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LARINGE, TIREÓIDE E PARATIREOIDES – AULA XII ❖ GLÂNDULA TIREOIDE ➢ É uma glândula endócrina; libera sua secreção (hormônios) direto na circulação sanguínea, indo depois até o órgão-alvo. Hormônios: T3, T4 e calcitonina. ➢ Sua ação é controlada por hormônios, nesse caso os produzidos pelo hipotálamo e liberados pela hipófise, e não por sistema nervoso. ➢ Formato de letra H, formado por 2 lobos (5cm em sentido súpero-inferior / a nível de C5 a T1) e um istmo (a nível de 2° ou 3° anel cartilaginoso da traqueia), que os liga. O istmo pode ➢ A glândula tireoide abraça a traqueia, com seus lobos se colocando lateralmente a ela. ➢ Ducto tireoglosso: ducto presente no desenvolvimento embriológico da glândula tireoide que a conecta com o forame cego da língua. ➢ Lobo piramidal: é um 3° lobo da tireóide que ascende da glândula quase até o osso hioide. Tem tecido glandular contínuo e é resquício do ducto tireoglosso. Caso não seja completo pode ser chamado de é glândula tireoide acessória. ➢ Estratimeria: → Pele → Tela subcutânea (com platisma mergulhado) → Lâmina cervical da fáscia cervical → Músculo esternocleidomastoideo → Parte muscular da lâmina pré-traqueal → Músculos infra-hioideos → Parte visceral da lâmina pré-traqueal (cápsula fibrosa da glândula) → Glândula tireoide ❖ GLÂNDULAS PARATIREOIDES ➢ São quatro, duas superiores e duas inferiores ➢ Localizam-se a parte mais posterior da tireoide, com íntima relação com ela. ➢ São glândulas endócrinas, responsáveis pela produção do paratormônio (regulação da calcemia). ➢ São muito pequenas. ❖ LARINGE ▪ INTRODUÇÃO ➢ A laringe é um órgão situado na região anterior do pescoço, a nível de vértebras CIII a CVI, cuja estrutura é formada por 3 cartilagens ímpares e 3 pares. ➢ Está relacionada com a fonação bem como com a passagem de ar para os pulmões e vindo deles. ▪ CARTILAGENS ➢ A laringe apresenta um esqueleto cartilaginoso com várias cartilagens, conectadas por membranas. A laringe, internamente, é revestida por uma muscosa. ➢ Cartilagem tireóidea -> a maior cartilagem desse esqueleto é uma cartilagem hialina grande em forma de escudo, com uma incisura superior (mais evidente) e uma inferior. Possui duas lâminas laterais que se fundem anteriormente e na linha mediana, a proeminência laríngea, o “pomo de adão”. A margem posterior de cada lâmina projeta-se em sentido superior, como o corno superior, e inferior, como o corno inferior. A margem superior e os cornos superiores fixam-se ao hioide pela membrana tíreo- hióidea, que será descrita no próximo tópico. Apresenta ainda uma linha bem diferenciada, chamada de linha oblíqua, na parte lateral. A cartilagem tireóidea tende, ao longo do tempo, a se ossificar. ➢ Cartilagem cricóidea -> cartilagem em forma de anel de sinete completo, com o aro voltado para a frente. A parte posterior dessa cartilagem é a lâmina, enquanto a anterior é o arco. Se fixa à margem inferior da cartilagem tireóidea pelo ligamento cricotireóideo mediano. É menor que a cartilagem tireóidea, porém mais firme. ➢ Epiglote ➢ Aritenóideas -> cartilagens piramidais pares em forma de colher. Se articula com as partes laterais da margem superior da lâmina da cartilagem cricóidea. Essa articulação, a cricoaritenóidea, permite que as cartilagens aritenóideas deslizem, realizando diferentes movimentos importantes para a biomecânica da fonação e da inspiração, ao permitir o movimento das pregas vocais. Cada uma tem um ápice (superior), um processo vocal (anterior) e um grande processo muscular (que se projeta para lateral). O ápice tem a cartilagem corniculada; o processo vocal permite a fixação posterior do ligamento vocal; e o processo muscular atua como alavanca, onde estão fixados os músculos cricoaritenóideos posterior e lateral. ➢ Corniculadas -> fixam-se aos ápices das cartilagens aritenóideas, aparecendo como pequenos nódulos (tubérculos) na parede posterior das pregas ariepiglóticas. ▪ MEMBRANAS E LIGAMENTOS ➢ MEMBRANA TIREO-HIOIDEA -> membrana que liga a cartilagem tireóidea com o osso hioide. É reforçada em três regiões, em que se configuram ligamentos chamados de ligamentos tíreo-hioideo mediano e tíreo-hioideos laterais. Nos ligamentos tíreo-hioideos laterais pode haver uma cartilagem mergulhada no tecido conjuntivo, chamada de cartilagem tritícea. Existem duas aberturas nas partes laterais da membrana, por onde passa a artéria laríngea superior, da tireóidea superiores. ➢ LIGAMENTO CRICOTIREÓIDEO MEDIANO -> ligamento na linha mediana que liga a cartilagem cricóidea à tireóidea. ➢ LIGAMENTO CRICOTRAQUEAL -> fixa a cartilagem cricóidea a traqueia, mais especificamente ao 1° anel traqueal. ➢ LIGAMENTOS TIREOEPIGLÓTICO E HIOEPIGLÓTICO -> ligamentos importantes para a movimentação da epiglote durante a deglutição. ➢ LIGAMENTO VESTIBULAR -> é coberto por mucosa formando a prega vestibular na laringe que tem função protetora, se localizando na margem inferior livre da membrana quadrangular. O ligamento vocal se estende entre as cartilagens tireóidea e aritenóideas. ➢ LIGAMENTO VOCAL -> o ligamento vocal é o esqueleto submucoso das pregas vocais. Se estende da junção das lâminas da cartilagem tireóidea anteriormente até o processo vocal da cartilagem aritenóidea posteriormente. É a margem superior livre do cone elástico. ➢ CONE ELÁSTICO -> tecido conjuntivo que vai da margem superior da cartilagem cricóidea até o ligamento vocal. ➢ MEMBRANA QUADRANGULAR -> veda o espaço entre a prega vestibular e a epiglote. Delimita um espaço tubular e apresenta uma pequena cartilagem, chamada de cuneiforme. ▪ INTERIOR DA LARINGE E SUAS PARTES ➢ Ádito da laringe: entrada da laringe, por onde a laringe se conecta com a faringe. É delimitado por: margem superior da epiglote, prega ariepiglótica, tubérculo cuneiforme, tubérculo corniculado, prega interaritenóidea. ➢ Vestíbulo da laringe: entre o ádito da laringe e as pregas vestibulares. Entre essas pregas, forma-se uma abertura, chamada de rima do vestíbulo. ➢ Parte média da cavidade da laringe: a cavidade central entre as pregas vestibulares e vocais. Nessa parte há uma região chamada de ventrículo da laringe, que são recessos que se estendem lateralmente da parte média entre as pregas vestibulares e vocais. O sáculo da laringe é um pequeno saco de fundo cego que se abre para cada ventrículo e é revestido por glândulas mucosas, que lubrificam as pregas vocais. ➢ Glote: é o aparelho vocal da faringe. É formada pelas pregas e processos vocais, juntamente com a rima da glote, a abertura entre as pregas vocais. ➢ Cavidade infraglótica: cavidade inferior da laringe entre as pregas vocais e a margem inferior da cartilagem cricóidea, que é contínua com o lúmen da traqueia. ▪ MÚSCULOS DA LARINGE ➢ Músculo cricotireóideo: apresenta uma parte reta e outra parte oblíqua. Aproxima as duas cartilagens às quais se liga e que lhe dão nome. Ao tracionar a cartilagem tireóidea ântero-inferiormente, afasta as cartilagens tireóidea e aritenóidea. Ação: Tensiona o ligamento vocal, estendendo-o em sentido anteroposterior (proporciona o som agudo). ➢ Músculo tireoaritenóideo: Aproxima as cartilagens tireóidea e aritenóidea, ao tracionar anteriormente a cartilagem aritenóidea. Apresenta uma parte tireoepiglótica que vai para superior e tem a ação de alargar o ádito. Ação: encurta e relaxa o ligamento vocal (proporciona o som grave). ➢ Músculo cricoaritenóideo posterior: tracionam os processos musculares das cartilagens aritenóideas, girando osprocessos vocais lateralmente. Ação: a rotação lateral das cartilagens aritenóideas permite a abdução do ligamento vocal e alarga a rima da glote (permite a abertura da rima da glote para inspiração profunda). ➢ Músculo cricoaritenóideo lateral: ação de rotação medial das cartilagens aritenóideas, aduzindo o ligamento vocal e estreitando a rima da glote (permite a aproximação dos ligamentos vocais para a fonação). ➢ Músculos aritenóideos transverso e oblíquo: a parte transversa aproxima a cartilagens aritenóideas, fechando a rima da glote (mais posteriormente). Quando a rima da glote é aduzida pelo músculo cricoaritenóideo lateral e não há ação do aritenóideo transverso, configura-se a posição de sussurro. O aritenóideo oblíquo estreita a rima da glote. ➢ Músculo vocal: lateral ao ligamento vocal, ação de ajuste fino no tensionamento ou relaxamento do ligamento vocal para tom mais preciso, exato. ❖ VASCULARIZAÇÃO ➢ Artéria tireóidea superior: ramo da artéria carótida externa que irriga a região da laringe e glândula tireoide. Apresenta ramos glandulares para a glândula tireoide e um ramo chamado de artéria laríngea superior, que acompanha o ramo interno do nervo laríngeo superior através da membrana tíreo-hioidea para irrigar a face interna da laringe. ➢ Artéria tireóidea inferior: Passa pelo tronco simpático e apresenta relação com o nervo laríngeo recorrente. Dá a artéria laríngea inferior, que acompanha o nervo de mesmo nome (que é ramo terminal do nervo laríngeo recorrente) e supre a túnica mucosa e os músculos da parte inferior da laringe. ➢ Artéria tireóidea ima: artéria presente em variação anatômica, em cerca de 10% da população. Quando presente, origina-se principalmente do tronco braquiocefálico, porém pode emergir também do arco da aorta e da artéria carótida comum direita etc. É uma artéria ímpar que ascende na face anterior da traqueia e supre essa estrutura e a glândula tireoide. ❖ DRENAGEM VENOSA ➢ Veias tireóidea superior e laríngea superior: acompanham as artérias e drenam para a veia jugular interna. ➢ Veias laríngea inferior e tireóidea inferior: não acompanham as artérias como as anteriores, sendo que a tireóidea inferior se origina no polo inferior da glândula e depois se junta com a laringe, e drenam para as veias braquiocefálica. ➢ Veias tireóideas médias: drenam a parte central da glândula tireoide e drena para a veia jugular interna. ❖ DRENAGEM LINFÁTICA ➢ Os vasos linfáticos da laringe superiores às pregas vocais acompanham a artéria laríngea superior através da membrana tíreo-hioidea e drenam para os linfonodos cervicais profundos superiores. ➢ Os vasos linfáticos inferiores às pregas vocais drenam para os linfonodos pré-traqueais ou paratraqueais, que drenam para os linfonodos cervicais profundos inferiores. ❖ INERVAÇÃO ➢ Os nervos descritos serão os nervos da laringe. ➢ Os nervos da laringe são os ramos laríngeos superior e inferior dos nervos vagos (NC X). O nervo laríngeo superior origina-se do gânglio vagal inferior na extremidade superior do trígono carótico. O tem seu trajeto apoiado nos constritores da faringe até que na altura do corno superior da tireoide o nervo divide-se em dois ramos terminais na bainha carótica: o nervo laríngeo interno (sensitivo e autônomo) e o nervo laríngeo externo (motor). ➢ O ramo interno do nervo laríngeo superior, o maior dos ramos terminais do nervo laríngeo superior, perfura a membrana tíreo-hióidea com a artéria laríngea superior, enviando fibras sensitivas para a túnica mucosa laríngea do vestíbulo da laringe e cavidade média da laringe, inclusive a face superior das pregas vocais. Caso seja lesado, perde-se a sensibilidade da laringe e assim o reflexo da tosse. ➢ O ramo externo do nervo laríngeo superior, o ramo terminal menor do nervo laríngeo superior, desce posteriormente ao músculo esternotireóideo em companhia da artéria tireóidea superior. Inicialmente, o nervo laríngeo externo está situado sobre o músculo constritor inferior da faringe; depois perfura o músculo, e continua para suprir o músculo cricotireóideo. ➢ O nervo laríngeo inferior, a continuação do nervo laríngeo recorrente (um ramo do nervo vago) entra na laringe passando profundamente à margem inferior do músculo constritor inferior da faringe e medialmente à lâmina da cartilagem tireóidea. Divide-se em ramos anterior e posterior, que acompanham a artéria laríngea inferior até a laringe. Inervação motora de todos os músculos da laringe exceto o músculo cricotireóideo. Com a lesão desse nervo, ou do laríngeo recorrente, um dos sinais dessa perda de inervação é a rouquidão. ❖ CORRELAÇÕES CLÍNICAS ➢ TRAQUEOSTOMIA: A incisão transversal da pele do pescoço e da parede anterior da traqueia, traqueostomia, estabelece uma via respiratória em pacientes com obstrução das vias respiratórias superiores ou insuficiência respiratória. Os músculos infra-hioideos são retraídos lateralmente, e o istmo da glândula tireoide é dividido ou retraído superiormente. É feita uma abertura na traqueia, entre o primeiro e o segundo anéis traqueais ou através do segundo, do terceiro e do quarto anéis. Em seguida, um tubo de traqueostomia é introduzido na traqueia e fixado. Para evitar complicações durante a traqueostomia, são importantes as seguintes relações anatômicas: → As veias tireóideas inferiores originam-se de um plexo venoso na glândula tireoide e descem anteriormente à traqueia → Uma pequena artéria tireóidea ima é encontrada em cerca de 10% das pessoas; ascende a partir do tronco braquiocefálico ou do arco da aorta até o istmo da glândula tireoide → Pode-se encontrar a veia braquiocefálica, o arco venoso jugular e a pleura, sobretudo em lactentes e crianças → O timo cobre a parte inferior da traqueia em lactentes e crianças → A traqueia é pequena, móvel e mole em lactentes, o que facilita a secção da parede posterior e a lesão do esôfago ➢ TIREOIDECTOMIA: Às vezes a excisão de um tumor maligno da glândula tireoide, ou outro procedimento cirúrgico, exige a retirada parcial ou total da glândula (hemitireoidectomia ou tireoidectomia). No tratamento cirúrgico do hipertireoidismo, geralmente é preservada a parte posterior de cada lobo da glândula tireoide aumentada, um procedimento denominado tireoidectomia quase total, para proteger os nervos laríngeos recorrente e superior e poupar as glândulas paratireoides. A hemorragia pós- operatória depois da cirurgia da glândula tireoide pode comprimir a traqueia, dificultando a respiração. O sangue acumula-se na cápsula fibrosa da glândula. ➢ LESÃO DOS NERVOS LARÍNGEOS: Como o nervo laríngeo inferior, a continuação do nervo laríngeo recorrente, inerva os músculos que movimentam a prega vocal, a lesão dos nervos laríngeos causa paralisia da prega vocal. Inicialmente a voz é insatisfatória, pois não há adução da prega vocal paralisada para encontrar a prega vocal normal. Em semanas, a prega contralateral cruza a linha mediana quando há compensação pela ação muscular. Na paralisia bilateral das pregas vocais a voz está quase ausente, pois as pregas vocais estão imóveis em uma posição um pouco mais estreita do que a posição respiratória geralmente neutra. Não podem ser aduzidas para fonação, nem podem ser abduzidas para aumentar a respiração, o que resulta em estridor (respiração ruidosa aguda), amiúde acompanhado por ansiedade semelhante à associada a um episódio de asma. Nas lesões progressivas do nervo laríngeo recorrente, há perda da abdução dos ligamentos vocais antes da adução; por outro lado, durante a recuperação, a adução retorna antes da abdução. A rouquidão é o sinal comum de distúrbios gravesda laringe, como o carcinoma das pregas vocais. A paralisia do nervo laríngeo superior causa anestesia da mucosa laríngea superior. Logo, há inatividade do mecanismo protetor destinado a evitar a entrada de corpos estranhos na laringe, e corpos estranhos podem entrar na laringe com facilidade. A lesão do ramo externo do nervo laríngeo superior ocasiona voz monótona, porque o músculo cricotireóideo paralisado suprido por ele não consegue variar o comprimento e a tensão da prega vocal. Essa lesão pode não ser notada nas pessoas que não costumam variar muito o tom da fala, mas é crucial para cantores ou pessoas que falam em público. Para evitar lesão do ramo externo do nervo laríngeo superior (p. ex., durante tireoidectomia), a artéria tireóidea superior é ligada e seccionada em posição superior à glândula, onde não está tão próxima do nervo. Como o aumento da glândula tireoide (bócio) pode comprometer a inervação da laringe por compressão dos nervos laríngeos, as pregas vocais são examinadas por laringoscopia antes de uma cirurgia nessa área. Desse modo, a lesão da laringe ou de seus nervos em um acidente cirúrgico pode ser distinguida de uma lesão preexistente causada pela compressão do nervo.
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