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Aula 02 - Princípios Constitucionais Tributários

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2ºAula
Princípios constitucionais 
tributários
Bom dia caríssimos alunos, retomando a matéria 
de Legislação Tributária, nesta aula vamos abordar o 
tema Princípios Constitucionais Tributários.
Boa aula!
Objetivos de aprendizagem
Ao término desta aula, o aluno será capaz de:
• compreender o que são e qual a finalidade dos Princípios Tributários;
• identificar cada um destes princípios;
• definir como eles são aplicados.
Direito Aplicado II 10
Seções de estudo
1 - Conceito: o que são princípios
2 - Os princípios do direito tributário
1 – Conceito: o que são princípios
2 – Os princípios do direito tributário
3 - Princípios específicos de impostos
 Os princípios, de modo geral, são as vigas mestras, os 
parâmetros que servem para nortear, são a base de algo. 
Porém, em Direito Tributário ele tem uma finalidade um 
pouco diferente, que é a de limitar o Poder de Tributar do 
Estado. 
Veja como isto é importante para todos nós!
O tributo passa por uma invasão patrimonial calcado 
na compulsoriedade e obrigatoriedade. Ou seja, através dos 
tributos o Estado invade o seu patrimônio.
A Constituição Federal, porém, impõe limites a esse 
poder de tributar, ou seja, limites ao poder de invadir o 
patrimônio do contribuinte, para isto ele utiliza os Princípios.
Olha que legal, os princípios funcionam como um muro 
de contenção que limita o Poder do Estado de lhe Tributar, de 
invadir seu patrimônio.
Fonte: Arquivo Pessoal
 Já pensou se não tivesse este muro, esta limitação!
Você já sabe onde se encontram? 
Os princípios tributários estão previstos na Constituição 
Federal nos artigos 150,151 e 152.
Princípio da Legalidade
Como já vimos anteriormente, os Princípios servem 
para limitar o Poder de Tributar do Estado. O Princípio da 
Legalidade é considerado um dos mais importantes. Sabe por 
quê?
Os entes tributantes só podem criar e aumentar um 
tributo por meio de lei. 
 Se não fosse desta forma, ficaria muito fácil para os 
Chefes dos Poderes Executivos (Presidente, Governadores, 
Prefeitos), representando o Estado, invadirem o seu 
patrimônio. Poderiam fazer isto sem lei, apenas com portarias 
ou decretos. Já pensou?
Agora através de lei é você quem decide o quanto o 
Estado pode invadir seu patrimônio. 
Como Assim?
As Leis são feitas pelos membros do Poder Legislativo 
(Vereadores, Deputados, Senadores) que são os representantes 
do povo, são a voz do povo!
 Desta forma, a lei é produto da vontade popular, logo 
seria “o povo tributando a si mesmo”.
Está vendo como é importante escolher bem seus 
representantes?
Outra coisa importante que você precisa saber: não é 
qualquer lei que cria qualquer tributo. A lei hábil a criar tributos 
é a Lei Ordinária, em regra. Ex: IPTU é criado por meio de lei 
ordinária municipal. 
Todavia, há algumas hipóteses em que o tributo será 
criado por Lei Complementar, são os casos:
1. Imposto sobre grandes fortunas (art. 153, VII da CF).
2. Empréstimo compulsório (art. 148, CF).
3. Impostos residuais (art. 154, I, CF).
4. Contribuições previdenciárias residuais (art. 195, 
parágrafo. 4º da CF).
Qual a diferença de lei ordinária e lei complementar?
A Lei Complementar diferencia-se da Lei Ordinária, desde 
o quorum para sua formação. A Lei Ordinária exige apenas 
maioria simples de votos para ser aceita, já a Lei Complementar 
exige maioria absoluta. A Lei Complementar, como o próprio 
nome diz, tem o propósito de complementar, explicar ou 
adicionar algo à constituição, e tem seu âmbito material 
predeterminado pelo constituinte; já no que se refere a Lei 
Ordinária, o seu campo material é alcançado por exclusão, se a 
constituição não exige a elaboração de lei complementar então 
a lei competente para tratar daquela matéria é a lei ordinária.
Ou seja, a Lei Complementar tem um procedimento mais 
complexo, não é mesmo!? Então ela cria o tribuno em casos 
especiais, apenas nestes quatro casos elencados acima, nos 
demais os tributos são criados por leis ordinárias.
Assim fica confirmado o que vimos, no início da aula, que 
os Princípios limitam o poder de tributar do Estado, que só 
pode criá-los ou aumentá-los através de lei. Veja o artigo da 
Constituição Federal que fala isso:
CF – Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias 
asseguradas ao contribuinte, é vedado à 
União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos 
Municípios:
I – exigir ou aumentar tributo sem lei que o 
estabeleça;
Como podemos observar o artigo acima vem confirmar 
outro artigo da Constituição Federal, art. 5º, II, “ninguém será 
obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em 
virtude de lei”.
E se acontecer algum caso de emergência, urgência e o 
Estado precisar de dinheiro, mesmo assim tem que esperar 
todo o trâmite da lei?
É, neste caso, o artigo 62, § 2º, permite que o Presidente 
da República crie ou aumente tributos por meio de Medida 
Provisória com força de lei. Contudo, esta medida tem que 
ser submetida imediatamente para aprovação do Congresso 
Nacional.
A medida provisória, apesar de ser ato do Executivo, tem 
força de lei, é equiparada com a lei, mas em sentido strictu não 
é lei.
Mas o que é Medida Provisória?
São “providências (como o próprio nome diz, provisórias) que o 
11
Presidente da República poderá expedir, com ressalva de certas matérias 
nas quais não são admitidas, em caso de relevância e urgência, e que 
terão força de lei, cuja efi cácia, entretanto, será eliminada desde o início 
se o Congresso Nacional, a quem serão imediatamente submetidas, não 
as converter em lei dentro do prazo - que não correrá durante o recesso 
parlamentar - de 120 dias contados a partir de sua publicação” MELO 
(2002, p. 107).
Nossa quanta coisa sobre legalidade já aprendemos. 
Vamos continuar?
Já vimos que, em regra, os tributos só podem ser criados 
ou aumentados por lei; que dependendo do tributo pode ser 
Lei Ordinária ou Lei Complementar; que isto serve para limitar 
o poder do Estado e; que excepcionalmente poderá ser feito 
através de medida provisória.
Mas o que deve constar na lei tributária?
Há alguns itens que são obrigatórios na lei tributária. Estes 
itens compõem a chamada reserva legal ou estrita legalidade, 
ou ainda tipicidade fechada.
E quais são estes itens obrigatórios?
• Fato gerador
• Base de cálculo
• Alíquota
• Sujeito passivo
• Multa
E qual o de cada um?
Seus conceitos serão abordados mais a fundo em outra 
aula, porém, para podermos assimilar este conteúdo falarei de 
forma sucinta o que cada um significa:
• Fato Gerador (FG): é o fato capaz de gerar a obrigação 
de pagar o tributo.
 Ex: Zé é proprietário de um imóvel na zona urbana. Ser 
proprietário de imóvel em zona urbana é o FG do IPTU, logo 
Zé é responsável por ter que pagar o IPTU.
• Base de cálculo: é de onde o Estado vai se basear para 
fazer o cálculo do tributo. 
 Continuando no exemplo do IPTU, a base de cálculo é o 
Valor do imóvel.
• Alíquota: é a percentagem que será aplicada sobre a 
base de cálculo para se obter o valor do tributo.
 Ainda no exemplo do IPTU: Imóvel vale R$ 100mil, 
alíquota de 1%, valor do tributo igual a R$ 1mil.
Ainda bem que isto tudo tem a obrigação de estar previsto 
na lei que cria o tributo. Já pensou se os Chefes dos Poderes 
Executivo pudessem ficar alterando isto sem lei? 
Nós, contribuintes, iríamos virar churrasco!
Mas ainda, não acabou! 
• Sujeito Passivo: é a definição de quem vai pagar o tributo.
 No caso do IPTU: o proprietário.
• Multa: é a sansão para o contribuinte que não cumprir a 
obrigação. Também tem que estar prevista na lei, pois senão o 
fisco pode utilizar-se da multa de forma abusiva.
RESUMINDO: A lei deve disciplinar sobre todos esses 
elementos. Apenas a Lei pode disciplinar matéria tributária.
 ATENÇÃO!!! O que não for parte da Reserva Legal 
pode ser alterado ou criado por ato infralegal. Por exemplo, o 
“prazo para pagamento do tributo” não necessita de previsão 
estritamente legal.
Que quase toda regra tem exceção, é o caso abaixo!
Exceções ao princípio da legalidade tributária.Há 4 impostos federais que podem ter suas ALÍQUOTAS 
majoradas por ato do poder executivo federal (via de regra por 
meio de decretos). São eles:
Imposto de Importação (II);
Imposto de Exportação (IE);
Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI);
Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF).
A Emenda Constitucional nº 33/2001 trouxe mais duas 
exceções à legalidade:
CIDE combustível;
ICMS combustível
Por que isso é permitido?
Estes impostos, além da função de arrecadar dinheiro 
para o Estado, servem também como reguladores da 
economia. Desta forma, se o Estado precisa aumentar o 
consumo interno, ele pode, por exemplo, aumentar o valor do 
Imposto de Importação, assim o consumidor para de exportar 
e compra mercadoria nossa.
Mas, para isto funcionar não dá para esperar iniciar todo 
o processo de criação da lei, pois o mercado é volátil!
Assim temos 5 tributos federais e 1 tributo estadual 
(ICMS), que fogem à regra da legalidade.
Princípio da Anterioridade
Este princípio também é muito importante para todos 
nós contribuintes!
Ele tem duas regrinhas, vamos ver a primeira.
Pela anterioridade, nenhum tributo será cobrado no 
mesmo exercício financeiro da lei que o instituiu ou aumentou 
tenha sido publicada, ou seja, a CF veda expressamente a 
cobrança do tributo no mesmo exercício financeiro em que 
haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou.
Veja o artigo que está escrito isso:
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias 
asseguradas ao contribuinte, é vedado à 
União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos 
Municípios:
III - cobrar tributos:
b) no mesmo exercício fi nanceiro em que 
haja sido publicada a lei que os instituiu ou 
aumentou;
Isso significa que se um tributo for criado janeiro, março 
ou junho de 2009, ele só poderá ser exigido à partir do dia 1º 
janeiro de 2010?
É isso mesmo! Só pode ser exigido no próximo exercício 
financeiro.
Esta é a primeira regra chamada de anterioridade anual.
Somente terá eficácia no ano seguinte da publicação da 
norma que institui ou aumenta tributo.
Este princípio deriva do princípio da segurança 
jurídica, garantindo inicialmente que o contribuinte não seja 
surpreendido por uma nova exigência tributária.
Lembra que nós falamos anteriormente que quase toda 
regra tem sua exceção? Pois é, esta regra também tem. Ela não 
é aplicada para todos aqueles tributos que também fogem à 
regra da legalidade:
Direito Aplicado II 12
II, IE, IPI, IOF, CIDE Combustível e ICMS Combustível.
Também, existem mais dois tributos que fogem a 
anterioridade anual:
- Imposto Extraordinário de Guerra (IEG) e
- Empréstimo Compulsório para Calamidade Pública ou 
Guerra.
 E a segunda regra ligada ao Princípio da Anterioridade, 
qual é?
A segunda regra ligada a este Princípio é chamada 
de anterioridade nonagesimal, ou ainda de qualificada ou 
privilegiada.
Mas o que esta regra fala?
Essa regra diz que nenhum tributo pode ser exigido 
antes de completar 90 dias da data que ela foi publicada.
Esta regra já era debatida, mas foi reforçada através da 
EC-42/2003 e começou a ser exigida em janeiro de 2004.
Veja bem! Esta regra é basicamente para aqueles tributos 
que são criados ou aumentados nos meses de Outubro, 
Novembro e Dezembro.
Pois já pensou se tivesse apenas a primeira regra, era 
criado um tributo em 31 de Dezembro e já poderia ser exigido 
no outro dia, pois dia 1º de Janeiro já seria outro exercício 
financeiro. 
Agora com esta regra, no caso citado, só poderia ser 
exigido a partir de 1º de Abril.
Contudo, existem também tributos que são exceções a 
esta regra, Vamos vê-los abaixo:
Exceções à anterioridade nonagesimal (art.150, 
parágrafo. 1º, “parte final”, da CF).
II, IE, IR, IOF, IEG e ICCPG. 
Além dos acima, temos ainda as alterações na BASE DE 
CÁLCULO do IPTU e do IPVA.
Eita, se cada regra tem uma exceção, como fazer para 
facilitar o aprendizado? Vamos tentar resumir estas exceções
Nomes que estão nas 
duas listas de exceção 
à anterioridade 
(Podem ser exigidos 
imediatamente)
Nomes que estão na 
1ª lista mas não estão 
na 2ª (Se majorados a 
exigência será depois 
de 90 dias)
Nomes que estão na 
1ª lista mas não estão 
na 2ª (Pagamento 
no primeiro dia do 
exercício fi nanceiro)
II IPI IR
IE
IOF
CIDE combustível
ICMS combustível
Alterações na Base 
de Cálculo IPVA e 
IPTU
IEG
ICCPG
Princípio da Igualdade ou Isonomia
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias 
asseguradas ao contribuinte, é vedado à 
União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos 
Municípios:
II - instituir tratamento desigual entre 
contribuintes que se encontrem em situação 
equivalente, proibida qualquer distinção em 
razão de ocupação profi ssional ou função 
por eles exercida, independentemente da 
denominação jurídica dos rendimentos, títulos 
ou direitos;
Este princípio está determinado no caput do art. 5º. da 
CF e reafirmado no sistema tributário no artigo acima. 
Vejam, neste princípio diz que não pode, os contribuintes 
em igual situação, serem tratados de forma desigual. Mas se 
estão em diferente situação não há ofensa tratá-los de forma 
diferente, isto é chamado de isonomia.
 Vamos imaginar que existem três contribuintes: Um é 
advogado, outro é lavrador e outro vende jornais na rua.
Se ambos, lavrador e vendedor de jornais, tiveram renda 
de 50 mil no ano, pagarão o mesmo valor de Imposto de Renda 
(IR). Pois estão em situação semelhante.
Agora, se o primeiro aufere uma renda de 15mil, o segundo 
de 30mil e o último de 100mil, a alíquota que incidirá sobre eles 
será diferente, isto é uma forma de isonomia. Aqui eles são 
tratados diferentes, pois a capacidade econômica é diferente. 
Não se pode então, tratar diferentemente dois contribuintes 
em situação equivalente. 
Tal regra impõe não somente ao aplicador da lei, 
mas também ao próprio legislador, que não pode criar lei 
discriminatória.
Lembrando que tal princípio não afasta a pessoalidade e 
a graduação, segundo a capacidade econômica do contribuinte 
que deve ser perseguidas pelos tributos. Art. 145 §1º da CF.
Princípio da Capacidade Contributiva
Conforme vimos no exemplo do Princípio Anterior, 
sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal, se 
graduando segundo a capacidade econômica de cada um. Isto 
não afronta a isonomia, pelo contrário, busca promovê-la.
Aqui se onera mais gravosamente, aquele que tem maior 
capacidade contributiva.
“Tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, 
na medida de suas desigualdades”
 Ex: Voltando a falar sobre Imposto de Renda, ele tem 
várias faixas de alíquotas, variando de acordo com a renda, 
onde a percentagem é maior para quem ganha mais.
Vejamos o exemplo como ficaria:
No exemplo sua renda anual foi de 15mil, o que lhe deixaria 
na faixa de isentos, assim o advogado nada pagaria de IR.
Já o lavrador teve renda de 30mil, o que lhe deixaria na 
faixa de 15%, assim o lavrador teria que pagar 4,5mil.
O vendedor de jornal teve renda de 100mil, o que lhe deixaria 
na faixa de 27,5%, sendo este obrigado a pagar 27,5mil de IR.
Princípio da Irretroatividade
Este Princípio é o mais fácil!
De acordo com este princípio a lei tributária só vale em 
relação a fatos geradores ocorridos depois do início da vigência 
da lei que os houver instituído ou aumentado.
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias 
asseguradas ao contribuinte, é vedado à 
União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos 
Municípios:
III - cobrar tributos:
a) em relação a fatos geradores ocorridos antes 
do início da vigência da lei que os houver 
instituído ou aumentados;
Significa dizer que a Lei Tributária somente atinge eventos 
ocorridos após o início de sua vigência. Ou seja, não atinge 
fatos passados.
 Ex: João compra um imóvel na zona urbana no mês de 
março, para transferi-lo ele tem que pagar o Imposto sobre 
13
Transmissão de Bens Imóveis (ITBI), que hipoteticamente 
seria fixado em 2%. Ele realiza todos os atos necessários, 
pagamentos e efetua a transferência em abril. Se em maio 
entrar em vigor uma alteração nalei, dizendo que o ITBI passa 
a ser de 3%, esta nova lei não voltará para trás para atingir a 
transferência dele, esta lei só atingirá às transferências futuras.
Por isto diz que a lei tributária é irretroativa.
Confirmando o acima aduzido, temos o inciso XXXVI do 
art. 5º. Da CF, que determina que a lei não prejudicará o direito 
adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.
• Direito adquirido: é quando o sujeito preenche todos 
os requisitos para exercer um direito, porém, por liberalidade, 
ainda não exerceu.
Ato Jurídico Perfeito: é aquele que foi concretizado de 
forma perfeita, sem nenhum erro ou vício, conforme a lei.
• Coisa Julgada: é o assunto já discutido e julgado pelo 
Poder Judiciário, com sentença que transitou em julgado.
Este princípio não comporta exceções, ou seja, aplica-
se para a instituição e majoração de tributos, além de novas 
obrigações acessórias.
Atenção!!! 
No caso de normas meramente interpretativas e aquelas que 
excluem ou atenuam penalidades, conforme o art. 106 do CTN, 
podem ter efeitos retroativos. (ver artigo 144 §1º. Do CTN)
Princípio do Não confisco
Segundo este princípio o tributo deve ser razoável, 
não podendo ser tão oneroso que chegue a representar um 
verdadeiro confisco.
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias 
asseguradas ao contribuinte, é vedado à 
União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos 
Municípios:
IV - utilizar tributo com efeito de confi sco;
Não se pode utilizar o tributo para tomar a propriedade 
do contribuinte, a tributação tem que ser razoável.
Veja que a afirmação acima pode trazer confusão à cabeça 
de pessoas leigas no assunto.
 Manoel compra um imóvel na Zona Urbana e fica durante 
10 anos sem pagar o IPTU. 
Pode a Prefeitura exigir o imóvel para si judicialmente e 
leiloá-lo para saldar a dívida com estes impostos?
A resposta é sim.
O que não é permitido é que o valor do imposto seja 
exorbitante a ponto de caracterizar praticamente um confisco.
Ex: a alíquota do IPTU ser de 50% do valor venal do imóvel. 
Princípio da Liberdade de tráfego de pessoas e bens
Este princípio prega que não pode a lei tributária limitar o 
tráfego interestadual ou intermunicipal de pessoas e bens, salvo 
o pedágio de via conservada pelo Poder Público.
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias 
asseguradas ao contribuinte, é vedado à 
União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos 
Municípios:
V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas 
ou bens, por meio de tributos interestaduais 
ou intermunicipais, ressalvado a cobrança de 
pedágio pela utilização de vias conservadas pelo 
Poder Público;
Não é admissível que o tributo seja utilizado para limitar a 
liberdade de pessoas no ir e vir, não impedindo as tributações 
previstas na CF, no caso da circulação de mercadorias e 
serviços entre Estados (ICMS), de acordo com a lei.
No caso do pedágio, mesmo prevendo a Constituição tal 
possibilidade, a doutrina e a jurisprudência discutem sobre a 
natureza tributária ou tarifária.
Princípio da Uniformidade Territorial ou Geográfica
O tributo da União deve ser igual em todo território 
nacional, sem distinção entre os Estados.
Art. 151. É vedado à União:
I - instituir tributo que não seja uniforme em 
todo o território nacional ou que implique 
distinção ou preferência em relação a Estado, 
ao Distrito Federal ou a Município, em 
detrimento de outro, admitida a concessão 
de incentivos fi scais destinados a promover 
o equilíbrio do desenvolvimento sócio-
econômico entre as diferentes regiões do País.
Neste caso, fica impedida a União de instituir tributo 
que não seja uniforme em todo território nacional, ou que 
implique distinção ou preferência em relação ao Estado, ao 
DF ou ao Município. Significa dizer que a União deve tratar 
igualmente as unidades da federação, não impedindo que 
para a promoção do equilíbrio do desenvolvimento sócio 
econômico entre as diferentes regiões do país, possa haver 
diferenciações, as quais são as únicas, no caso como dito, 
voltadas ao desenvolvimento.
Observem que a lei está falando dos impostos instituídos 
pela União! Assim, os impostos instituídos pelos próprios 
Estados ou pelos Municípios poderão ter variações.
3 - Princípios específi cos de “impostos”
Além dos princípios que se obrigam todos os tributos, 
alguns ainda se submetem a princípios próprios.
Isso significa que todos os Princípios vistos acima devem 
ser respeitados por todos os tipos de tributos. Além disso, há 
tributos que ainda tem que respeitar outros princípios!
 1- O IR – Imposto de Renda é regido por três critérios: 
Generalidade, Universalidade e Progressividade (art. 153, §2º..,I).
 • Generalidade – significa dizer que tudo que caracteriza 
renda ou provento, autoriza a incidência de impostos, 
independente da origem – Princípio do non olet (dinheiro não 
tem cheiro); 
 Isso significa, que se uma pessoa ganha 200mil como 
vendedor, enquanto outra ganha a mesma quantia em outra 
profissão, para o Estado não importa a origem, ambos irão 
pagar a mesma coisa de IR.
• Universalidade – toda e qualquer pessoa que aufere 
renda ou proventos está sujeita ao tributo.
 • Progressividade – permite a elevação da alíquota à 
medida que sobe o montante da base de cálculo;
2 – O IPI – Imposto sobre Produto Industrializado, deve ser 
seletivo em função da essencialidade do produto. (art. 153, §3º.,I);
Assim, o IPI de um produto essencial como uma 
geladeira será diferente de outra não tão importante, como 
um perfume.
Direito Aplicado II 14
3 – O ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias 
e serviços, pode ser seletivo (art. 155, §2º., III); Pelo mesmo 
motivo do IPI.
Tanto o ICMS, quanto o IPI e os impostos de 
competência residual da União devem ser não cumulativos.
Preenchidos alguns requisitos, que estudaremos na aula 
3, a União poderá instituir ou alterar impostos e contribuições 
sociais. A este tipo de situação chamamos de competência 
residual da União.
Tanto nos casos acima, quanto o ICMS e o IPI não 
devem ser cumulativos, ou seja, não podem ter mais de um 
ente competente.
4 – O ITR – Imposto Territorial Rural, será progressivo, 
deverá desestimular a propriedade improdutiva e desonerar o 
pequeno proprietário (art. 153, §4º.)
A progressividade neste caso se dá pelo tamanho da 
propriedade rural. Quanto menor a propriedade, menor 
também a alíquota do imposto. 
É uma tentativa de desestimular os grandes latifúndios 
improdutivos e estimular os pequenos proprietários.
O IPTU – Imposto Predial e Territorial Urbano poderá 
ser progressivo (art. 156, §1º.).
Aqui a finalidade, igualmente a do ITR, tem cunho social. 
Assim, pode existir várias formas, tributando com alíquotas 
diferenciadas em locais onde não há construções, em áreas 
mais nobres, em áreas comerciais, etc.
Ufa, chegamos ao final dos Princípios Constitucionais 
Tributários!
Espero que todos tenham aprendido muito nesta aula! 
Caso alguém tenha ficado com alguma dúvida, tenha alguma 
pergunta, choro ou lamentação, poderá entrar em contato 
através da plataforma no quadro de aviso/mensagens ou 
através da ferramenta fórum.
Um grande abraço e até a próxima aula, lembrando 
que se não tiverem dúvidas terão dívidas, pois a matéria será 
cobrada na prova!
Retomando a aula
Chegamos, assim, ao fi nal da segunda aula. Vamos, 
então, recordar: 
Os Princípios, como vimos, são previstos na Constituição 
e servem para limitar as normas que carregam os princípios. 
Se alguma norma tributária não estiver de acordo com os 
Princípios, significa que a norma está ferindo a Constituição 
Federal.
Assim, para ilustrar, digamos que a Constituição Federal 
é como o Solo, neste solo foi colocado uns trilhos que são os 
Princípios, por estes trilhos devem andar as normas tributárias 
que é o trem com sua carga, os tributos. Caso este trem saia 
dos trilhos ele irá ferir, atingir, ou macular o Solo! 
Artigo: Princípios Constitucionais Tributários. Crepaldi, 
Silvio Aparecido. http://www.oab.org.br/oabeditora/
revista/Revista_06/anexos/Principios_contitucionais_tributarios.pdf
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