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BARROCO I Padre Antônio Vieira AULA 10 Flagelação de Cristo João Batista no deserto A morte da Virgem Michelangelo Merisi da Caravaggio O Barroco é a expressão artística de uma época marcada por contradições e dúvidas existenciais: o século XVII . Este estilo de época é também nomeado de Seiscentismo. CONTEXTO HISTÓRICO AULA 10 2 Os valores antropocêntricos renascentistas tinham passado por extraordinário desenvolvimento no período anterior, o que preocupava a Igreja de Roma, que ainda controlava a vida educacional europeia. Além disso, a Reforma Protestante vinha abalar ainda mais as estruturas católicas. Os reformistas pretendiam, basicamente, a diminuição do poder do Papa, pregando a livre leitura da Bíblia e o retorno à simplicidade dos apóstolos. CONTEXTO HISTÓRICO AULA 10 3 A reação a essas ameaças se concretizou na chamada Contrarreforma Católica, conjunto de medidas tomadas pela Igreja Católica, para tentar diminuir o crescimento do reformismo protestante no continente europeu. CONTEXTO HISTÓRICO AULA 10 4 Para tentar barrar o avanço do protestantismo, após a Reforma Protestante, o Papa Paulo III convocou um concílio para a cidade italiana de Trento. O Concílio de Trento foi realizado entre os anos de 1545 e 1563. Vários assuntos foram discutidos e várias ações entraram em execução. CONCÍLIO DE TRENTO AULA 10 5 A Santa Inquisição passou a ser utilizada como instrumento de perseguição dos reformistas, tratados como hereges. Tinha como objetivo vigiar, perseguir, prender e punir aqueles que não estavam seguindo a doutrina católica. Milhares de protestantes, judeus e integrantes de outras religiões foram perseguidos e punidos pelo Tribunal do Santo Ofício. INQUISIÇÃO AULA 10 6 Índice de Livros Proibidos (Index Librorium Proibitorium) Relação de livros contrários aos dogmas e ideias defendidas pela Igreja Católica. Os livros apreendidos eram queimados. Quem fosse pego com materiais deste tipo receberia punições severas. Vários escritores, muitos deles cientistas, foram presos e condenados por escreverem livros com ideias não aceitas pelos católicos. Era uma forma de barrar o avanço de outras doutrinas e manter o controle cultural nas mãos da Igreja Católica. AULA 10 7 Oficialização da Companhia de Jesus Os integrantes desta companhia eram os jesuítas. Estes foram encaminhados aos continentes africano, americano e asiático. Tinham como objetivo principal transformar os nativos em novos católicos, através da catequização (ensino da língua portuguesa, doutrina católica e hábitos europeus). Os índios brasileiros foram catequizados por jesuítas como, por exemplo, Padre Manoel da Nobrega e José de Anchieta. AULA 10 8 Em Portugal, esse quadro crítico foi agravado pelo desaparecimento do rei D. Sebastião, em 1578. O rei Felipe da Espanha, aproveitando-se do fato de o rei desaparecido não ter deixado herdeiros, utilizou-se da supremacia militar para dominar Portugal, estabelecendo a União Ibérica, que durou de 1580 a 1640. UNIÃO IBÉRICA AULA 10 9 O Barroco é a arte das contradições. Isso acontece pelo fato de o estilo ter resultado do choque entre duas concepções culturais diferentes: O antropocentrismo que ele herdou do Renascimento, e o teocentrismo que a Igreja tentava reafirmar através da Contrarreforma. Arte das contradições AULA 10 10 A dualidade barroca caracteriza-se pelas antíteses do claro e escuro, do certo e errado, do bem e do mau, do terreno e do divino, o exagero das emoções e pensamentos, o retratação de um povo perdido entre uma antiga cultura, ligada à fé e a busca pela salvação da alma herdada do período medieval, e uma nova cultura que vinha se desenvolvendo, ligada a um maior materialismo e cientificismo tomando impulso com o desenvolvimento industrial. Arte das dualidades AULA 10 11 A contradição entre antropocentrismo e teocentrismo desdobra-se, na temática barroca, impressa na oposição entre a materialidade e a espiritualidade. Materialidade x espiritualidade AULA 10 12 Para o homem do Barroco, as certezas absolutas alimentadas com tanto otimismo pelo período anterior, o Renascimento, perdem o sentido. Ao equilíbrio clássico sucede, então, uma situação de desequilíbrio e instabilidade. A angústia existencial toma conta do ser humano e aparecerá como fonte inesgotável do pessimismo que o Barroco tematiza. ANGÚSTIA EXISTENCIAL - PESSIMISMO AULA 10 13 O cultismo se caracteriza pela utilização de linguagem mais metafórica e rebuscada, repleta de figuras de linguagem, apresentando tendência à descrição e preferência pelo jogo com as palavras e as imagens. O cultismo se preocupa com aspectos exteriores (descrições, imagens, aparências) dos objetos artísticos. CORRENTES: CULTISMO AULA 10 14 O conceptismo, por sua vez, caracteriza-se pela exposição sutil de raciocínios, privilegiando o conteúdo e manifestando preferência pelos jogos argumentativos. O conceptismo enfoca os aspectos interiores (concepções, definições, essências). CORRENTES: CONCEPTISMO AULA 10 15 As figuras de linguagem são usadas com fartura, destacando-se: a metáfora, a antítese, o paradoxo, a hipérbole e o hipérbato. Essa linguagem ornamental exige do leitor capacidade de concentração, para poder acompanhar as associações feitas pelos artistas barrocos. Figuras de linguagem AULA 10 16 A linguagem barroca é sinuosa e rebuscada, difícil na estruturação, correspondendo à ideia de um mundo instável e contraditório. Linguagem rebuscada AULA 10 17 O Padre Vieira nasceu em 1608 e morreu em 1697, tendo sido um dos maiores escritores da língua portuguesa e um dos maiores oradores da história europeia. Não foi apenas homem de púlpito, pois teve, também, grande envolvimento com a política. Sua estreia como pregador se deu em 1633, depois de dez anos de noviciado na Companhia de Jesus. PADRE ANTÔNIO VIEIRA AULA 10 18 Vieira foi pregador régio, conselheiro de D. João IV, embaixador na França, Holanda e Roma. Perseguido pelo Santo Ofício, manteve-se fiel às suas convicções. Os últimos tempos de vida, ele os passou organizando seus sermões, que preenchem cerca de 15 volumes. AULA 10 19 Ao contrário de Gregório de Matos, que colhia a substância de seus temas na vida baiana, o Padre Vieira falava aos fiéis da Bahia como se estivesse falando com o mundo, mesmo que o assunto fosse de interesse local. Há nele o arrebatamento dos grandes profetas e principalmente sabedoria concreta, capaz de associar um fato trivial a uma interpretação grandiosa, ecumênica, humanística, sem a falsa justaposição dos oradores e pensadores menores do Barroco, que faziam analogia e comparação de tudo. PADRE VIEIRA - obra AULA 10 20 O ponto de partida de seus sermões era sempre um texto da Bíblia, que ele buscava comprovar e ligar ao mundo à sua volta. Defendia as ideias contrarreformistas, atacando os protestantes com fervor irado. Apesar disso, assumiu posições que o indispuseram com a ortodoxia católica, que o combateu e perseguiu. AULA 10 21 Os pontos mais polêmicos dessas posições eram: a defesa do índio, escravizado pelos fazendeiros ou colonos; o profetismo sebastianista, que o fazia vaticinar o surgimento de um novo reino católico encabeçado por Portugal, o Quinto Império; e a defesa do direito adquirido pelos cristãos-novos (isto é, judeus supostamente convertidos ao cristianismo). AULA 10 22 Vieira recusava utilizar-se, em seus sermões, de linguagem excessivamente rebuscada. Longe de parecer uma contradição, tendo em vista o seu próprio estilo, tratava-se do estabelecimento de uma regra estética: a linguagem devia estar sempre a serviço de uma ideia e nunca perder-se no vazio, como muitos oradores faziam. Essa postura foi condenada por ele no Sermão da Sexagésima, onde afirma: AULA 10 23 A definição do Pregador é a vida, e o exemplo... Ter nome de Pregador ou ser Pregador de nome não importa nada: as ações, a vida, o exemplo, as obras, são as que convertem o mundo. O melhor conceito que o Pregador leva ao púlpito, qualcuidais que é? É o conceito que de sua vida têm os ouvintes. Antigamente convertia-se o mundo: hoje por que não se converte ninguém? Porque hoje pregam--se palavras e pensamentos, antigamente pregavam-se palavras e obras. Palavras sem obras são tiros sem bala, atiram mas não ferem... AULA 10 24 Entre os mais famosos sermões de Vieira, pode ser destacado o Sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal contra as de Holanda (1640), em que o autor se apresenta diante de Deus, contrapondo a excelência da religião católica sobre as religiões modernas de fundo protestante. Seu ponto alto está na ironia com que vai discorrendo e, ao mesmo tempo, descrevendo a posição de Deus como árbitro da futura contenda entre portugueses e holandeses. AULA 10 25 O Sermão de Santo Antônio aos peixes (1653) satiriza os vícios dos colonos, por meio de alegorias e comparações com os hábitos dos peixes. O Sermão da Sexagésima ridiculariza os exageros da escola gongórica ( = imitação exagerada e pouco criativa dos esquemas retóricos de Luís de Gôngora, poeta barroco espanhol). AULA 10 26 Seguem-se nomes de mais alguns sermões de Vieira: Sermão da Quarta-Feira de Cinzas (1653), Sermão do Mandato (1643), Sermão da Primeira Dominga da Quaresma (1653). Deixou um total de aproximadamente 200 sermões e 500 cartas de sua correspondência pessoal, além de livros, como História do futuro. AULA 10 27 • Oratória sofismática – implacável na lógica • Conceptismo • Grande domínio da LP – linguagem objetiva • Fé – Política – Visão humanística • Polêmicas: – Defesa do índio – Defesa dos cristãos-novos – Profetismo sebastianista • Sermão mais famoso: Sermão da sexagésima Pe. Vieira - caracterização AULA 10 28
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