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Lucas Melo – Medicina Ufes 103 NEOPLASIAS DE FÍGADO E VIAS BILIARES Lesões que vão formar uma massa no figado, geralmente, vão levar o paciente a procura de um médico, os que tem crescimento rápido vão cursar com sintomas abdominais, como o de sensação de massa, que pode ser palpável, sensação de estufamento e dor pela distensão da capsula devido o crescimento acelerado. Os de crescimento lento podem sofrer algum fenômeno isquêmico, como infarto com uma hemorragia, que pode extravasar para a cavidade abdominal, e pode causar dor, anemia, e, algumas lesões em particulares, como tumores benignos pequenos, podem ser assintomáticos e vão acabar sendo descobertos por exames que não tem nada a ver com o tumor. De acordo com os fatores de risco associados, os tumores podem mudar um pouco. As metástases são as principais causas de câncer hepático, por isso prestar bastante atenção para a análise dessas massas. O cenário clínico é importante, a apresentação é típica, idade, sexo, fatores de risco como uso de anticoncepcional, doenças hepáticas de base, drogas e medicamentos, exposição a agentes químicos e parasitários, tudo isso influencia na probabilidade de desenvolver um ou outro tipo de câncer, por isso é necessário ver o contexto clínico. A detecção e avaliação das lesões de massa no figado vão sempre envolver uma técnica de imagem. Tumores hepáticos não-neoplásicos Hiperplasia nodular hepatocitária focal: É um nódulo hiperplásico no figado não cirrótico, se fosse em um fígado cirrótico, seria um macronódulo regenerativo. Normalmente bem delimitado e não encapsulado e o que chama atenção é a cicatriz central com vasos grandes. Microscopicamente, essa cicatriz é formada por vasos, fibrose e hepatócitos com características normais (vemos a trama reticulinica preservada, mas com muito mais hepatócitos, na neoplasia há a fragmentação dessa reticulina, que sugere malignidade, diferente da hiperplasia, além disso, tem tantos hepatócitos que não vemos os sinusóides, eles se encontram rechaçados). Na região central vemos vasos dilatados com infiltração mononuclear. É mais comum em mulheres na 3ª e 4ª década e pode se apresentar como nódulos solitários ou múltiplos, em não cirróticos, e, em cirróticos, é macronódulo regenerativo, a lesão de base é uma alteração vascular, mas não se sabe muito bem, e há uma cicatrização central com vasos grandes, proliferação ductular e espaços portas no meio da lesão. Essa hiperplasia mimetiza neoplasias do fígado e é um grande desafio para o diagnóstico diferencial do adenoma hepatocelular. Neoplasias neoplásicas benignas Adenoma hepatocelular: É uma neoplasia benigna em não cirróticos, pode ser tanto esporádico (mais frequentes), quanto hereditário, o predomínio é em mulheres em idade fértil, os fatores de risco são a exposição a estrógenos (anticoncepcionais, anabolizantes esteroides), que é o principal fator de risco reconhecido, e fatores hereditários, como Glicogenoses 1 e 3 (fatores hereditários). A classificação molecular depende da imunohistoquímica e possui um prognostico variado. A complicação mais comum é a hemorragia, e pode ter uma progressão de malignidade para CHC (carcinoma hepatocelular), eles podem ser solitários ou múltiplos (nesse caso chamamos de adenomatose), a característica molecular caracteriza os tumores em diferentes malignidades, a maior parte dos casos é com o HNF1-alfa inativado, e o mais maligno é o com a B- Lucas Melo – Medicina Ufes 103 catenina ativa. Ainda há o tipo inflamatório, que está presente em pacientes com esteatohepatite não alcoólica, tem baixo risco de transformação e tem expressões de proteínas de fase aguda. Na macroscopia é bem delimitado, tem um contorno mais nítido entre o figado e a neoplasia, mais redondo (nodular, esférico), com frequentes áreas de hemorragia central, eles podem levar a dor abdominal tanto por comprimir o tumor e a capsula, podem extravasar para o peritônio e causar uma irritação peritoneal. Se a hemorragia acontece em pouca quantidade por um longo período de tempo, dá anemia crônica, se for grande em um curto período de tempo causa anemia aguda. Na microscopia, vemos a ausência da área de cicatriz central, ausência de espaços porta (importantes para diferenciar da hiperplasia), vemos vasos e artérias isoladas pelo meio do tumor (que são os que levam a nutrição) entre a proliferação hepatocitária, as atipias são mais perceptíveis e tem presença de marcadores de proteínas de fase aguda no subtipo inflamatório. No subtipo da imagem 3, a B-catenina aparece inativada. Lucas Melo – Medicina Ufes 103 Quando vamos analisar a marcação da B-catenina, o que nos interessa olhar é a marcação dela no núcleo, pois ela já tem uma marcação no citoplasma. Essa imagem mostra um tumor de aspecto inflamatório que já sangrou, possui um aspecto sacular quando isso já ocorreu, Hemangioma hepático: Tumor bem delimitado, vinhoso, com aspecto de esponja. É o tumor benigno mais frequente no figado, geralmente são assintomáticos e lesões pequenas, a ruptura com hemorragia para cavidade abdominal é o maior risco (risco de morte por choque hipovolêmico), a característica na micro é de proliferação vascular em meio ao tecido fibroso (vemos muitas hemácias) e vemos ele bem delimitado em relação ao figado normal. Hemangioma epitelióide: Tem uma malignidade intermediaria, ocorre em várias partes do corpo mas o figado é bem acometido, cresce ao redor de uma veia, ela consegue ser identificada na metade dos casos, tem um acometimento multifocal e é esporádico e mais comum em mulheres de 35 a 50 anos de idade. O endotélio da proliferação tem aspecto epitelial (mais redondinha e gordinha), vemos que isso é uma proliferação vascular por conta da presença de marcador de endotélio, como CD31, e a apresentação dele é variável com uma atipia bem clara, apresentando núcleos hipercromáticos e vários núcleos nas celulas. Lucas Melo – Medicina Ufes 103 Neoplasias malignas hepáticas e hepatobiliares É uma doença mais frequente na região do sudeste asiático e algumas áreas da África, aqui no Brasil tem uma incidência intermediária. Carcinoma hepatocelular: Em relação ao CHC, ocorre em cirróticos na maioria, baixa incidência no brasil, e pode estar relacionado com a hepatite B e C, é uma causa frequente de colocar o paciente cirrótico na lista de transplante, existe uma forma de tratamento por embolização desses tumores, mas possui uma mortalidade elevada em cirróticos. Fatores de risco são: álcool, hepatite B, hepatite C e doenças metabólicas, e, laboratorialmente há alfafetoproteína elevada. O prognostico é de 5 anos e depende muito do tamanho do tumor, os fatores para um prognostico favorável são o diagnóstico no estágio inicial, encapsulado, lesão única, menor que 5 cm, ausência de invasão vasculares e baixo grau nuclear, e os desfavoráveis são invasão vascular e alto grau nuclear. Na imagem, vemos um tumor grande, não encapsulado, num fígado cirrótico predominantemente micronodular, com um nódulo satélite pequeno, tem hemorragia e um pouco de necrose, caracterizando um CHC não encapsulado. Na segunda imagem vemos um nódulo, com invasão vascular perto do hilo, provável que uma veia porta e hemorragia, é um tumor que vai crescem em direção as estruturas do hilo hepático. Tumor esbranquiçado, com aspecto infiltrativo, áreas esbranquiçadas, e algumas áreas esverdeadas, está se aproximando de vasos grandes e na segunda imagem vemos um tumor encapsulado só para demonstrar que pode ser assim também. Lucas Melo – Medicina Ufes 103 Esses tumores tem uma diferenciação hepatocitária com expressão do marcador Hep Par-1, vemos uma expressão difusa e citoplasmática dele, quando bem diferenciados fica obvio a diferenciação, mas podem ter caracteristicas de algumas coisas que variam um pouco, os tumores bem diferenciados têm um prognostico melhor, e os menos diferenciados tem um prognóstico pior. OBS: Pacientes com hepatite B vão ter uma maior chance de evoluir para CHC, enquanto pacientes com hepatite C tem uma maior chance de evoluir para cirrose, e uma menor chance que os com hepatite B de evoluir para CHC (mais ainda assim tem maior chance que a população em geral). Hepatoblastoma: Tumor embrionário da infância, é raro, e em muitos casos está associado a anomalias congênitas, tem uma evolução rápida para óbito por ruptura da massa neoplásica, insuficiência hepática ou metástases. Angiosarcoma: Tumor vascular em adultos, pode estar associado a substâncias carcinogênicas e exposição ocupacional. Colangiocarcinoma: É o segundo tumor primário do figado mais prevalente, ele se diferencia em algum grau em tumor de vias biliares, quando mais central, se associa com obstrução de vias biliares, podem ocorrer em qualquer lugar da via biliar, e por isso é classificado em intra-hepático ou extra-hepático. Alguns fenômenos estão relacionados ao surgimento dele, como fascíola hepática, Colangite esclerosante, litíase hepática e doença fibropolicística. Nos pacientes com vírus da hepatite B, C ou cirróticos tem uma maior incidência que a população normal a ter colangiocarcinoma. São lesões esporádicas, mas as neoplasias intraepiteliais biliares são consideradas lesões pré-malignas desse câncer, e, algumas outras lesões precursoras são neoplasia cística mucinosa e neoplasia papilifera biliar. Lucas Melo – Medicina Ufes 103 Lesões altamente infiltrativas, esbranquiçadas, vão crescendo com vários nódulos satélites, centradas em vias biliares (diferente do CHC, que é centrado no nódulo cirrótico), a característica deles são a formação de túbulos similares ao ducto biliar, ou seja, formação tubular em meio a um estroma fibroso denso, acentuadamente desmoplásico, e esses túbulos parece que vão ser comprimidos pelo estroma. Da mesma forma, eles podem estar em vias biliares extra-hepáticas, como vesícula biliar, com preponderância em mulheres e tento a colelitíase como fator de risco mais importante.
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