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Impresso por Danubia Alva, CPF 314.112.508-26 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 21/02/2021 13:11:54 forma, viveremos sempre no universo da exclusão e não no da inclusão, tão sonhada e discutida; tampouco alcançaremos a justiça. A Diversidade no Contexto Escolar Diversidade variedade diferença pluralidade multiplicidade pode significar , , e entre diferentes objetos. Os seres humanos são diversos, desde o contexto genético até as suas experiências de vida, vivências, costumes, religiões e, acima de tudo, cada um tem a sua personalidade, cada indivíduo percebe e sente o mundo a sua volta de maneira diferente. Assim, considerando a sociedade em suas complexidades e diversidades, é possível afirmar que o espaço escolar não é diferente. Este, por sua vez, representa uma espécie de “microssociedade”, visto que a escola tem uma forte diversidade humana e cultural e é de sua responsabilidade a demanda por apresentar e ter um currículo e uma pedagogia que atendam a esse cenário. Como tal, impõe-se que a organização escolar assuma um compromisso de pluralismo, promovendo a integração de todos os alunos num mesmo espaço, em vez de um tratamento específico de certas populações (HOUSSAYE, 2000). As reformas educacionais, como por exemplo, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB (1996), tiveram que dar uma resposta à diversidade, pois as necessidades educacionais dos alunos exigem novas aptidões por parte dos professores. Os professores precisam receber por parte do Estado cursos e capacitações para que saibam lidar com a diversidade e a complexidade dos dias atuais. Entretanto, as ações de formação não podem ser pontuais, elas têm de ser contínuas e estarem vinculadas às práticas educacionais no cotidiano escolar; por fim, estas não podem ser vistas como algo externo à formação, mas sim interno do processo educativo (BAHIA, 2014). A questão da diversidade na escola engloba a , a diversidade racial diversidade de gênero, a livre orientação sexual a diversidade sociale (como as classes sociais, os alunos do campo e da cidade e os alunos itinerantes, ou seja, aquelas crianças e jovens que vivem em certos grupos por motivos culturais, políticos, econômicos ou de saúde, tais como ciganos, indígenas, povos nômades, acampados do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST, entre outros movimentos, além de trabalhadores circenses, artistas, dentre outros). Todo esse variado público denota para o professor um grande desafio para se educar na diversidade. As Escolas Itinerantes talvez sejam o maior desafio para se educar na diversidade, seja pela questão infraestrutural, seja pela forma nômade que o aprendizado ocorre. Porém, analisando criticamente o papel da Escola Itinerante, mesmo estando debaixo da “lona preta”, a ação pedagógica e a aprendizagem acontecem, e esta é conduzida de forma crítica e coletiva, demonstrando as contradições e expropriações de um mundo e uma sociedade capitalista (CAMINI, 2009). Impresso por Danubia Alva, CPF 314.112.508-26 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 21/02/2021 13:11:54 A Escola Itinerante existe por haver uma contradição na sociedade, problema social de concentração dos meios de produção e do saber. O que garante a Escola Itinerante não são as políticas públicas. A Escola Itinerante é vulnerável à correlação de forças, depende da força popular. No momento em que pararmos de lutar de forma organizada, corremos o risco de a escola sofrer as consequências. Porém, precisamos ver legalmente como garantir que o poder público responda às necessidades da Escola Itinerante. (MST, 2007, p. 05) Nas políticas públicas educacionais que tratam da questão da diversidade, esta é tratada como um direito, sendo assim, a diversidade pode vir a orientar a prática educativa, trazendo conteúdos sobre o tema, instigando os alunos a compreender a diversidade de maneira crítica, problematizando-a e construindo-a como algo normal. Morin (2000, p. 52) afirma que “cabe à educação do futuro cuidar para que a espécie humana não apague a ideia de diversidade e que a diversidade não apague a da unidade”. Ainda segundo o mesmo autor: É a unidade humana que traz em si os princípios de suas múltiplas diversidades. Compreender o ser humano é compreender sua unidade na diversidade, sua diversidade na unidade. É preciso conceber a unidade do múltiplo, a multiplicidade do uno. A educação deverá ilustrar este princípio de unidade/diversidade em todas as esferas. O tema diversidade tem que ser construído aos poucos dentro da Educação com o objetivo de melhorar a nossa sociedade, através da prática do respeito e do reconhecimento, para que assim construamos um sistema escolar ca vez mais inclusivo. da Alguns instrumentos poderosos e que crescem são as políticas de ações afirmativas. Para Santos (2012, p. 402), as ações afirmativas são: Vistas como medidas para para grupos e criar igualdade de oportunidades populações socialmente excluídas; essas ações preveem um tratamento diferenciado na sua execução, objetivando uma maior inserção na educação, no sistema de saúde e no mercado de trabalho. As políticas de ações afirmativas buscam mitigar um passado discriminatório. As políticas ou ações afirmativas a nível escolar tentam transpor uma igualdade substantiva para grupos socialmente vulneráveis a preconceitos, à discriminação e à segregação, como negros, índios e remanescentes de quilombos. Entre os objetivos destas políticas encontram-se a eliminação das desigualdades e das segregações, de forma que não se mantenham grupos elitizados e grupos marginalizados. Essas políticas e ações visam aumentar a participação desses grupos marginalizados na educação, na saúde, no emprego e na proteção social. Na área da educação, a medida mais adotada são as e a cotas raciais concessão de bolsas de estudos. O respeito à diversidade é uma forma de garantir que a cidadania seja exercida, mas esse respeito só será possível se houver a prática da (BAHIA, 2014). tolerância A convivência na escola é norteadora para estabelecer entre educadores e educandos uma relação de respeito à diversidade e a consciência de cidadania e de direitos. Impresso por Danubia Alva, CPF 314.112.508-26 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 21/02/2021 13:11:54 A cada dia que passa, a escola se torna uma arena que compreende vários tipos de violência, de intolerância, de preconceito e de discriminação. É por isso que a comunidade escolar precisa questionar o ensino e suas práticas. A escola precisa trabalhar , bem como o relações raciais, relações de gênero respeito à livre orientação sexual e à identidade de gênero. O reconhecimento de todos esses temas como direitos leva à urgência de sair da teoria para a prática, dos sonhos para as políticas e ações. Contra uma cultura de violência, baseada na marginalização do outro, tido como diferente e inferior, faz-se necessário persistir na construção social de uma cultura da diversidade. É preciso superar essa sociedade marcada por relações de dominação versus submissão,que ainda se encontra nos moldes patriarcais, sendo heterogênea, colonial, masculina e branca. A Inclusão no Contexto Escolar Os valores democráticos preveem o respeito às diferenças, sejam elas de classes sociais, de etnias, de culturas, de religiões, de políticas, de sexo, de identidade de gênero, de idade e de ideologia. A escola assume um papel primordial na formação do ser humano em toda a sua dimensão, sempre pautada na cultura do respeito e da inclusão. Outro fato importante que também necessita ser trabalhado é o cumprimento da legislação vigente, no que se refere à inclusão social. A igualdade social, ou seja, a igualdade de direitos, está presente nas pautas atuais. Realmente, todos nós temos os mesmos direitos, ou pelo menos deveríamos ter os mesmos direitos e oportunidades à saúde, educação, alimentação e ltura. A Constituição Federal cu de 1988 adotou o princípio da igualdade de direitos, prevendo que não se deve estabelecer diferenciações em razão de sexo, religião, convicções filosóficas ou políticas, raça e classe social. Em seu art. 5°, a Constituição Federal dispõe que: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. Amparada pela carta magna, a escola tem que ser um espaço onde as diversidades culturais estão presentes. Neste espaço rico e diverso, as questões de igualdades e diferenças precisam ser problematizadas. Esses temas não podem ser esquecidos ou tratados de maneira superficial. Para uma educação inclusiva, antes de qualquer coisa precisamos entender a questão da . A inclusão, que deve dar o direito, a todos, ao mesmo espaço, inclusão social deve dar direitos aos que por alguma razão, seja ela econômica, cultural, política, religiosa ou de qualquer ordem, estejam excluídos. Impresso por Danubia Alva, CPF 314.112.508-26 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 21/02/2021 13:11:54 Exclusão social e inclusão social formam um paradoxo complexo, que constitui uma das grandes preocupações da sociedade atual. são as pessoas que estão fora Os excluídos do contexto capitalista da sociedade, que não conseguem consumir bens e serviços e que não alimentam o modo capitalista de produção e consumo exacerbado. Geralmente são populações marginalizadas, desempregadas e que são vítimas de preconceito e discriminação. O papel do professor como articulador destas discussões e responsável direto pela observância e fomento dos direitos humanos e sociais da escola é fundamental. Ele é um dos principais atores e agentes de mudança, cuja responsabilidade profissional envolve o fomento da inclusão no espaço escolar. Na Constituição Federal de 1988 é efetivamente garantido o direito de todos à educação de qualidade, bem como o atendimento às necessidades de cada um. Em suma, mesmo com os avanços e esforços políticos e governamentais, ainda existe muito espaço para a ampliação dos direitos. Estes esforços se mostram insuficientes para sanar as desigualdades sociais, os preconceitos, a segregação e a exclusão. Em relação ao contexto escolar, a cada dia a escola precisa de mais lapidações, redesenhos e estratégias para formar um novo paradigma educacional enraizado no respeito, na solidariedade, na sensibilização e na aceitação, buscando, assim, justiça e dignidade para todos. Tema 08: Pluralidade cultural e a construção do currículo escolar A proposta de estudo da Pluralidade cultural e a construção do currículo escolar tem como ponto inicial identificar como nossa sociedade é caracterizada por marcadores sociais e plurais, baseados nas intersecções de classe, gênero, raça, padrões linguísticos e outros. Por outro lado, no contato com as abordagens sobre Pluralidade cultural e a construção do currículo escolar pode-se problematizar alguns pontos: I) Qual a função social da educação? II) O que se entende por pluralidade cultural e currículo? 1. A função social da educação Segundo Dourado et al (2006), para discutirmos a função social da educação e da escola é necessário compreender a educação no seu sentido ampliado, ou seja, enquanto prática social que ocorre nas relações sociais que os homens estabelecem entre si, nas diversas instituições e movimentos sociais, sendo, portanto, constituinte e constitutiva dessas relações. Dourado et al (2006) descreve que o homem, no processo de transformação da natureza, instaura leis que regem a sua convivência com os demais grupos, cria estruturas sociais básicas que se estabelecem e se solidificam à medida que se vai constituindo em lócus de formação humana. Não obstante, a instituição denominada de escola, enquanto criação do homem só se justifica e se legitima diante da sociedade ao cumprir a finalidade para a qual foi criada. Impresso por Danubia Alva, CPF 314.112.508-26 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 21/02/2021 13:11:54 É neste cenário que a escola, no desempenho de sua função social de formadora de sujeitos históricos de acordo com Dourado et al (2006), precisa ser um espaço de sociabilidade que possibilite a construção e a socialização do conhecimento produzido, tendo em vista que esse conhecimento não é dado a priori. Trata-se de conhecimento vivo e que se caracteriza como processo em construção. O diálogo que precisa ser construído na educação requer a percepção de que nela ocorra uma prática social que se desenvolve nas relações estabelecidas entre os grupos, seja na escola ou em outras esferas da vida social, se caracteriza como campo social de disputa hegemônica, disputa essa que se dá “na perspectiva de articular as concepções, a organização dos processos e dos conteúdos educativos na escola e, mais amplamente, nas diferentes esferas da vida social, aos interesses de classes” (FRIGOTTO, 1999, p. 25). Assim, a educação se constitui numa atividade humana e histórica que se define na totalidade das relações sociais. 2. Pluralidade cultural ou multiculturalismo Inicialmente pode-se dizer que o termo encontrado na literatura sobre a pluralidade cultural ou multiculturalismo são abordados por alguns autores como sinônimos, além disto, o termo é polissêmico. Segundo Antônio Flávio Moreira (s.d), este tema tem como foco a cultura, permeia a centralidade nos fenômenos sociais contemporâneos. Surgiu nos países dominantes do Norte. Para os teóricos Luiz Alberto e Petronilha Gonçalves (2003), tal corrente teórica teve origem nos Estados Unidos, por exemplo, na confluência das lutas pelos direitos civis encabeçadas por afro-estadunidenses nos anos de 1960. Naquele contexto favorecia a emergência de ações afirmativas. Foi nesse período que a força propositiva de grupos segregados, de professores e estudantes que questionavam a estrutura social injusta e o monopólio do saber por alguns, levou à formulação de políticas multiculturais. Os autores Vera Candau e Antônio Flávio Moreira (2008) descrevem que o multiculturalismo refere-se às intensas mudanças demográficase culturais que têm afetado as sociedades contemporâneas e que as têm tornado mais complexas. Segundo os autores, essa realidade, que marca o mundo de hoje, provoca significativos efeitos (positivos e negativos), que evidenciam em todos os espaços sociais, decorrentes de diferenças relativas à raça, etnia, gênero, sexualidade, cultura, religião, classe social, idade, deficiências ou outras marcas que diferenciam indivíduos e grupos sociais. Para Candau e Moreira (2008) o multiculturalismo na educação envolve a natureza da resposta que se dá a toda diversidade e que se expressa nos ambientes e arranjos educacionais, ou seja, nas teorias, nas práticas e nas políticas. Na perspectiva do teórico Moreira (2001) nossas sociedades contemporâneas são inegavelmente multiculturais. Nelas, as diferenças derivadas de dinâmicas sociais como classe social, gênero, etnia, orientação sexual, cultura e religião expressam-se nas distintas esferas sociais. Para ele, o multiculturalismo, pode indicar diversas ênfases: a) atitude a ser desenvolvida em relação à pluralidade cultural; Impresso por Danubia Alva, CPF 314.112.508-26 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 21/02/2021 13:11:54 b) meta a ser alcançada em um determinado espaço social; c) estratégia política referente ao reconhecimento da pluralidade cultural; d) corpo teórico de conhecimentos que buscam entender a realidade cultural contemporânea; e) caráter atual das sociedades ocidentais (Canen e Moreira, 2001) apud Moreira (2001). É essa última perspectiva, adotada por Kincheloe e Steinberg (1997), que vejo como mais expressiva para compreender os complexos fenômenos culturais contemporâneos. Multiculturalismo representa, em última análise, uma condição inescapável do mundo ocidental, à qual se pode responder de diferentes formas, mas não se pode ignorar. Multiculturalismo refere-se à natureza dessa resposta. Educação multicultural, consequentemente, refere-se à resposta que se dá a essa condição, em ambientes educacionais. Para Forquin (2000), o multiculturalismo possui uma concepção e uma descritiva normativa, a saber; a) descritivo: entende-se a expressão como situação “objetiva” de cada país, no qual coexistem grupos de origem étnica ou geográfica diversa, línguas diferentes, com valores e adesões religiosas diversas. b) Já no sentido : a aplicação do termo multicultural assume diferentes prescritivo contornos. No âmbito dessas discussões sobre o tema, Praxedes (2004) citando Stuart Hall (2003), identifica pelo menos seis concepções diferentes de multiculturalismo na atualidade: 1. Multiculturalismo conservador: compreende-se como aqueles em que os dominantes buscam as minorias diferentes às tradições e costumes da maioria; assimilar 2. Multiculturalismo liberal: concebido como os diferentes devem ser integrados como iguais na sociedade dominante. A cidadania deve ser universal e igualitária, mas no domínio privado os diferentes podem adotar suas práticas culturais específicas; 3. Multiculturalismo pluralista: entende-se como aqueles em que os diferentes grupos devem viver separadamente, dentro de uma dinâmica de política federativa; 4. Multiculturalismo comercial: a diferença entre os indivíduos e grupos deve ser resolvida nas relações de mercado e no consumo privado, sem que sejam questionadas as desigualdades de poder e riqueza; 5. (público ou privado): a diferença deve ser Multiculturalismo corporativo administrada, de modo a que os interesses culturais e econômicos das minorias subalternas não incomodem os interesses dos dominantes; Impresso por Danubia Alva, CPF 314.112.508-26 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 21/02/2021 13:11:54 6. Multiculturalismo crítico: questionam a origem das diferenças, criticando a exclusão social, a exclusão política, as formas de privilégio e de hierarquia existentes nas sociedades contemporâneas. Apoia os movimentos de resistência e de rebelião dos dominados. Por outro lado, Gasparin e Tortoreli (2006) descrevem que Candau (2000) entende o multiculturalismo como uma realidade social, ou seja: a presença de diferentes grupos culturais numa mesma sociedade. A tomada de consciência dessa realidade é motivada por fatos concretos que explicitam diferentes interesses, discriminações e preconceitos presentes no tecido social. Os “outros”, os diferentes se revelam em toda sua concretude. Esta realidade pode provocar comportamentos e dinâmicas sociais que constroem “muros” de forma física, afetiva e ideológica; evita-se o contato e criam-se mundos próprios sem relação com os “diferentes”. A consciência do caráter multicultural de uma sociedade não leva espontânea e necessariamente ao desenvolvimento de uma dinâmica social informada pelo caráter intercultural. A partir da explicação da autora, percebemos que multiculturalismo é uma realidade concreta com diferentes interesses. É importante destacar qual a perspectiva que o Ministério da Educação abordou este tema, ele descreve que a temática da Pluralidade Cultural diz respeito ao conhecimento e à valorização de características étnicas e culturais dos diferentes grupos sociais que convivem no território nacional, às desigualdades socioeconômicas e à crítica às relações sociais discriminatórias e excludentes que permeiam a sociedade brasileira, oferecendo ao aluno a possibilidade de conhecer o Brasil como um país complexo, multifacetado e algumas vezes paradoxal. Impresso por Danubia Alva, CPF 314.112.508-26 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 21/02/2021 13:11:54 Tal compreensão da pluralidade cultural será oficialmente abordada nos Parâmetros curriculares nacionais como Temas Transversais, nos parâmetros destinados aos professores de 5a a 8a séries e nos dedicados aos professores de 1a a 4a séries podem ser encontrado no volume 10 apresentado de forma conjunta com o tema Orientação Sexual. Tais instrumentos oficiais visam combater o preconceito ao diferente. 2. A construção do currículo escolar Ao abordarmos o campo da construção do currículo escolar algumas reflexões aparecem logo, tais como: o que é currículo? Para que e quem ele serve? A princípio estamos trabalhando com a perspectiva que se associa o currículo ao conjunto de esforços pedagógicos desenvolvidos com intenções educativas (Moreira e Candau, 1996). Neste âmbito discursivo ainda pode-se destacar o currículo como instrumento de viabilização do direito à educação. Não obstante a essa discussão o autor (2000, p. 45) afirma que: Sacristán O currículo aparece, assim, como o conjunto de objetivos de aprendizagem selecionados que devem dar lugar à criação de experiências apropriadas que tenham efeitos cumulativos avaliáveis, de modo que se possa manter o sistema numa revisão constante, para que nele se operem as oportunas reacomodações. Sacristán e Goméz (1998) defendem um “modelo de interpretação que concebe o currículo como algo construído no cruzamento de influências e campos de atividades diferenciadas e inter- relacionadas”. Segundo Soares (2012) destaca-se nas análises de Sacristán e Goméz, após uma longa análise na literatura sobre currículo,vários significados, como: (I) um grande grupo deles relacionado com a concepção currículo- experiência, ou seja, um currículo como guia da experiência que o aluno obtém na escola, como um conjunto de responsabilidades da escola para promover uma série de experiências, sejam essas as que proporcionam consciente e intencionalmente ou experiências de aprendizagem planejadas, dirigidas ou sob supervisão da escola, ideadas e executadas ou oferecidas por esta para obter determinadas mudanças nos alunos; (II) o currículo como definição de da educação, como: planos ou conteúdos propostas, especificação de objetivos, reflexo da herança cultural, mudança de conduta, programa da escola que contém conteúdos e atividades, soma de aprendizagens ou resultados ou todas as experiências que o aluno possa obter no seu processo de escolaridade. (Sacristán,1998, p.13-15). Outra relação necessária se estabelece entre o currículo e a cultura. Nesse sentido, Santomé (2006, p. 160) afirma que as culturas “ou vozes dos grupos sociais minoritários e/ou marginalizados que não dispõem de estruturas importantes de poder costumam ser Impresso por Danubia Alva, CPF 314.112.508-26 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 21/02/2021 13:11:54 silenciadas estereotipadas deformadas, quando não e , para anular suas possibilidades de reação ”. O autor critica especialmente a escola, quando diz que o problema está situado exatamente no distanciamento dessa instituição em relação à realidade de um grupo social discriminado, principalmente por não trabalhar os conteúdos escolares com base nas diferenças.