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NATANAEL DIAS DA SILVA 8107840 PORTFÓLIO DE HISTÓRIA DA FILOSOFIA MODERNA GOVERNADOR VALADARES 2021 Trabalho apresentado ao Centro Universitário Claretiano para a disciplina História da Filosofia Moderna, ministrada pelo Tutor Edson Renato. Entre os séculos 15 e 16, surgiu um movimento artístico, cultural e cientifico na Itália e que em pouco tempo se espalhou pela Europa, trazendo “atualizações” para a Filosofia, política, cultura, ciência economia, entre outras. Também conhecido como renascença ou renascentismo, o movimento foi caracterizado por estabelecer princípios, métodos e formas artísticas com características da arte clássica da cultura greco-romana. Com ele, foi possível abandonar alguns conceitos e ideias da Idade Média. Nesse período começam a surgir algumas propostas, as realistas de Nicolau Maquiavel, idealista de Tommaso Campanella e utópica de Tomas Morus. Uma das principais preocupações de Maquiavel, era com a política. Tanto que a sua obra mais conhecida é: O Príncipe. Nela ele expõe como um governante deve conquistar e se manter no poder, propondo que o homem transforme a política buscando ser dotado de virtú e fortuna. Virtú que diz respeito as habilidades necessárias para ser um bom governante e fortuna, trata-se da sorte, da casualidade. E para Maquiavel, “quando um príncipe deixa tudo por conta da sorte, ele se arruína logo que ela muda. Feliz é o príncipe que ajusta seu modo de proceder aos tempos, e é infeliz aquele cujo proceder não se ajusta aos tempos.” A atividade política, como Maquiavel arquitetou, era uma prática do homem livre de freios extraterrenos, do homem sujeito da história. Esta prática exigia virtú, o domínio sobre a fortuna”. Campenella imagina uma cidade perfeita, ideal, que classificou como Cidade do Sol, dirigida por um príncipe-sacerdote chamado Sol, que é chefe de todos. Onde tudo é de todos e aos magistrados cabe regular a distribuição igualitária. Até mesmo as mulheres e os filhos são comunitários, "porque o amor à coisa pública aumenta na medida em que se renuncia ao interesse particular". “Por todas essas características, pode-se ver que a cidade de Campanella trata-se de uma cidade perfeita e mágica; é uma cidade cuja construção foi imaginada para captar toda a influência benéfica dos astros celestes.” Uma cidade onde a felicidade “reinasse”, com poucas horas de trabalho, que trabalhassem somente a ponto de ter fartura de alimentos. Morus em sua obra: “A Utopia”, que remete a Platão, na obra “A República”, também mostra uma representação de algo que ele gostaria que existisse, ou seja, como queria que fosse na realidade. Segundo Giovanni Reale e Dario Antiseri: A Utopia não apresenta programa social a ser realizado, mas sim princípios destinados a terem função normativa: com hábeis jogos de alusões, apresentava os males da época e indicava os critérios com os quais deveriam ser curados. [...] Ademais, em Utopia, todos os cidadão são iguais entre si. Desaparecem as diferenças de renda, desaparecendo então as diferenças de status social. E mais: os habitantes da Utopia se substituem de modo equilibrado nos trabalhos da agricultura e do artesanato, de modo a que não renasçam, em virtude da divisão do trabalho, também as divisões sociais. Em alguns trechos da Obra, pode-se observar algumas regras que deveriam ser seguidas para que tudo pudesse permanecer e evoluir de forma que nada saísse do controle. A cidade compõe-se de famílias, que constituem, como acontece na maioria das vezes, agrupamentos unidos por laços de parentesco. As moças, depois que se casam, vão viver com os maridos. Filhos e netos do sexo masculino permanecem na família e devem obediência ao parente mais velho. Se este é atingido pela senilidade, seu lugar é ocupado pelo membro da família cuja idade vem logo abaixo da sua. Para evitar que a cidade se torne muito grande ou muito pequena, estabeleceu-se por decreto que não poderá haver mais do que seis mil famílias, sem contar aquelas que vivem no campo, em torno da cidade, devendo cada família ter entre dez e dezesseis membros adultos. Não se procura controlar o número de crianças numa família e o número de adultos é controlado por meio da transferência de uma casa, onde há adultos de mais para outra onde os há de menos. Os sacerdotes também deviam seguir as normas, e tinham suas funções de presidir as cerimônias, ordenar a liturgia, e além disso, deviam servir como censores da moralidade pública, como citado abaixo: Considera-se motivo de grande vergonha para alguém ser convocado a comparecer diante deles e ser censurado por não levar uma vida honrada. Mas como a tarefa dos sacerdotes é apenas de aconselhar e alertar, a correção e a punição ficam a cargo do príncipe e dos magistrados. Os sacerdotes, no entanto, podem excluir - e realmente excluem - das cerimônias de culto os indivíduos considerados excepcionalmente maus. Dificilmente outra punição poderia ser mais temida do que essa. Ser excomungado constitui uma grande desgraça e significa ser torturado pelo medo da danação. Nem mesmo seu corpo está em segurança por muito tempo pois, a menos que consiga convencer os sacerdotes de seu arrependimento, ele será preso e punido pelo senado como ímpio. Portanto, Morus buscava uma sociedade que todos vivessem prazeres sadios de modo que compreendessem e aceitassem o que viesse, fosse bom ou ruim, ou seja, uma sociedade utópica. Nesta época também houve a contribuição de Jean Bodin, que convivendo com os conflitos religiosos da França no século XVI passa a dedicar sua reflexão para a soberania, para ele, “um sistema político em que a delegação de poderes se institui enquanto prática comum promove a diluição da soberania necessária a um governo estável.” Ou seja, ele não acredita em um governo onde não haja soberania. Bodin chega a utilizar traços religiosos para defender a monarquia: “Todas as leis da natureza nos guiam para a monarquia; seja observando esse pequeno mundo que é nosso corpo, seja observando esse grande mundo, que tem um soberano Deus; seja observando o céu, que tem um só Sol” Hugo Grotius também contribuiu nesse período, defendendo a ideia do Jusnaturalismo, ou direito natural, onde questionavam a criação do mundo, ensinada pela Igreja e como Deus não poderia alterar a realidade. Defendia a liberdade, a dignidade e o direito natural da vida. Segundo Grotius: “O direito natural nos é ditado pela razão que nos leva a conhecer que uma ação, dependendo se é ou não conforme à natureza racional, é afetada por deformidade moral ou por necessidade moral e que, em decorrência, Deus, o autor da natureza, a proíbe ou a ordena”. Os estóicos já defendiam a harmonia entre a ordem do mundo e o direito natural, considerando uma lei eterna, já que esta harmonia criada por Deus, seria uma lei eterna. Como Cícero afirmou em: “De Legibus”: “Há uma lei verdadeira, isto é, a razão autêntica que, conforme à natureza, vale para todos os homens, é eterna e inalterável. O homem submete-se a esta lei para o cumprimento dos seus deveres; ao mesmo tempo, ela proíbe-o de praticar o mal. Os seus mandamentos e as suas proibições orientam sempre os bons, mas não têm qualquer ação sobre os maus. Mudar esta lei por meio da legislação humana nunca pode estar certo. Limitar a sua eficácia é ilícito; revogá-la completamente é impossível. (...) Há apenas um direito, eterno e imutável, a que todos os povos de todos os tempos estão sujeitos. Ocorrem grandes mudanças. A preocupação não é mais heliocêntrica, ou seja, o Sol como o centro na Idade Média, mas sim, volta-se para o homem. Além disso, o Direito natural tem como fonte a “livre vontade deDeus”, no sentido de que o papel de Deus teria sido o de dispor livremente para que a sociabilidade e a razão existissem na humanidade. Portanto, o homem tinha duas escolhas perante essas questões, seguia essa lei e iria de encontro com a felicidade. Ou a ignorava e não alcançaria a felicidade, sendo assim infeliz. O Jusnaturalismo tornou-se numa filosofia do direito que defendeu que o direito construído ou positivo deve fundamentar-se no direito natural. Caracteriza-se por duas ideias que se interligam: a primeira vem da ética e sustenta que há princípios morais e de justiça universalmente válidos e acessíveis à razão humana. Referências: Botelho, Osmar Severino. História da filosofia moderna I / Osmar Severino Botelho – Batatais, SP: Claretiano, 2013.p. 146 OLIVEIRA, Marco. "Maquiavel"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/maquiavel-seu-pensamento-politico.htm. Acesso em 05 de abril de 2021. CAMPANELLA, Tommaso. A cidade do sol. Lisboa: Guimaraes, 1953. RIBEIRO, Paulo Silvino. "Maquiavel e a autonomia da política"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/ciencia-politica-maquiavel.htm. Acesso em 07 de abril de 2021. Botelho, Osmar Severino. História da filosofia moderna I / Omar Severino Botelho – Batatais, SP: Claretiano, 2013.p.135-136 OLIVEIRA, Bernardo Jefferson de. A ciência nas utopias de Campanella, Bacon, Comenius e Glanvill. Kriterion: Revista de Filosofia, v. 43, n. 106, p. 42-59, 2002. SOUZA, Rainer, “Jean Bodin”; Mundo Educação. Disponível em: https://mundoeducacao.uol.com.br/historiageral/jean-bodin.htm. Acesso em 07 de abril de 2021. GROTIUS, O Direito da Guerra e da Paz, p. 79. MAQUIAVEL, 2002, p. 264. WELFFORT, 2001, p. 21. DE ANDRADE, Luiz Felipe Netto; SAHD, Silva. Hugo Grotius: direito natural e dignidade. Cadernos de Ética e Filosofia Política, v. 2, n. 15, p. 181-192, 2009. https://mundoeducacao.uol.com.br/historiageral/jean-bodin.htm
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