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FARMACOTERAPIA E MANEJO CLÍNICO DOS DISTÚRBIOS DA TIREOIDE Prof. Ms. Hiran Reis Sousa Farmacêutico-Bioquímico Doutorando em Ciências da Saúde (PPGCS-UFMA) • A glândula tireoide é uma estrutura em forma de escudo que se localiza imediatamente abaixo da laringe, na parte anterior, média do pescoço; – Constituída de um grande número de diminutas estruturas semelhantes a sacos, denominadas folículos; – Esses folículos constituem as unidades funcionais da tireoide; – Cada folículo é formado por uma única camada de células epiteliais (foliculares) e é ocupado por uma substância secretora, denominada coloide, que consiste, em grande parte, em um complexo de glicoproteína-iodo denominado tireoglobulina; CONTROLE DA FUNÇÃO DA TIREOIDE • A glândula tireoide é uma estrutura em forma de escudo que se localiza imediatamente abaixo da laringe, na parte anterior, média do pescoço; – A tireoglobulina que preenche os folículos da tireoide é uma grande molécula de glicoproteína que contém 140 aminoácidos tirosina; – No processo de síntese de hormônio da tireoide, o iodo liga-se a essas moléculas de tirosina; – Tanto a tireoglobulina quanto o iodeto são secretados no coloide do folículo pelas células foliculares; CONTROLE DA FUNÇÃO DA TIREOIDE • A glândula tireoide é uma estrutura em forma de escudo que se localiza imediatamente abaixo da laringe, na parte anterior, média do pescoço; – O NIS é estimulado tanto pelo TSH quanto pelo anticorpo estimulador do receptor de TSH encontrado na doença de Graves (discutido adiante); – O iodeto é oxidado pela enzima tireoide peroxidase (TPO), numa reação de combinação com a tirosina, formando a monoiodotirosina (MIT) e, a seguir, a di-iodotirosina (DIT); – Dois resíduos de di-iodotirosina são acoplados para formar a tiroxina (T4) ou uma monoiodotirosina e uma di-iodotirosina são acopladas para formar tri- iodotironina (T1); CONTROLE DA FUNÇÃO DA TIREOIDE • A glândula tireoide é uma estrutura em forma de escudo que se localiza imediatamente abaixo da laringe, na parte anterior, média do pescoço; – Apenas a T4 (90%) e a T3 (10%) são liberadas na circulação; – Há evidências de que a T3 é a forma ativa do hormônio e de que a T4 é convertida em T3 antes que possa atuar fisiologicamente; – Os hormônios da tireoide ligam-se à globulina de ligação da tiroxina (TBG) e a outras proteínas plasmáticas para o seu transporte no sangue; – Apenas o hormônio livre penetra nas células e regula o mecanismo de retroalimentação da hipófise; CONTROLE DA FUNÇÃO DA TIREOIDE • A glândula tireoide é uma estrutura em forma de escudo que se localiza imediatamente abaixo da laringe, na parte anterior, média do pescoço; – O hormônio da tireoide ligado a proteínas forma um grande reservatório que é lentamente utilizado de acordo com as necessidades de hormônio livre; – Existem três proteínas principais de ligação da tireoide: a TBG, a transtiretina e a albumina; – Mais de 99% da T4 e da T3 é transportada na forma ligada. A TBG transporta cerca de 70% da T4 , e a transtiretina liga-se a cerca de 10% da T4 circulante e a quantidades menores de T3; e a albumina liga-se a aproximadamente 15% da T4 e T3 circulantes; CONTROLE DA FUNÇÃO DA TIREOIDE • A glândula tireoide é uma estrutura em forma de escudo que se localiza imediatamente abaixo da laringe, na parte anterior, média do pescoço; – Diversas doenças e agentes farmacológicos podem diminuir a quantidade de proteína de ligação no plasma ou influenciar a ligação do hormônio; – As medicações glicocorticoides e as condições sistêmicas, como desnutrição proteica, síndrome nefrótica e cirrose, diminuem as concentrações de TBG; – Certas medicações, como a fenitoína, os salicilatos e o diazepam, podem afetar a ligação do hormônio da tireoide às proteínas de ligação em concentrações normais. CONTROLE DA FUNÇÃO DA TIREOIDE • A secreção do hormônio da tireoide é regulada pelo sistema de retroalimentação hipotalâmico-hipofisário-tireóideo; • Nesse sistema, o hormônio de liberação da tireotrofina (TRH), que é produzido pelo hipotálamo, controla a liberação de TSH da adeno-hipófise; • O TSH aumenta a atividade global da glândula tireoide: – Através de aumento da degradação da tireoglobulina – Liberação de hormônio da tireoide dos folículos na corrente sanguínea; CONTROLE DA FUNÇÃO DA TIREOIDE • O TSH aumenta a atividade global da glândula tireoide: – Ativando a bomba de iodeto (através de aumento da atividade do NIS); – Aumentando a oxidação do iodeto e o acoplamento do iodeto à tirosina; – Aumentando o número e o tamanho das células foliculares. • O efeito do TSH sobre a liberação dos hormônios da tireoide é observado dentro de cerca de 30 minutos, enquanto os outros efeitos necessitam de vários dias ou semanas; CONTROLE DA FUNÇÃO DA TIREOIDE • Os níveis elevados de hormônio da tireoide atuam na inibição do TRH ou TSH por retroalimentação; • Os níveis elevados de iodeto também provocam uma redução temporária na atividade da tireoide que dura várias semanas; • Provavelmente através da inibição direta do TSH sobre a tireoide. • A exposição ao frio constitui um dos mais fortes estímulos para o aumento da produção de hormônio da tireoide, mediado pelo TRH do hipotálamo; • Várias reações emocionais também podem afetar o débito de TRH e de TSH e, portanto, afetar indiretamente a secreção dos hormônios da tireoide. CONTROLE DA FUNÇÃO DA TIREOIDE CONTROLE DA FUNÇÃO DA TIREOIDE • Todos os principais órgãos do corpo são afetados por alterações nos níveis de hormônio da tireoide; • O hormônio da tireoide desempenha duas funções principais: – Aumenta o metabolismo e a síntese de proteínas e é necessário para o crescimento e o desenvolvimento em crianças, incluindo o desenvolvimento mental e o processo de maturidade sexual. Essas ações são principalmente mediadas pela T3. – No interior da célula, a T3 liga-se a um receptor nuclear, resultando na transcrição de genes específicos de resposta ao hormônio da tireoide; AÇÕES DO HORMÔNIO DA TIREOIDE • Taxa Metabólica. – O hormônio da tireoide aumenta o metabolismo de todos os tecidos corporais, exceto a retina, o baço, os testículos e os pulmões; – O metabolismo basal pode aumentar em 60 a 100% acima do normal na presença de grandes quantidades de T4; – Em consequência desse metabolismo maior, verifica-se um aumento na taxa de utilização da glicose, dos lipídios e das proteínas; – Os lipídios são mobilizados do tecido adiposo, e o catabolismo do colesterol pelo fígado aumenta; AÇÕES DO HORMÔNIO DA TIREOIDE • Função Cardiovascular. – As funções cardiovascular e respiratória são fortemente afetadas pela função da tireoide; – Com o aumento do metabolismo, ocorre elevação no consumo de oxigênio e na produção de derivados finais do metabolismo, com aumento associado na vasodilatação; – O fluxo sanguíneo para a pele, em particular, está aumentado como forma de dissipar o calor corporal que resulta do maior metabolismo; AÇÕES DO HORMÔNIO DA TIREOIDE • Função Cardiovascular. – O volume sanguíneo, o débito cardíaco e a ventilação estão aumentados com a finalidade de manter o fluxo sanguíneo e o suprimento de oxigênio aos tecidos corporais. – A frequência cardíaca e a contratilidade do coração também estão aumentadas, visando manter o débito cardíaco necessário; – Por outro lado, é provável que a pressão arterial sofra pouca alteração, visto que o aumento da vasodilatação tende a compensar o aumento do débito cardíaco. AÇÕES DO HORMÔNIO DA TIREOIDE • Função Gastrointestinal. – O hormônio da tireoide intensifica a função gastrointestinal, causando aumento da motilidade e produção de secreções gastrointestinais que frequentemente resultam em diarreia – A maior taxa metabólica que ocorre com o aumento dos níveis de hormônio da tireoide é acompanhada de aumento do apetite e da ingestão de alimento. – Ao mesmo tempo, ocorre perda de peso, devido ao uso aumentado de calorias. AÇÕES DO HORMÔNIO DA TIREOIDE • Efeitos Neuromusculares. – O hormônioda tireoide possui efeitos marcantes sobre o controle neural da função e do tono muscular; – Pequenas elevações nos níveis do hormônio causa uma sensibilização dos músculos esqueléticos, enquanto o oposto dessensibiliza; – No estado hipertireóideo, verifica-se a presença de tremor muscular fino; – Esse tremor pode representar uma sensibilidade aumentada das sinapses neurais na medula espinhal que controlam o tono muscular; AÇÕES DO HORMÔNIO DA TIREOIDE • Efeitos Neuromusculares. – O tremor, a inquietação, a ansiedade e a diarreia também podem refletir desequilíbrios do sistema nervoso autônomo; – Os fármacos que bloqueiam a atividade simpática demonstraram ser adjuvantes úteis no tratamento do hipertireoidismo, em virtude de sua capacidade de aliviar alguns desses sintomas desagradáveis. AÇÕES DO HORMÔNIO DA TIREOIDE • Diagnóstico dos distúrbios da tireoide. – As determinações da T3, da T4 e do TSH tornaram-se disponíveis através de métodos de imunoensaio; – O teste da T4 livre mede a porção não ligada da T4 que está livre para penetrar nas células e produzir seus efeitos; – Os níveis de TSH são utilizados para diferenciar os distúrbios tireóideos primários e secundários; – Os níveis de T3 , T4 e T4 livres estão baixos no hipotireoidismo primário, enquanto o nível de TSH encontra-se elevado; PROVA DA FUNÇÃO DA TIREOIDE • Diagnóstico dos distúrbios da tireoide. – A avaliação dos autoanticorpos da tireoide (p.ex., anticorpos anti-TPO na tireoidite de Hashimoto) é importante na avaliação diagnóstica e consequente acompanhamento de pacientes com doença da tireoide. • O teste de captação de iodo radioativo (I123 ) mede a capacidade da glândula tireoide de remover e concentrar o iodo a partir do sangue; • Podem-se utilizar cintilografias da tireoide (I123, Tc99m- pertecnetato) para a detecção de nódulos da tireoide e estabelecimento da atividade funcional da glândula; PROVA DA FUNÇÃO DA TIREOIDE • Diagnóstico dos distúrbios da tireoide. • A ultrassonografia pode ser utilizada para diferenciar as lesões da tireoide císticas das sólidas; • Tanto a TC quanto a RM são efetuadas para demonstrar a presença de compressão da traqueia ou pressão sobre outras estruturas adjacentes; • A biópsia por aspiração com agulha fina de um nódulo da tireoide demonstrou ser o melhor método para diferenciar a doença tireóidea benigna da maligna. PROVA DA FUNÇÃO DA TIREOIDE • Uma alteração na função da tireoide pode constituir um estado hipofuncional ou hiperfuncional. • Os distúrbios da tireoide podem ser devidos a um defeito congênito no desenvolvimento da glândula ou podem desenvolver-se mais adiante durante a vida, com início gradual ou súbito; • O bócio é um aumento de tamanho da glândula tireoide. – Pode ocorrer nos estados hipotireóideo, eutireóideo e hipertireóideo; – Pode ser difuso, acometendo toda a glândula sem nenhuma evidência de nodularidade, ou pode conter nódulos; ALTERAÇÕES DA FUNÇÃO DA TIREOIDE • O bócio é um aumento de tamanho da glândula tireoide. – Os bócios difusos tornam-se habitualmente nodulares; – Podem ser tóxicos, produzindo sinais de hipertireoidismo extremo, ou tireotoxicose, ou podem ser atóxicos; – Os bócios atóxicos e multinodulares difusos resultam de hipertrofia e hiperplasia compensatórias do epitélio folicular; • O grau de aumento de tamanho da tireoide é habitualmente proporcional à extensão e duração da deficiência da tireoide; ALTERAÇÕES DA FUNÇÃO DA TIREOIDE • Os bócios multinodulares são os que produzem maior aumento da glândula tireoide; • Quando suficientemente aumentados, podem comprimir o esôfago e a traqueia, causando dificuldade na deglutição, sensação de sufocação e estridor inspiratório; • Essas lesões também podem comprimir a veia cava superior, ocasionando distensão das veias do pescoço e dos membros superiores, edema das pálpebras e da conjuntiva e síncope com tosse. ALTERAÇÕES DA FUNÇÃO DA TIREOIDE • Pode ocorrer como defeito congênito ou adquirido; • Hipotireoidismo congênito: – Desenvolve-se no período pré-natal; – Já está presente ao nascimento. – Uma causa comum de retardo mental passível de prevenção; – No lactente, pode resultar da ausência da glândula tireoide ou da biossíntese anormal de hormônio da tireoide ou de secreção deficiente de TSH; HIPOTIREOIDISMO • Hipotireoidismo congênito: – Na ausência congênita da glândula tireoide, o lactente habitualmente tem aparência normal e funciona normalmente ao nascimento, devido aos hormônios supridos in utero pela mãe. – As manifestações do hipotireoidismo congênito não tratado são designadas cretinismo; – O hormônio da tireoide é essencial para o crescimento e o desenvolvimento normal do cérebro, em que quase a metade ocorre durante os primeiros 6 meses de vida; HIPOTIREOIDISMO • Hipotireoidismo congênito: – Se não for tratado, o hipotireoidismo congênito provoca retardo mental e prejudica o crescimento físico; – Estudos a longo prazo mostraram que a suplementação de T4 estreitamente monitorada e instituída nas primeiras 6 semanas de vida leva a uma inteligência normal; – Felizmente, foram instituídos teste de triagem neonatais para a detecção do hipotireoidismo congênito no início da lactância; HIPOTIREOIDISMO • Hipotireoidismo congênito: – A triagem é habitualmente feita no berçário da maternidade. Nesse teste, obtém-se uma gota de sangue do calcanhar do lactente, que é analisada para T4 e TSH; • Hipotireoidismo congênito: – O hipotireoidismo congênito transitório passou a ser reconhecido com mais frequência desde a introdução da triagem neonatal (respondendo por cerca de 25% dos casos detectados por triagem); HIPOTIREOIDISMO • Hipotireoidismo congênito: – Caracteriza-se por níveis elevados de TSH e níveis baixos ou normais de hormônio da tireoide; – A tireoide tanto do feto quanto do lactente é sensível a um excesso de iodo. O iodo atravessa a placenta e as glândulas mamárias e é prontamente absorvido pela pele do lactente; – O hipotireoidismo transitório pode ser causado pela exposição materna ou do lactente a determinadas substâncias, como iodo povidona utilizada como desinfetante (i .e., ducha vaginal ou desinfecção da pele no berçário); HIPOTIREOIDISMO • Hipotireoidismo congênito: – Os agentes antitireóideos, como propiltiouracil e metimazol, podem atravessar a placenta e bloquear a função da tireoide fetal. – O hipotireoidismo congênito é tratado com reposição hormonal; – As evidências indicam que é importante normalizar os níveis de T4 o mais rápido possível, visto que qualquer demora é acompanhada de desenvolvimento psicomotor e mental mais precário; – As doses são ajustadas à medida que a criança cresce; HIPOTIREOIDISMO • Hipotireoidismo congênito: – Os lactentes com hipotireoidismo transitório geralmente podem ter a terapia de reposição interrompida entre 6 e 12 meses; – Quando são instituídos esquemas de tratamento precoces e adequados, o risco de retardo mental em lactentes detectados por programas de triagem é praticamente inexistente. HIPOTIREOIDISMO • Hipotireoidismo adquirido: – Desenvolve-se mais tarde durante a vida; – Em consequência de doença primária da glândula tireoide, ou secundariamente a distúrbios de origem hipotalâmica ou hipofisária; HIPOTIREOIDISMO • Hipotireoidismo Adquirido e Mixedema – O hipotireoidismo em crianças de mais idade e adultos provoca uma redução geral na velocidade dos processos metabólicos e mixedema; – Mixedema: Refere-se à presença de um tipo de edema mucoso, causado pelo acúmulo de uma substância mucopolissarídica hidrofílica nos tecidos conjuntivos por todo o corpo. – O estado hipotireóideo pode ser leve, apenas com alguns sinais e sintomas, ou pode evoluir para uma condição potencialmente fatal, denominada coma mixedematoso; HIPOTIREOIDISMO • Hipotireoidismo Adquirido e Mixedema – Pode ser um distúrbio primário (destruição ou da disfunção da glândula tireoide), secundário (comprometimento da função hipofisária), ou terciário (disfunção hipotalâmica);• Hipotireoidismo primário: É o mais comum dos três distúrbios hipotireoidismos. Pode resultar de tireoidectomia (remoção cirúrgica) ou ablação da glândula por irradiação; • Alguns agentes bociogênicos, como carbonato de lítio (maníaco-depressivos) e os agentes antitireóideos propiltiouracil e metimazol, em dose contínua, podem bloquear a síntese de hormônios e provocar hipotireoidismo com bócio; HIPOTIREOIDISMO • O iodo em grandes quantidades (comprimidos de algas, xaropes contendo iodeto, contraste radiológicos que contêm iodeto ou amiodarona, que contém 75 mg de iodo em cada comprimido de 200 mg) também pode bloquear a produção de hormônios da tireoide e causar bócio, particularmente em indivíduos com doença autoimune da tireoide; • A deficiência de iodo, que pode causar bócio e hipotireoidismo, é rara no Brasil, devido ao uso generalizado de sal iodado e outras fontes de iodeto. Todavia, a deficiência de iodo afeta, segundo as estimativas, 100 milhões de pessoas no mundo inteiro; HIPOTIREOIDISMO • A causa mais comum de hipotireoidismo é a tireoidite de Hashimoto, um distúrbio autoimune em que a glândula tireoide pode ser totalmente destruída por um processo imunológico; – Trata-se da principal causa de bócio e de hipotireoidismo em crianças e adultos. – É predominantemente uma doença de mulheres (5:1) – A evolução da doença varia. No início, pode haver apenas bócio. Com o decorrer do tempo, o hipotireoidismo toma-se habitualmente evidente; HIPOTIREOIDISMO • Tireoidite de Hashimoto – Embora o distúrbio provoque habitualmente hipotireoidismo, pode-se verificar o desenvolvimento de um estado hipertireóideo em meados da evolução da doença; – O estado hipertireóideo transitório é causado pelo extravasamento de hormônio da tireoide pré-formado a partir das células lesadas da glândula; • Tireoidite subaguda – Pode ocorrer em até 10% das gestações no período pós-parto (tireoidite pós- parto), também pode resultar em hipotireoidismo. HIPOTIREOIDISMO • Coma Mixedematoso – Descreve uma expressão do hipotireoidismo de estágio terminal e potencialmente fatal; – Caracteriza-se por coma, hipotermia, colapso cardiovascular, hipoventilação e distúrbios metabólicos graves, que consistem em hiponatremia, hipoglicemia e acidose lática; – A fisiopatologia do coma mixedematoso envolve três aspectos principais: (1) retenção de dióxido de carbono e hipoxia, (2) desequilíbrio hidroeletrolítico e (3) hipotermia; HIPOTIREOIDISMO • Coma Mixedematoso – Ocorre mais frequentemente em mulheres idosas, que apresentam hipotireoidismo crônico devido a um espectro de causas; – O fato de o coma mixedematoso ocorrer mais frequentemente nos meses de inverno sugere que a exposição ao frio pode constituir um fator precipitante; – O indivíduo gravemente hipotireóideo é incapaz de metabolizar os sedativos, analgésicos e anestésicos, e o acúmulo desses agentes pode precipitar o coma; HIPOTIREOIDISMO • Coma Mixedematoso – O tratamento consiste em manejo agressivo dos fatores precipitantes; em terapia de suporte, como manejo do estado cardiorrespiratório, hiponatremia e hipoglicemia; e na terapia de reposição da tireoide – Na presença de hipotermia, o reaquecimento ativo do corpo está contraindicado, uma vez que pode induzir vasodilatação e colapso vascular; – A prevenção é preferível ao tratamento e requer atenção especial para as populações de alto risco, como mulheres com história de tireoidite de Hashimoto. HIPOTIREOIDISMO • Sinais e sintomas – Relacionadas, em grande parte, a dois fatores: o estado hipometabólico, decorrente da deficiência de hormônio da tireoide, e o comprometimento mixedematoso dos tecidos corporais; – O estado hipometabólico caracteriza-se por início gradual de fraqueza e fadiga, tendência a ganhar peso, apesar da perda de apetite e intolerância ao frio; – À medida que a condição progride, a pele toma-se seca e áspera e adquire uma tonalidade amarelada pálida, que resulta principalmente do depósito de caroteno, e os cabelos tornam-se grossos e quebradiços; HIPOTIREOIDISMO • Sinais e sintomas – A face torna-se inchada, com pálpebras edematosas, e as sobrancelhas tornam-se mais finas no terço externo; – O líquido pode acumular-se em qualquer cavidade serosa e na orelha média, resultando em surdez condutiva; – A motilidade gastrointestinal apresenta-se diminuída, resultando em constipação, flatulência e distensão abdominal; – O comprometimento do sistema nervoso central manifesta-se na forma de letargia e transtorno da memória. HIPOTIREOIDISMO • Sinais e sintomas – O líquido mixedematoso pode acumular-se nos espaços intersticiais de quase qualquer estrutura do corpo, sendo responsável por muitas das manifestações do estado hipotireóideo grave; – A língua frequentemente aumenta de tamanho, e a voz torna-se rouca e áspera; – E comum a ocorrência de síndrome do túnel do carpo e de outras síndromes de compressão, assim como comprometimento da função muscular, com rigidez, cãibras e dor; HIPOTIREOIDISMO • Sinais e sintomas – Pode-se verificar o desenvolvimento de derrame pericárdico ou pleural; – Os depósitos de mucopolissacarídeo no coração causam dilatação cardíaca generalizada, bradicardia e outros sinais de alteração da função cardíaca. • Diagnóstico de hipotireoidismo – Baseia-se na anamnese, no exame físico e em exames laboratoriais; – Os baixos níveis séricos de T4 e a elevação dos níveis de TSH caracterizam o hipotireoidismo primário; HIPOTIREOIDISMO • Diagnóstico de hipotireoidismo – Os testes para anticorpos antitireóideos devem ser efetuados se houver suspeita de tireoidite de Hashimoto (os títulos de anticorpos anti-TPO constituem o teste preferido); • Tratamento – É tratado através de terapia de reposição com preparações sintéticas de T3 ou T4; – Os indivíduos são tratados, em sua maioria, com T4; HIPOTIREOIDISMO • Tratamento – Os níveis séricos de TSH são utilizados para estimar a adequação da terapia de reposição de T4. Uma vez normalizado o nível de TSH, a dose de T4 é considerada satisfatória (apenas para o hipotireoidismo primário); – Deve-se considerar uma abordagem "baixa e lenta" no tratamento do indivíduo idoso com hipotireoidismo, devido ao risco de induzir síndromes coronarianas agudas no indivíduo suscetível. HIPOTIREOIDISMO MAPA MENTAL • Tireotoxicose – Constitui a síndrome clínica que ocorre quando os tecidos ficam expostos a níveis elevados de hormônio tireoidiano circulante; – Na maioria dos casos, a tireotoxicose deve-se à hiperatividade da glândula tireoide, ou hipertireoidismo • A causa mais comum de hipertireoidismo é a doença de Graves, que é acompanhada de oftalmopatia (ou dermopatia) e bócio difuso; • Outras causas de hipertireoidismo incluem bócio multinodular, adenoma da tireoide e tireoidite; HIPERTIREOIDISMO • Os agentes que contêm iodo podem induzir hipertireoidismo, bem como hipotireoidismo; • A crise ou tempestade tireoidiana é uma manifestação agudamente exagerada do estado tireotóxico. • Manifestações clínicas – Aumento do consumo de oxigênio, de combustíveis metabólicos e aumento da atividade do sistema nervoso simpático; – Atividade excessiva do sistema nervoso simpático aumenta sensibilidade do organismo às catecolaminas ou pode atuar como pseudocatecolamina; HIPERTIREOIDISMO • Manifestações clínicas – No estado hipermetabólico, há queixas frequentes de nervosismo, irritabilidade e fatigabilidade; – A perda de peso é comum, apesar do grande apetite; – Outras manifestações consistem em taquicardia, palpitações, dispneia, sudorese excessiva, cãibras musculares e intolerância ao calor; – O indivíduo parece inquieto e apresenta tremor muscular fino. HIPERTIREOIDISMO • Manifestações clínicas – Mesmo nos indivíduos que não apresentam exoftalmia (protrusão do bulbo do olho observada na oftalmopatia), ocorrem retração anormal das pálpebras e piscar infrequente, de modo que eles parecem estar com o olhar fixo; – Os cabelos e a pele geralmente são finos e têm aparênciasedosa; • Tratamento do hipertireoidismo – Direcionado para a redução dos níveis de hormônio da tireoide; HIPERTIREOIDISMO • Tratamento do hipertireoidismo – Erradicação da glândula tireoide com iodo radioativo, remoção cirúrgica de toda a glândula ou de parte dela ou uso de fármacos que diminuem a função da tireoide e, portanto, o efeito do hormônio da tireoide sobre os tecidos periféricos; – A erradicação da tireoide com iodo radioativo é utilizada mais frequentemente do que a cirurgia; – Os agentes bloqueadores beta-adrenérgicos (o propranolol, o metoprolol, o atenolol e o nadolol são preferidos) são administrados para bloquear os efeitos do estado hipertireóideo sobre a função do sistema nervoso simpático; HIPERTIREOIDISMO • Tratamento do hipertireoidismo – Esses fármacos são administrados juntamente com agentes antitireóideos, como propiltiouracil e metimazol; – Esses fármacos impedem a conversão do iodo em sua forma orgânica (hormonal) pela glândula tireoide e bloqueiam a conversão da T4 em T3 nos tecidos (apenas o propiltiouracil). HIPERTIREOIDISMO • Doença de Graves – A doença de Graves é um estado de hipertireoidismo, bócio e oftalmopatia; – O início é habitualmente observado entre 20 e 40 anos, e as mulheres têm cinco vezes mais tendência a desenvolver a doença do que os homens; – É um distúrbio autoimune que se caracteriza pela estimulação anormal da glândula tireoide por anticorpos estimuladores da tireoide (anticorpos contra o receptor de TSH), que atuam através dos receptores normais de TSH; – A doença de Graves pode estar associada a outros distúrbios autoimunes, como miastenia grave e anemia perniciosa; HIPERTIREOIDISMO • Doença de Graves – A doença está associada ao antígeno leucocitário humano (HLA)-DR3 e HLA- B8, e é evidente uma tendência familiar. – A oftalmopatia é causada pela ativação mediada por citocinas dos fibroblastos no tecido orbitário, atrás do bulbo do olho; – A autoimunidade humoral também é importante; uma imunoglobulina oftálmica pode exacerbar a infiltração linfocítica dos músculos extraoculares; – Pode causar fixação dos músculos extraoculares, resultando em diplopia, comprometimento do nervo óptico; HIPERTIREOIDISMO • Doença de Graves – Com alguma perda visual e ulceração da córnea, visto que as pálpebras não se fecham sobre o bulbo do olho em protrusão (devido à exoftalmia); – A oftalmopatia tende habitualmente a se estabilizar após o tratamento do hipertireoidismo; – A oftalmopatia pode agravar-se de forma aguda após tratamento com iodo radioativo; – A oftalmopatia também pode ser agravada pelo tabagismo, que deve ser veementemente desestimulado. HIPERTIREOIDISMO • Tempestade Tireoidiana – É uma forma de tireotoxicose extrema e potencialmente fatal; – Quando ocorre, é observada mais frequentemente em casos não diagnosticados ou em indivíduos com hipertireoidismo que não foram adequadamente tratados; – Com frequência, a tempestade tireoidiana é precipitada por estresse, como infecção (habitualmente respiratória), cetoacidose diabética, traumatismo físico ou emocional ou manipulação de uma glândula tireoide hiperativa durante a tireoidectomia; HIPERTIREOIDISMO • Tempestade Tireoidiana – Manifesta-se por febre muito alta, efeitos cardiovasculares extremos (taquicardia, insuficiência congestiva e angina) e efeitos graves sobre o SNC (agitação, inquietação e delírio). – A taxa de mortalidade apresenta-se elevada. – Exige rápido diagnóstico e a implementação do tratamento; – Tratado com resfriamento periférico, com bolsas de gelo e colchão de resfriamento; Para que o resfriamento seja efetivo, é preciso impedir a resposta do calafrio. HIPERTIREOIDISMO • Tempestade Tireoidiana – As medidas gerais de suporte para reposição de líquidos, glicose e eletrólitos são essenciais durante o estado hipermetabólico; – Administra-se um agente bloqueador beta-adrenérgico, como o propranolol, para bloquear os efeitos indesejáveis da T4 sobre a função cardiovascular; – Os glicocorticoides são utilizados para corrigir a insuficiência suprarrenal relativa em decorrência do estresse imposto pelo estado hipertireóideo e para inibir a conversão periférica de T4 em T3; HIPERTIREOIDISMO • Tempestade Tireoidiana – Podem-se administrar propiltiouracil ou metimazol para bloquear a síntese de hormônio da tireoide; – A aspirina aumenta o nível de hormônios tireoidianos livres ao deslocar os hormônios de suas proteínas transportadoras, de modo que não deve ser utilizada durante a tempestade tireoidiana. HIPERTIREOIDISMO Obrigado! Prof. Msc. Hiran Reis Sousa Mestre em Ciências da Saúde (PPGCS-UFMA) E-mail: hiran.reis@yahoo.com.br
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