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Fundamentos historicos,teoricos e mtodologicos do serviço social 3 n5

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- -1
FUNDAMENTOS HISTÓRICOS, TEÓRICOS 
E METODOLÓGICOS DO SERVIÇO SOCIAL 
III
A CONSOLIDAÇÃO DA PERSPECTIVA DE 
INTENÇÃO DE RUPTURA NO BRASIL
- -2
Olá!
O trabalho de Marilda Lamamoto e Raul de Carvalho, apresentado no livro “Relações Sociais e Serviço Social no
Brasil: esboço de uma interpretação histórico-metodológica”, em 1979, tornou-se uma referência para os cursos
de Serviço Social brasileiro, desde sua primeira edição. Trata-se de uma obra que, de maneira consistente e
aprofundada, incorpora o referencial teórico do materialismo histórico-dialético, do marxismo, na análise do
Serviço Social sobre a sociedade capitalista brasileira, e sobre o papel do Serviço Social neste modo de produção,
na realidade particular do Brasil. Este trabalho é resultado de um projeto de pesquisa vinculado ao CELATS
sobre a História do Serviço Social na América Latina, explicitando as articulações entre a gestação e
desenvolvimento da profissão de Serviço Social, e a dinâmica dos processos econômicos, sociais e políticos. O fio
condutor de todo o trabalho é a compreensão da profissão como instituição componente da organização da
sociedade capitalista, inserida em um conjunto amplo de condições e relações sociais que lhe atribuem um
significado, e nas quais ela se torna necessária.
O trabalho de Marilda Iamamoto e Raul de Carvalho, apresentado no livro “Relações Sociais e Serviço Social no
Brasil: esboço de uma interpretação histórico-metodológica”, em 1979, tornou-se uma referência para os cursos
de Serviço Social brasileiro, desde sua primeira edição. Trata-se de uma obra que, de maneira consistente e
aprofundada, incorpora o referencial teórico do materialismo histórico-dialético, do marxismo, na análise do
Serviço Social sobre a sociedade capitalista brasileira, e sobre o papel do Serviço Social neste modo de produção,
na realidade particular do Brasil.
Este trabalho é resultado de um projeto de pesquisa vinculado ao CELATS sobre a História do Serviço Social na
América Latina, explicitando as articulações entre a gestação e desenvolvimento da profissão de Serviço Social, e
a dinâmica dos processos econômicos, sociais e políticos.
O fio condutor de todo o trabalho é a compreensão da profissão como instituição componente da organização da
sociedade capitalista, inserida em um conjunto amplo de condições e relações sociais que lhe atribuem um
significado, e nas quais ela se torna necessária
Ao final desta aula, você será capaz de:
1 - Demonstrar como se deu o aprofundamento da análise marxista no Serviço Social brasileiro, a partir das
contribuições de Marilda Iamamoto.
2 - Analisar como se deu a inserção do Serviço Social nas relações de produção capitalista no Brasil.
- -3
1 Análise do surgimento do serviço social no contexto de 
aprofundamento do capitalismo na sociedade brasileira.
Visando superar as análises das correntes teóricas conservadoras a respeito do surgimento e do papel do Serviço
Social, IAMAMOTO e CARVALHO buscaram identificar qual o significado social dessa profissão e de suas práticas,
a partir da análise do processo de reprodução das relações sociais na sociedade capitalista, com base no
referencial marxista.
Como ponto de partida dessa análise, a hipótese é que a profissão só existe em condições e relações sociais
historicamente determinadas, concretas, particulares, permeada por contradições.
“O Serviço Social só pode afirmar-se como prática institucionalizada e legitimada na sociedade, ao responder a
necessidades sociais derivadas da prática histórica das classes sociais, na produção e reprodução dos meios de
vida e de trabalho de forma socialmente determinada.”(IAMAMOTO, 2011, P.20)
O modo de produção interfere, de forma determinante, no modo de organização de uma sociedade em todos os
aspectos: políticos, econômicos, sociais, legais, ideológicos. Ele cria, destrói e reconstrói instituições, leis, classes
sociais. Para compreendermos isso, basta nos lembrarmos dos modos de produção escravista, feudal, e de como
a sociedade estava organizada em cada um deles. Isso porque:
“Ao produzirem os meios de vida, os homens produzem sua vida material. O modo de produzir os
meios de vida refere-se não só à reprodução física dos indivíduos, mas à reprodução de um
determinado modo de vida. A produção da própria vida no trabalho, e da alheia na procriação, dá-se
numa dupla relação natural e social; social no sentido de que compreende a cooperação de muitos
indivíduos.
Portanto, determinado modo de produzir supõe também, determinado modo de cooperação entre os
agentes envolvidos, determinadas relações sociais estabelecidas no ato de produzir, as quais
envolvem o cotidiano da vida em sociedade.
O grau de desenvolvimento da divisão social do trabalho expressa o grau de desenvolvimento das
forças produtivas sociais do trabalho.(...) Assim é que, a cada fase da divisão do trabalho,
corresponde uma forma de propriedade ou, a cada estágio do desenvolvimento das forças produtivas
do trabalho social, corresponde uma forma de apropriação do trabalho” (IAMAMOTO, 2011, p.21)
- -4
Com base nesse referencial, é que a autora procura interpretar como, a partir do modo de produção capitalista,
se dão as relações de produção, as relações entre as classes sociais, as relações de dominação, a produção da
desigualdade, que vai demandar uma profissão para mediar suas contradições, em busca de manter a ordem
deste modo de produção: o Serviço Social.
O surgimento desta profissão é analisado a partir do antagonismo de duas classes sociais: a classe trabalhadora
(o proletariado) e a burguesia. Isto porque, no capitalismo, a burguesia explora e se apropria do produto do
trabalho do proletariado, acumulando muita riqueza, a partir do pagamento cada vez mais baixo aos
trabalhadores, e de diversos mecanismos para aumentar a produtividade e o lucro.
O aumento da pobreza entre os trabalhadores, muda radicalmente a visão anterior de caridade e filantropia, que
era destinada aos órfãos, idosos e desvalidos, já que os trabalhadores seriam responsáveis por sua sobrevivência
e de sua família, a partir de seu trabalho e de seu salário.
A promessa de uma sociedade justa, conforme propunha a Revolução Francesa, cujo lema era “igualdade,
liberdade fraternidade”, em oposição às sociedades baseadas nos modos de produção escravocratas e feudal, cai
por terra, e as novas formas de exploração dos trabalhadoras são denunciadas, e as contradições do novo modo
de produção vem à tona.
É com o desenvolvimento da sociedade capitalista burguesa e suas contradições, que surge a “questão social”, e
para enfrentá-la, uma nova profissão, o Serviço Social, inserida na lógica desse sistema.
Segundo IAMAMOTO, 2011, p. 23:
“O Serviço Social surge como um dos mecanismos utilizados pelas classes dominantes como meio de
exercício de seu poder na sociedade, instrumento esse que deve modificar-se constantemente, em
função das características diferenciadas da luta de classes e ou das formas como são percebidas as
sequelas derivadas do aprofundamento do capitalismo. Estas sequelas se manifestam, também por
uma série de comportamentos desviantes, que desafiam a Ordem.
Em face do crescimento da miséria relativa de contingentes importantes da classe trabalhadora
urbana, o Serviço Social aparece como uma das alternativas às ações caritativas tradicionais,
dispersas e sem solução de continuidade, a partir da busca de uma nova racionalidade no
enfrentamento da questão social”.
A autora busca demonstrar que o Serviço Social é demandado pelo sistema capitalista e por seus representantes
no Estado, como uma atividade auxiliar e subsidiária, para o exercício do controle social e para auxiliar na
difusão da ideologia dominante entre a classe trabalhadora.
- -5
Porém, também é demandado pela classe trabalhadora para ser o mediador nas relações com o Estado, com o
empresariado e as instituições sociais, para a obtenção de serviços, benefícios, direitos.
Ao ser o responsável porgerenciar o acesso aos serviços, o assistente social passa a ocupar um lugar estratégico,
de mediação de interesses, muitas vezes opostos.
“Atua ainda, pela mediação dos serviços sociais, na criação de condições favorecedoras da
reprodução da força de trabalho. Sendo o exercício profissional polarizado pela luta de classes, o
Serviço Social também participa do processo social, reproduzindo as contradições próprias da
sociedade capitalista, ao mesmo tempo e pelas mesmas atividades pelas quais é chamado a reforçar
as condições de dominação. Se de um lado, o profissional é solicitado a responder às exigências do
capital, de outro, participa, ainda que subordinadamente, de respostas às necessidades legítimas de
sobrevivência da classe trabalhadora. Procura-se pois, apreender o movimento contraditório da
prática profissional no jogo das forças sociais presentes na sociedade.”(IAMAMOTO, 2011, p. 28)
A prática profissional é permeada por interesses contraditórios: o das instituições empregadoras (Estado,
empresas, instituições assistenciais, filantrópicas), que buscam estratégias para manter os problemas sob
controle. Além de propor benefícios e serviços, existe a dimensão ideológica, através da qual se reafirma ou se
questiona a forma como a sociedade está organizada, sua lógica, a existência ou não de justiças e injustiças, de
direitos conquistados ou negados.
O assistente social ao atender os usuários, pode trabalhar no sentido de defender a lógica estabelecida, limitando-
se ao que é permitido ou disponibilizado pela instituição que lhe contrata, ou atuar numa perspectiva crítica,
buscando ampliar a consciência dos usuários a cerca de seus direitos e das limitações postas pela instituição. Por
isso afirma-se que a prática profissional nunca é neutra, pois ela defende, conscientemente ou não, os interesses
de uma classe ou de outra.
A consciência dos profissionais se expressa pelo seu discurso teórico-ideológico. Mas a prática profissional é
determinada também pelas circunstâncias sociais objetivas, que conferem uma direção social à prática
profissional, o que condiciona e mesmo ultrapassa a vontade e a consciência dos profissionais.
“A noção de reprodução das relações sociais refere-se a duas dimensões complementares: a
reprodução das forças produtivas e das relações de produção na sua globalidade, envolvendo
também a reprodução da produção espiritual, isto é das formas de consciência social: jurídicas,
religiosas, artísticas ou filosóficas, através das quais se toma consciência das mudanças ocorridas nas
condições materiais de produção. Neste processo são gestadas e recriadas as lutas sociais entre os
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agentes sociais envolvidos na produção, que expressam a luta pelo poder, pela hegemonia nas
diferentes classes sociais, sobre o conjunto da sociedade.” (IAMAMOTO, 2011, p. 78)
Reafirmamos o caráter contraditório da prática profissional, inserida nas relações sociais, e como um
instrumento atuante na esfera de reprodução das relações sociais. A autora rejeita a posição de alguns críticos,
que afirmam ser o Serviço Social, um instrumento exclusivamente a serviço da classe dominante. Por outro lado,
recusa também uma corrente que atua na visão “messiânica”, “salvadora das classes oprimidas”, que se coloca
como “agente de transformação”. A contradição é inerente a posição que o Serviço Social ocupa nas relações de
produção. 
“A reflexão teórica sobre o Serviço Social no movimento de reprodução da sociedade, não se
identifica com a defesa da tese unilateral que tende a acentuar, aprioristicamente, o caráter
“conservador” da profissão como esforço e apoio ao poder vigente. Não significa, ainda assumir a
tese oposta, amplamente divulgada no movimento de Reconceituação, que sustenta a principio, a
dimensão necessariamente “transformadora ou revolucionária” da atividade profissional.(...) Ao
superestimar a eficácia política da atividade profissional, subestima o lugar das organizações
políticas das classes sociais, no processo de transformação da sociedade, enquanto sujeitos da
história; por outro lado, parece desconhecer a realidade do mercado de trabalho. (...)
A atuação do assistente social é necessariamente polarizada pelos interesses de tais classes,
tendendo a ser cooptada por aqueles que tem uma posição dominante. Reproduz também, pela
mesma atividade, interesses contrapostos que convivem em tensão. Responde tanto a demandas do
capital como do trabalho, e só pode fortalecer um ou outro pólo pela mediação de seu oposto.
Participa tanto dos mecanismos de dominação e exploração como, ao mesmo tempo e pela mesma
atividade, da resposta às necessidades de sobrevivência da classe trabalhadora, e da reprodução do
antagonismo nesses interesses sociais, reforçando as contradições que constituem o móvel básico da
história. A partir dessa compreensão é que se pode estabelecer uma estratégia profissional e política,
para fortalecer as metas do capital ou do trabalho”. ( idem, p. 81)
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2 A questão social e o serviço social
O crescimento quantitativo e o aumento da capacidade de organização e luta da classe trabalhadora, através de
associações, sindicatos, greves, e organização em partidos políticos, demandam novas respostas aos problemas
gerados pela acumulação capitalista em detrimento do empobrecimento da classe trabalhadora, e dos vastos
contingentes excluídos, que fazem parte do “exército industrial de reserva”.
O fenômeno do empobrecimento não só dos idosos, viúvas, enfermos e desvalidos, como anteriormente, mas da
própria classe trabalhadora, incapaz de garantir todas as necessidades básicas para manutenção de sua família
(habitação, alimentação, vestuário, saneamento, educação, saúde, educação, cultura, lazer), em função da
exploração capitalista, manifestada nos baixos salários, na jornada de trabalho, nos mecanismos de aceleração da
produção, na mais valia.
A explosão de “expressões da questão social”, como questões coletivas, porque de uma classe social e não mais
de pequenos grupos minoritários; a publicização das expressões da questão social, não mais como questões da
esfera individual, particular, privada, mas como dimensões sociais, coletivas, públicas de um fenômeno: a
exploração de uma classe sobre a outra, o enriquecimento de poucos às custas da pobreza de muitos, cuja raiz
encontra-se fincada na lógica da exploração capitalista.
Segundo IAMAMOTO, são elementos fundamentais no surgimento da questão social:
A tomada de consciência da classe trabalhadora sobre a sua condição de explorada;
A capacidade de organização para tornar pública essa questão;
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O reconhecimento pelo Estado dessa capacidade de organização e de suas demandas.
2.1 O significado dos serviços sociais
A institucionalização do Serviço Social enquanto profissão inserida na divisão sócio-técnica do trabalho, vem a
ser demandada pelo Estado, como estratégia de enfrentamento as lutas dos trabalhadores.
No modo de produção capitalista, a riqueza produzida é distribuída para diferentes grupos sociais:
O salário para a classe trabalhadora.
A renda para a classe detentora dos meios de produção.
Os juros para os que detêm o capital financeiro.
Para Marilda Iamamoto, os serviços sociais surgem nessa divisão de recursos:
“Parte da riqueza socialmente gerada é canalizada para o Estado, principalmente sob a forma de impostos e
taxas pagos por toda a população. Assim, parte do valor criado pela classe trabalhadora, e apropriado pelo
Estado e pelas classes dominantes é redistribuído à população sob a forma de serviços, entre os quais os serviços
assistenciais, previdenciários ou “sociais”, no sentido amplo.
Assim é que, tais serviços nada mais são, na sua realidade substancial, do que uma forma, transfigurada de
parcela do valor criado pelos trabalhadores e apropriado pelos capitalistas e pelo estado, que é devolvido a toda
a sociedade e em especial aos trabalhadores, que deles fazem mais uso, sob a forma transmutada de serviços
sociais.Reafirmando: tais serviços, públicos ou privados, nada mais são do que a devolução à classe trabalhadora de
parcela mínima do produto por ela criado mas não apropriado, sob uma nova roupagem: a de serviços ou
benefícios sociais. Porém, ao assumirem essa forma, aparecem como sendo doados ou fornecidos ao trabalhador
pelo poder político diretamente ou pelo capital, como a expressão da face humanitária do estado ou da empresa
privada. (...)
A generalização dos serviços sociais expressa, portanto, vitórias da classe operária na luta pelo reconhecimento
de sua cidadania na sociedade burguesa. (...)Ao defrontar-se com o processo de organização da classe operária, o
Estado e as classes patronais incorporam e encampam como suas uma série de reivindicações da classe
trabalhadora em sua luta de resistência face ao capital.(...) As expressões de luta de classe se transformam em
objetos de assistência social, e os serviços sociais que são expressão de direitos sociais dos cidadãos,
transmutam-se em matéria-prima da assistência. (Idem, p. 100)
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Esta é a expressão contraditória dos serviços sociais, reproduzindo e reforçando as contradições básicas da
sociedade capitalista. Ao serem respostas mediatizadas por organismos institucionais com um nítido caráter de
classe, as soluções propostas para atender as necessidades de sobrevivência dessa população, passam a ser
subordinadas aos objetivos político-econômicos dos setores sociais que controlam tais entidades. Daí a
importância da opção política e ideológica dos profissionais na sua prática cotidiana.
“No desempenho de sua função intelectual, o assistente social, dependendo de sua opção política,
pode configurar-se como mediador dos interesses do capital ou do trabalho, ambos presentes, em
confronto , nas condições em que se efetiva a prática profissional. Pode tornar-se intelectual
orgânico a serviço da burguesia ou das forças populares emergentes; pode orientar a sua atuação
reforçando a legitimação da situação vigente ou reforçando um projeto político alternativo, apoiando
e assessorando a organização dos trabalhadores, colocando-se a serviço de suas propostas e
objetivos.
Isso supõe, por parte do profissional, uma clara compreensão teórica das implicações da sua prática
profissional, possibilitando-lhe maior controle e direção da mesma, dentro dos limites socialmente
estabelecidos. Por outro lado, supõe ainda uma clara subordinação do exercício técnico profissional
às suas consequências políticas: o caráter propriamente técnico subordina-se á dimensão política
dessa prática.” ( Idem, p. 103)
No esforço de crítica ao conservadorismo na profissão, identifica-se que nas práticas profissionais
predominantes até então, historicamente os assistentes sociais atuaram na esfera de “reforço dos mecanismos
de poder econômico, político e ideológico, no sentido de subordinar a população trabalhadora às diretrizes das
classes dominantes, em contraposição à sua organização livre e independente.”(Idem, p. 104)
O referencial teórico da perspectiva Funcionalista do Serviço Social, ao propor fundamentalmente “ o
ajustamento dos indivíduos e grupos à lógica do sistema”, não questiona as bases da sociedade e não identifica
no modo de produção a origem das diversas formas de expressão da questão social. É a partir do referencial
teórico do marxismo, que o Serviço Social passa a elaborar uma nova compreensão sobre as causas dos
“problemas sociais”, bem como novas explicações sobre o papel do Estado e do Serviço Social.
- -10
3 A institucionalização e o processo de profissionalização 
do serviço social no Brasil
O processo de institucionalização do Serviço Social brasileiro tem na sua origem, vinculações com a Igreja
Católica e suas organizações, ( Ação Católica, Ação Social, CEAS), através das quais os leigos são chamados a
atuar na sociedade em nome da fé.
O CEAS- Centro de Estudos e Ação Social de São Paulo, considerado como manifestação original do Serviço Social
surge em 1932, como condensação de setores da Ação Social e Ação Católica, para dinamizar a mobilização dos
leigos. Foi somente em 1932 que as moças de São Paulo se interessaram pelo estudo metódico da questão social,
pela ação nos meios operários, nela abrangendo o problema do trabalho. As atividades do CEAS se orientarão
para a formação técnica especializada de quadros para a ação social e difusão da doutrina social da Igreja.
O Serviço Social só vai tornar-se profissão legitimada, no contexto de expansão da industrialização e
urbanização, quando o Estado é chamado a assumir novos papéis, de responder às demandas sociais, através de
instituições, programas e políticas sociais.
IAMAMOTO e CARVALHO resgatam esse processo na segunda parte do livro, do qual extrairemos apenas alguns
dos principais marcos dessa constituição do Serviço Social brasileiro enquanto profissão.
Saiba mais
Para saber mais sobre os principais marcos da institucionalização e o processo de
profissionalização do serviço social no Brasil, acesse o link: http://estaciodocente.webaula.
com.br/cursos/gon187/docs/04FH_aula05_doc01.pdf
E Para saber mais sobre os tópicos estudados nesta aula, pesquise na internet sites, vídeos e
artigos relacionados ao conteúdo visto. Se ainda tiver alguma dúvida, fale com seu professor
online utilizando os recursos disponíveis no ambiente de aprendizagem.
http://estaciodocente.webaula.com.br/cursos/gon187/docs/04FH_aula05_doc01.pdf
http://estaciodocente.webaula.com.br/cursos/gon187/docs/04FH_aula05_doc01.pdf
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O que vem na próxima aula
Na próxima aula, você vai estudar:
• As categorias de análise marxista e sua importância para o Serviço Social.
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• O aprofundamento da análise marxista no Serviço Social, a partir das contribuições de Marilda 
Iamamoto e Raul de Carvalho;
• Análise da inserção do Serviço Social nas relações sociais de produção capitalista.
•
•
•
	Olá!
	1 Análise do surgimento do serviço social no contexto de aprofundamento do capitalismo na sociedade brasileira.
	2 A questão social e o serviço social
	2.1 O significado dos serviços sociais
	3 A institucionalização e o processo de profissionalização do serviço social no Brasil
	O que vem na próxima aula
	CONCLUSÃO

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