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1 Ketlin T. Sauer ATM 2024.2 TUMORES HEPÁTICOS Tumores sólidos do fígado → Benignos: hemangioma, hiperplasia nodular focal, adenoma. → Malignos: hepatocarcinoma, colagiocarcinoma, metástase. O contexto clínico é muito importante para saber conduzir o caso. Por isso é preciso saber: • Mulher jovem, em uso de esteróides (anticoncepcional). • Cirróticos em acompanhamento. • Neoplasia prévia. • Achado incidental. • Sintomas. HEMANGIOMA É o mais comum, com 2-4% da população. Alguns classificam como uma mal formação, por ser um emaranhado de vasos dilatados, que podem crescer ou não. Podem ser únicos ou múltiplos. Na maioria das vezes são únicos. O seu tamanho é muito variável, quando tem mais de 10 cm é chamado de hemangioma gigante. É mais comum em mulheres, o que faz com que se pense em algum associação hormonal. Contudo, não é preciso suspender anticoncepcionais em pacientes com hemangioma. Na grande maioria são assintomáticos. Quando possuem sintomas, principalmente nos gigantes, pode haver compressão de vísceras (principalmente no lobo esquerdo do fígado comprimindo o estômago e gerando sintomas gástricos). As lesões tumorais do lado direito dificilmente provocam sintomas. Outro sintoma é quando existe a síndrome de kasabach-merrit, ou seja, formação de trombos dentro do hemangioma que acabam consumindo produtos de coagulação e isso pode acabar diminuindo os fatores de coagulação na circulação sistêmica → coagulopatias de consumo. Sintomas ou síndrome de Kasabach-merrit ou risco de ruptura traumática → hemangiomas GIGANTES → situações que são indicadas retirada. Risco de ruptura espontânea é raríssima. Não se indica tto cirúrgico por ruptura espontânea. O risco de ruptura traumática. Hemangioma NÃO degenera, ou seja, não se transforma em outro tipo de câncer. Podem coexistir com outras lesões, precisando individualizar cada uma. Na ecografia hemangiomas aparecem como áreas hiperecogênicas (mais brancos). Normalmente atrás do nódulo há um reforço (parecido com um reforço de um cisto). *Eco com hiperecogenicidade não necessariamente é hemangioma, pois outros tumores podem aparecer com essa característica também. O diagnóstico definitivo de hamangioma NÃO pode ser feito com ecografia. TC ou ressonância com contraste: impregnação globuliforme (“bolinhas”) centrípeta → ESSE ACHADO É PATOGNOMONICO DE HEMANGIOMA. *TC sem contraste é pior que eco para o fígado. Há hemangiomas atípicos que podem confundir com outros diagnósticos, principalmente nos que são muito grandes, pôr na parte mais interna poder haver áreas de fibrose que não se impregnará com contraste. Acompanhamento em qual frequência? Com o diagnóstico definitivos não há necessidade de acompanhamento, a não ser que haja o surgimento de sintomas. Contudo, na prática clínica se faz o acompanhamento com ecografia por alguns anos para ter certeza de que não está havendo crescimento, por exemplo. Nos casos dos atípicos será avaliado com ressonância. *Nódulos hiperecogênicos de pequeno tamanho, em TC e RN pode não haver a imagem típica. *Não adianta biópsia → pequena chance de dar errado é grande e pode vir células hepáticas deixando em dúvida ainda se é do tumor ou de células do fígado. 2 Ketlin T. Sauer ATM 2024.2 HIPERPLASIA NODULAR FOCAL Segunda lesão hepática sólida benigna mais comum. Alguns não consideram tumor benigno, pela hipótese de ser uma artéria anômala no fígado, fazendo o fígado crescer em torno da mesma, como um nódulo. O nódulo seria funcionante, demonstrando no centro uma artéria nutridora. Contraste específico excretado pelas células hepáticas → se excreta é hiperplasia nodular focal, pois as outras lesões não excreta contraste. Podem ser únicas ou múltiplas. Tamanho variável. Mais comum em mulheres. Raramente causa sintomas. NÃO degenera. NÃO sangra. *O risco de ruptura traumática é variável. Mesmo com ruptura, seria baixa a mortalidade. Há um risco de torção → indicado cirurgia. Via de regra não precisa tratamento nenhum. Diagnóstico é feito com Doppler, TC com contraste. Agora, o diagnóstico definitivo é com a RN com contraste específico. Sempre que olhar um exame com contraste deve imaginar o que está acontecendo com o contraste na circulação sistêmica. A cicatriz que é presente no centro passa a ter contraste no último tempo de TC com contraste, ficando parecido com o restante do órgão. ADENOMA Incomum. A maioria é único, mas pode ser múltiplo. O tamanho é variável. Mais comum em mulheres. Forte associação com estrógenos, sendo dependente da duração e dose (começou a se estudar isso na época em que os anticoncepcionais possuíam alta dose de estrógeno; atualmente a dose é muito baixa então se questiona a associação do anticoncepcional com o adenoma). Pode degenerar (4-8%) → desenvolver focos de hepatocarcinoma dentro do adenoma. Pode sangrar (20-29%) → mortalidade bem alta. Inflamatório: risco de sangramento importante, mas o de degenerar é pequeno. É o mais comum. HepaticNuclearFactor1 (HNFI): há certo risco de sangramento, mas praticamente não degenera. Beta-cateninca mutado: mais comum em homens. Baixo risco de sangramento, mas alto risco de degeneração. São lesões hipervasculares e arterializado. RN com contraste hepatocelular específico: MUITO boa, consegue até diferenciar o subtipo. Raríssimamente se faz biópsia, a não ser em suspeita de tumor (nódulo dentro do nódulo: suspeito de hepatocarcinoma dentro do adenoma). Risco de complicações: → Tamanho > 5 cm. → Aumento de tamanho → Homens (50%): independente do tamanho é indicação de cirurgia. → Adenoma com telangectasia → Mutação de beta catenina: se tiver é indicação de cirurgia sempre. Mais comum em homens. Para confirmar é preciso fazer biópsia. Ruptura: Hematoma intra-hepático: dentro do adenoma, aí aumentará de volume. Hematoma subcapsular: é o mais comum, pelo fígado ser mais mole de dissecar do que a própria lesão. Então quando rompe um vaso dentro do nódulo, arterializado, formará um trajeto chegando na cápsula de Glistow, formando um hematoma subcapsular. Provoca muita dor. → parar o sangramento, esperar reabsorver o hematoma até o ponto de a cirurgia ser segura. Hemoperitôneo → Estabilização hemodinâmica. → Embolização seletiva de artéria hepática por via percutânea (femoral→aorta→hepática). → Cirurgia eletiva. Tratamento: ressecção. Quando possível laparoscópica quando possível. O tipo de cirurgia é de acordo com o tamanho, número e localização do(s) nódulo(s). O risco deve ser em torno de zero em lesões entre 3-5 cm para que seja feita a ressecção. 3 Ketlin T. Sauer ATM 2024.2 Adenoma X gestação? risco de sangramento aumentado devido aumento de dose de estrógeno, podendo aumentar o tamanho do adenoma e sangrar. → Diagnóstico antes da gravidez: menos que 3 cm sem indicação formal de tto, eco de 2 em 2 meses, devido o risco de crescimento ultrapassando 5 cm é muito baixo, pode engravidar sem problemas. Se tiver mais de 5 cm é melhor tratar antes da gestação. → Diagnóstico na gestação: maior de 3 cm pode tratar com radiofrequência (precisa ser guiado por tomo, aí tem a radiação). Individualizar o tratamento. Se for mais de 5 cm no início da gestação, normalmente se opta por um tratamento do adenoma (no 1º trimestre se houver mau formação gerará aborto; no 2º trimestre é o pior momento, se houver mau formação pode ser não tão grave para aborto e deixar sequelas graves). Acompanha com eco de 2 em 2 meses. → Durante a gestação cirurgia é alto risco de mortalidade fetal. → Risco de até 2 dias após o parto sangrar o adenoma. HEPATOCARCINOMA Tumor primário hepático mais comum. Hepatite, cirrose→ doença hepática crônica → hepatocarcinoma. Sintomas variados. Tumor X cirrose → extensão da ressecção, formas de identificar a irrigação. Nódulos satélites: refluxo da veia por implantando em outros locais. É um tumor arterializado. Opções de tratamento: → Transplante: é o tto ideal, pois trata o tumor e a doença que causou o tumor (cirrose). Contraindicado em pacientes com doença sistêmica, então quanto menor o tumor melhor o resultado do transplante. Indicado para os pacientes com sobrevida alta. Quando fica grave a ponto de a sobrevida não ser muito boa, não se indica transplante. Indicado: 1 nódulo <=5cm ou até 3 nódulos <= 3 cm e sem invasão vascular. → Hepatectomia parcial: sempre avaliada como uma possibilidade de tto, só não será feita se for tecnicamente impossível. → Quimioembolização arterial: cateter na artéria e injeta o quimioterápico diretamente no tumor, fechando a artéria para não circular o sangue. Funciona em geral muito bem. É um tto por via percutânea, pode tratar mais de um tumor. Usado quando há contraindicação para cirurgia ou concomitante. → Ablação local (radiofrequência, crioablação, álcool, microondas): coloca a agulha dentro do tumor então pode esquentar (desnatura as proteínas e o tumor), esfriar (destrói o tumor), álcool 70% (um pouco inferior a radiofrequência/ funciona no hepatocarcinoma, pois, o fígado doente com cirrose é duro, agora o hepatocarcinoma é mais mole que o restante do fígado, isso faz com que o álcool fique localizado apenas no tumor e não no restante do órgão). → Quimioterapia sistêmica: via sistêmico. *Com muita frequência utiliza-se mais do que um método conforme a situação clínica. COLANGIOCARCINOMA É um tumor das vias biliares. É mais raro que o hepatocarcinoma. Pode ocorrer em qualquer parte das vias biliares, até mesmo nas micro vias. Manifestação clínica é o achado do nódulo no fígado. O tratamento depende da localização. Início no ducto hepático direito, o que vai acontecer? Obstrui os ductos e dilata as vias biliares do lado direito. Nos exames há colestase, fosfatase aumentada... talvez não fique ictérico pois só um lado está obstruído. Acontecendo no ducto periférico pequeno em cima da região da confluência biliar? Paciente vai ficar ictérico por obstrução biliar completa. É difícil tratar, tem que tirar a parte do fígado onde está o tumor e trata a confluência biliar. Hepatectomia central. 4 Ketlin T. Sauer ATM 2024.2 Colangioressonância para avaliar? Vê ductos biliares hepáticos e pancreáticos maiores. Nos casos de tumores em via periférica não é muito útil, pois o exame pode vir normal. Investigação → o exame depende do que o médico busca, sempre pensar no caso clínico. • TC é um bom exame para avaliar nódulo hepático, mas mostra a dinâmica do contraste na lesão. O colagiocarcinoma é hipovascularizado, então na tomo virá lesão hipodensa após injeção do meio de contraste. Sugere que não seja hepatocarcinoma. • Biópsia: fácil de fazer. Só não faz se não mudar a conduta, por exemplo, se for ressecável, que poderá disseminar a doença. • RN com contraste hepatoespecífico: dará mais informações sobre o conteúdo do nódulo. Pode haver colangiocarcinoma na via biliar extra- hepática. Os que ocorrem na confluência biliar são os tumores de Klatskin → TTO é complexo, pois logo atrás da via biliar está a veia porta e a artéria hepática. É comum a invasão desses tumores na artéria hepática, em alguns casos selecionados são feitos até mesmo transplantes como tto. METÁSTASES São tumores secundários. MUITO mais comuns do que os tumores primários. Tumores malignos no fígado o mais comum é ser em metástase. Metástase no fígado pode vir virtualmente de qualquer tumor que libere células na circulação sanguínea. O que drena para a veia porta? Todo o intestino, pâncreas, parte do estômago, baço. Então, qualquer tumor num desses órgãos que desprender células, o primeiro lugar que haverá estreitamento de vaso será no fígado. Por isso o mais frequente de metástase é por via portal. Metástase de tumor de cólon e reto? Um dos tumores mais comuns é o de cólon. Conforme o tumor no intestino cresce ele atinge mais camadas onde há drenagem venosa, então quanto maior o tumor maior a chance de metástase. Câncer colorretal metastático Adenocarcinoma de cólon: entre os 3 tipos mais frequentes de câncer (cerca de 15% de todos os cânceres). 3ª causa de morte por câncer. Quando se fala se câncer de intestino deve lembrar que pode disseminar de quatro formas: local (Vai crescendo invadindo estruturas em volta), linfonodal, hematogênica (pelo sangue dando metástase principalmente no fígado e pulmão), peritoneal (solta células na cavidade peritoneal → carcinomatose, até uns anos atrás considerava-se tto paliativo, hoje trata-se de forma curativa). 1/3 dos pacientes terão metástase sincrônica: faz diagnóstico do tumor e descobre que tem metástase. Houve o tumor e logo há implantação das células. 2/3 terão metástase metacrônicas: fez diagnóstico, opera, seguimento e após X tempo haverá metástase. Prognóstico é melhor, pois as células podem ficar durante anos sem se implantar. Seguimento no MÍNIMO 10 anos. Metástase hematogênicas: as mais comuns. Metástases hepáticas: mais da metade dos pacientes irão ter em algum momento. 30-40% restritas ao fígado → melhores pacientes para tratar. São responsáveis por 2/3 das mortes em câncer colorretal → importante devido a discussão de que se tratar o fígado nos casos de pacientes com metástase no fígado e pulmão, há aumento da sobrevida do paciente por conta dos 2/3 das mortes ser o fígado. Metástases pulmonares: podem ser isoladas em 2- 7% dos CCR. Podem ocorrer simultâneas com metástases hepáticas em 10% dos casos. Sempre pedir exame pulmonar. Quando começou a mudança da avaliação das metástases? Com Scheele em 1990 começou a comparar pacientes com metástases ressecáveis tecnicamente, mas não foram retiradas X metástases ressecáveis que foram ressecadas → no primeiro grupo a sobrevida de 5 anos foi de 0% e no segundo a sobrevida de 5 anos foi de 15%. Isso mostrou que o melhor tto de metástase de câncer de colón é a ressecção cirúrgica. A sobrevida aumenta com a cirurgia → é um objetivo ressecar paciente com metástase hepática de CCR. 5 Ketlin T. Sauer ATM 2024.2 Porcentagem de pacientes operados? Cada vez se operou mais pacientes com CCR com metástase. Aumento da sobrevida e ressecabilidade ao longo dos anos!! Por que além de se operar casos mais complicados e avançados ainda assim melhorou a sobrevida? Há vários motivos para isso, mas os principais são as melhorias para quimioterapia e as evoluções nas técnicas cirúrgicas. Fatores prognósticos: antigamente exercitou-se pontos de corte para ressecabilidade. Via-se a doença. • Margem cirúrgica • Número de MTX • Tamanho das MTX • CEA elevado (>200ng/ml) • Intervalo livre de doença • Linfonodos + • Doença extra-hepática Ressecabilidade hoje: se consegue retirar toda a doença e tiver fígado suficiente (volume e função). Não se olhar a doença e sim ao fígado! *RO (retira toda a doença, micro e macroscópica), R1(macroscopicamente não ficou nada, mas no anatomopatológico mostrou que há), R2 (fica macroscópica e microscópica). A sobrevida nos pacientes que tem tumor diminuído de tamanho e aí foram operados é igual como se tivesse sido operado no início. Quando uma metástase desaparece com a quimio, 30% das células estão com atividade e assim que a quimio cessar ela retorna a aumentar. Então melhor operar metástase maior do que ela desaparecer, para saber o quanto e onde retirar fígado. Técnicas cirúrgicas: diminuir tamanho do tumor ou aumentar o que fica. • Hepatectomiaem dois tempos • Hepatectomia associada a ablação local • Embolização portal Mesmo quando se opera com objetivo curativo, uma parte retornará a doença (57%). Dos que recidivaram, 42% recidiva no fígado, 20% no fígado e mais algum lugar e 35% só fora do fígado. Dos 42% uma porcentagem de 90% apenas no fígado e 9% extra-hepática. Realizar re-hepatectomia proporciona uma curva de sobrevida igual a de um paciente novo. Sobrevida condicional? Chance do paciente estar vivo em 5 anos. Transplante hepático? Praticamente todos recidiva, apesar de viverem mais tempo. O uso de imunossupressor aumenta a chance de recidiva. É uma opção boa por aumentar a sobrevida, mas o problema é a falta de órgãos. INCIDENTAL ECO: cisto (simples x complexo), sólido (típico hemangioma x típico hnf x interminado). TC: ver de acordo com a característica hipo e hipervascular. TSTC (muito pequeno para caracterizar).
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