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AULA 5 Ortodontia I - 7º período - 2020/2 Manuella Soussa Braga DIAGNÓSTICO E PLANEJAMENTO EM ORTODONTIA O diagnóstico é fundamental para a classificação do problema e para o planejamento do tratamento. Ainda, é dado pela anamnese, avaliação clínica e exames complementares. ANAMNESE É onde se tem o primeiro contato com o paciente. Pergunta-se sobre a queixa principal e se avalia o histórico médico e dental do paciente (traumas, medicamentos etc). Ainda, faz-se uma avaliação do crescimento físico e estágio de desenvolvimento por meio de algumas perguntas: - Com que rapidez a criança tem crescido ultimamente? - O tamanho das roupas aumentaram recentemente? - Há sinais de maturação sexual? - Quando a maturação ocorreu com o irmão mais velho? + exames complementares para idade óssea Por fim, faz-se uma avaliação social e comportamental do paciente, questionando-o sobre suas expectativas e motivações (interna: quando algo o incomoda; externa: quando pessoas ao redor o motivam, mas o paciente não manifesta interesse) que influenciam completamente na cooperação do paciente durante o tratamento. AVALIAÇÃO CLÍNICA Avalia-se saúde bucal, número, tamanho e forma de dentes, sequência e posição de erupção e queixa mastigatória. Questões como a necessidade de tratamento periodontal ou de extração, por exemplo, são feitas previamente ao tratamento ortodôntico. Observa se tem algum ruído ou estalido, por exemplo. Ainda, se existe algum desvio na abertura e fechamento de boca e abertura máxima. Existem réguas descartáveis para medir essa abertura de boca. O importante é que a régua saia de zero e que não tenha um espaço entre o início da régua e o início da medição. Essa régua tem um lugar próprio para encaixar o dente facilitando a mensuração. Mede da borda incisal do inferior até a borda incisal do superior. Ao utilizar a régua convencional (reta), deve-se tomar cuidado para não incliná-la, já que a posição incorreta da régua poderia levar a uma camuflagem da medida real de abertura da boca. A borda incisal dos incisivos inferiores tem que encostar na ponta da régua (parte milimetrada). Para observar a lateralidade, também existe uma régua específica ou pode utilizar essa de abertura de boca (acima). Apoia-se na arcada inferior e pede pro paciente fazer os movimentos de lateralidade. É importante avaliar se existe alguma diferença entre RC e MIH. Pode acontecer o desvio funcional em alguns casos que é quando o paciente desvia de RC para MIH na tentativa de alcançar um posicionamento mais confortável da mandíbula (p. ex. mordida de topo para mordida cruzada). Crianças geralmente não respondem bem à manipulação da mandíbula para colocar em RC. É necessário pedir para abrir a boca, colocar a ponta da língua no palato (atrás) e pedir para ir fechando devagarinho. O ideal é que se tenha a coincidência da linha média da face com a linha média superior e inferior. O crescimento rápido durante o pico de crescimento puberal facilita a movimentação dentária. É a época mais favorável para tratamento. Avaliação da Articulação Têmporo-Mandibular O normal é uma abertura máxima de 53-58 mm. Pacientes com DTM normalmente apresentam diminuição nessa abertura (32-44 mm). Relação Cêntrica x MIH Linhas Médias AULA 5 Ortodontia I - 7º período - 2020/2 Manuella Soussa Braga O ideal é que a língua descanse sobre o palato encostando a ponta na papila incisiva (posição). Isso faz com que exista um equilíbrio de forças entre língua, lábio e músculos. Além disso, avalia-se o tamanho e tonicidade da língua. Para o freio labial, observa-se a espessura e a sua inserção. Inserções próximas à papila incisiva geralmente estão associadas a diastemas e devem ser removidas. Ao tracionar o lábio superior, uma parte desse freio fica isquêmica. A anquiloglossia (freio lingual curto) pode interferir na fala e na alimentação. Quando a criança joga a língua para frente, faz-se um formato de coração. Ortodonticamente, é indicado realizar a cirurgia de remoção dos freios na época da dentição decídua. No entanto, alguns cirurgiões indicam na época de dentição mista por conta da colaboração do paciente. AVALIAÇÃO FUNCIONAL A musculatura perioral não contrai durante uma deglutição normal, diferentemente do que acontece durante uma deglutição atípica. Uma forma de avaliar isso é colocando um palito de dente sobre o lábio inferior. Se não interferir durante a deglutição, é normal. Se interfere e força o palito, é atípica. O posicionamento da língua também é importante durante a deglutição. Uma projeção para anterior ou para lateral pode causar uma mordida aberta anterior ou lateral/posterior, respectivamente. Fonemas fricativos: S, Z Fonemas linguoalveolares: T, D, N e L Fonemas bilabiais: P, B e M Fonemas labiodentais: F e V A alteração na fala pode estar relacionada com a maloclusão. *para conseguir pronunciar os fonemas fricativos, eles precisam fazer um desvio anterior da mandíbula avaliação da postura de repouso de lábios Idealmente, o paciente não deve fazer esforço para manter os lábios fechados. Em casos como um overjet aumentado, há uma ausência de selamento labial e o lábio inferior fica entre o entre o incisivo inferior e superior. Normalmente, também há uma alteração na cor e na consistência dos lábios. Ainda, o lábio inferior tende a ficar muito úmido e invertido e o lábio superior muito seco. análise do sorriso Observa-se a exposição de incisivos e gengiva . O ideal é que a exposição de incisivosseja de 2mm abaixo ou acima da linha cervical. Em relação a assimetria do sorriso , o músculo pode contrair de forma simétrica, não simétrica ou até mesmo não contrair de algum lado. Ainda, o corredor bucal pode ser amplo (vê de canino a canino) ou estreito (vê até os posteriores). Respirador Bucal cansado olhos caídos olheira profunda sobrancelha arqueada ausência de selamento labial narinas estreitas e inclinadas para cima narinas dilatadas ao inspirar lábios abertos e hipotônicos amígdala volumosa hipertrofia de adenóide Posicionamento da Língua Avaliação dos Freios Labial e Lingual Deglutição Fonética maloclusão fonemas prejudicados motivo mordida aberta anterior fricativos e linguoalveolares ceceio anterior (escape de ar) mordida profunda ou mordida aberta lateral fricativos ceceio lateral classe II bilabiais e fricativos* overjet acentuado classe III bilabiais e labiodentais overjet negativo Atividade Muscular Respiração AULA 5 Ortodontia I - 7º período - 2020/2 Manuella Soussa Braga Além das características faciais, os respiradores bucais possuem postura corporal e postura de cabeça específicas, na tentativa de achar uma posição de respiração mais fácil: inclinação da cabeça e curvatura do ombro para frente. Ainda, esses pacientes apresentam a musculatura do temporal e do masseter fraca (ficam sem trabalhar). O posicionamento mais baixo da língua durante uma respiração bucal causa o rompimento do equilíbrio de forças, por meio de uma maior atuação do músculo bucinador, causando atresia maxilar e palato arqueado. Obstrução da Via Aérea A obstrução da via aérea pode se dar por alguns motivos, como a hipertrofia de adenóide, amígdala e cornetos, rinite alérgica etc. Hipertrofia de Adenóide Adenóide é um tecido linfóide localizado na porção posterior da nasofaringe. A hipertrofia leva a dificuldade na passagem de ar. Não é possível visualizá-la clinicamente, apenas na telerradiografia lateral, pela diminuição da distância entre palato-mole e região posterior da nasofaringe. Hipertrofia de Tonsilas Palatinas Impedem o espaço no sentido transversal. É avaliada de acordo com a Classificação de Brodsky : O estágio 3 e 4 são preocupantes. Deve-se encaminhar para o Otorrino. Índice de Mallampati Impedimento no sentido vertical. As classes III e IV são preocupantes. Um teste respiratório para avaliar a respiração nasal e comparar a obstrução de narinas é o teste de halo de vapor no espelho. A nasofibroscopia é feita pelo otorrino, mas devemos saber indicar e encaminhar. sucção digital O dedo apoiado sobre o palato faz com que haja uma projeção dos dentes superiores anteriores e inclinação dos incisivos inferiores para lingual (aumento do overjet com diminuição do ângulo nasolabial e mentolabial). O dedo também retira a língua de sua posição normal, levando-a a uma posição mais inferior. Ainda, a alteração mais frequente é uma mordida aberta anterior. sucção de chupeta Associada a uma mordida aberta anterior. onicofagia É possível avaliar o nível de ansiedade desse paciente. Dependendo do grau, pode levar a uma maloclusão. grau de obstrução das tonsilas proporção das tonsilas na orofaringe 0 tonsilas na fossa 1 tonsilas ocupam menos de 25% da orofaringe 2 tonsilas ocupam de 25 a 50% da orofaringe 3 tonsilas ocupam de 50 a 75% da orofaringe 4 tonsilas ocupam mais de 75% da orofaringe classes relação palato mole e língua I palato mole, fauce, úvula e pilares amigdalianos visíveis II palato mole, fauce e úvula visíveis III palato mole e base da úvula visíveis IV úvula totalmente invisível Hábitos Bucais Inadequados AULA 5 Ortodontia I - 7º período - 2020/2 Manuella Soussa Braga EXAME CLÍNICO EXTRA-ORAL Uma simetria ideal leva em consideração a divisão da face em 5 regiões em que a distância dos olhos é o tamanho do olho e a linha da pupila até a comissura labial é do tamanho dos lábios. As proporções faciais, no sentido horizontal, divide a face em 3 terços. O terço inferior também é dividido em mais 3 porções, sendo ⅓ superior da base do nariz ao lábio superior e os ⅔ inferiores do lábio inferior ao mento. Pacientes com Classe II possuem ângulos nasolabial e mentolabial diminuídos e pacientes com Classe III possuem esses ângulos mais abertos. EXAME CLÍNICO INTRA-ORAL Avalia-se a oclusão no sentido ântero-posterior (classificação de Angle e overjet), vertical (overbite; o ideal é que os dentes superiores cubram de ⅓ a ⅔ dos dentes inferiores) e transversal (mordidas cruzadas). EXAMES COMPLEMENTARES Registros iniciais para diagnóstico e planejamento. Inclui fotografias extra-orais (de frente relaxado, de frente sorrindo e de perfil relaxado) e intra-orais (oclusais, frente e lados direito e esquerdo), radiografia panorâmica, periapicais, interproximais e oclusais Tipos Faciais Simetria Avaliação de Perfil - Padrão Facial Ângulo Nasolabial e Mentolabial Tipos de Arco Avaliação da Oclusão AULA 5 Ortodontia I - 7º período - 2020/2 Manuella Soussa Braga É importante para avaliar sequência de erupção, ausência de germes dentários, presença de supranumerários e lesões. Verifica-se também o estágio de desenvolvimento de Nolla (até o estágio 6 é o desenvolvimento da coroa e do 7 ao 10 é o desenvolvimento da raiz). Esse conhecimento é importante, pois se extrair o decíduo antes da formação de ⅓ da raiz do permanente formada, ao invés de ajudar, vai atrapalhar a erupção. Indicada, principalmente, quando é realizada a disjunção maxilar para avaliar a formação ósseana sutura palatina. É possível avaliar o estágio de desenvolvimento do paciente por meio dessa radiografia e, mais precisamente, por meio da epífise e diáfise das falanges. Saber o estágio de desenvolvimento é importante para saber quando tratar esse paciente. (a) epífise menor que diáfise em largura (b) epífise e diáfise do mesmo tamanho (c) epífise começa a cobrir diáfise (capeamento - cap) (d) início da união (ui) + formatos ainda diferentes (e) união total (ut) + linha que distingue os dois (f) osso único Com relação aos estágios epifisários das falanges e rádio, ou seja, em que ocorre a maturação da epífise e diáfise, a ordem é: falange distal, falange proximal, falange média e, por último, o rádio (FD > FP > FM > R). Ainda, existem alguns marcos desse crescimento chamados de indicadores ósseos do surto de crescimento puberal: ganchoso, pisiforme e sesamóide. A ordem é: ganchoso de uma forma não tão nítida, seguido do pisiforme, sesamóide e o ganchoso de uma forma nítida (G1 > Psi > S > G2). Outra maneira de avaliar a idade esquelética é por meio dessa radiografia, observando a maturação da 2º, 3º e 4ª vértebras a partir do formato (retangular ou quadrada) e base (côncava ou reta). I estágio - as 3ª e 4ª vértebras estão no formato retangular e com base reta; a base da 2ª vértebra é côncava (1 ano antes do pico do surto de crescimento puberal) Radiografia Panorâmica Radiografia Oclusal Radiografia de Mão e Punho Radiografia Cefalométrica Lateral AULA 5 Ortodontia I - 7º período - 2020/2 Manuella Soussa Braga II estágio - as bases da 2ª e 3ª vértebras estão côncavas, ainda mantendo formato retangular (pico do surto de crescimento propriamente dito) III estágio - as bases das três vértebras estão côncavas e todas têm o formato retangular horizontalmente (fim do pico do surto de crescimento puberal) IV estágio - vértebras com formato quadrado mantendo a concavidade da base (1 ano após o pico do surto de crescimento puberal) V estágio - vértebras com formato retangular no sentido vertical e base côncava (2 anos após pico do surto de crescimento puberal) A cefalometria lateral também é muito importante para avaliar o crescimento maxilar e mandibular e a relação entre os dois ossos, observando se está alterada ou dentro da normalidade. Isso é feito por meio do traçado cefalométrico, em que vários pontos são marcados e, a partir deles, formam-se linhas e ângulos. Outra possível avaliação na cefalometria é a da via aérea. A distância do palato mole até a região posterior da nasofaringe (adenóide) deve ser maior que 5 mm (linha da mcnamara). Quando menor, é indicativo de obstrução da via aérea superior. Outra linha importante é do prolongamento posterior da linha da mandíbula (região póstero-inferior da via aérea) que tende a aumentar quando a amígdala está hipertrófica. Fornece uma visão tridimensional, sendo importante para confirmação de obstrução das vias aéreas. Ainda, também é importante para planejamento de tracionamento ortodôntico de dentes impactados. Avalia se existe alguma assimetria óssea. Necessário para o planejamento, já que existe limite para manipulação na boca do paciente. Serve para análise de espaço tanto na dentição mista quanto na dentição permanente, observando o espaço presente e o espaço requerido. Na dentição mista, o espaço requerido pode ser visto por meio de um método de tabela (análise de moyers) ou pelo método radiográfico (análise de nance). Também se avalia a curva de Spee, se está plana, aumentada ou invertida. O diagnóstico elucida todos os problemas separados e, por meio do planejamento, coloca-se a solução para cada problema de forma unificada (plano unificado de tratamento). Tomografia Computadorizada Radiografia Cefalométrica Póstero-anterior (PA) Modelo de Estudo
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