Prévia do material em texto
Parasitas do sistema cardiovascular *nessa aula é necessário saber o ciclo biológico dos principais parasitas, com ênfase na classificação principal, forma de transmissão, localização das formas parasitarias, principais sintomas, diagnostico e profilaxia. • Wuchereria bancrofti – causadora da FILARIOSE LINFÁTICA Parasita de vasos linfáticos, vasos sanguíneos, tecido subcutâneo, cavidade peritoneal ou mesentério, e necessitam de um hospedeiro invertebrado para o seu ciclo biológico. Ciclo biológico: vermes adultos machos e fêmeas permanecem juntos nos vasos e gânglios linfáticos, vivendo, em média, 4 a 8 anos. As regiões do corpo humano, que normalmente abrigam as formas adultas são: pélvicas (atingindo pernas e escroto), mamas e braços (mais raramente). As microfilárias eliminadas pela fêmea gravida saem dos ductos linfáticos e ganham a circulação sanguínea do hospedeiro. *maturação das larvas (L1, L2, L3), a infectante é o estágio de larva L3. Essa maturação ocorre no mosquito (culex) – ela ocorre nas células do pulmão do mosquito, ou seja, se ele injetar a L1 ou L2 no humano, o ciclo não continua, pois essa larva ainda não é infectante. O culex injeta L3 no humano, durante a hematofagia, as microfilárias vão para os vasos linfáticos do hospedeiro e se desenvolvem tornando-se adultos. Após isso, vão para a corrente sanguínea e produzem mais microfilárias, que serão ingeridas por culex que vierem a picar o hospedeiro. No mosquito, ocorre o a maturação das larvas passando pelos 3 estágios, até ficar na forma infectante na glândula salivar do mosquito. Manifestações clinicas: - Adenites: os linfonodos hipertrofiados tornam-se muito sensíveis ou mesmo dolorosos (devido a resposta imunológica) e em torno das microfilárias se desenvolvem granulomas com eosinófilos e histócitos. - Linfangites: inflamação e dilatação dos vasos linfáticos formando varizes. Visíveis no começo da infecção - Linfodema: acumulo de linfa nos tecidos devido retardo de retorno venoso - Derrame linfático: cavidades serosas (peritônio) - Outras complicações: derrame de liquido nas vias urinarias (linfúria) ou mais raramente nos intestinos (linforréia) e infecções secundarias. - Eosinofilia pulmonar tropical (EPT): síndrome causada pela migração de microfilárias de W. bancrofti para o pulmão (desencadeia uma resposta inflamatória no pulmão). Origina uma doença intersticial pulmonar e aumento importante de eosinófilos. Essa manifestação resulta de uma exacerbada resposta imunológica. Diagnostico laboratorial: é geralmente realizado pela demonstração das larvas em biopsia, linfa ou sangue. **gráfico com horários mais propícios para encontrar as larvas no sangue – o melhor horário de parasitismo é de madrugada e nas primeiras horas da manhã, devido à baixa temperatura desses nesse período. DIAGNOSTICO PELA GOTA ESPESSA. As microfilárias recém liberadas no interior dos ductos e vasos linfáticos acumulam-se no interior da rede vascular sanguínea dos pulmões. Ao anoitecer as larvas aparecem na circulação sanguínea periférica e seu número aumenta progressivamente até as primeiras horas da madrugada. • Onchocerca volvulus - causador da ONCOCERCOSE. É um filarídeo do tecido subcutâneo humano, sendo encontrada em 35 países. O mosquito é o Simulium guianense, “borrachudo”. Ciclo biológico: ao fazer a hematofagia, o mosquito injeta a microfilária L3 no hospedeiro, que se diferencia em macho e fêmea no humano, elas se reproduzem e geram mais microfilárias, muitas permanecem no tecido subcutâneo (que forma um nódulo, edema) e outras podem atingem a corrente sanguínea e linfática, para terminar o ciclo. Quando na corrente sanguínea, o mosquito ingere essas microfilárias, que se desenvolve dentro do mosquito, e quando em estágio L3, volta a infectar o homem. NÓDULO: vários adultos e formas larvais. Manifestações clinicas: - Eles formam ONCOCERCOMAS: nódulos subcutâneos envolvidos por uma capsula de tecido fibroso, podendo medir desde alguns milímetros até 3cm ou mais de diâmetro. Enquanto os parasitas estão vivos, o maior problema é estético; quando esses vermes morrem, há intenso processo inflamatório, dor, calcificação e aparecimento de fibrose, pode chegar a causar necrose daquele tecido subcutâneo. - Oncodermatite: é causada, principalmente, pela migração das microfilárias através do tecido conjuntivo da pele. É uma dermatite eczematóide extremamente pruginosa seguida, as vezes, de liqueficação, perda de pigmento e atrofia da pele. Essas manifestações só ocorrem após a morte das microfilárias. - Manifestações oculares: mais seria manifestação da oncocercose. São lesões irreversíveis dos segmentos anterior e posterior do olho, levando a sério comprometimento da visão e podendo levar a cegueira completa. O diagnóstico é laboratorial por biopsia cutânea. O melhor método é a retirada de um fragmento superficial da pele ("retalho cutâneo") da região escapular elou do quadril ou da região do corpo mais afetada. Esse fragmento, retirado com um esclerótomo, é incubado por 30 minutos em gotas de solução fisiológica sobre uma lâmina de vidro e coberto com uma lamínula. Em alguns minutos, as microfilárias abandonam o fragmento de pele, sendo vistas ao microscópio movimentando-se ativamente. • Trichinella spiralis – causa uma infecção pouco comum chamada TRIQUINOSE Forma cistos em espirais na musculatura. Tropismo principal: musculatura. Ciclo biológico: larva encistada na musculatura de porcos, ratos e vários outros animais; o homem pode ser HD ou HI, larvas e os adultos localizados em diferentes órgãos. O homem entra no ciclo ao ingerir carne mal cozida dos animais infectados, ele ingere o cisto contendo larvas do parasita. No intestino ela perfura a parede e cai na corrente sanguínea. Esse parasita possui capacidade de penetração na mucosa intestinal. Ele atinge o sistema porta- hepático, corrente sanguínea, coração, pulmões, sistema arterial, qualquer órgão. Na musculatura ocorre diferenciação em macho e fêmea, ficam em espiral e começa a deposição de tecido fibroso; sua reprodução não é considerável. Ela não tem transmissão de pessoa a pessoa. Sintomas de primeiro estágio: náuseas, diarreia, vômitos, fadiga, febre, dor abdominal. Sintomas de segundo estágio: cefaleia, febre, olhos vermelho dor muscular, hemorragias e manifestações em pele (sintomas inespecíficos). Características histopatológicas: fibrose do miocárdio, infiltrado celular e necrose tissular. A patogenia da triquinelose está relacionada com os diferentes estágios do ciclo deste parasito e a carga parasitária. Durante a fase intestinal, o parasito raramente produz sintomatologia. Em infecções intensas a migração do verme através das células epiteliais e a secreção de produtos metabolizados por este parasito podem induzir uma forte reação inflamatória, que pode causar sintomas, como náusea, vomito e diarreia. Na migração das larvas recém-nascidas pela circulação sanguínea pode ocorrer o rompimento de vênulas, além de ocasionar edemas locais. Apesar do desenvolvimento das larvas ocorrer somente na musculatura esquelética, durante a migração sistêmica algumas larvas penetram em células de vários tecidos do hospedeiro, podendo causar pneumonia, nefrite, meningite, encefalite e miocardite, que podem ocasionar a morte do paciente. O encista- mento das larvas na musculatura produz intensa dor muscular, e em infecções intensas pode ocorrer dificuldades respiratórias e danos cardíacos, que podem ser fatais. Eosinófilos agem juntos na resposta imunológica contra helmintos - ocorre produção e ação de eosinófilos, que possuem grânulos tóxicos que são liberados para destruir a cutícula dos helmintos, assim atrai cada vez mais helmintos. *diferença na morte dos helmintos sozinhos e por células de defesa: uma é danosa ao corpo devido à demora das células de defesa chegarem após a morte doparasita, isso causa diversos danos e necrose de tecidos. • Toxoplasma gondii – causador da TOXOPLASMOSE Casos de doença clínica são menos frequentes (infecção crônica assintomática). Possui alta prevalência sorológica. Gestantes e imunocomprometidos são grupos de risco. *Reagudização (voltar ao estado inicial de atividade) das formas do protozoário. Ciclo biológico: possui várias formas- taquizoítos, é a forma presente na corrente sanguínea, começam a se agrupar formando uma estrutura esférica chamada de bradizoíto (presente na musculatura e na parede dos órgãos), num caso de imunossupressão ocorre a volta desses taquizoítos a corrente sanguínea (REAGUDIZAÇÃO), podendo infectar outros órgãos. O gato entra em contato com as 3 formas (taquizoítos, bradizoítos ou oocisto maduro), elas se diferenciam em merozoíto no intestino do gato, que se diferenciam, posteriormente, em macro e microgametas, que se fundem e forma o ovo, oocisto imaturo que sai para a luz intestinal. O gato defeca e elimina o oocisto imaturo nas fezes, ele fica no solo em condições favoráveis (de 10 a 12 dias) para formar o oocisto maduro (que é a forma infectante para o homem, gato, roedor). No homem ele se transforma em taquizoítos que perfuram a mucosa intestinal, atingindo a corrente sanguínea, a musculatura e outros órgãos. O ser humano adquire a infecção por três vias: ingestão de oocistos presentes em alimentos ou agua contaminadas, jardins, caixa de areia, latas de lixos ou disseminados mecanicamente por moscas, baratas, minhocas, etc; ingestão de cistos (bradizoítos) encontrados em carne crua ou mal cozida, especialmente de porco ou carneiro; congênita ou transplacentária. O homem é o hospedeiro intermediário nesse ciclo.