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Roteiro - Aula 4

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1 
www.g7juridico.com.br 
 
 
 
INTENSIVO II 
Flávio Tartuce 
Direito Civil 
Aula 04 
 
 
ROTEIRO DE AULA 
 
 
Direito das Coisas (CC, arts. 1.196 a 1.510-A) 
 
1. Introdução. Direito das Coisas x Direitos Reais 
 
I – Direito das Coisas: ramo do Direito Civil que tem por objeto o estudo e a regulamentação das relações de domínio 
que uma pessoa exerce sobre uma coisa - Livro do Código Civil de 2002. 
 
II – Relação de domínio: 
 
 
 
 
Sujeito ativo 
 
 
Questão n. 1: quem é o sujeito passivo da relação dominial? O sujeito passivo é universal, ou seja, é toda a coletividade. 
Por isso, os efeitos dessa relação são, em regra, “erga omnes”. 
 
Observação n. 1: entre os civilistas, prevalece o entendimento segundo o qual não existe posse ou propriedade sobre 
bens incorpóreos ou imateriais. Portanto, inadmite-se a expressão “propriedade intelectual”, empregando-se “direitos 
intelectuais” ou “direitos de autor” (José de Oliveira Ascensão e Silmara Chinellato). No mesmo sentido, a Súmula 228 
do STJ: “É inadmissível o interdito proibitório para a proteção do direito autoral”. 
domínio 
Coisa = bem corpóreo ou material 
• Fático: posse 
• Jurídico: propriedade 
 
 
2 
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IV – O termo “Direitos Reais” significa um conjunto de categorias ou institutos relacionados à propriedade - previstos no 
art. 1.225 do Código Civil1 -, seja ela plena ou limitada. São direitos reais: 
 
• Inc. I: propriedade plena. 
 
• Inc. II: superfície. 
• Inc. III: servidões. 
• Inc. IV: usufruto. 
• Inc. V: uso. 
• Inc. VI: habitação. 
 
• Inc. VII: direito do promitente comprador do imóvel 
 
 
• Inc. VIII: penhor. 
• Inc. IX: hipoteca. 
• Inc. X: anticrese. 
 
• Inc. XI: concessão de uso especial para fins de moradia. 
• Inc. XII: concessão de direito real de uso. 
• Inc. XIII: a laje - incluído pela Lei n. 13.465/17. 
 
 
1 CC, art. 1.225: “São direitos reais: 
I - a propriedade; 
II - a superfície; 
III - as servidões; 
IV - o usufruto; 
V - o uso; 
VI - a habitação; 
VII - o direito do promitente comprador do imóvel; 
VIII - o penhor; 
IX - a hipoteca; 
X - a anticrese. 
XI - a concessão de uso especial para fins de moradia; 
XII - a concessão de direito real de uso; e 
XIII - a laje”. 
Direitos reais 
de gozo ou 
fruição. 
Direitos reais 
de garantia 
Incisos XI e XII foram incluídos pela Lei n. 
11.481/07. São concessões especiais do 
Poder Público. São direitos reais de gozo ou 
fruição. 
Direito real de aquisição (compromisso registrado). 
 
 
3 
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➢ Observação n. 2: sobre a natureza jurídica da laje, há duas correntes: 
 
• Direito real de gozo ou fruição sobre coisa alheia (superfície) (Mazzei, Simão, Stolze e Pamplona). 
• Direito real sobre coisa própria (Rosenvald, Kümpel e Carlos Elias de Oliveira). 
 
➢ Questão n. 2: o rol do artigo 1.225 do Código Civil é taxativo (“numerus clausus”) ou exemplificativo (“numerus 
apertus”)? Existem duas correntes: 
 
• Visão clássica (1ª corrente) (majoritária, inclusive para provas de 1ª fase): rol taxativo (princípio da taxatividade) 
(Caio Mário, Orlando Gomes, Maria Helena Diniz e Álvaro Villaça). 
• Visão contemporânea (2ª corrente) (minoritária, por enquanto): rol exemplificativo. Subcorrentes: 
 
✓ Não há taxatividade, mas há tipicidade, ou seja, necessidade de previsão em lei (Gustavo Tepedino). 
✓ Não há taxatividade, nem tipicidade. A autonomia privada pode criar direitos reais (Cristiano Chaves e 
Nelson Rosenvald). Exemplo: “Time-sharing”. 
 
➢ Existem direitos reais que não estão no rol do artigo 1.225 do Código Civil (previstos em leis especiais). Exemplo: 
alienação fiduciária em garantia: 
 
• Móveis: Dec.-Lei n. 911/69. 
• Imóveis: Lei n. 9.514/97. 
 
A respeito do “time-sharing” (multipropriedade imobiliária fracionada no tempo), há um precedente do STJ (REsp n. 
1.546.165/SP) no sentido de que ele é um direito real, mas que não supera a ideia de taxatividade do rol do art. 1.225 
do Código Civil, confirmando a 1ª corrente: 
“PROCESSUAL CIVIL E CIVIL. RECURSO ESPECIAL. EMBARGOS DE TERCEIRO. MULTIPROPRIEDADE IMOBILIÁRIA (TIME-
SHARING). NATUREZA JURÍDICA DE DIREITO REAL. UNIDADES FIXAS DE TEMPO. USO EXCLUSIVO E PERPÉTUO DURANTE 
CERTO PERÍODO ANUAL. PARTE IDEAL DO MULTIPROPRIETÁRIO. PENHORA. INSUBSISTÊNCIA. RECURSO ESPECIAL 
CONHECIDO E PROVIDO. 1. O sistema time-sharing ou multipropriedade imobiliária, conforme ensina Gustavo Tepedino, 
é uma espécie de condomínio relativo a locais de lazer no qual se divide o aproveitamento econômico de bem imóvel 
(casa, chalé, apartamento) entre os cotitulares em unidades fixas de tempo, assegurando-se a cada um o uso exclusivo e 
perpétuo durante certo período do ano. 2. Extremamente acobertada por princípios que encerram os direitos reais, a 
multipropriedade imobiliária, nada obstante ter feição obrigacional aferida por muitos, detém forte liame com o 
instituto da propriedade, se não for sua própria expressão, como já vem proclamando a doutrina contemporânea, 
inclusive num contexto de não se reprimir a autonomia da vontade nem a liberdade contratual diante da 
 
 
4 
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preponderância da tipicidade dos direitos reais e do sistema de numerus clausus. 3. No contexto do Código Civil de 
2002, não há óbice a se dotar o instituto da multipropriedade imobiliária de caráter real, especialmente sob a ótica da 
taxatividade e imutabilidade dos direitos reais inscritos no art. 1.225. 4. O vigente diploma, seguindo os ditames do 
estatuto civil anterior, não traz nenhuma vedação nem faz referência à inviabilidade de consagrar novos direitos reais. 
Além disso, com os atributos dos direitos reais se harmoniza o novel instituto, que, circunscrito a um vínculo jurídico de 
aproveitamento econômico e de imediata aderência ao imóvel, detém as faculdades de uso, gozo e disposição sobre 
fração ideal do bem, ainda que objeto de compartilhamento pelos multiproprietários de espaço e turnos fixos de 
tempo. 5. A multipropriedade imobiliária, mesmo não efetivamente codificada, possui natureza jurídica de direito real, 
harmonizando-se, portanto, com os institutos constantes do rol previsto no art. 1.225 do Código Civil; e o 
multiproprietário, no caso de penhora do imóvel objeto de compartilhamento espaço-temporal (time-sharing), tem, nos 
embargos de terceiro, o instrumento judicial protetivo de sua fração ideal do bem objeto de constrição. 6. É 
insubsistente a penhora sobre a integralidade do imóvel submetido ao regime de multipropriedade na hipótese em que 
a parte embargante é titular de fração ideal por conta de cessão de direitos em que figurou como cessionária. 7. 
Recurso especial conhecido e provido” (REsp 1546165/SP, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, Rel. p/ Acórdão 
Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, TERCEIRA TURMA, julgado em 26/04/2016, DJe 06/09/2016). 
 
➢ Observação n. 3: a Lei 13.777/2018 introduziu ou artigos 1.358-B a 1.358-U no Código Civil, tratando do tema. 
 
2. Diferenças entre os Direitos Reais e os Direitos Pessoais Patrimoniais 
 
I – Exemplos (por excelência): 
 
• Direitos reais: propriedade. 
• Direitos pessoais patrimoniais: contrato. 
 
Direitos reais Direitos pessoais patrimoniais 
Relação entre um sujeito ativo e uma coisa. O sujeito 
passivo é universal. 
Relação pessoal entre um sujeito ativo (credor) e um 
sujeito passivo (devedor). 
Princípio da publicidade (tradição ou registro). Princípio da autonomia privada. 
Rol taxativo. Rol exemplificativo. 
Efeitos “erga omnes” (absolutos) Efeitos “inter partes” (relativos). 
A coisa responde. O patrimônio do devedor responde. 
Caráter permanente. Caráter transitório. 
 
 
 
 
 
5 
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II - O quadro divisório ainda existe, mas há uma tendênciade aproximação entre os direitos reais e os direitos pessoais 
patrimoniais, contratualizando o Direito das Coisas (Luciano de Camargo Penteado - “Contratos de Direito das Coisas”). 
 
 
III – Demonstrando essa aproximação: 
 
➢ 1º aspecto: há uma tendência em se afirmar que o rol do art. 1.225 do Código Civil é exemplificativo. 
➢ 2º aspecto: em muitos casos, com previsão na lei, o direito real origina-se da autonomia privada. 
➢ 3º aspecto: há tendência doutrinária de aplicação da boa-fé objetiva aos direitos reais. 
➢ 4º aspecto: nem sempre o direito real terá efeitos “erga omnes”. E nem sempre o direito pessoal terá efeitos “inter 
partes”. Exemplos: 
 
• Súmula 308 do STJ2: a boa-fé objetiva vence a hipoteca (efeitos “inter partes”). 
• A função social do contrato na sua eficácia externa (Enunciado n. 21 – I Jornada de Direito Civil3). O contrato 
pode gerar efeitos perante terceiros. Exemplo: CC, art. 6084 (teoria do terceiro cúmplice). 
 
➢ 5º aspecto: nem sempre o direito real terá caráter permanente - exemplos: alienação fiduciária e condomínio 
comum. E nem sempre o contrato será transitório – exemplo: contratos cativos de longa duração (Cláudia Lima 
Marques) (“casamentos contratuais”). 
 
 
Observação n. 4: Além desses cinco aspectos de aproximação, existem conceitos híbridos, que estão no “meio do 
quadro”. Exemplo: obrigação “propter rem” (própria da coisa, mista, híbrida, ambulatória ou reipersecutória) – 
Exemplo: dívidas condominiais (CC, art. 1.3455). 
 
 
 
3. Posse (CC, arts. 1.196 a 1.224) 
 
 
2 Súmula 308 do STJ: “A hipoteca firmada entre a construtora e o agente financeiro, anterior ou posterior à celebração da promessa 
de compra e venda, não tem eficácia perante os adquirentes do imóvel”. 
3 Enunciado n. 21, I JDC: “A função social do contrato, prevista no art. 421 do novo Código Civil, constitui cláusula geral a impor a 
revisão do princípio da relatividade dos efeitos do contrato em relação a terceiros, implicando a tutela externa do crédito”. 
4 CC, art. 608: “Aquele que aliciar pessoas obrigadas em contrato escrito a prestar serviço a outrem pagará a este a importância que 
ao prestador de serviço, pelo ajuste desfeito, houvesse de caber durante dois anos”. 
5 CC, art. 1.345: “O adquirente de unidade responde pelos débitos do alienante, em relação ao condomínio, inclusive multas e juros 
moratórios”. 
 
 
6 
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3.1. Conceito, natureza jurídica, teorias justificadoras e diferenças quanto à detenção 
 
I – Conceito: domínio fático que uma pessoa exerce sobre uma coisa. 
 
II - A posse estará presente quando a pessoa tiver pelo menos um dos atributos relativos à propriedade (CC, art. 1.1966). 
 
➢ Atributos da propriedade (“GRUD”): 
 
• Gozar/fruir. 
• Reaver/buscar. 
• Usar/utilizar. 
• Dispor/alienar. 
 
➢ Propriedade: 
 
• Plena: todos os atributos. 
• Limitada: alguns atributos. 
• Posse: um atributo. 
 
➢ Afirmações: 
 
• Todo proprietário é possuidor (direto ou indireto). 
• Nem todo possuidor é proprietário. Exemplos: locatário, comodatário e depositário. 
 
III – Natureza jurídica: segundo Moreira Alves, a posse é fato e é direito. 
 
Questão n. 3: é um direito de qual natureza? A posse é um direito de natureza especial ou “sui generis”. Portanto, não é 
direito real nem pessoal. 
 
IV – Teorias justificadoras da posse (3). 
 
a) Teoria subjetiva (Savigny) 
 
➢ P = C + AD. 
 
6 CC, art. 1.196: “Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à 
propriedade”. 
 
 
7 
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Posse = “corpus” (domínio fático) + “animus domini” (intenção de ser proprietário da coisa). 
 
➢ Por esta teoria, o locatário, o comodatário e o depositário não são possuidores, pois falta-lhes a intenção de dono. 
Portanto, a teoria subjetiva não foi adotada no Brasil, pois eles são possuidores. 
 
A teoria subjetiva, no Brasil, somente é relevante para fins de usucapião (posse “ad usucapionem”). 
 
b) Teoria objetiva ou simplificada (Ihering) 
 
➢ P = C. 
 
Posse = “corpus” (domínio fático). 
 
➢ Dentro do “corpus”, há um “animus”, não de ser proprietário, mas de explorar economicamente a coisa. 
 
➢ Por essa teoria, o locatário, o comodatário e o depositário são possuidores. 
 
➢ Entre as duas teorias clássicas, esta foi a adotada no Brasil (CC, arts. 1.1967 e 1.1978; e tinha sido adotado pelo 
Código Civil de 1916). 
 
c) Teoria da posse social ou da função social da posse (Saleilles – França; Perozzi – Itália; Hernandez Gil – Espanha) 
 
➢ P = C + FS. 
 
Posse = “corpus” (domínio fático) + função social. 
 
➢ A função social é componente da posse. 
 
➢ Esta teoria foi adotada implicitamente pelo Código Civil de 2002, pela valorização da posse-trabalho. Artigos: 
 
• CC, art. 1.238, parágrafo único9: usucapião extraordinária. O prazo cai de 15 para 10 anos se houver posse-
trabalho. 
 
7 CC, art. 1.196: “Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à 
propriedade”. 
8 CC, art. 1.197: “A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, 
não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto”. 
 
 
8 
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• CC, art. 1.242, parágrafo único10: usucapião ordinária. O prazo cai de 10 para 5 anos se houver posse-trabalho 
ao lado de um requisito formal. 
• CC, art. 1.228, §§ 4º e 5º11: desapropriação judicial privada por posse-trabalho (Miguel Reale). 
 
V – Posse (CC, art. 1.196) e detenção (CC, art. 1.19812). 
 
➢ O detentor também é chamado de “servidor da posse” ou “fâmulo da posse”. 
 
➢ O detentor tem a coisa em nome de outra pessoa, com quem tem relação de dependência, recebendo ordens e 
instruções suas. 
 
➢ Exemplos: 
 
• Exemplo 1: “Parei o meu carro em um estacionamento e entreguei as chaves ao manobrista” (MP-RS): 
 
✓ Empresa de estacionamento: depositária (possuidora). 
✓ Manobrista: detentor. 
 
Questão de concurso (MPE-RS - 2017 - MPE-RS - Promotor de Justiça - Reaplicação): 
Assinale a alternativa INCORRETA quando ao Direito das Coisas. 
(A) As leis extravagantes podem criar novos direitos reais, sem a sua descrição expressa no dispositivo civil que os prevê. 
 
9 CC, art. 1.238: “Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a 
propriedade, independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de 
título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis. Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos 
se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo”. 
10 CC, art. 1.242: “Adquire também a propriedade do imóvel aquele que, contínua e incontestadamente, com justo título e boa-fé, o 
possuir por dez anos. Parágrafo único. Será de cinco anos o prazo previsto neste artigo se o imóvel houver sido adquirido, 
onerosamente, com base no registro constante do respectivo cartório, cancelada posteriormente, desde que os possuidores nele 
tiverem estabelecido a sua moradia, ou realizado investimentos de interesse social e econômico”. 
11 CC, art. 1.228: (...). § 4º: O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa área, na 
posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos, de considerávelnúmero de pessoas, e estas nela houverem realizado, em 
conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico relevante. § 5º: No caso do 
parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário; pago o preço, valerá a sentença como título para o 
registro do imóvel em nome dos possuidores”. 
12 CC, art. 1.198, “caput”: “Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a 
posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas”. 
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/mpe-rs-2017-mpe-rs-promotor-de-justica-reaplicacao
 
 
9 
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(B) João estaciona seu carro em um estacionamento e entrega a chave ao manobrista. A empresa de estacionamento 
nesta situação é a possuidora do veículo, o manobrista é mero detentor do mesmo, podendo defender a posse alheia 
do automotor por meio da autotutela. 
(C) Posse injusta para efeito possessório é aquela que tem vícios de origem na 1 violência, clandestinidade e 
precariedade. Mas para ação reivindicatória, posse injusta é aquela sem causa jurídica que possa justificá-la. 
(D) O fideicomisso, a propriedade fiduciária e a doação com cláusula de reversão são casos de propriedade resolúvel, 
que produz efeitos ex tunc. 
(E) Luís tem a posse de um terreno de 830 m² (oitocentos e trinta metros quadrados). Certo dia, a área de 310 m² 
(trezentos e dez metros quadrados) desse terreno foi invadida. A ação cabível no caso é a de manutenção de posse. 
 
Gabarito: E 
 
 
• Exemplo 2: ocupação irregular de terras públicas: a posição do STJ sempre foi no sentido de detenção (REsp n. 
556.721/DF). Em 2016 (REsp n. 1.484.304/DF – Inf. 579), entendeu-se que há posse, a qual não possibilita 
usucapião, mas possibilita ação possessória contra quem invade a área. Em 2018, voltou-se à tese da detenção 
(Súmula 619, STJ13). 
 
“EMENTA - EMBARGOS DE TERCEIRO - MANDADO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE - OCUPAÇÃO IRREGULAR DE ÁREA 
PÚBLICA - INEXISTÊNCIA DE POSSE - DIREITO DE RETENÇÃO NÃO CONFIGURADO. 1. Posse é o direito reconhecido a 
quem se comporta como proprietário. Posse e propriedade, portanto, são institutos que caminham juntos, não havendo 
de ser reconhecer a posse a quem, por proibição legal, não possa ser proprietário ou não possa gozar de qualquer dos 
poderes inerentes à propriedade. 2. A ocupação de área pública, quando irregular, não pode ser reconhecida como 
posse, mas como mera detenção. 3. Se o direito de retenção depende da configuração da posse, não se pode, ante a 
consideração da inexistência desta, admitir o surgimento daquele direito advindo da necessidade de se indenizar as 
benfeitorias úteis e necessárias, e assim impedir o cumprimento da medida imposta no interdito proibitório. 4. Recurso 
provido” (REsp 556.721/DF, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 15/09/2005, DJ 03/10/2005, 
p. 172). 
 
“EMENTA - PROCESSUAL CIVIL. ÁREAS PÚBLICAS DISPUTADAS ENTRE PARTICULARES. POSSIBILIDADE DO SOCORRO ÀS 
DEMANDAS POSSESSÓRIAS. 1. A ocupação de área pública, sem autorização expressa e legítima do titular do domínio, 
não pode ser confundida com a mera detenção. 2. Aquele que invade terras e nela constrói sua moradia jamais exercerá 
a posse em nome alheio. Não há entre ele e o proprietário ou quem assim possa ser qualificado como o que ostenta jus 
possidendi uma relação de dependência ou subordinação. 3. Ainda que a posse não possa ser oposta ao ente público 
 
13 Súmula 619, STJ: “A ocupação indevida de bem público configura mera detenção, de natureza precária, insuscetível de retenção 
ou indenização por acessões e benfeitorias.” 
 
 
10 
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senhor da propriedade do bem, ela pode ser oposta contra outros particulares, tornando admissíveis as ações 
possessórias entre invasores. 4. Recurso especial não provido” (REsp 1484304/DF, Rel. Ministro MOURA RIBEIRO, 
TERCEIRA TURMA, julgado em 10/03/2016, DJe 15/03/2016). 
 
• Exemplo 3: caseiro: 
 
✓ Em relação à sede da fazenda: detentor. 
✓ Em relação à casa de colono (comodato): possuidor. 
 
 
➢ O detentor pode passar a ser possuidor (CC, art. 1.198, parágrafo único14). Isso é possível por força de contrato, nos 
casos em que a pessoa passa a se comportar como possuidora (Enunciado 301, IV Jornada de Direito Civil15). 
 
 
3.2. Principais classificações da posse e seus efeitos 
 
3.2.1. Quanto à relação pessoa-coisa ou quanto ao desdobramento ou quanto ao paralelismo 
Essa classificação é retirada do art. 1.197 do CC – classificação em posse direta e indireta. 
 
a) Posse direta: quando a pessoa tem uma relação imediata e corpórea com a coisa (poder físico imediato). 
Exemplos: locatário, comodatário e depositário. 
 
b) Posse indireta: é aquela decorrente do exercício de um direito. 
Exemplos: locador, comodante e depositante. 
 
A posse direta é havida de quem tem a posse indireta. 
 
O art. 1.197, CC, prevê que o possuidor direto pode defender a sua posse contra o indireto (e vice-versa – Enunciado 
76, I Jornada de Direito Civil). 
 
Exemplo 1: vigente uma locação, o locatário viaja para o exterior e, quando retorna, o imóvel foi invadido pelo 
locador. O locatário ingressa com ação de reintegração de posse contra o locador. O locador, em defesa, alega 
 
14 CC, art. 1.198, parágrafo único: “Aquele que começou a comportar-se do modo como prescreve este artigo, em relação ao bem e 
à outra pessoa, presume-se detentor, até que prove o contrário”. 
15 Enunciado 301, IV JDC: “É possível a conversão da detenção em posse, desde que rompida a subordinação, na hipótese de 
exercício em nome próprio dos atos possessórios.” 
 
 
11 
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apenas ser proprietário do imóvel (“exceptio proprietates”). Essa ação deve ser julgada procedente, pois nas ações 
possessórias não cabe a alegação de propriedade ou de outro direito real sobre a coisa (art. 1.210, §2º, CC16). 
 
“Posse é posse, propriedade é propriedade” (Paulo Lôbo). Não há hierarquia entre os institutos. 
 
3.2.2. Quanto aos vícios objetivos (art. 1.200, CC17) 
a) Posse justa – “posse limpa”, ou seja, sem os vícios objetivos. 
b) Posse injusta – aquela que apresenta, pelo menos, um dos três vícios. 
 
b.1) Posse violenta: obtida com violência física ou moral (roubo da posse). 
b.2) Posse clandestina: aquela obtida na “surdina”, sem a possibilidade de defesa da outra parte (furto da posse). 
b.3) Posse precária: aquela obtida em abuso de confiança ou de direito (estelionato ou apropriação indébita). 
 
16 CC, art. 1.210, §2º: “Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de propriedade, ou de outro direito sobre a 
coisa.” 
17 CC, art. 1.200: “É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária.”

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