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Lingua_portuguesa_III_final

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Prévia do material em texto

Governo Federal
Dilma Vana Rousseff
Presidente
Ministério da Educação
Fernando Haddad
Ministro
Secretaria de Educação a Distância
Carlos Eduardo Bielschowsky
Secretário
Diretor do Departamento de Políticas em Educação a Distância
Hélio Chaves Filho
CAPES
Jorge Almeida Guimarães
Presidente
Diretor de Educação a Distância
João Carlos Teatini de Souza Clímaco
Governo do Estado
Ricardo Vieira Coutinho
Governador
UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA
Marlene Alves Sousa Luna
Reitora
Aldo Bezerra Maciel
Vice-Reitor
Eli Brandão da Silva
Pró-Reitor de Ensino de Graduação
Eliane de Moura Silva
Coordenação Institucional de Programas Especiais – CIPE
Secretaria de Educação a Distância – SEAD
Assessora de EAD
Cecília Queiroz
Língua Portuguesa III
Cléa Gurjão Carneiro
Fernanda Freitas
Campina Grande-PB
2011
469
C289l Carneiro, Cléa Gurjão. 
 Licenciatura em Letras/Português: Língua Portuguesa 3./ Cléa 
Gurjão Carneiro, Fernanda Freitas; UEPB / Coordenadoria Institucional 
de Programas Especiais/Secretaria de Educação a Distância._Campina 
Grande: EDUEPB, 2011. 
204 p.: il.
1. Língua Portuguesa. 2. Gramática e Linguística. I. Título. II. FREITAS, 
Fernanda. III. UEPB / Coordenadoria Institucional de Programas Especiais.
21. ed.CDD
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL - UEPB
Universidade Estadual da Paraíba
Marlene Alves Sousa Luna
Reitora
Aldo Bezerra Maciel
Vice-Reitor
Pró-Reitor de Ensino de Graduação 
Eli Brandão da Silva
Coordenação Institucional de Programas 
Especiais-CIPE 
Secretaria de Educação a Distância – SEAD
Eliane de Moura Silva
Cecília Queiroz
Assessora de EAD
Coordenador de Tecnologia
Ítalo Brito Vilarim
Projeto Gráfi co
Arão de Azevêdo Souza
Revisora de Linguagem em EAD
Rossana Delmar de Lima Arcoverde (UFCG)
Revisão Linguística
Maria Divanira de Lima Arcoverde (UEPB)
Diagramação 
Arão de Azevêdo Souza
Gabriel Granja
Sumário
I Unidade
O artigo: um estudo da abordagem gramatical e linguística.......................7
II Unidade
O numeral no contexto gramatical e linguístico.............................................39
III Unidade
Pronomes: um estudo da referenciação em língua portuguesa.................67
IV Unidade
Os pronomes pessoais: 
um estudo da abordagem gramatical e linguística......................................99
V Unidade
Pronomes II: Classificação tradicional dos pronomes................................137
VI Unidade
Pronomes III: outras possibilidades de classificação dos pronomes......155
VII Unidade
Advérbios: classificação tradicional dos advérbios....................................171
VIII Unidade
Advérbios II: outras possibilidades de classificação....................................187
Língua Portuguesa III I SEAD/UEPB 7
Unidade I
I UNIDADE
O artigo: um estudo da 
abordagem gramatical 
e linguística
 8 SEAD/UEPB I Língua Portuguesa III 8 SEAD/UEPB I Língua Portuguesa III
Considerações Iniciais
 
“Está DEFINIDO: entre os produtos da boca, o bei-
jo é O melhor ARTIGO.” 
(LIMA, 1994, p. 45) 
 Depois da nossa excursão pelo estudo das palavras, da 
estrutura das palavras, do léxico, das classes de palavras: 
substantivo e adjetivo na disciplina Língua Portuguesa II, é 
necessário que estudemos o artigo para que possamos me-
lhor entender os efeitos de sentido na perspectiva gramatical 
e linguística que estão associados aos usos, a partir de sua 
classificação em definidos e indefinidos.
Vamos penetrar nas nuances dessa classe de palavra 
dando ênfase à perspectiva semântica, morfológica e sin-
tática. Isto porque, os tipos de artigo definido e indefinido 
apresentam uma estreita relação com o substantivo, deter-
minando-o.
Percebemos essa interação ao lermos o fragmento do 
poema de Lima (1994) na segunda estrofe: “o beijo é O 
melhor ARTIGO” deparamo-nos com os vocábulos grafados 
em letras maiúsculas com o intuito de chamar a atenção do 
leitor através da relação entre “o” artigo e a palavra “arti-
go”, ressaltando- como definido em letra maiúscula tam-
bém. Esse trocadilho entre a classe gramatical e o campo 
semântico da palavra definido, relaciona-o à característica 
semântica do artigo, uma vez que o artigo definido torna 
mais específico o substantivo por ele modificado.
Desse modo, como estudiosos da linguagem, aproveita-
mos para convidá-lo a refletir acerca do artigo na perspec-
tiva gramatical e linguística. Para isso, lembre-se de que a 
aprendizagem deste conteúdo vai exigir que você continue 
realizando todas as atividades e que estabeleça relações 
de interação com seus colegas, os tutores e os professores, 
para tirar dúvidas e buscar os esclarecimentos necessários. 
Não vamos estudar UMA classe de palavra, mas A classe de 
palavra.
Bons estudos!!!!
Língua Portuguesa III I SEAD/UEPB 9Língua Portuguesa III I SEAD/UEPB 9
Objetivos
No final desta unidade você deverá:
 
• Caracterizar os artigos a partir de uma perspectiva semântica, 
morfológica e sintática.
• Estabelecer a distinção entre artigo definido e indefinido em va-
riados contextos de língua e de gêneros textuais e discursivos.
• Estudar os efeitos de sentido associados aos usos dos artigos 
definidos e indefinidos. 
 10 SEAD/UEPB I Língua Portuguesa III
Primeiras palavras...
 
Considerando a fala na tira abaixo, a interação entre Snoopy e 
Charlie Brown é pautada na utilização dos termos “o” e “um”. Vamos 
procurar entender os efeitos de sentido produzidos pelos falantes. Para 
isso, leia a tirinha abaixo:
(1)
Na tira de Snoopy, o efeito de sentido é construído a partir da utili-
zação de dois termos distintos para determinar o substantivo cachorro: 
um ou o. Ao empregarmos um, o substantivo apresenta um caráter 
mais genérico e indefinido, identificando a espécie (animal - cachorro) 
a que pertence um ser vivo. Dessa forma, os artigos indefinidos gene-
ralizam os substantivos que modificam.
Em contrapartida, o O evidencia uma modificação no sentido do 
que é dito, uma vez que se sugere que o ser identificado é único dentre 
todos os outros da mesma espécie. Em vista disso, definimos como “o 
cachorro”, Snoopy em que se apresenta como um beagle especial en-
tre todos os cães da raça beagle. 
Essa tira nos remete a uma frase eu ainda sou O cara... proferida 
pelo jogador Romário em uma vídeo charge postada após ganhar o 
título de artilheiro do campeonato brasileiro de futebol 2005. Assista-
mos à vídeo charge:
(2)
http://www.youtube.com/watch?v=cOsep1cx1A8&feature=player_
detailpage#t=0)1 
1 Caros alunos, segue o link a fi m de que 
assistam à vídeo charge, será necessário 
pesquisá-lo via internet. Em seguida, baixar 
o arquivo para assisti-lo.
Língua Portuguesa III I SEAD/UEPB 11
Na frase de Romário, o artigo torna específico o substantivo cara, 
demonstrando uma distinção diante de todos os seres humanos em 
relação de superioridade de Romário. 
Esse valor de determinação do artigo definido o foi enfatizado dado 
o objetivo de chamar a atenção para a excelência de determinado ser 
(o jogador Romário), para o seu caráter único e singular no universo 
dos seres da mesma espécie (ser humano). 
Desse modo, a distinção entre definido e indefinido, como ilustrado 
pela tira de Snoopy e a frase de Romário, é de natureza semântica. 
Estudaremos as três perspectivas de análise propostas para essa classe 
de palavras.
Dificilmente podemos (ou poderemos algum dia)
indicar o marco de tempo exato a partir do qual os 
fatos de língua tornam-se interessantes temas aos 
cientistas da linguagem humana.
(MOLLICA e ALIPIO, 2006, p.124)
Artigo: 
conceito, caracterização e 
critérios de classifi cação
Neste tópico, explanamos acerca do conceito de artigo definido e 
indefinido a partir da sua caracterização. Em seguida, evidenciamos os 
critérios de classificação do artigo. Para isso, elegemos como norte a 
perspectiva gramatical e a linguística.
Conceito
O artigo originou-se do Latim Vulgar a partir do demonstrativo ille/
illa a fim desanar a perda da declinação dos nomes e satisfazer a uma 
necessidade eufônica. (MATTOS E SILVA, 1993).
Segundo Cunha & Cintra (2001) o artigo é conceituado como a 
classe de palavras responsável pela determinação e indeterminação do 
substantivo. Isto porque, precede o substantivo, acompanhando-o em 
gênero e número e determinando-o de forma particular ou de modo 
genérico, conforme classificação a seguir:
 12 SEAD/UEPB I Língua Portuguesa III
Quadro 1:
Artigo
Classificação
definido
indefinido
Flexão
Gênero masculino
feminino
Número singular
plural
Corroborando com o conceito gramatical, Dubois et al (2006, p.72) 
define artigo como uma subcategoria de determinantes, constituintes 
obrigatórios do sintagma nominal. Podem ter o traço de determinação 
ou indeterminação.
Abaurre e Pontara (2006) definem artigo como a palavra variável 
em gênero e número que se antepõe aos substantivos, determinando-
os. Essa determinação operada pelo artigo pode ser definida ou indefi-
nida, verificada nos versos de Carlos Drummond de Andrade abaixo:
(3)
Cidadezinha qualquer
Casas entre bananeiras 
mulheres entre laranjeiras 
pomar amor cantar. 
Um homem vai devagar. 
Um cachorro vai devagar. 
Um burro vai devagar. 
Devagar... as janelas olham. 
Eta vida besta, meu Deus. 
 
 De Alguma poesia (1930)
 
As palavras em destaque são artigos: “um” (indefinido) e “as” (defi-
nido). Podemos dizer que na segunda estrofe a presença dos três artigos 
acompanhando os substantivos homem, cachorro e burro ressaltam em 
cada substantivo uma impressão vaga e indefinida. Entretanto, observe 
que no caso do artigo as, que acompanha a palavra janelas, temos 
definida que as janelas representam de fato, as pessoas que espiam e 
olham: as janelas olham. Assim, podemos afirmar que essa função do 
artigo é extremamente importante para melhor entendermos o texto em 
que tais elementos aparecem. 
Em vista disso, o artigo definido determina claramente um nome. 
Enquanto, o artigo indefinido transmite um aspecto vago. De um modo 
geral, o artigo definido funciona como anafórico, ou seja, faz remissão 
Língua Portuguesa III I SEAD/UEPB 13
a informação que precede no texto, desempenhando papel textual, que 
vai além de sua função gramatical. Por outro lado, o artigo indefinido 
funciona como catafórico, isto é, remete a informação que vem de-
pois. 
Ressaltamos que a compreensão do artigo como elemento de co-
esão referencial que, geralmente, é anafórico, quando é definido e, 
catafórico, quando é indefinido. Segundo Neves (2000), o artigo in-
definido tem, frequentemente, um uso não-referencial, aplicando-se a 
todo e qualquer membro da classe, grupo ou tipo que é escrito pelo 
sintagma, constituindo uma generalização.
A classe dos artigos indefinidos é representada unicamente pelo 
elemento um e suas flexões. Este é empregado antes de substantivos 
quando não se deseja apontar ou indicar a pessoa ou coisa a que se 
faz referência, nem na situação, nem no texto. 
Sendo assim, o sintagma nominal com o artigo indefinido apresenta 
um ser simplesmente por referência à classe a qual pertence; em outras 
palavras, é evidenciado como elemento de uma classe (cf. ROCHA 
LIMA,1973 ; CUNHA e CINTRA, 2001 ; NEVES, 2000).
Koch (2003) exemplifica essa assertiva a partir do enunciado: “De-
pois de algum tempo, aproximou-se de nós um desconhecido trajado 
de modo estranho. O desconhecido tirou do bolso o palato um peque-
no embrulho”. 
No enunciado acima, percebemos que o artigo indefinido acompa-
nha o substantivo quando este indica uma entidade que é vista como 
informação nova no texto e que o artigo definido é usado quando a 
entidade é vista como informação dada, conhecida. Travaglia (1996) 
assevera que um referente introduzido por um artigo indefinido só pode 
ser retomado por um artigo definido. 
Ademais, o artigo pode substantivar qualquer palavra ou expressão 
a que se antepõem, independentemente da classe gramatical a que 
pertençam, conhecido na gramática normativa de Derivação impró-
pria, conforme exemplo abaixo:
(4)
“O evoluir da situação faz-nos pensar que o correr 
de manhã é ótimo para o purifi car dos pulmões e o 
exercitar dos músculos. Por outro lado, o almoçar a 
tempo e horas funciona também como o ajudar de 
uma digestão bem feita. O ignorar estas normas de 
saúde leva-nos, com certeza, ao envelhecer da pele 
e ao enfraquecer do corpo, em geral.
O continuar a ouvir e a ler português assim é o re-
fl etir cabal do nosso nível cultural e da nossa origi-
nalidade como povo, nação e cultura”. (CASCAIS, 
2006)2
dica. utilize o bloco 
de anotações para 
responder as atividades!
2 Disponível em http://espumadamente.
blogspot.com/2006/05/substantivao-do-
verbo-ou-estupidez-no.html.
 14 SEAD/UEPB I Língua Portuguesa III
No exemplo (4), constatamos que o artigo O substantivou os verbos 
(evoluir, correr, purificar, exercitar, almoçar, ajudar, ignorar, envelhecer, 
enfraquecer, continuar e refletir). Tal fenômeno segundo Fiorin (2007) 
existe, em Língua portuguesa, um mecanismo de criação lexical em que 
se observa a redução de um morfema.
Desse modo, o conceito e a classificação do artigo são evidencia-
dos, tradicionalmente, a partir dos aspectos teóricos da determinação, 
uma vez que um nome é considerado como definido ou indefinido em 
função do artigo que o acompanha. 
Critérios de classifi cação do artigo
Considerando os estudos da linguagem que afirmam que as clas-
ses de palavras ou categorias lexicais podem ser definidas por critérios 
semânticos, sintáticos e morfológicos. Conforme ilustrado no quadro 
abaixo:
Quadro 2
Classe/ critério Funcional ou sintático (fun-
ção ou papel na oração)
Mórfi co (caracterização da 
estrutura da palavra)
Semântico (modo de 
signifi cação)
ARTIGO Palavra que funciona 
como termo determi-
nante do núcleo de uma 
expressão.
Palavra formada unica-
mente por morfema gra-
matical (palavra variável 
em gênero e número).
Palavra que define ou 
indefine o substantivo a 
que se refere (definido, 
indefinido).
Perini (2006) ressalta que as classes de palavras estão no âmago 
da descrição gramatical e estamos muito habituados a partir delas para 
pensar os fenômenos da língua. Essas classes remontam desde a anti-
guidade, uma vez que havia a preocupação com os estudos das classes 
de palavras a partir de uma fragmentação em nome, verbo e partícula, 
proposta do Aristóteles, pautada na lógica filosófica. Isto porque, as 
classes são objetos de grande complexidade e se adéquam ao contexto 
histórico, social e econômico.
Conforme Dias (2005) há atualmente duas tendências no tratamen-
to de classes de palavras em livros didáticos. Alguns livros, de linha 
conservadora, especificam a temática das classes de palavras, mesmo 
que associada ao estudo de um texto. Outros, de linha inovadora, não 
especificam os tópicos relativos às classes gramaticais.
Diante disso, faz-se necessário o estudo de todos esses critérios ou 
traços visto que funcionam como pistas ou instruções de sentido. Para 
isso, Macambira (2003) apresenta as características dos três critérios:
O primeiro é critério semântico que é apresentado ao estabelecer-
mos tipos de significação, não sendo suficiente para abarcar todas as 
nuances do artigo, como pertencente às classes de palavras, embora 
seja o predominante nas gramaticais tradicionais.
Língua Portuguesa III I SEAD/UEPB 15
Em seguida, o critério morfológico entendido como a atribuição 
de palavras a diferentes classes, a partir das categorias gramaticais 
apresentadas bem como as características de variação de forma que se 
mostrem em conjunção com tais categorias. Por fim, o critério sintático 
ou funcional em que são atribuídas palavras às classes tendo em vista 
propriedades distribucionais e funcionais.
Nesse sentido, o conceito de artigo contempla os três critérios, con-
forme evidencia Pinilla (2007, p. 172) o artigo é a palavra que ante-
cede o substantivo (critério funcional) e indica o seu gêneroe número 
(critério morfológico), individualizando-o ou generalizando-o (critério 
semântico).
Diante do conceito de artigo, percebemos a conjunção desses cri-
térios em virtude do conceito abarcar todos eles, uma vez que o artigo, 
na perspectiva semântica, indica se o ser ou conceito nomeado pelo 
substantivo está sendo tomado de forma geral ou específica, se ele é 
apresentado pela primeira ver no discurso ou se está sendo retomado. 
Essa perspectiva considera o artigo palavra acessória com valor de par-
ticularizador ou generalizador do substantivo.
Quanto à perspectiva sintática a o artigo defini-se por sua relação 
com o substantivo no eixo das combinações, pertencendo ao sintagma 
nominal, localizando-se como especificador do núcleo do sintagma
Ressaltamos que essa perspectiva considera o artigo um elemento 
de estrutura da frase, recebendo o nome de determinante, ratificado 
pela bate papo no Chat educacional3 a seguir:
(5)
15:37:20 PA4 Achei muito bom também o fato dos itens previamente elen-
cados na nossaagenda, terem sido enfocados. Acho que os nos-
sos objetivos foram alcançados.
15:37:29 PA2... ou seja, estaríamos mediando a discussão.
15:38:22 P1 Bem, acho que a forma como a PAM moderou foi muito 
boa...
15:39:43 PA4 Uma outra coisa: temos que ter em mente que o gênero 
chat não é uma aula expositiva; sendo assim o centro não deve 
ser o professor. Deve haver, como foi nesse evento, uma troca de 
informações.
15:39:54 P1 Por outro lado, não sei o que vocês combinaram entre si: por 
exemplo, se algum de vocês notou que ficou alguma pergunta 
em aberto, ou que não foi respondida, não seria válida ajudar 
ao moderador?
15:40:33 PA5 Acho que PAM foi bem sim e as alunas também. No final, 
estavam mais à vontade.
15:40:49 PAM Ficamos c/ essa dúvida, mas tivemos como referencial os 
chats que participamos.
15:41:13 PA5 Pensei nessa alternativa, inclusive telefonei para o pessoal 
para saber o que achavam.
15:41:26 PA2 Estamos reunidas no CEFET-PB.
3 Corpus da Dissertação de mestrado de 
Dissertação intitulada “O gênero chat 
educacional em ambientes de ensino a 
distância” apresentada ao Programa de 
Pós-Graduação em Lingüística – PROLING, 
da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) 
em 2008, disponível em < http://www.
cchla.ufpb.br/proling/pdf/dissertacoes/
jackeline_m_de_a_aragao.pdf>. Acessado 
em 12 de fevereiro de 2011
 16 SEAD/UEPB I Língua Portuguesa III
Vale salientar que nas variedades de prestígio, o artigo sempre con-
corda em gênero e número com o substantivo a que se refere. No 
entanto, em outras variedades em que essa concordância não é obser-
vada, é o artigo que apresenta as informações sobre o número singular 
ou plural dos substantivos.
Por fim, temos o critério morfológico em que o artigo apresenta 
morfemas gramaticais que podem ser flexionados em gênero e número 
e podem sofrer contração e combinações, confirmadas no quadro a 
seguir:
Quadro 3:
Preposições Artigos definidos Artigos indefinidos
o a os as um uma Uns umas
a ao à5 aos às - - - -
de do da dos das dum duma duns dumas
em no na nos nas num numa nuns numas
por(per)4 pelo pela pelos pelas - - - -
Essas combinações não devem ser utilizadas quando a preposição 
que antecede o artigo está relacionada com o verbo de uma oração 
seguinte e não com o substantivo determinado pelo artigo, conforme 
trecho da entrevista abaixo com o reitor da USP:
(6)
E1: Os professores estão inertes diante das mobi-
lizações realizadas pelos funcionários da universi-
dade?
E2:. Os professores estão fazendo o que podem 
para garantir o direito dos alunos continuarem na 
universidade (padrão culto - Os professores estão 
fazendo o que podem para garantir o direito de os 
alunos continuarem na universidade
(Fonte: Disponível em <http://www.usp.br/
imprensa/?cat=4&paged=4 > Acessado em 14 
de janeiro de 2011).
Desse modo, os artigos constituem recursos linguísticos que a lín-
gua dispõe para que o falante/ ouvinte constitua seus textos a fim de 
produzir o(s) efeito(s) de sentido(s) que pretende(m) que seja(m) perce-
bido (s) pelos ouvinte/leitor e o que afeta essa percepção na interação 
comunicativa.
dica. utilize o bloco 
de anotações para 
responder as atividades!
4 A forma latina da preposição “per” per-
manece ao unirmos os artigos, porque não 
perderam o “e” entre as consoantes, no de-
correr da sua evolução ortográfi ca.
5 Quando unimos a preposição “a” com o 
artigo “a”, representamos essa fusão com 
à (a craseado) que será objeto de estudo 
mais adiante.
Língua Portuguesa III I SEAD/UEPB 17
Caracterização e emprego
O artigo é caracterizado como a palavra variável em gênero e nú-
mero que precede o substantivo, determinando-o de modo preciso ou 
vago, indicando-lhe o gênero e o número.
Bechara (2009) afirma que o artigo definido se antepõe a substan-
tivos, com reduzido valor semântico demonstrativo e com função precí-
pua de ajunto desses substantivos. Em contrapartida, o artigo indefinido 
é conceituado a partir da indeterminação, consideremos o quadro ex-
plicativo de caracterização do artigo:
Quadro 4:
Tipo de artigo Função Exemplo
Definido
Referência a um ins-
trumento específico.
O violino está desafi-
nado.
A apontada ou a úni-
ca no local.
A lâmpada queimou.
Pessoas conhecidas 
do falante.
Falei com os meni-
nos.
Empregado para indi-
car a espécie inteira; 
isto é, usa-se o sin-
gular com referência 
à pluralidade dos se-
res.
O homem é mortal. 
[= todos os homens].
Indefinido
Um dentre os vários 
da orquestra.
Um violino está desa-
finado.
Não é particulariza-
do.
Aproximação.
Uma representante 
da espécie.
Vimos uma estrela no 
telescópio.
Uma das diversas 
existentes no local.
Uma lâmpada quei-
mou.
Não é particulariza-
do.
Falei com um meni-
no.
Vale salientar que o uso do artigo é dependente do conjunto de 
circunstâncias, linguísticas ou não, que cercam a produção do enun-
ciado”. (NEVES, 2000, p.391). Confirmada na análise do comentário 
de Xande no blog a seguir:
 
 18 SEAD/UEPB I Língua Portuguesa III
(7)
blog letras e artes 
O espaço para a arte e literatura
segunda-feira, 7 de setembro de 2009
Download, gramática de Evanildo Bechara, moderna gramáti-
ca portuguesa 
Mais uma gramática aqui no blog, a gramática de Evanildo Be-
chara serve como referencia teórica para qualquer estudante da lín-
gua.
Postado por thiago_dancer às 11:20 
Marcadores: download, e-book, evanildo bechara, gramática, 
linguistica, livro, língua portuguesa, moderna gramática portuguesa
1 comentários: 
Xande disse... 
Olá... gostaria de saber pq a gramática que está disponibi-
lizada na internet tem menos páginas do que o livro normal? Um 
professor me disse essa gramática interessante por isso é interes-
sante que ela esteja completa.
Neste comentário, os artigos sublinhados apresentam ideia de de-
terminação (a – artigo definido) em que se refere à gramática de Eva-
nildo Bechara com a função de informar o receptor que um indivíduo 
específico está sendo referido (a gramática de Bechara). Isto porque, o 
artigo assume o papel de pronome demonstrativo e a presença deste é 
determinada pela intenção do falante bem como pela maneira como o 
usuário da língua pretende comunicar uma dada experiência.
Fonte: http://i.s8.com.br/images/books/
cover/img3/44323_4.jpg
Você pode acessar esse livro através do link 
http://www.easy-share.com/1907652649/Mo-
derna-Gramatica-Portuguesa-Evanildo-Bechara.
pdf
Língua Portuguesa III I SEAD/UEPB 19
Quanto à indeterminação do artigo um presente no comentário em 
estudo, percebemos este artigo se refere a qualquer professor. A inde-
terminação do artigo localizado anteposto ao substantivo indica um ser 
que deve ser tomado apenas como representante de uma espécie, e 
sobre o qual não se havia ainda feito referência, produzindo um efeito 
de sentido genérico, conforme a tira abaixo:
(8)
QUINO. Mafalda. São Paulo: Martins Fontes, 1989, p. 115.
Um ponto relevante é a posição do artigo que, segundoPerini 
(2010) está relacionada aos elementos pré- nucleares (predeterminante 
e determinante). Para isso, exemplifica a partir dos elementos que são 
explicitados sempre antes do núcleo como todos:
(9) Todos os crocodilos gostam de frango.
No exemplo acima, temos um predeterminante todos que ocorre 
antes do determinante O, contrariando a assertiva que o determinante é 
o primeiro elemento do sintagma nominal. Isto porque, Sandalo (2006) 
afirma que a morfologia, especificamente, as classes de palavras, é o 
maior ponto de controvérsia no estudo de linguagem.
Nesse sentido, percebemos que o determinante apresenta uma li-
berdade de movimentação na oração e que suas restrições são de ca-
ráter semântico.
Outra análise interessante que se pode fazer a respeito dos artigos 
é o ato de os mesmos poderem atuar na figuração do sentido de certos 
substantivos, por exemplo:
Praça 
A praça 
Poderíamos completar a primeira expressão com a seguinte frase
O praça chegou ao quartel
No entanto, essa mesma frase não serviria para a segunda expres-
são, pois a mera troca do artigo O para o artigo A modifica o sentido 
da expressão. Assim, a praça chegou atrasada seria uma frase impos-
sível em língua portuguesa. Uma vez que a combinação (substantivo + 
artigo) sofreria flexão de gênero, conforme exemplo a seguir:
baixa 
resolução
 20 SEAD/UEPB I Língua Portuguesa III
O praça (soldado) 
A praça (logradouro público)
Em relação ao emprego dos artigos, seguiremos as regras de uso 
elencadas por Bechara (2009) e seguidas por outros gramáticos da 
Língua Portuguesa e por autores de manuais didáticos como Piacentini 
(2006).
Emprego do artigo 
O artigo pode ser usado junto a um nome de pessoa quando existe 
familiaridade. Mas em algumas regiões do Brasil dispensa-se o artigo 
sistematicamente diante do nome da pessoa.
• (A) Graça pediu que você ligasse para ela. 
Os nomes próprios de pessoas (famosas ou não), quando usados 
por inteiro, não precisam do artigo.
• João Figueiredo pediu para ser esquecido. 
Usamos o artigo com nomes próprios geográficos, nomes de países 
e de alguns Estados brasileiros (o Paraná, o Rio de Janeiro, a Bahia, o 
Rio Grande do Sul, o Espírito Santo etc.)
• Gostaria de descer o Amazonas até os Andes. 
Nomes de cidades geralmente prescindem de artigo. Há exceções: o 
Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto. Quanto a Recife, é facultativo o uso.
• Visitarei (o) Recife nos próximos dias. 
Nomes de cidades passam a admitir o artigo desde que acompa-
nhados de qualificação (“dos meus sonhos”, neste caso).
• Finalmente visitarei a Ouro Preto dos meus sonhos. 
Dir-se-ia o imperador se D. Pedro II tivesse sido o único e não um 
imperador do Brasil.
Língua Portuguesa III I SEAD/UEPB 21
• D. Pedro II, imperador do Brasil, dava longos passeios pelos jar-
dins do Palácio. 
Não se usa artigo antes de pronomes pessoais e de tratamento.
• Sua Alteza casou com Dona Teresa Cristina. / Espero não ter 
interrompido V. Exa. 
Dentre as expressões de tratamento, senhor, senhora e senhorita 
são as únicas que admitem artigo, mas não quando vocativo, ou seja, 
quando nos dirigimos à própria pessoa.
• Falei com a srta. Ana, sua secretária, antes de vir procurá-la, 
senhora deputada. 
Geralmente usamos o artigo indefinido antes de numerais que ex-
primem aproximação. 
• Caruaru fica a uns 120 quilômetros do Recife. 
• Ricardo deve pesar uns 100 quilos.
Os adjetivos São, Santo e Santa, quando acompanhados de nome 
próprio, não admitem artigo, assim como Nosso Senhor e Nossa Senhora.
• Santo Antônio é seu padroeiro e confidente. 
O artigo é omitido antes da palavra casa quando designa resi-
dência, lar. Mas não quando particularizada ou usada na acepção de 
prédio, estabelecimento. 
• Voltou para casa mais tarde do que de hábito./ Voltou para a casa 
dos pais depois da separação. 
Omite-se o artigo junto ao vocábulo terra quando em oposição a 
bordo, mar.
• Finalmente estou em terra – já não aguentava o enjoo do navio. 
 22 SEAD/UEPB I Língua Portuguesa III
Costuma-se omitir o artigo com a palavra palácio quando designa 
a residência ou o local de despacho de um chefe de governo.
• Esteve em palácio, por convocação do senhor Governador. 
O artigo é usado nas expressões de peso e medida com o sentido 
de “cada”.
• Pagou Cz$ 40,00 o quilo da maçã. / Custa mil o metro. 
Usa-se o artigo com as estações do ano, exceto quando elas vêm 
precedidas de ‘de’, significando próprio de, como em “Gosto do sol de 
inverno”.
• O inverno brasileiro é moderado. 
É indiferente o emprego do artigo antes de possessivos acompanha-
dos de substantivos.
• Aquele carro que acharam é (o) meu. 
Em função substantiva (isto é, no lugar do substantivo), o possessi-
vo tem um sentido quando acompanhado de artigo (o meu carro = o 
único que possuo), e outro sentido sem o artigo (“é meu” denota uma 
simples idéia de posse).
• (O) meu carro custou a pegar, hoje de manhã. 
Dispensa o artigo o pronome possessivo usado em expressões com 
o valor de “alguns”.
• Quem não tem suas difi culdades? 
Quando o possessivo faz parte de um vocativo, não admite o artigo. 
• Vem cá, meu amor. 
O artigo é omitido com o possessivo em certas expressões feitas: 
Língua Portuguesa III I SEAD/UEPB 23
em nosso poder, a seu bel-prazer, por minha vontade, cada um a seu 
turno, a meu modo, em meu nome, a seu pedido etc.
• Dou em meu poder seu ofício de 15 de setembro. 
Omite-se o artigo antes de palavras de sentido geral, indeterminado.
• Sal, pimenta e açúcar devem ser usados em quantidades mode-
radas. 
Não se usa o artigo antes de substantivos abstratos, em expressões 
que não contêm nenhuma determinação.
• Você tem razão em não dar confi ança ao rapaz, pois ele só disse 
mentiras. 
Normalmente se repete o artigo para evitar ambiguidade, pois sem 
ele os dois substantivos podem designar o mesmo ser. Não seria o caso 
abaixo, porque não se casa com irmão, mas fica diferente agora: Ad-
miro o meu irmão e amigo (uma pessoa). Admiro o meu irmão e o meu 
amigo (duas pessoas).
• Apresentou-se na festa com o marido e o irmão. 
Desse modo, o artigo exerce função primordial no contexto grama-
tical, linguístico e pragmático uma vez que as propriedades do artigo 
de determinação e indeterminação apresentam interferência no proces-
so de significação do texto.
 24 SEAD/UEPB I Língua Portuguesa III
Atividade I
1) Observe as capas da revista Veja:
Capa 01 Capa 02
Fonte: http://1.bp.blogspot.com/-7Gio_pWnMJY/
TbtOjEPTG4I/AAAAAAAAAD8/Z6uk2BKCGpk/
s1600/Capa+Veja+n%25C2%25BA+2214.png
Fonte: http://silviolobo.com.br/7/images/2011.
Marco/capa-veja-realengo-380.jpg
a)Nas capas da revista Veja, há artigo defi nido? Qual o efeito de sentido que ele 
provoca na compreensão do texto nas duas capas?
b) Depois de observar as palavras que acompanham os artigos (a) e (o), 
podemos considerar que os artigos só acompanham substantivos?
2) Leia a tira a seguir:
a) Na tira, há o emprego dos artigos destacados em referência ao personagem 
Mafalda, a utilização do artigo uma apresenta defi nição ou indefi nição? 
Comente.
dica. utilize o bloco 
de anotações para 
responder as atividades!
baixa 
resolução
Língua Portuguesa III I SEAD/UEPB 25
b) No quarto quadrinho, o artigo destacado foi utilizado com função coesiva? 
Justifi que
c) Explique como o uso dos artigos destacados, no contexto da tira, contribuiu 
para produzir o efeito de humor.
3) Considerando o poema a seguir:
O medo
Tenho medo de um não.
O refletir é sempre bom.
O querer é poder.
O sim é tudo na vida.
Ela tem um quê de sublime.
O não – posso dos indolentes.
É difícil dizer um não.
O você é quem sabe é dizer um não.
O “Amai-vos uns ao outros’ é algo que deveríamos pensar mais.
Coisa difícil é dizer um não.
http://falabonito.wordpress.com/2006/08/30/21/
Explique o processo de substantivação através do artigos defi nidos e indefi nidos 
presente no gêneros textual lido.
O que dizem os linguistas? 
Paracompreender é essencial conhecer o lugar so-
cial de quem olha. Vale dizer: como alguém vive, 
com quem convive, que experiência tem, em que 
trabalha, que desejos alimenta, como assume os 
dramas da vida e da morte e que esperanças o 
animam. Isso faz da compreensão sempre uma in-
terpretação. Sendo assim, fica evidente que cada 
leitor é co-autor. Porque cada um lê e relê com os 
olhos que tem. Porque compreende e interpreta a 
partir do mundo que habita. (BOFF, 1997)6. 
Com as pesquisas crescentes na área de linguística, ascenderam-se 
as instigações em se estudar as classes de palavras em todas as suas 
manifestações em gêneros textuais orais e escritos. Isto porque, o tra-
6 Leonardo BOFF em a Águia e a Galinha 
(1997) usa essa metáfora espacial para 
conceituar a noção de leitura.
 26 SEAD/UEPB I Língua Portuguesa III
tamento gramatical, por tradição histórica, sempre enfocou a língua 
como um código de dimensão restrita, descartando sua função social e 
o seu poder argumentativo nos processos de interação comunicativa.
Nesse sentido, uma classe de palavra que merece destaque é o ar-
tigo que, segundo Infante (2001) tem recebido nos compêndios grama-
ticais uma abordagem reducionista, nos quais seu papel morfológico e 
sintático não o distingue essencialmente dos outros elementos também 
considerados como determinantes. Assim como o seu papel semântico 
não é diferenciado de outros itens gramaticais que com ele comparti-
lham da mesma função dentro da língua. 
Ademais, tradicionalmente, Bechara ( 2009) e Rocha Lima (2002) 
consideram um “nome” como definido ou não definido em função do 
artigo que o acompanha. Por isso, o artigo definido estaria funcionan-
do como uma marca para indicar “determinação”. 
No entanto, estudos linguísticos desconstroem essa perspectiva de-
vido o artigo definido nem sempre ocorre em contextos definidos, como 
no exemplo clássico “O homem é um ser mortal” em que o substantivo 
antecedido pelo artigo não representa um ser humano específico, defi-
nido mas uma classe como um todo, sendo, portanto, genérico. 
É importante que o professor tenha acesso ao contexto linguístico 
em virtude do estudo do artigo se encontrar presente desde as séries 
iniciais e perdurar no ensino fundamental e médio nas aulas de língua 
portuguesa. Alencar (2006) ressalta que a partir de consultas a pro-
gramas escolares e a livros didáticos, percebeu-se que esta classe de 
palavra se restringe a um conhecimento de nomenclatura apenas.
Faz-se necessário ressaltar que os gramáticos tradicionais não co-
mungam em relação às regras acerca do emprego do artigo e as orien-
tações quanto ao uso, às vezes, apresentam-se de material superficial 
e aleatório.
Em vista disso, é interessante observarmos que o tratamento dado 
ao artigo, pela gramática, está atrelado ao substantivo, inclusive sua 
classificação depende da forma de designação do ser como definido 
e indefinido.
No que atine à função do artigo definido no sintagma, Neves 
(2000) e Bechara (2009) declaram que ela pode ser interpretada sob 
dois aspectos diferentes, ou seja, o da presença ou ausência e o da 
substantivação.
Assim, o artigo pode funcionar como determinante do núcleo no-
minal através de sua carga semântica de determinação, quase sempre 
particularizando um indivíduo de uma espécie e, por outro turno, tam-
bém antecede itens lexicais, sintagmas e enunciados, promovendo o 
processo de substantivação, segundo o exemplo a seguir:
Língua Portuguesa III I SEAD/UEPB 27
( 13)
Além disso, tem se constatado que “o uso dos artigos definido e in-
definido não se encaixa na definição de artigo encontrada nas gramáti-
cas” (LIMA, 2006, p. 134). Embora a maioria dos gramáticos de língua 
portuguesa reconheça que há variação em relação a este fenômeno, 
não apresentarem regras categóricas que a justifique. 
Um exemplo dessa dialética é explanado por Cintra e Cunha (2001, 
p. 223) que sendo por definição individualizante, o nome próprio de-
veria dispensar o artigo. É consenso, também, entre os linguistas, que 
o uso do artigo diante de nomes próprios e possessivos é facultativo, 
não chegando a se constituir forma estigmatizada o emprego de uma 
ou outra construção do tipo:
(14) João terminou seu trabalho.
(15) O João terminou o seu trabalho.
Todavia, a despeito dessa aparente aceitação uniforme que circun-
da o entendimento do artigo diante de nomes próprios e possessivos, 
não se verificam abordagens que especifiquem satisfatoriamente as ra-
zões da presença ou ausência do artigo nesses contextos.
No entanto, por razões diversas, esta norma lógica nem sempre 
fosse observada e, hoje, há um grande número de nomes próprios que 
exigem obrigatoriamente o acompanhamento do artigo definido.
Neves (2000) declara que o artigo definido é utilizado antes de an-
tropônimos (nomes próprios) referentes a pessoas conhecidas ou famo-
sas, mormente, no registro coloquial. A autora reconhece, ainda, que 
este é um uso relacionado ao costume regional, familiar ou pessoal, o 
que, para ela, explica o fato de haver ocorrências de antropônimos sem 
o artigo em língua portuguesa. Para ilustrar essa discussão temos um 
enunciado publicado nas frases da semana:
 28 SEAD/UEPB I Língua Portuguesa III
(16)
“Aos dez anos eu que-
ria ser músico de blues, 
não o Hugh Laurie, ator “
Hugh Laurie, ator, pro-
tagonista da série House.
Fonte: Disponível em http://www.ronaud.com/frases-pensamentos-
citacoes-de/hugh-laurie Acessado em 17 de janeiro de 2011.
Fonte Imagem: http://4.bp.blogspot.com/_uQON8gpxHPo/
TEjdDEcZZpI/AAAAAAAAAJw/cfu4mlfH37M/s1600/Hugh-Laurie.jpg
Nesse sentido, os gramáticos apresentam uma exceção ao uso do 
artigo diante de nome próprio de personalidades da mídia, política e 
outros se houver um elemento de qualificação, como no exemplo aci-
ma “ator”, deverá ser acompanhado de artigo definido. 
Essa exceção segundo Neves (2000, p. 391) é explicada pelo uso 
da língua em virtude da presença do artigo ser determinada pela in-
tenção do falante, bem como pela maneira como o usuário da língua 
pretende comunicar uma dada experiência. Para a autora, “o uso do 
artigo é, pois, extremamente dependente do conjunto de circunstân-
cias, linguísticas ou não, que cercam a produção do enunciado”.
Por se tratar de um fenômeno variável, Callou et al., 2000 tratam o 
artigo a partir da questão de sua ausência/presença diante de posses-
sivos e nomes próprios, estudando esse caso de variação morfossintá-
tica, desconsiderando a dicotomia (oposição) determinação/indetermi-
nação proposta pelos gramáticos.
A esse respeito Alencar (2006) confirma essa abordagem linguística 
que considera o entendimento do artigo diante de nomes próprios e 
possessivos através da ausência e da presença do artigo nesses contex-
tos. É necessário que se priorize o contexto na caracterização dos arti-
gos, visto que no caso do artigo definido, a interpretação se processa 
por uma retomada regular ao contexto (KOCH e ELIAS, 2009). Para 
essas autoras, o falante identifica o objeto de que fala, objeto que o 
ouvinte também conhece (ou fica a conhecer).
A outra abordagem paradoxal de acordo Costa (2002) está re-
lacionada aos autores tradicionais que abordam a questão do artigo 
diante de possessivos, afirmando que é facultativo o uso do artigo. No 
entanto, a tira abaixo não ratifica essa regra:
Língua Portuguesa III I SEAD/UEPB 29
(17)
Neste exemplo, verificamos através do contexto que o artigo defi-
nido apresentado antes do pronome possessivo sinaliza para o leitor 
que alguém estaria com os chinelos de Hagar. A regra da utilização do 
artigo definido antes do pronome possessivo dependerá do contexto e 
da intencionalidade do produtor do texto. 
Destarte, observamos que não há, entre os gramáticos de língua 
portuguesa, em relação ao estabelecimento de regras para o uso/não-
uso do artigo definido a interferência do contexto diante do emprego 
de pronomes possessivos e nomes próprios. Conforme esboça Alves 
(2008, p.22), o próprio conceito de artigo “é algo que intriga os es-
tudiosos da linguagem, principalmente no que concerne às dicotomias 
determinação/ indeterminação.
Defendemos o posicionamento que a gramática e os livros didáti-
cos devem ultrapassar a perspectiva tradicional de língua para ofere-
cer ao aluno uma visão ampla do fenômeno gramatical. Certamente 
conceitos de artigo, como referência, empregados no estudo do artigo, 
alcançariam um maior nível de abstração e aprofundamento em um 
livro de linguística.
Isto porque, é necessário que haja uma maior aproximação entre 
o trabalho entre as classes gramaticais na sala de aula e os principais 
estudos sobre classes de palavras já realizados no país. Como Dias 
(2006, p. 137) exemplifica a necessidade dos alunos refletirem acerca 
da língua e da linguagem a partir uma atividade em que o professor 
deve utilizar o texto como experimento em um laboratório – Tomemos 
um texto básico e retiremos os artigos. Comparemos com o texto ori-
ginal. Verifiquemos se ainda é possível entender o texto básico.
Para ilustrar essa assertiva, Travaglia (2003, p. 46) propõe a des-
mistificação do ensino de língua através da separação entre gramática 
e texto a partir da descrição de uma aula:
Tratando dos chamados artigos, podemos discutir com os alunos:
 30 SEAD/UEPB I Língua Portuguesa III
1) A existência de um tipo de recurso na língua que 
alguns chamam de artigo e outros de pronome e 
outros ainda vêem como um morfema marcador 
de gênero e número;
2) Que há dois tipos de artigo: o definido e o in-
definido;
3) Que tipos de instrução de sentido esse recurso, 
isolado pela teoria como um tipo de unidade da 
língua (classe de palavra),pode trazer para o texto;
No final de um estudo sobre o chamado artigo nosso aluno pode 
saber:
1) dizer o que é um artigo;
2) dizer qual a classificação dos artigos;
3) listar os artigos;
4) classificar os artigos;
5) identificar artigos em sequencias linguísticas;
6) discutir se o artigo é uma classe de palavras à 
parte ou um tipo de pronome, inclusive apresen-
tando argumentos como, por exemplo, o fato de 
que, na sequencia linguística, não se pode usar 
essa unidade da língua junto com alguns tipos de 
pronomes ( demonstrativos e indefinidos), mas po-
de-se usá-la com outros tipos de pronomes como 
os possessivos.
Sendo assim, as abordagens gramaticais necessitam se integrarem 
às abordagens linguísticas a fim de que possamos estudar os fenôme-
nos gramaticais a partir do uso da linguagem, contextualizado e que o 
aluno perceba a funcionalidade do uso do artigo definido e indefinido 
para o processo de significação do texto. 
Atividade II
1) Leia os textos abaixo:
Texto 01
Fonte: Disponível em <http://www.google.com.br/search?q=IMAGENS+DE+PROPAGANDAS&hl=pt>Acessado> em 
14 de janeiro de 2011.
Língua Portuguesa III I SEAD/UEPB 31
Texto 02
Cotidiano 
Chico Buarque
Todo dia ela faz tudo sempre igual:
Me sacode às seis horas da manhã,
Me sorri um sorriso pontual
E me beija com a boca de hortelã.
Todo dia ela diz que é pr’eu me cuidar
E essas coisas que diz toda mulher.
Diz que está me esperando pr’o jantar
E me beija com a boca de café.
Todo dia eu só penso em poder parar;
Meio-dia eu só penso em dizer não,
Depois penso na vida pra levar
E me calo com a boca de feijão...
Fonte: disponivel em http://letras.terra.com.br/chico-
buarque/82001/ Acessado em 14 de janeiro de 2011.
Considerando os enunciados “Toda a linha mais perto de você!” (texto 1) e 
“Todo dia ela faz tudo sempre igual” (texto 2), explique a distinção evidenciada 
entre os enunciados a partir da inserção do artigo ao primeiro enunciado.
2) O uso do artigo defi nido diante de nomes próprios e pronomes possessivos 
tem sido discutido na perspectiva linguística em virtude de estudos com 
gêneros orais, vejamos esse trecho do chat educacional7:
15:37:20 PA4 Vocês não tem noção do trabalho que tenho 
tido para ler tanta coisa, não sou mais a Cleide.
15:37:29 PA2... eu também, já pensei em desistir, mas sou a 
Isadora, professora de língua portuguesa.
15:38:22 P1 acho que vocês estão se esquecendo da nossa 
real discussão, as nossas atividades que serão en-
tregues amanhã.
a) A partir dos artigos destacados, produza um comentário acerca da 
perpesctiva linguística que explica o uso desses artigos diante de nomes 
próprios e pronomes possessivos.
b)A ocorrência do artigo defi nido antes de nomes próprios não é utilizada por 
algumas comunidades linguisticas, no entanto, outras utilizam. Observando os 
enunciados de PA4 e PA2, podemos afi rmar que eles provocam o mesmo efeito 
de sentido? 
Fonte Imagem: http://www.agaragem.com/biblioteca/
concertos_rep/28/chico_buarque4.jpg
7 Corpus da Dissertação de mestrado de 
Dissertação intitulada “O gênero chat 
educacional em ambientes de ensino a 
distância” apresentada ao Programa de 
Pós-Graduação em Lingüística – PROLING, 
da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) 
em 2008, disponível em < http://www.
cchla.ufpb.br/proling/pdf/dissertacoes/
jackeline_m_de_a_aragao.pdf>. Acessado 
em 12 de fevereiro de 2011
dica. utilize o bloco 
de anotações para 
responder as atividades!
 32 SEAD/UEPB I Língua Portuguesa III
3)Abaurre e Pontara (2006) afi rmam que existe o artigo de notoriedade com a 
função de realce do ser. É um recurso muito utilizado na propaganda a fi m de 
apresentar produtos como melhores de sua categoria. Explique esta
ocorrência no anúncio abaixo:
4) Segundo Infante (2001) o estudo do artigo pela gramática tradicional 
apresenta reducionismos que são evidenciados a partir de exercícios em 
manuais didáticos. A atividade a seguir apresenta uma proposta de estudo do 
artigo dirigida a alunos do 5º ano do ensino fundamental. Analise essa proposta 
a partir da perspectiva lingüística e caso haja necessidade de reformulações, 
sugira-as.
Fonte: Disponivel em: http://navegandonaeducacao.blogspot.com/2009/07/artigos-
definidos-e-indefinidos.html Acessado em 17 de janeiro de 2011.
Língua Portuguesa III I SEAD/UEPB 33
Leituras recomendadas 
Para acessar 
http://www.revistalingua.com.br
Site da revista Língua Portuguesa, que possibilita o 
acesso aos artigos publicados na versão impressa da 
publicação. Merecem destaque os artigos em que a 
professora Maria de Moura Neves discute diferentes 
aspectos da gramática do português, fazendo impor-
tantes considerações sobre o modo como são descritos pela gra-
mática normativa e o uso efetivo que dele fazem os falantes.
http://www.portugues.com.br/gramatica/morfologia/artigos.html
O site da Português.com apresenta informações sobre o emprego 
do artigo em nuances gramaticais e linguísticas, proporcionado ao 
visitante virtual uma viagem pela nossa e seus aspectos mais signi-
ficativos.
Para ler
CÂMARA Jr, Mattoso. Dicionário de linguística 
e gramática. Petrópolis: Vozes, 1984.
Nessa obra, Mattoso Câmara apresenta 
definição interessante acerca do conceito 
de artigo que podem auxiliar na compre-
ensão das perspectivas: semânticas, sintá-
tica e morfológica. 
 34 SEAD/UEPB I Língua Portuguesa III
Resumo
Os artigos definidos e indefinidos apresentam particularidades 
quanto à perspectiva gramatical da determinação e indeterminação. O 
artigo definido indica um ser dentro da mesma espécie, podendo indi-
car um ser já conhecido do leitor ouvinte, seja porque já foi menciona-
do anteriormente no texto, seja porque dele se supõe um conhecimento 
prévio por parte de quem lê ou ouve o texto. Nesse contexto, atribui-
-se ao ser um sentido preciso, particularizando-o. Em contrapartida, 
o artigo indefinido indica um ser que deve ser tomado apenas como 
representante de uma espécie, e sobre o qual não se havia ainda feito 
referência. Em vista disso, o artigo definido é considerado elemento de 
coesão por retomar ou antecipar outro elemento do texto. Além disso, 
os critérios de classificação estão presentes no conceito de artigo, expli-
citado no conceito de artigo que contempla os três critérios. EvidenciaPinilla (2007, p. 172) através do conceito de artigo como a palavra 
que antecede o substantivo (critério funcional) e indica o seu gênero e 
número (critério morfológico), individualizando-o ou generalizando-o 
(critério semântico). Quanta à perspectiva linguística é desmistificada 
a percepção de reconhecimento do artigo definido e indefinido pelo 
critério da determinação/indeterminação. Os linguístas asseveram que 
vigora o critério do uso a partir do processo de interação entre os fa-
lantes. Desse modo, faz-se necessária uma mudança no contexto de 
ensino do artigo uma vez que prioriza a forma, desconsiderando o con-
texto de uso da língua.
Língua Portuguesa III I SEAD/UEPB 35
Autovaliação
Para avaliar seu desempenho como aluno (a) desta unidade, vamos produzir 
um comentário acerca do processo de determinação e indeterminação dos 
artigos destacados no texto abaixo, a partir das discussões gramaticais 
e linguísticas apresentadas nesta unidade. Este texto foi produzido pela 
Doutoranda do Programa de Pós Graduação de Letras da UEPB em Literatura e 
Interculturalidade, Divanira Arcoverde.
Em seguida, avalie sua análise: leia-a e observe se foram contempladas as 
refl exões estudadas nesta unidade. 
Construindo sonhos
Esta semana refleti comigo mesma acerca do que havia lido 
no livro “Nunca desista dos seus sonhos”, de Augusto Cury. Diz ele 
que “se você tiver grandes sonhos, seus desafios produzirão opor-
tunidades e seus medos produzirão coragem”. Foi o que aconteceu 
comigo.
Incentivada por amigas verdadeiras, decidi-me a concorrer a 
uma vaga no Doutorado em Literatura e Interculturalidade do De-
partamento de Letras da UEPB. Movida pela paixão aos estudos e a 
vontade férrea de tornar-me uma pesquisadora de fato e de direito, 
enfrentei mais este desafio em minha vida.
Só havia, então, uma possibilidade de conseguir tal intento. 
Entregar-me decididamente aos estudos para o enfrentamento das 
três fases eliminatórias da seleção (Prova Escrita, Projeto e Entre-
vista) e, ainda de quebra, a proficiência em Língua Estrangeira. 
Sabia por antecipação dos obstáculos que teria de transpor, tendo 
em vista que estaria concorrendo com pessoas, talvez, com mais 
condições que eu e por enveredar em uma área que não era a que 
eu trabalhava há muitos anos. No entanto, pensei comigo mesma, 
que sem enfrentar riscos, não vamos a lugar algum. Muitas vezes, 
é preciso derrubar “os monstros imaginários” que se alojam em 
nossas mentes e dilaceram nossos sonhos.
Assim o fiz. Abracei esse sonho, empoderei-me desse objetivo e fui 
à luta. Felizes dos que encontram a coragem para lutar e tornam os 
seus sonhos em realidade, “aprendendo a ser líderes de si mesmo”.
 36 SEAD/UEPB I Língua Portuguesa III
Mergulhei tenazmente no meu propósito de vida. Louvo a Deus 
pela vitória! Irei reconstruir uma trajetória, em cujo hiato, nunca 
deixei que os vazios não fossem preenchidos ou que a inércia to-
masse conta de mim. Sempre vislumbrei auroras e toquei sinfonias 
que pudessem delinear novos horizontes.
Hoje, tenho a certeza, de que a cada dia que se vive, um sol ilumi-
nado ressurge e seus raios reenergizam os que acreditam em um porvir 
venturoso que pode resgatar o prazer de viver e o sentido da vida.
Tenho plena convicção dos percalços e responsabilidades que 
me aguardam. Entretanto, sei da minha garra, da vontade de ven-
cer e a grande Fé em Deus, que nunca me faltou. Sei também, 
que a vida é uma maratona, cujo percurso devemos nos arriscar a 
percorrer. E diante das incertezas e contingências, olhar para frente 
e dar sempre um passo a mais é o que se deve fazer.
Nesse sentido, como sempre digo, Deus e o tempo são os se-
nhores de todas as coisas. O tempo passa de todo jeito. Quer fa-
çamos ou não alguma atividade. Assim, os caminhos existem para 
ser trilhados, as pedras do caminho para ser retiradas, as barreiras 
para ser transpostas e os castelos para ser construídos.
Fonte: disponível em http://divaniraarcoverde.blogspot.com/2011/04/ Acessado em 15 de maio de 2011
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responder as atividades!
Língua Portuguesa III I SEAD/UEPB 37
Referências
ABAURRE, Maria Luiza e PONTARA, Marcela. Gramática: análise e 
construção do sentido. São Paulo: Moderna, 2006.
ALENCAR, Patrícia Vargas. Direcionalidade da aquisição do artigo defi nido 
frente a N próprio em contexto de input variável. 2006. Tese de Doutorado 
em Lingüística – UFRJ, Faculdade de Letras, 2006.
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Língua Portuguesa III I SEAD/UEPB 39
Unidade II
O NUMERAL NO CONTEXTO 
GRAMATICAL E LINGUÍSTICO
II UNIDADE
O numeral no contexto 
gramatical e linguístico
 40 SEAD/UEPB I Língua PortuguesaIII 40 SEAD/UEPB I Língua Portuguesa III
Apresentação 
Nesta unidade, estudaremos o numeral, dando continui-
dade ao estudo das classes de palavras. Vamos estudá-lo em 
suas nuances gramaticais e linguísticas fundamentais para o 
ensino contemporâneo de Língua Portuguesa.
Para isso, inicialmente, o numeral será conceituado e ca-
racterizado a partir da perspectiva mórfica, funcional e se-
mântica em uma abordagem reflexiva de língua. Em segui-
da, classificaremos e evidenciaremos os seus usos em uma 
perspectiva linguística através da realização de um estudo 
comparativo entre o vocábulo um como artigo indefinido 
e como numeral, a fim de esclarecermos a distinção entre 
eles e a função do numeral como articulador textual e como 
recurso expressivo. 
Em vista disso, a compreensão deste assunto decorrerá 
das discussões que vivenciamos na unidade anterior a res-
peito do artigo indefinido. Assim, será importante que você 
revise as especificidades do artigo.
Lembre-se de que para uma melhor assimilação de nos-
sos estudos será preciso que você realize todas as atividades 
propostas e tire dúvidas quando necessário com os nossos 
tutores.
Estaremos aqui professores, tutores e seus colegas para 
ajudá-los.
 Bons estudos!
 
Língua Portuguesa III I SEAD/UEPB 41Língua Portuguesa III I SEAD/UEPB 41
 Objetivos 
Ao final desta unidade, esperamos que você:
• Entenda a abordagem gramatical e linguística do numeral.
• Distinga o um artigo indefinido e o um numeral.
• Tenha uma visão de como os numerais determinam a produção 
de sentidos nos gêneros textuais.
 
 42 SEAD/UEPB I Língua Portuguesa III
Para iniciar 
nossa conversa... 
O homem numeral
 
O homem numeral
fazia dos números palavras
e numerava tudo o que fazia...
O homem numeral
virou um número
no ato final...
(Fonte: disponível em: <http://poemasdejaimeleitao.blogspot.
com/2009/04/o-homem-numeral.html> Acessado em 17 de 
abril de 2011)
O numeral é considerado uma classe de palavra que não apre-
senta conteúdo lexical, ou seja, não remete isoladamente a nenhum 
outro elemento existente fora da língua. No entanto, essa classe de 
palavra expressa noções gramaticais importantes para a compreensão 
dos enunciados como a de coesão textual, recurso expressivo, quantifi-
cação e singularidade.
Tendo em vista que os numerais expressam quantidade exata de 
pessoas ou coisas ou lugares que elas ocupam numa determinada se-
quência, podem ser cardinais, ordinais, multiplicativos e fracionários.
Leia o anúncio a seguir:
(In: CEREJA e MAGALHÃES, 2005, p. 102)
Língua Portuguesa III I SEAD/UEPB 43
Neste anúncio, o produto promovido pelo anunciante é um cartão 
de crédito tipo Platinum existente no exterior que oferece ao usuário 
vantagens como seguro de saúde e pontos acumulados que valem pas-
sagem área. 
No enunciado principal, o anunciante faz um jogo de oposições 
entre as palavras um e único, de um lado, e a palavra dois, de outro. 
O um é um artigo indefinido porque o texto permite inferir que outros 
bancos já trabalharam com o cartão de credito tipo platinum. Logo, o 
platinum Unibanco será um entre outros.
Além disso, percebemos a utilização do numeral cardinal dois e do 
ordinal primeiro, evidenciando a intencionalidade do autor do texto 
ao empregá-los. O numeral cardinal dois acompanha um substantivo 
“cartões” que fica subentendido, propiciando ao leitor uma indaga-
ção: são dois o quê? A partir desse questionamento o leitor se torna 
mais atento a essa dualidade, ocasionada pelas expressões um cartão 
e dois cartões.
Desse modo, essa interação entre leitor e texto através dos nume-
rais no texto publicitário evidencia o texto como unidade de sentido, 
levando-nos para uma reflexão gramatical e linguística do numeral.
Aspectos gramaticais do numeral: 
conceito e as perspectivas de 
classifi cação 
Bechara (2009, p. 203) conceitua numeral como a palavra de fun-
ção quantificadora que denota valor definido. Esta classe de palavra 
pertence aos elementos pré- nucleares, que são divididos em predeter-
minante, determinantes e quantificadores e outros.
O numeral se insere nos quantificadores que modificam o subs-
tantivo, determinando-os a sua quantidade em números, múltiplos ou 
fração, ou mesmo a sua ordem em uma determinada sequência. Os 
quantificadores se localizam nos enunciado após o determinante como 
no exemplo a seguir:
(1) Esses dois (numeral) rapazes são meus filhos.
Determinante Quantificador
Essa ordenação poderá sofrer variações por razões semânticas, 
dada a impossibilidade de alguns enunciados como muitos quatro, dei-
 44 SEAD/UEPB I Língua Portuguesa III
xando essa ordenação meio indefinida, fazendo necessários estudos a 
respeito desse elemento predeterminante.
Isto porque, o quantificador restringe a referência do nome com 
informação relacionada com número, quantidade ou parte do referen-
te do nome, independentemente da sua definitude. Vejamos os exem-
plos:
(2) A empresa continua a ter dez funcionários.
(3) A empresa continua a ter os dez funcionários.
No exemplo (2), a quantidade de funcionários se mantém. Em (3), 
sabemos que a quantidade de funcionários se mantém e o determinan-
te especifica, além disso, que se trata dos mesmos funcionários defini-
dos anteriormente.
Nesse sentido, Perini (2010, p. 262) evidencia que os numerais 
cardinais têm afinidades com os quantificadores e apresentam pro-
priedades gramaticais distintas. Estes ocorrem antes do núcleo quando 
indicam quantidade como em Os cinco capítulos devem ser lidos até 
amanhã. No entanto, quando pospostos, os numerais cardinais indi-
cam ordem e os substituem como forma de contornar a complicação 
extrema do sistema de ordinais do português padrão, ilustrado pelo 
exemplo: O capítulo cinco deve ser lido até terça-feira.
Nestes exemplos, o cardinal equivale ao numeral ordinal, emprega-
da para evitar o uso do cardinal com números mais altos, utiliza-se O 
capítulo quarenta e quatro em vez de o quadragésimo quarto capítulo.
Em contrapartida, os ordinais funcionam como nomes e ocorrem 
após os quantificadores (mas sempre antes do núcleo), conforme exem-
plo:
(4) Os muitos segundo colocados.
Outro ponto relevante é a flexão de gênero em que os numerais 
são invariáveis, exceção de um (uma), dois (duas) e ambos (ambas), os 
formados por um (vinte e um/ vinte e uma) e as centenas acima de cem 
(duzentos/ duzentas, novecentos/ novecentas).
Bechara (2009) e Cunha e Cintra (2001) asseveram que a tradição 
gramatical tem posto ambos como numeral dual, como subcategoria 
de número (singular/plural), por sempre aludir a dois seres concretos 
já mencionados no discurso. Ressaltamos, também, como pronome por 
retomar termos ditos anteriormente (anáfora) nos enunciados.
Para esclarecer melhor esse processo de substituição, Koch (2007) 
afirma que, no caso de retomada, tem-se uma anáfora: a) Paulo e José 
são excelentes advogados. Eles se formaram na academia do Largo de 
Língua Portuguesa III I SEAD/UEPB 45
São Francisco. (anáfora) e, no caso de sucessão, uma catáfora: b) Re-
alizará todos os seus sonhos, menos este: o de entrar para a Academia 
(catáfora) .
Outro vocábulo que, em algumas expressões, pode funcionar como 
numeral é todo, visto que expressões como todos os dois dias, todas as 
três semanas, etc, podem ser empregadas com o valor de dois em dois 
dias ou a cada dois dias, de três em três semanas (BECHARA, 2009).
Diante do exposto, faz- se necessário estudarmos os critérios de 
classificação do numeral tendo em vista que algumas classes de pa-
lavras apresentam definições centradas em um critério (semântico) em 
detrimento dos outros (funcional e mórfico). 
Câmara Júnior (1970) ressalta a relação entre os nomes numerais 
e a arte de contar leva a que, na língua escrita, usem-se os algarismos 
em vez das palavras correspondentes entre os numerais. Como ocorre 
na linguagem publicitária, ilustrado no exemploabaixo:
(5)
Ademais, Câmara Júnior (1970) apresenta como tarefa da gramá-
tica descritiva a distribuição dos vocábulos formais de uma língua em 
classes fundamentais e classifica-os a partir de critérios: critério semân-
tico (o que eles significam do ponto de vista do universo biossocial que 
se incorpora na língua); o critério formal ou mórfico (que se baseia nas 
propriedades da forma gramatical) e o critério funcional ( que diz res-
peito ao papel que cabe). Vejamos a classificação do numeral:
Quadro 1:
Classe/ critério Funcional (fun-
ção ou papel na 
oração)
Mórfi co 
(caracterização da 
estrutura da palavra)
Semântico (modo de 
signifi cação)
NUMERAL
Palavra que fun-
ciona como es-
pecificador desse 
núcleo (numeral: 
substantivo, adje-
tivo).
Palavra formada 
unicamente por 
morfema grama-
tical (palavra vari-
ável em gênero e 
número).
Palavra que indica a 
quantidade dos seres, 
sua ordenação ou 
proporção (cardinal, 
ordinal, múltiplos, fra-
cionário, coletivo).
(Fonte: PINILLA, 2007, p. 172)
O quadro apresenta a proposta de classificação do conceito de 
numeral a partir dos critérios (funcional, mórfico e semântico). No en-
tanto, as gramáticas escolares e teóricas e os livros didáticos contem-
Fonte: http://www.baurupaineis.com.br/cases/bombril.gif
 46 SEAD/UEPB I Língua Portuguesa III
plam apenas a perspectiva semântica, conceituando o numeral como a 
palavra que dá idéia de número. 
Esta perspectiva em relação ao numeral ressalta a propriedade de 
indicar um valor definido. No contexto da gramática normativa, as pa-
lavras que indicam frações ou quantidades múltiplas, número de ordem 
de determinado ser ou coisa em uma série. Embora tenham comporta-
mento muito semelhante ao de outras classes de palavras, também são 
considerados numerais.
Quanto à perspectiva funcional os numerais podem exercer duas fun-
ções no interior do sintagma nominal. A primeira de núcleo do sintagma 
nominal, como os substantivos. A segunda de modificador ou especificador, 
como os adjetivos. Observe os elementos destacados na notícia abaixo: 
 (6)
Disponível em: < http://www.unb.br/noticias/unbagencia/unbagencia.php?id=4876>. Acessado em 19 
de abril de 2011.
Em o triplo de pessoas, percebemos “triplo” como especificador do 
substantivo e, em O primeiro aluno, o vocábulo “ primeiro” é o núcleo 
do sintagma nominal.
Língua Portuguesa III I SEAD/UEPB 47
Por fim, temos a perspectiva mórfica que concebe, em sua maioria, 
os numerais como palavras invariáveis, embora, afirme que eles desig-
nam valores definidos, um é a forma singular e as demais (dois, três, 
etc..) são plurais. Quanto ao gênero variam um – uma, dois – duas e as 
centenas a partir de duzentos (duzentas, trezentas, etc). Os vocábulos 
milhão e bilhão variam apenas em número.
Cumpre salientar os cardinais, fracionários e os múltiplos podem 
sofrer também flexão de número e gênero, embora seja pouco fre-
quente como (terceiros, vigésima, dose dupla, dois terços, entre outros). 
Outra característica relevante dos numeras ordinais e cardinais é de 
recurso de coesão textual. Ilustrado pelo comunicado a seguir:
(7)
COMUNICADO Nº 048 - CGRH/DRHTI/SGAGU, DE 20 DE MAIO DE 2010.
Aos Membros das Carreiras Jurídicas da Advocacia-Geral da União.
Assunto: DESCONTO DE DIAS NÃO TRABALHADOS POR 
MOTIVO DE GREVE
Comunico que, em face das informações prestadas por meio 
de Boletim Mensal de Frequência, elaborado pelas diversas Uni-
dades da AGU, nas quais estão em exercício os membros das car-
reiras jurídicas desta Instituição, bem como, para atender a reco-
mendação constante do Ofício nº 140/SRH/MP, de 14 de maio 
de 2008, da Secretaria de Recursos Humanos do Ministério do 
Planejamento, Orçamento e Gestão. Estes dias foram objeto de 
descontos na folha de pagamento de maio corrente,os dias não 
trabalhados, a partir de 9 de abril último, em razão da paralisação 
dos serviços de advocacia-pública. Ressalte-se que foram encami-
nhados dois comunicados anteriores, alertando para o corte do 
ponto: o primeiro endereçado para os funcionários deste órgão e o 
segundo direcionado ao setor de Recursos Humanos.
JOÃO HENRIQUE MESIANO PRACIANO
Diretor de Recursos Humanos
Fonte: disponível em:<http://www.advocaciapublica.com.br/site/index.php?option=com_content&task=view&i
d=275&Itemid=1>Acessado em 17 de abril de 2010
Os termos destacados primeiro e segundo retomam um termo ex-
presso anteriormente (anáfora) comunicado, substituindo-o como nú-
cleo do sintagma nominal. De acordo com Koch (2007) essa substitui-
ção ocorre quando um componente é retomado ou precedido por uma 
pro-forma (elemento gramatical representante de uma categoria como, 
por exemplo, o nome; caracteriza-se por baixa densidade semântica: 
apresenta as marcas do que substitui).
 48 SEAD/UEPB I Língua Portuguesa III
Quanto aos critérios de classificação do numeral Câmara Júnior 
(1970) afirma que não devemos observar o critério semântico isola-
damente visto que o sentido não é um conceito independente. Este se 
encontra relacionado à forma, ou seja, o critério semântico ( relativo à 
significação) e o critério mórfico (relativo às propriedades formais) se 
associam de maneira muito estreita, pois a palavra é uma unidade de 
forma e sentido.
Em vista disso, o autor supracitado ressalta que o critério mórfico 
parece ser o fundamento primário para a classificação dos vocábulos 
formais em português. Esta posição é justificada pelo estudioso ao res-
saltar que o critério semântico do conceito numeral isolado não daria 
conta de evidenciar a característica de quantificador sendo necessários 
os outros critérios (funcional e mórfico).
Dessa forma, constatamos a necessidade de mudanças em virtude 
das gramáticas e dos manuais didáticos por ora se centrarem, ora mes-
clarem esses critérios. Sendo assim, relevante a definição do numeral 
utilizar os três critérios, que conjugados, possibilitam um ensino pro-
dutivo da Língua Portuguesa vinculado à organização do numeral na 
leitura e na produção textual. 
Tipos e emprego 
do numeral
Os numerais são palavras variáveis que especificam ou modificam 
o substantivo ou o substituem como núcleo do sintagma nominal. Indi-
cam quantidade numérica ou a ordem que seres e noções ocupam em 
uma sequência (ABAURRE, 2008).
Estes são classificados pelas gramáticas normativas e manuais di-
dáticos em: ordinais, cardinais, multiplicativos, fracionários e coletivos. 
Sendo usual a classificação a seguir:
Língua Portuguesa III I SEAD/UEPB 49
Quadro 2
Fonte: disponível em: http://diegodg3.blogspot.com/2010/03/modulo1-aula-2-adjetivos-artigos.html 
Acessado em 17 de abril
Ordinais
 
Os ordinais são os numerais que indicam a ordem dos seres em 
uma sequência. Bechara (2009) afirma que estes têm pouca frequência 
na língua comum, exceto, os casos consagrados pela tradição, e, em 
geral, até o número dez ( 4º andar, 2º pavimento, 3ª seção, 5º lugar, 
100º aniversário da Fundação). 
Todavia, no estilo administrativo e em outras variedades do estilo 
 50 SEAD/UEPB I Língua Portuguesa III
oficial, ocorrem com mais frequência. Estes são empregados da se-
guinte forma: até o décimo, quando se usam também os algarismos 
romanos (estes vão além do décimo). A partir do décimo1, os cardinais 
correspondentes. Vejamos o emprego dos numerais cardinais:
a) Na designação de capítulo de livros, séculos, papas e reis usam-se: 
Quadro 3:
REGRA De 1 a 10 – ordinais De 11 em diante – car-dinais
Capítulo de livros Capítulo III (capítulo terceiro)
Capítulo XXII 
(Capítulo vinte e dois)
Cronologia dos sécu-
los Século V (quinto) 
Século XXI 
(vinte e um)
Papas João Paulo II (segundo) Bento XVI (dezesseis)
Reis Pedro I (primeiro) João XXIII (vinte e três)
b) Se o numeral estiver anteposto ao substantivo, lemos sempre como 
ordinal. 
A empresa participou do XI Congresso de Informática. 
(décimo primeiro) 
 
c) referindo-se ao primeiro dia do mês, prefere-se o numeral ordinal. 
 
Primeirode maio é um dia importante para a classe operária. 
Cardinais
Os numerais cardinais são aqueles que utilizam os números naturais 
para a contagem de objetos, ou até designam a abstração das quanti-
dades: os números em si mesmos. Valem por adjetivos ou substantivos.
Este tipo de numeral é empregado nas seguintes situações:
a) Na indicação de horas e em expressões designativas da idade de 
alguém. 
É uma hora.
Castro Alves faleceu aos 24 anos.
1 Os numerais a seguir apresentam mais de 
uma forma: undécimo ou décimo primeiro; 
duodécimo ou décimo segundo; catorze ou 
quatorze; septuagésimo ou setuagésimo; 
septingentésimo ou setingentésimo; non-
gentésimo ou noningentésimo.
Língua Portuguesa III I SEAD/UEPB 51
b) Na designação de dos dias do mês; se mencionado o substantivo dia 
antes do algarismo, fica no singular.
No dia 2 de dezembro nasceu D. Pedro II.
Vale salientar que para se referir ao dia que inicia cada mês, pode-
mos utilizar tanto o cardinal como o ordinal.
 
No dia primeiro de janeiro nasceu-lhe o segundo filho. 
No dia um de janeiro nasceu-lhe o segundo filho. 
c) Nos endereços de casas e referências às páginas usam-se os cardinais. 
 
Leiam a página 22 (vinte e dois) do livro de História. 
Você rasgou a página 35 (trinta e cinco) do meu livro. 
O número da minha casa é 99 (noventa e nove). 
Multiplicativos 
Os multiplicativos são numerais que indicam aumento proporcio-
nal, por meio de múltiplos da quantidade tomada por base. Os mais 
usados segundo Bechara (2009) são: duplo ou dobro, triplo ou trípli-
ce, quádruplo, quíntuplo, sêxtuplo, sétuplo, óctuplo, nônuplo, decuplo, 
cêntuplo. Conforme exemplo abaixo:
(8)
Fonte: http://i.s8.com.br/images/baby/cover/img9/21356559_4.jpg
O exemplo acima evidencia o numeral multiplicativo tripla em que 
percebemos que o produto (fralda de bebês) apresenta uma proteção 
três vezes mais que as outras fraldas dado o tempo por 10 (dez) horas.
 52 SEAD/UEPB I Língua Portuguesa III
Fracionários 
Estes numerais indicam diminuição proporcional, por meio de fra-
ções da quantidade tomada como base. Conforme exemplo:
Gostaria de ter pelo menos um quinto dos CDs que você tem em casa.
 Coletivos
Os numerais coletivos são aquelas palavras que designam uma 
quantidade específica de um conjunto de seres ou objetos. São termos 
variáveis em número e invariáveis em gênero.
Exemplos: dúzia(s), milheiro(s), milhar(es), dezena(s), centena(s), 
par(es), década(s), grosa(s). Podem ter adjuntos introduzidos por prepo-
sição para indicar especie. Conforme exemplo abaixo com o vocábulo 
metade do preço.
(9)
( Disponível em: http://www.siteclassificados.com/ Acessado em 17 de abril de 2011).
Língua Portuguesa III I SEAD/UEPB 53
Atividade I
1) Segundo Bechara (2009) os numerais são palavras de função quantifi cadora 
que denotam valor defi nido. Como se justifi ca o numeral como núcleo do 
sintagma nominal (Meu primeiro amor), como o substantivo, no gênero textual 
abaixo:
Fonte:http://3.p.blogspot.com/_Ci-LydR772Q/S_0Ld8tYKII/
AAAAAAAAAwk/nei3U4iODIM/ s1600/meu+primeiro+amor.jpg
2) Leia o texto a seguir:
dica. utilize o bloco 
de anotações para 
responder as atividades!
[...] Os dados assustaram os pesquisadores: quase todas as amostras datando 
de 1990 a 2005 mostravam sinais fortes de redução de calcificação: uma taxa 
média de 1,44% de redução ao ano.
Cauteloso, o grupo evita culpar diretamente o aquecimento global pelo fenô-
meno, mas aponta que dois efeitos causados pelo acúmulo de gases-estufa na 
atmosfera são sua causa mais provável: o aumento da temperatura média da 
superfície do mar verificado na região, especialmente nas últimas décadas, e a 
acidificação progressiva do oceano, causada pelo excesso de CO2 no ar. 
Há evidências de que em anos muito quentes os corais sofram um “choque 
térmico” e parem de crescer. 
O segundo efeito foi descoberto mais recentemente, e os cientistas ainda não 
têm uma ideia clara do estrago que ele já está fazendo nos recifes de coral 
mundo afora. O mar absorve 42% do gás carbônico produzido por atividades 
humanas. 
Em contato com a água, o CO2 vira ácido carbônico, o que deixa a água do 
mar mais ácida. A acidificação, por sua vez, dissolve a aragonita, privando os 
corais e outros seres da matéria-prima de suas carapaças. 
 54 SEAD/UEPB I Língua Portuguesa III
Considerando o posicionamento de Abaurre (2008) acerca do aspecto coesivo 
dos numerais que contribuem para a clareza e coesão do texto, antecipando ou 
retomando elementos em sequencia e evitando repetições. Há três ocorrências 
em que os numerais são usados como recursos coesivos. Identifi que em que 
parágrafos isso ocorre e explique a função coesiva de cada numeral.
3) Leia o comentário do blog “Hoje eu vou assim”:
Simone Soares disse...
Ana,
Já disse milhões de vezes... Mas não custa repetir..AMO seu blog!!
Os looks são sempre muito criativos!! Adorooo!!
bjaum 
Fevereirol 27, 2011 
(Disponível em: <http://hojevouassimoff.blogspot.com/2011/04/reinventar.html> Acessado em 17 de abril 
de 2011).
(Disponível em: <http://celebridades.uol.com.br/frases> Acessado em 17 de janeiro de 2011).
O termo grifado é classifi cado como numeral cardinal pela gramática 
normativa. Tal classifi cação está correta? Explique sua resposta a partir do 
efeito de sentido ocasionado pelo emprego do numeral.
4) Considerando as pesrpectivas de conceito do numeral (semântica, funcional 
e mórfi ca), analise a proposta de atividade abaixo no contexto do ensino-
aprendizagem de Língua Portuguesa.
dica. utilize o bloco 
de anotações para 
responder as atividades!
O problema é preocupante por duas razões. Primeiro, porque os recifes de 
coral são as zonas mais biodiversas da Terra e geram uma economia anual de 
mais de US$ 30 bilhões em recursos pesqueiros. Segundo, porque as carapaças 
de calcário de seres marinhos são uma forma de sequestrar para sempre o gás 
carbônico. Se esse sequestro se interrompe, o mundo pode ficar ainda mais 
quente no futuro. 
(ANGELO, Cláudio. Co2 faz coral australiano parar decrescer. Folha de São Paulo. 2 de jan, 2009. 
Disponível em < http://www1.folha.uol.com.br/folha/ambiente/ult10007u485343.shtml > 
Acessado em 14 de Janeiro de 2011).
Língua Portuguesa III I SEAD/UEPB 55
(ABAURRE, Maria Luiza e PONTARA, Marcela. Gramática: análise e construção do sentido. In: Numeral. São 
Paulo: Moderna, 2006, p. 261).
Numeral: um estudo 
na visão linguística
Os estudos acerca do numeral são reducionistas, priorizando, ape-
nas o cunho gramatical e não estudam os fenômenos linguísticos de 
maneira aprofundada como os do âmbito da sociolinguística variacio-
nista, (PINILLA, 2007, p.181). Isto porque, é comum encontramos nas 
gramáticas normativas alguns problemas quanto à definição e classi-
ficação das classes de palavras, dificultando ou mesmo limitando a 
descrição da variedade do Português, cujos falantes não se baseiam em 
regras ou definições estáticas de livros.
Tal fenômeno linguístico é verificado no estudo do numeral em 
manuais didáticos do ensino fundamental e médio, cuja classificação 
considera apenas o critério semântico, desconsiderando as muitas fun-
ções que esta classe de palavra assume em gêneros textuais orais e 
escritos.
Entendemos que as gramáticas escolares devem simplificar a lin-
guagem para facilitar o ensino. No entanto, percebemos que essa sim-
plificação em demasia, ocasiona danos ao processo ensino – aprendi-
 56 SEAD/UEPB I Língua Portuguesa III
zagem em virtude não expor a língua em sua complexidade.
Bechara (2009) ressalta que seria mais coerente incluir os ordinais, 
multiplicativos e fracionários, conforme se apresentem no discurso, no 
grupo dos substantivos (dobro, metade, etc) ou dos adjetivos (duplo, 
primeiro, etc), como já fizemos com último, penúltimo, anterior, derra-
deiro entre outros.
Vale ressaltar que o autor supracitado não considera como nume-
rais ordinais, multiplicativos e fracionários, no entanto,

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