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2ºAula Princípios constitucionais tributários Bom dia caríssimos alunos, retomando a matéria de Legislação Tributária, nesta aula vamos abordar o tema Princípios Constitucionais Tributários. Boa aula! Objetivos de aprendizagem Ao término desta aula, o aluno será capaz de: • compreender o que são e qual a finalidade dos Princípios Tributários; • identificar cada um destes princípios; • definir como eles são aplicados. Direito Aplicado II 10 Seções de estudo 1 - Conceito: o que são princípios 2 - Os princípios do direito tributário 1 – Conceito: o que são princípios 2 – Os princípios do direito tributário 3 - Princípios específicos de impostos Os princípios, de modo geral, são as vigas mestras, os parâmetros que servem para nortear, são a base de algo. Porém, em Direito Tributário ele tem uma finalidade um pouco diferente, que é a de limitar o Poder de Tributar do Estado. Veja como isto é importante para todos nós! O tributo passa por uma invasão patrimonial calcado na compulsoriedade e obrigatoriedade. Ou seja, através dos tributos o Estado invade o seu patrimônio. A Constituição Federal, porém, impõe limites a esse poder de tributar, ou seja, limites ao poder de invadir o patrimônio do contribuinte, para isto ele utiliza os Princípios. Olha que legal, os princípios funcionam como um muro de contenção que limita o Poder do Estado de lhe Tributar, de invadir seu patrimônio. Fonte: Arquivo Pessoal Já pensou se não tivesse este muro, esta limitação! Você já sabe onde se encontram? Os princípios tributários estão previstos na Constituição Federal nos artigos 150,151 e 152. Princípio da Legalidade Como já vimos anteriormente, os Princípios servem para limitar o Poder de Tributar do Estado. O Princípio da Legalidade é considerado um dos mais importantes. Sabe por quê? Os entes tributantes só podem criar e aumentar um tributo por meio de lei. Se não fosse desta forma, ficaria muito fácil para os Chefes dos Poderes Executivos (Presidente, Governadores, Prefeitos), representando o Estado, invadirem o seu patrimônio. Poderiam fazer isto sem lei, apenas com portarias ou decretos. Já pensou? Agora através de lei é você quem decide o quanto o Estado pode invadir seu patrimônio. Como Assim? As Leis são feitas pelos membros do Poder Legislativo (Vereadores, Deputados, Senadores) que são os representantes do povo, são a voz do povo! Desta forma, a lei é produto da vontade popular, logo seria “o povo tributando a si mesmo”. Está vendo como é importante escolher bem seus representantes? Outra coisa importante que você precisa saber: não é qualquer lei que cria qualquer tributo. A lei hábil a criar tributos é a Lei Ordinária, em regra. Ex: IPTU é criado por meio de lei ordinária municipal. Todavia, há algumas hipóteses em que o tributo será criado por Lei Complementar, são os casos: 1. Imposto sobre grandes fortunas (art. 153, VII da CF). 2. Empréstimo compulsório (art. 148, CF). 3. Impostos residuais (art. 154, I, CF). 4. Contribuições previdenciárias residuais (art. 195, parágrafo. 4º da CF). Qual a diferença de lei ordinária e lei complementar? A Lei Complementar diferencia-se da Lei Ordinária, desde o quorum para sua formação. A Lei Ordinária exige apenas maioria simples de votos para ser aceita, já a Lei Complementar exige maioria absoluta. A Lei Complementar, como o próprio nome diz, tem o propósito de complementar, explicar ou adicionar algo à constituição, e tem seu âmbito material predeterminado pelo constituinte; já no que se refere a Lei Ordinária, o seu campo material é alcançado por exclusão, se a constituição não exige a elaboração de lei complementar então a lei competente para tratar daquela matéria é a lei ordinária. Ou seja, a Lei Complementar tem um procedimento mais complexo, não é mesmo!? Então ela cria o tribuno em casos especiais, apenas nestes quatro casos elencados acima, nos demais os tributos são criados por leis ordinárias. Assim fica confirmado o que vimos, no início da aula, que os Princípios limitam o poder de tributar do Estado, que só pode criá-los ou aumentá-los através de lei. Veja o artigo da Constituição Federal que fala isso: CF – Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I – exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça; Como podemos observar o artigo acima vem confirmar outro artigo da Constituição Federal, art. 5º, II, “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. E se acontecer algum caso de emergência, urgência e o Estado precisar de dinheiro, mesmo assim tem que esperar todo o trâmite da lei? É, neste caso, o artigo 62, § 2º, permite que o Presidente da República crie ou aumente tributos por meio de Medida Provisória com força de lei. Contudo, esta medida tem que ser submetida imediatamente para aprovação do Congresso Nacional. A medida provisória, apesar de ser ato do Executivo, tem força de lei, é equiparada com a lei, mas em sentido strictu não é lei. Mas o que é Medida Provisória? São “providências (como o próprio nome diz, provisórias) que o 11 Presidente da República poderá expedir, com ressalva de certas matérias nas quais não são admitidas, em caso de relevância e urgência, e que terão força de lei, cuja efi cácia, entretanto, será eliminada desde o início se o Congresso Nacional, a quem serão imediatamente submetidas, não as converter em lei dentro do prazo - que não correrá durante o recesso parlamentar - de 120 dias contados a partir de sua publicação” MELO (2002, p. 107). Nossa quanta coisa sobre legalidade já aprendemos. Vamos continuar? Já vimos que, em regra, os tributos só podem ser criados ou aumentados por lei; que dependendo do tributo pode ser Lei Ordinária ou Lei Complementar; que isto serve para limitar o poder do Estado e; que excepcionalmente poderá ser feito através de medida provisória. Mas o que deve constar na lei tributária? Há alguns itens que são obrigatórios na lei tributária. Estes itens compõem a chamada reserva legal ou estrita legalidade, ou ainda tipicidade fechada. E quais são estes itens obrigatórios? • Fato gerador • Base de cálculo • Alíquota • Sujeito passivo • Multa E qual o de cada um? Seus conceitos serão abordados mais a fundo em outra aula, porém, para podermos assimilar este conteúdo falarei de forma sucinta o que cada um significa: • Fato Gerador (FG): é o fato capaz de gerar a obrigação de pagar o tributo. Ex: Zé é proprietário de um imóvel na zona urbana. Ser proprietário de imóvel em zona urbana é o FG do IPTU, logo Zé é responsável por ter que pagar o IPTU. • Base de cálculo: é de onde o Estado vai se basear para fazer o cálculo do tributo. Continuando no exemplo do IPTU, a base de cálculo é o Valor do imóvel. • Alíquota: é a percentagem que será aplicada sobre a base de cálculo para se obter o valor do tributo. Ainda no exemplo do IPTU: Imóvel vale R$ 100mil, alíquota de 1%, valor do tributo igual a R$ 1mil. Ainda bem que isto tudo tem a obrigação de estar previsto na lei que cria o tributo. Já pensou se os Chefes dos Poderes Executivo pudessem ficar alterando isto sem lei? Nós, contribuintes, iríamos virar churrasco! Mas ainda, não acabou! • Sujeito Passivo: é a definição de quem vai pagar o tributo. No caso do IPTU: o proprietário. • Multa: é a sansão para o contribuinte que não cumprir a obrigação. Também tem que estar prevista na lei, pois senão o fisco pode utilizar-se da multa de forma abusiva. RESUMINDO: A lei deve disciplinar sobre todos esses elementos. Apenas a Lei pode disciplinar matéria tributária. ATENÇÃO!!! O que não for parte da Reserva Legal pode ser alterado ou criado por ato infralegal. Por exemplo, o “prazo para pagamento do tributo” não necessita de previsão estritamente legal. Que quase toda regra tem exceção, é o caso abaixo! Exceções ao princípio da legalidade tributária.Há 4 impostos federais que podem ter suas ALÍQUOTAS majoradas por ato do poder executivo federal (via de regra por meio de decretos). São eles: Imposto de Importação (II); Imposto de Exportação (IE); Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI); Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF). A Emenda Constitucional nº 33/2001 trouxe mais duas exceções à legalidade: CIDE combustível; ICMS combustível Por que isso é permitido? Estes impostos, além da função de arrecadar dinheiro para o Estado, servem também como reguladores da economia. Desta forma, se o Estado precisa aumentar o consumo interno, ele pode, por exemplo, aumentar o valor do Imposto de Importação, assim o consumidor para de exportar e compra mercadoria nossa. Mas, para isto funcionar não dá para esperar iniciar todo o processo de criação da lei, pois o mercado é volátil! Assim temos 5 tributos federais e 1 tributo estadual (ICMS), que fogem à regra da legalidade. Princípio da Anterioridade Este princípio também é muito importante para todos nós contribuintes! Ele tem duas regrinhas, vamos ver a primeira. Pela anterioridade, nenhum tributo será cobrado no mesmo exercício financeiro da lei que o instituiu ou aumentou tenha sido publicada, ou seja, a CF veda expressamente a cobrança do tributo no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou. Veja o artigo que está escrito isso: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: III - cobrar tributos: b) no mesmo exercício fi nanceiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou; Isso significa que se um tributo for criado janeiro, março ou junho de 2009, ele só poderá ser exigido à partir do dia 1º janeiro de 2010? É isso mesmo! Só pode ser exigido no próximo exercício financeiro. Esta é a primeira regra chamada de anterioridade anual. Somente terá eficácia no ano seguinte da publicação da norma que institui ou aumenta tributo. Este princípio deriva do princípio da segurança jurídica, garantindo inicialmente que o contribuinte não seja surpreendido por uma nova exigência tributária. Lembra que nós falamos anteriormente que quase toda regra tem sua exceção? Pois é, esta regra também tem. Ela não é aplicada para todos aqueles tributos que também fogem à regra da legalidade: Direito Aplicado II 12 II, IE, IPI, IOF, CIDE Combustível e ICMS Combustível. Também, existem mais dois tributos que fogem a anterioridade anual: - Imposto Extraordinário de Guerra (IEG) e - Empréstimo Compulsório para Calamidade Pública ou Guerra. E a segunda regra ligada ao Princípio da Anterioridade, qual é? A segunda regra ligada a este Princípio é chamada de anterioridade nonagesimal, ou ainda de qualificada ou privilegiada. Mas o que esta regra fala? Essa regra diz que nenhum tributo pode ser exigido antes de completar 90 dias da data que ela foi publicada. Esta regra já era debatida, mas foi reforçada através da EC-42/2003 e começou a ser exigida em janeiro de 2004. Veja bem! Esta regra é basicamente para aqueles tributos que são criados ou aumentados nos meses de Outubro, Novembro e Dezembro. Pois já pensou se tivesse apenas a primeira regra, era criado um tributo em 31 de Dezembro e já poderia ser exigido no outro dia, pois dia 1º de Janeiro já seria outro exercício financeiro. Agora com esta regra, no caso citado, só poderia ser exigido a partir de 1º de Abril. Contudo, existem também tributos que são exceções a esta regra, Vamos vê-los abaixo: Exceções à anterioridade nonagesimal (art.150, parágrafo. 1º, “parte final”, da CF). II, IE, IR, IOF, IEG e ICCPG. Além dos acima, temos ainda as alterações na BASE DE CÁLCULO do IPTU e do IPVA. Eita, se cada regra tem uma exceção, como fazer para facilitar o aprendizado? Vamos tentar resumir estas exceções Nomes que estão nas duas listas de exceção à anterioridade (Podem ser exigidos imediatamente) Nomes que estão na 1ª lista mas não estão na 2ª (Se majorados a exigência será depois de 90 dias) Nomes que estão na 1ª lista mas não estão na 2ª (Pagamento no primeiro dia do exercício fi nanceiro) II IPI IR IE IOF CIDE combustível ICMS combustível Alterações na Base de Cálculo IPVA e IPTU IEG ICCPG Princípio da Igualdade ou Isonomia Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profi ssional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos; Este princípio está determinado no caput do art. 5º. da CF e reafirmado no sistema tributário no artigo acima. Vejam, neste princípio diz que não pode, os contribuintes em igual situação, serem tratados de forma desigual. Mas se estão em diferente situação não há ofensa tratá-los de forma diferente, isto é chamado de isonomia. Vamos imaginar que existem três contribuintes: Um é advogado, outro é lavrador e outro vende jornais na rua. Se ambos, lavrador e vendedor de jornais, tiveram renda de 50 mil no ano, pagarão o mesmo valor de Imposto de Renda (IR). Pois estão em situação semelhante. Agora, se o primeiro aufere uma renda de 15mil, o segundo de 30mil e o último de 100mil, a alíquota que incidirá sobre eles será diferente, isto é uma forma de isonomia. Aqui eles são tratados diferentes, pois a capacidade econômica é diferente. Não se pode então, tratar diferentemente dois contribuintes em situação equivalente. Tal regra impõe não somente ao aplicador da lei, mas também ao próprio legislador, que não pode criar lei discriminatória. Lembrando que tal princípio não afasta a pessoalidade e a graduação, segundo a capacidade econômica do contribuinte que deve ser perseguidas pelos tributos. Art. 145 §1º da CF. Princípio da Capacidade Contributiva Conforme vimos no exemplo do Princípio Anterior, sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal, se graduando segundo a capacidade econômica de cada um. Isto não afronta a isonomia, pelo contrário, busca promovê-la. Aqui se onera mais gravosamente, aquele que tem maior capacidade contributiva. “Tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida de suas desigualdades” Ex: Voltando a falar sobre Imposto de Renda, ele tem várias faixas de alíquotas, variando de acordo com a renda, onde a percentagem é maior para quem ganha mais. Vejamos o exemplo como ficaria: No exemplo sua renda anual foi de 15mil, o que lhe deixaria na faixa de isentos, assim o advogado nada pagaria de IR. Já o lavrador teve renda de 30mil, o que lhe deixaria na faixa de 15%, assim o lavrador teria que pagar 4,5mil. O vendedor de jornal teve renda de 100mil, o que lhe deixaria na faixa de 27,5%, sendo este obrigado a pagar 27,5mil de IR. Princípio da Irretroatividade Este Princípio é o mais fácil! De acordo com este princípio a lei tributária só vale em relação a fatos geradores ocorridos depois do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado. Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: III - cobrar tributos: a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentados; Significa dizer que a Lei Tributária somente atinge eventos ocorridos após o início de sua vigência. Ou seja, não atinge fatos passados. Ex: João compra um imóvel na zona urbana no mês de março, para transferi-lo ele tem que pagar o Imposto sobre 13 Transmissão de Bens Imóveis (ITBI), que hipoteticamente seria fixado em 2%. Ele realiza todos os atos necessários, pagamentos e efetua a transferência em abril. Se em maio entrar em vigor uma alteração nalei, dizendo que o ITBI passa a ser de 3%, esta nova lei não voltará para trás para atingir a transferência dele, esta lei só atingirá às transferências futuras. Por isto diz que a lei tributária é irretroativa. Confirmando o acima aduzido, temos o inciso XXXVI do art. 5º. Da CF, que determina que a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. • Direito adquirido: é quando o sujeito preenche todos os requisitos para exercer um direito, porém, por liberalidade, ainda não exerceu. Ato Jurídico Perfeito: é aquele que foi concretizado de forma perfeita, sem nenhum erro ou vício, conforme a lei. • Coisa Julgada: é o assunto já discutido e julgado pelo Poder Judiciário, com sentença que transitou em julgado. Este princípio não comporta exceções, ou seja, aplica- se para a instituição e majoração de tributos, além de novas obrigações acessórias. Atenção!!! No caso de normas meramente interpretativas e aquelas que excluem ou atenuam penalidades, conforme o art. 106 do CTN, podem ter efeitos retroativos. (ver artigo 144 §1º. Do CTN) Princípio do Não confisco Segundo este princípio o tributo deve ser razoável, não podendo ser tão oneroso que chegue a representar um verdadeiro confisco. Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: IV - utilizar tributo com efeito de confi sco; Não se pode utilizar o tributo para tomar a propriedade do contribuinte, a tributação tem que ser razoável. Veja que a afirmação acima pode trazer confusão à cabeça de pessoas leigas no assunto. Manoel compra um imóvel na Zona Urbana e fica durante 10 anos sem pagar o IPTU. Pode a Prefeitura exigir o imóvel para si judicialmente e leiloá-lo para saldar a dívida com estes impostos? A resposta é sim. O que não é permitido é que o valor do imposto seja exorbitante a ponto de caracterizar praticamente um confisco. Ex: a alíquota do IPTU ser de 50% do valor venal do imóvel. Princípio da Liberdade de tráfego de pessoas e bens Este princípio prega que não pode a lei tributária limitar o tráfego interestadual ou intermunicipal de pessoas e bens, salvo o pedágio de via conservada pelo Poder Público. Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvado a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público; Não é admissível que o tributo seja utilizado para limitar a liberdade de pessoas no ir e vir, não impedindo as tributações previstas na CF, no caso da circulação de mercadorias e serviços entre Estados (ICMS), de acordo com a lei. No caso do pedágio, mesmo prevendo a Constituição tal possibilidade, a doutrina e a jurisprudência discutem sobre a natureza tributária ou tarifária. Princípio da Uniformidade Territorial ou Geográfica O tributo da União deve ser igual em todo território nacional, sem distinção entre os Estados. Art. 151. É vedado à União: I - instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos fi scais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento sócio- econômico entre as diferentes regiões do País. Neste caso, fica impedida a União de instituir tributo que não seja uniforme em todo território nacional, ou que implique distinção ou preferência em relação ao Estado, ao DF ou ao Município. Significa dizer que a União deve tratar igualmente as unidades da federação, não impedindo que para a promoção do equilíbrio do desenvolvimento sócio econômico entre as diferentes regiões do país, possa haver diferenciações, as quais são as únicas, no caso como dito, voltadas ao desenvolvimento. Observem que a lei está falando dos impostos instituídos pela União! Assim, os impostos instituídos pelos próprios Estados ou pelos Municípios poderão ter variações. 3 - Princípios específi cos de “impostos” Além dos princípios que se obrigam todos os tributos, alguns ainda se submetem a princípios próprios. Isso significa que todos os Princípios vistos acima devem ser respeitados por todos os tipos de tributos. Além disso, há tributos que ainda tem que respeitar outros princípios! 1- O IR – Imposto de Renda é regido por três critérios: Generalidade, Universalidade e Progressividade (art. 153, §2º..,I). • Generalidade – significa dizer que tudo que caracteriza renda ou provento, autoriza a incidência de impostos, independente da origem – Princípio do non olet (dinheiro não tem cheiro); Isso significa, que se uma pessoa ganha 200mil como vendedor, enquanto outra ganha a mesma quantia em outra profissão, para o Estado não importa a origem, ambos irão pagar a mesma coisa de IR. • Universalidade – toda e qualquer pessoa que aufere renda ou proventos está sujeita ao tributo. • Progressividade – permite a elevação da alíquota à medida que sobe o montante da base de cálculo; 2 – O IPI – Imposto sobre Produto Industrializado, deve ser seletivo em função da essencialidade do produto. (art. 153, §3º.,I); Assim, o IPI de um produto essencial como uma geladeira será diferente de outra não tão importante, como um perfume. Direito Aplicado II 14 3 – O ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e serviços, pode ser seletivo (art. 155, §2º., III); Pelo mesmo motivo do IPI. Tanto o ICMS, quanto o IPI e os impostos de competência residual da União devem ser não cumulativos. Preenchidos alguns requisitos, que estudaremos na aula 3, a União poderá instituir ou alterar impostos e contribuições sociais. A este tipo de situação chamamos de competência residual da União. Tanto nos casos acima, quanto o ICMS e o IPI não devem ser cumulativos, ou seja, não podem ter mais de um ente competente. 4 – O ITR – Imposto Territorial Rural, será progressivo, deverá desestimular a propriedade improdutiva e desonerar o pequeno proprietário (art. 153, §4º.) A progressividade neste caso se dá pelo tamanho da propriedade rural. Quanto menor a propriedade, menor também a alíquota do imposto. É uma tentativa de desestimular os grandes latifúndios improdutivos e estimular os pequenos proprietários. O IPTU – Imposto Predial e Territorial Urbano poderá ser progressivo (art. 156, §1º.). Aqui a finalidade, igualmente a do ITR, tem cunho social. Assim, pode existir várias formas, tributando com alíquotas diferenciadas em locais onde não há construções, em áreas mais nobres, em áreas comerciais, etc. Ufa, chegamos ao final dos Princípios Constitucionais Tributários! Espero que todos tenham aprendido muito nesta aula! Caso alguém tenha ficado com alguma dúvida, tenha alguma pergunta, choro ou lamentação, poderá entrar em contato através da plataforma no quadro de aviso/mensagens ou através da ferramenta fórum. Um grande abraço e até a próxima aula, lembrando que se não tiverem dúvidas terão dívidas, pois a matéria será cobrada na prova! Retomando a aula Chegamos, assim, ao fi nal da segunda aula. Vamos, então, recordar: Os Princípios, como vimos, são previstos na Constituição e servem para limitar as normas que carregam os princípios. Se alguma norma tributária não estiver de acordo com os Princípios, significa que a norma está ferindo a Constituição Federal. Assim, para ilustrar, digamos que a Constituição Federal é como o Solo, neste solo foi colocado uns trilhos que são os Princípios, por estes trilhos devem andar as normas tributárias que é o trem com sua carga, os tributos. Caso este trem saia dos trilhos ele irá ferir, atingir, ou macular o Solo! Artigo: Princípios Constitucionais Tributários. Crepaldi, Silvio Aparecido. http://www.oab.org.br/oabeditora/ revista/Revista_06/anexos/Principios_contitucionais_tributarios.pdf Vale a pena Vale a pena ler Minhas anotações
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