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Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez Divisão celular bacteriana – DBS • As bactérias podem exibir algumas formas de multiplicação, mas a mais comum é a DBS (divisão binária simples). Figura 6.12, pág. 171, Microbiologia, Tortora G, 10 ed. • Esse é um processo em que as bactérias vão sintetizar compostos, aumentar o tamanho da sua parede e membrana (alongamento), forma um septo e ocorre a separação das células. Elas podem permanecer conectadas pela parede e formar algum arranjo ou podem se individualizar. • Um dos processos que inicia a divisão celular bacteriana é a replicação do cromossomo. • Esse tempo é uma média do tempo que a divisão demora. Isso varia dependendo das condições da bactéria e o meio em que ela se encontra. • Essas bactérias podem se reproduzir em grande escala, inclusive podendo ser vistas a olho nu. As bactérias devem ser estudadas como uma população, já que no meio ambiente se encontram nessa forma e é como influenciam os ambientes onde ocorrem. Não de forma individual. Taxa de crescimento de cultura bacteriana • Cada célula bacteriana dá origem a duas células filhas. • A replicação do cromossomo bacteriano é semiconservativa, tendo uma fita de DNA ̈ velha¨ e uma recém-sintetizada. • Em termos populacionais, em cada fração de tempo, o número de células vai dobrar em relação ao número de bactérias inicial. Figura 6.14, pág. 172, Microbiologia, Tortora G, 10 ed. • Ao colocar esses números em um gráfico, percebe-se que as bactérias se multiplicam em uma escala logarítmica, de forma exponencial. Isso pois a cada intervalo de tempo, a população é duplicada. Esse tempo varia segundo o tipo de bactéria. • Algumas bactérias, aeróbicas em um sistema controlado, pode se multiplicar em 20 min. Já as anaeróbicas demorariam mais. • O tempo que a bactéria demora para dar origem a outras duas células é o chamado tempo de geração. • A multiplicação bacteriana pode ser observada de duas formas: - Crescimento em sistema fechado: • Há um conjunto de nutrientes. • Espaço que não permite que os subprodutos da multiplicação bacteriana sejam eliminados. • Em laboratório. • É quando um inóculo bacteriano é semeado e cultivado a determinada temperatura e um determinado tempo. Após o tempo x, os Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez nutrientes são esgotados e os subprodutos tóxicos vão sendo acumulados. Com isso, a população vai entrar em declínio. Figura 6.15, pág. 173, Microbiologia, Tortora G, 10 ed. • Em vermelho, há a contagem de viáveis – número de bactérias que ainda conseguem se multiplicar. Observa-se as que conseguem se multiplicar e ainda possuem metabolismo. • Em verde, a quantificação visualizando a integridade das células. Nessa visão, não é observado se a célula está viável ou não, pode estar íntegra ou ter perdido sua capacidade de multiplicação. • Nesse sistema fechado, em um primeiro momento, a população vai demorar para que o número de células comece aumentar (o tempo em que isso vai ocorrer depende do tipo de bactéria). Essa fase é chamada de LAG ou fase de adaptação, porque toda vez que as bactérias são inseridas em um ambiente, tentam ¨entender¨ o ambiente, reconhecer através de suas moléculas receptores o conteúdo do ambiente. • Se o ambiente não for favorável, pode haver a ativação de genes que produzem enzimas necessárias ou repreensão de genes, para poupar enzimas. Isso tudo pode acontecer como preparo para se estabelecer nesse ambiente novo e realizar a divisão celular de forma mais rápida. • O tempo que isso leva depende de vários fatores do ambiente também. Se o ambiente é conhecido, os nutrientes disponíveis etc. • Fase exponencial: Ocorre quando as células estão adaptadas ao ambiente e começam a realizar a divisão binária o mais rápido possível. Em um período curto, a divisão vai se duplicando. Durante esse período, a população está na sua maior capacidade de reprodução e está consumindo todos os nutrientes, produzindo substratos dessa divisão (ácidos, alcalinos). • Fase estacionária: O número de células não aumenta. As bactérias estão se mantendo como população. Está havendo replicação e divisão binária simples, porém, também há um número similar de mortes bacterianas, logo, numericamente, ela se mantém. • Curva de morte ou declínio: À medida que os subprodutos tóxicos vão ficando em maior quantidade, receptores de elétrons (por exemplo) vão se esgotando... Os nutrientes esgotam... O número de mortes da população começa a ser maior que a replicação, fazendo com que a curva caia. • Observação: Quando há interesse de produzir células bacterianas, é importante mantê-las na fase estacionária. Para produzir antimicrobianos ou outras moléculas, é importante entender que para algumas bactérias determinados genes só são ativados e substâncias produzidas no final da fase de adaptação, na exponencial e algumas vezes na estacionária, incluindo fatores de virulência – substâncias expressar no envoltório celular, proteínas – os quais são liberadas apenas na estacionária ou exponencial. - Curva de crescimento de cultura bacteriana contínua: • As populações bacterianas podem ser manipuladas de acordo com interesses específicos. Existe um artefato chamado de quimiostato, com o qual são manipuladas as substâncias, nutrientes, para manter a população bacteriana em multiplicação contínua. Dessa forma, mantêm-se no crescimento exponencial. Ele não é totalmente fechado, pois são adicionados nutrientes, ar, gases, para trazer novos elementos à população. Além disso, retiram-se os excedentes para não haver acúmulo de substâncias tóxicas. Isso é feito para produção de moléculas de interesse biotecnológico. Técnicas de quantificação bacteriana • Quantificação direta, observando: Coloca-se uma alíquota em uma lâmina para observar ao microscópio. Conta-se as bactérias em um quadradinho e multiplica-se pelo volume real. Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez Figura 6.20, pág. 178, Microbiologia, Tortora G, 10 ed. • Quantificação com contagem de células viáveis: semeia-se a população em uma placa e espalha para encubação. Depois da encubação, o que eram células isoladas vão se multiplicando e formando colônias bacterianas. Cada colônia é formada por uma bactéria. Contam-se o número de colônias e dá para saber quantas células viáveis havia no começo, pois cada uma delas formou uma colônia. Figura 6.17, pág. 176, Microbiologia, Tortora G, 10 ed. • Q. com contagem de células viáveis em profundidade: coloca-se um meio estéril na placa. As células vão ficar imersas nesse meio. Haverá colônias contadas dentro do líquido e algumas na superfície. • Diluição seriada – semeadura em superfície: Eventualmente, há uma amostra de bactérias com uma população muito grande. Ao fazer a semeadura e colocar a população numa placa depois do período de encubação, essas colônias vão se formando muito próximas, chegando a emendar. Para evitar isso, faz-se a diluição seriada. Figura 6.1, pág. 157, Microbiologia, Tortora G, 10 ed. Prepara-se um meio de cultura e a amostra inicial é colocada em um tubo. Desse tubo, vai se retirar um volume específico x para vários outros tubos, contendo o mesmo diluente. À medida que vai se dividindo o líquido do tubo inicial, há menos opacidade. Na última diluição há um meio translucido. A partir dessas diluições, faz-se a Quantificação com placa. A partir de algumas diluições será possível contabilizar a pop. • Turbidimetria em espectrofotômetro: Quando uma bactéria se multiplica em meio líquido, há uma opacidade por causa da presença das células microbianas.Com o espectrofotômetro, coloca-se o líquido em um frasco e uma fonte de luz acima desse tubo, que vai incidir. Uma parte da luz vai passar e outros feixes vão ao encontro das bactérias. O aparelho sabe a quantidade de luz incidida no início e a luz que conseguiu atravessar a amostra. Com um algoritmo específico e essas informações, ele calcula a densidade óptica, conseguindo comparar ao número de células presentes no líquido. Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez Figura 6.21, pág. 179, Microbiologia, Tortora G, 10 ed. Aspectos importantes para o metabolismo bacteriano Temperaturas cardeias • Dentro do domínio bactéria há uma faixa de metabolismo muito ampla dentro da qual essas bactérias podem se multiplicar. • As reações enzimáticas têm um mínimo de energia para ativação (temperatura). Quando ultrapassa essa temperatura as proteínas começam a ser desnaturadas e não haverá reações, fazendo com que a célula morra. • Cada bactéria tem sua temperatura mínima, máxima e ótima. Contudo, o processo em si é igual para todas. Figura 5.5, pág. 119, Microbiologia, Tortora G, 10 ed. • Abaixo da temperatura mínima, há a gelificação da membrana e os processos de transportes são tão lentos que não permitem o crescimento. • A partir de um mínimo de temperatura, começam a ocorrer as reações enzimáticas em velocidades cada vez maiores. • Chega a um ponto ótimo, no qual as bactérias vão estar no crescimento exponencial e as reações enzimáticas ocorrem na maior velocidade possível. • Quando passa desse valor ótimo, as proteínas começam a desnaturar, colapso da membrana citoplasmática e lise térmica. Essa seria a temperatura máxima, na qual aquela população bacteriana morre. • Do ponto de vista prático, para produção de substratos específicos o material sempre deve ser encubado na temperatura ótima daquela população. Se quiser controlar a reprodução, coloca-se no mínimo. Essa temperatura também é essencial para o controle microbiano – aquecendo acima da temp. ótima, as bactérias morrem. Figura 6.1, pág. 157, Microbiologia, Tortora G, 10 ed. • Dentro do domínio bactéria e Arquéia há uma categorização de acordo com a temperatura mínima e o ótimo: Psicrófilas: bactérias que o ótimo está na faixa de 4 graus. Essas bactérias normalmente contaminam locais de refrigeração (que estejam funcionando corretamente). Mesófilo: ótimo na faixa de 39 graus. A maioria das bactérias ambientais, patógenas e microbiotas se encontram nesse grupo. Termófilo: 60 graus. Bactérias ambientais. Hipertermófilo: 88 graus a 106 graus. Principalmente arqueias que se localizam em locais inóspitos do planeta. pH Figura 5.5, pág. 119, Microbiologia, Tortora G, 10 ed. Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez • O pH é importante para todas as funções fisiológicas, as quais possuem um ótimo de pH. • À medida que há mais prótons, o pH se torna ácido. Há bactérias adaptadas a essa condição de acides, chamadas de acidófilas. Essas podem estar associadas a solos e águas vulcânicas, há algumas que toleram o suco gástrico, que se localizam em solo ácido... • Quando há mais hidroxila que próton, o pH se torna básico. Concentração de NaCl • O cloreto de sódio é uma molécula extremamente importante para as funções metabólicas de todos os seres vivos. • Não halófilo: a maioria dos seres tolera uma concentração de cloreto de sódio de 0.9. As bactérias de interesse médico e alimentar também. • Halotolerantes: Também existem, dentro das bactérias de importância médica, algumas que toleram concentrações mais altas de cloreto de sódio. Ex: Staphylococcus aureus. Até 7.5 % de sal. • Halófilo: algumas bactérias e arqueias que possuem seu ótimo em concentrações maiores de sal. • Halófilo extremo: bactérias cujo ótimo de multiplicação acontece em concentrações altíssimas de sal. Existe um viés muto biotecnológico em relação a essas bactérias atualmente. Concentração de oxigênio na atmosfera gasosa em que essas bactérias estão se multiplicando • Pode haver bactérias se multiplicando em uma atmosfera gasosa igual à nossa, com ótimo nessas condições. Outras, não conseguem. Tabela 6.1, pág. 161, Microbiologia, Tortora G, 10 ed. • Ilustração da multiplicação bacteriana: Tubos de ensaios com um volume de líquido. O oxigênio se dilui muito mal nos líquidos, ou seja, haverá uma concentração mais alta de O2 na superfície. Na parte mais inferior, a região vai se tornando anoxia. • As bactérias podem ser divididas e acordo com o ótimo de multiplicação em relação à presença do oxigênio. Isso depende de duas variáveis: como a bactéria energia (por respiração aeróbia ou anaeróbia) e a formação de radicais livres (espécies reativas do oxigênio). Espécies tóxicas de oxigênio: - Superóxido: Quando o O2 recebe um elétron. Algumas células têm condição de lidar com essa espécie e formam o peróxido de hidrogênio, formando um composto menos tóxico. - Peróxido de hidrogênio: Quando o O2 recebe um elétron e 2 prótons. Algumas células têm condição de lidar com essa espécie e formam o radical hidroxil, formando um composto menos tóxico. - Radical hidroxil: Menos tóxica, quando forma água e uma hidroxila. - Água: O radical hidroxila pode ser neutralizado para formar água, que não é tóxica. • Aeróbio obrigatório ou estrito: multiplicam-se otimamente próximo às condições ambientais com O2. • Anaeróbio obrigatório ou estrito: não têm uma taxa de multiplicação boa quando o O2 está em uma concentração próxima à atmosférica. O O2 é tóxico para elas. Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez • Aeróbio microaerófilo: Essas bactérias são aeróbias, porém não conseguem lidar tão bem com as espécies reativas de O2, então utilizam o O2, mas precisam uma concentração menor dele. • Anaeróbio facultativo: são fermentadoras normalmente. Elas podem se multiplicar na presença ou ausência de O2. Mas, por que há bactérias que conseguem lidar com o O2 e outras que não? • Por causa das enzimas envolvidas na inativação das ROS. • Essas enzimas estão envolvidas na degradação dessas espécies reativas de oxigênio tóxicas. - Superóxido dismutase: Essa enzima catalisa a neutralização de íon superóxido, formando água e oxigênio. - Peroxidase: catalisa a reação de duas moléculas de íon superóxido com prótons de hidrogênio, formando água e O2. - Catalase: pode atuar ligando duas moléculas de peróxido de hidrogênio, formando água e O2; ou ligando o peródixo a NADH e próton, formando água e regenerando NAD+. - Em algumas bactérias pode haver a superóxido dismutase atuando em conjunto com a catalase: há um pigmento que funciona como carreador de elétrons. O peróxido em presença da rubredoxina reduzida forma o peróxido de hidrogênio, que é menos tóxico e regenerando a rubredoxina reduzida. • Então, a tolerância da bactéria a O2 vai depender de como ela produz energia e de como lida com as espécies reativas de oxigênio (produzindo ou não algumas dessas enzimas que diminuem a toxicidade). Cultivo de bactérias anaeróbias • Existe um número importante de bactérias que são anaeróbias obrigatórias. Elas se multiplicam na ausência de O2 molecular. • Na natureza, há locais que são anaeróbicos e no nosso corpo também – onde muitos anaeróbios obrigatórios se desenvolvem. • Quando se fala em cultivo se bactérias anaeróbias, há alguns aparelhos que o permitem. • Poucos laboratórios têm condições e estrutura financeira para realizar esses cultivos. Figura 6.6, pág. 167, Microbiologia, Tortora G, 10 ed. • Jarra de anaerobiose: a tampa fecha de forma hermética e há envelopes geradores de anaerobiose.Esses envelopes vêm com um material que ao ser hidratado, acontecem reações químicas que formarão gases nitrogênio, CO2 e hidrogênio em uma concentração ótima par a replicação das bactérias anaeróbicas. Figura 6.7, pág. 167, Microbiologia, Tortora G, 10 ed. • Câmara de anaerobiose: Ficam cilindros de nitrogênio e outros gases. Dentro dessa câmara o ambiente será anaeróbio pala injeção desses gases. Atmosfera controlada. Cultivo microbiano • Precisamos cultivar as bactérias por vários motivos. Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez • Para isso, realizam-se meios de cultura – misturas em que são ofertados todos os elementos nutricionalmente importantes para que uma determinada bactéria se reproduza e forme colônias. • Há diferentes padrões nos quais as bactérias podem formar colônias. Como utiliza-se um material clínico de exame para fazer um meio de cultura? • Deve-se trabalhar de forma que os microrganismos do ar não entrem na amostra e contaminem. Para isso, utilizam-se técnicas assépticas. • Uma dessas técnicas é utilizar o calor. No entrono da chama forma-se a zona de esterilidade. Então, nessa zona, esquenta-se um metal. Coleta-se o material coletado, semeia-se no meio de cultura, esteriliza a alça de metal de novo. É possível esquentar o orifício do tubo também. • Coloca-se o material em um meio de cultura. Depois da encubação, as células vão se multiplicando e formando colônias isoladas. Figura 6.11, pág. 170, Microbiologia, Tortora G, 10 ed. • Técnica de semeadura por esgotamento: técnica em que é possível colocar um número maior de células no início e ir diminuindo esse número até que possa haver colônias isoladas. Não é uma técnica para quantificar e sim isolamento – separar uma determinada bactéria da outra, já que pode haver diferentes espécies juntas ou diferentes subtipos com a mesma aparência. Perto do bico, inclina-se a alça e formam-se estrias na amostra. Depois, girando a placa, espalha-se mais a amostra em ziguezague. À medida que a quantidade de células separadas vai diminuindo, é possível observar as colônias separadas. Isso permite a testagem de antibióticos, por exemplo.
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