • FR > 35 irpm. Parâmetros laboratoriais (diagnóstico recente): • Na sérico < 110 mEq/L ou > 170 mEq/L; • K sérico < 2,0 mEq/L ou > 7,0 mEq/L; • PaO2 < 50 mmHg; • pH < 7,1 ou > 7,7; • Glicose sérica > 800 mg/dL; • Ca total sérico > 15 mg/dL; • Nível tóxico de droga ou substância em paciente instável hemodinamicamente ou com comprometimento neurológico. Exames de imagem (Rx, USG, TC – diagnóstico recente): • Hemorragia vascular cerebral, contusão, HSA com alteração de estado mental ou sinais focais; • Ruptura de intestinos, bexiga, fígado, varizes esofagianas ou uterina com instabilidade hemodinâmica; • Aneurisma dissecante da aorta. Eletrocardiograma: • Infarto do miocárdio com arritmias complexas, instabilidade hemodinâmica ou falência cardíaca congestiva; • Taquicardia ventricular sustentada ou fibrilação ventricular; • Bloqueio atrioventricular total com instabilidade hemodinâmica. Achados de exame físico (início agudo): • Pupilas anisocóricas em paciente inconsciente; • Queimaduras corporais > 10% da superfície corporal; • Anúria; • Obstrução de vias aéreas; • Coma ou convulsões contínuas; • Cianose; • Tamponamento cardíaco. http://www.hu.ufsc.br/setores/medicina-intensiva/wp-content/uploads/sites/35/2016/03/Proto colo-Admiss%C3%A3o-UTI-2016.pdf http://www.hu.ufsc.br/setores/medicina-intensiva/wp-content/uploads/sites/35/2016/03/Protocolo-Admiss%C3%A3o-UTI-2016.pdf http://www.hu.ufsc.br/setores/medicina-intensiva/wp-content/uploads/sites/35/2016/03/Protocolo-Admiss%C3%A3o-UTI-2016.pdf https://www.scielo.br/j/ramb/a/fGTcvwXKZdW4QMmDh6LgLFF/?format=pdf&lang=pt 10. MINTI
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