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1 RELEMBRANDO ✓ Na aula passada falamos sobre câncer de mama, sabemos que o diagnóstico é feito com biopsia, são raros os tumores que tratamos sem a biopsia, pois mesmo quando o resultado vem como inconclusivo nós fazemos a ampliação do painel de proteínas receptoras que tem no tumor, isso através da imuno-histoquímica para melhor entendimento acerca do tumor. Então, toda vez que temos um exame suspeito devemos fazer obrigatoriamente a biopsia. ✓ O patologista vai fazer suas conclusões, e partir disso prossigo com demais exames. ✓ Não existe tratar câncer de mama sem fazer Imuno-histoquímica, pois é ela quem vai dar o “sobrenome” do tumor, ou seja, é através dela que definiremos a classificação e iremos escolher um tratamento adequado. Diagnóstico: ele pode ser feito por imagem, se encontramos um nódulo fazemos USG, Ressonância e mamografia. Temos a classificação de BI-RADS (0-6), sendo 0 um achado inconclusivo e temos que prosseguir com algum outro exame de imagem, este significa que o responsável pela radiologia não conseguiu definir o que se encontra no tecido mamário. E nunca esquecer que o diagnóstico de câncer é dado pela biopsia (idealmente o Core- biopsy) ✓ Em nódulos sólidos a biopsia pode ser feita por PAAF, o problema que o material é escasso. Não conseguimos fazer histologia e imuno-histoquímica. Fatores de risco: Hereditariedade (menos porcentagem; sendo que quando atinge homens da família tem que ficar atento), menstruação precoce, menopausa tardia, nuliparidade, tabagismo, obesidade. Tratamento: relembrar após o tratamento a importância da atividade física para que não tenha uma recidiva. Estadiamento: é uma parte complexa, tem que saber se é receptor de estrogênio ou progesterona positivo, se expressa a proteína Her2 e saber o grau de diferenciação. Faz através do TNM e a partir disso classifica em alto risco, intermediário ou baixo risco e de acordo com isso determina qual o próximo passo do tratamento. 2 CLASSIF ICAÇÃO MOLECULAR Dúvida de aluno: Triplo negativo quer dizer negativo para 3 proteinas ne? luminal A, luminal B e Her2? Resposta: triplo negativo é ausência da proteína Her2, ausência de receptores de estrogênio e progesterona. Luminal A e Luminal B é uma classificação diferente de triplo negativo. Luminal A é quando é muito positivo os receptores de progesterona e de estrogênio e que tem o índice de proliferação mais baixo. Já o luminal B tem os receptores de progesterona e estrogênio presentes, no entanto o KI67 é um pouco mais alto, ou seja, a célula gosta de se multiplicar um pouquinho mais. Continuação da aula Na classificação molecular levamos em consideração as proteínas de expressão da célula, analisar se os receptores hormonais (estrogênio e progesterona) são positivos. Lembrando que KI67 não é um receptor e sim um índice de crescimento da célula. Os receptores são de hormônios e proteína Her2/Serv2 ✓ LUMINAL A Quando temos os receptores hormonais muito positivos, 80% por exemplo, associado a um KI67 que não é tão alto, ou seja, não replica muito ✓ LUMINAL B Quando os receptores hormonais também são positivos, mas não tão positivos, 50% por exemplo, associado com o índice de KI67 mais alto. Entre os dois o Luminal A tem um prognostico muito melhor, pois ele expressa mais os receptores hormonais, ou seja, o tratamento com anti-hormônio vai ser mais eficaz. Pode- se comparar a chave e fechadura em que as chaves com esses receptores muito expostos e 3 em grande quantidade vai se ligar com a fechadura (remédio específico) que vai inativar e diminuir as chances de o tumor voltar mais pra frente. Quando os receptores não são tão positivos, a medicação que existe com adjuvante (anti- hormônio) acaba não sendo tão eficaz. Juntamente a isso, no Luminal B, temos um maior índice de proliferação que é quando a célula “gosta” de se reproduzir. Então, nesse caso o prognostico é um pouco pior. HER-2 AMPLIFICADO OU SUPEREXPRESSO Ele pode ser positivo ou não, tanto no Luminal A quanto no Luminal B, ou ele pode vir positivo sozinho quando os receptores de o hormônio forem negativos. Então uma coisa não exclui a outra. Eu posso ter todos os receptores positivos, como por exemplo um Luminal A Her-2 positivo e um Luminal B Her-2 positivo, assim como podemos ter um Luminal A puro sem Her-2 assim como podemos ter Luminal B puro sem Her-2. Também podemos ter todos os receptores negativos e o Her-2 vir positivo. Nesse caso falamos que o Her-2 é Amplificado ou Superexpresso. Porque é importante o Her-2 vir positivo ou não? Ao contrário do que sabemos do receptor de hormônio o Her-2 positivo aumenta a possibilidade da doença de manifestar de forma mais agressiva, apesar de ter tratamento específico com drogas anti Her-2. Como clínicos ao pegarmos para interpretar a imuno-histoquímica temos que saber que se aquilo é positivo implica em alguma forma de tratamento. Se os tratamentos são personalizados para cada paciente devemos saber que se temos a positividade de determinada proteína teremos então um tratamento que é “anti- determinada proteína”. A maioria dos tumores são ou Luminal A ou Luminal B com her-2 negativo (são os que tem melhor prognostico). Triplo negativo fica em segundo lugar. Quando os hormônios são negativos e Her-2 é positivo fica em 8% e quando os receptores são positivos e o Her-2 é positivo fica em 10%. Triplo negativo (RH-, HER2-) A maior preocupação do oncologista em relação ao câncer de mama é no tumor triplo negativo, isso significa que: ✓ Não tem receptor hormonal e não tem Her-2 expresso ✓ Não é possível fazer uma medicação, nem anti-hormônio e nem anti-Her-2, pois as proteínas não são expressas ✓ São de alto grau de proliferação, atinge facilmente outros órgãos, curso agressivo e prognostico ruim 4 TRATAMENTO CÂNCER DE MAMA TRATAMENTO ONCOLÓGICO Apesar dos estudos e do avanço da ciência, atualmente não existe nenhum outro tratamento que não seja a quimioterapia para o triplo negativo. Resumindo: se tem receptor tem medicação que vai se encaixar ali e promover um tratamento, e se não tem receptor não adianta fornecer ao paciente terapia especifica e aí teremos que dar a quimioterapia. Na doença precoce se não for uma doença volumosa na maioria das vezes operamos antes. No triplo negativo geralmente é feito o tratamento neoadjuvante, pois entendemos que esse tumor mesmo que seja pequeno na mama tem capacidade de replicação tão grande que até que faça a cirurgia pode-se perder o “time” e assim atingir corrente sanguínea e outros locais. Então no câncer triplo negativo mesmo que a doença não seja volumosa se faz a cirurgia neoadjuvante juntamente com a quimioterapia. Na maioria dos outros tumores a doença está pequena então operamos e analisamos o seguimento com terapia neoadjuvante. Enquanto nas outras vezes, com a doença já avançada, diminuímos o volume tumoral com tratamento neoadjuvante e damos sequencia a cirurgia. Classificação Histopatológica ✓ A maioria vai ser carcinoma ductal invasivo (70%-80%) ✓ Temos uma minoria mais grave que é o câncer inflamatório (1%) ✓ Carcinoma Lobular invasivo (10-20%) ✓ Tipos histológicos especiais (<10%) ✓ Doença de Paget (raro) ✓ Tumor Filoide (<1%, pp benigno) No cenário metastático sempre temos que biopsiar, pois o tumor pode se desdiferenciar! Exemplo, se temos um tumor de mama, opero, faço quimio adjuvante, radio e após dois anos aparece outro nódulo tem que biopsiar de novo. A célula que antes era luminal A pode se tornar na recidiva o triplo negativo. Ele vai depender: ✓ Estadiamento TNM: faz toda diferença tratar paciente metastático do que paciente com intuito curativo. ✓ Classificação molecular: Luminal A ou B, se tem Her-2 superexpresso ou se é negativo ✓ Idade (fértil x status menopausal): a paciente pode desejar ter filhos (possibilidadede oncofertilização); e o tipo de anti-hormônio vai depender se a paciente já entrou na menopausa ou não. ✓ Tipo histológico: tem tumores que são mais agressivos e a histologia vai nos dizer ✓ PS (performance status) 5 TRATAMENTO CÂNCER DE MAMA TRATAMENTO DA DOENÇA PRECOCE TRATAMENTO DA DOENÇA METASTÁTICA ✓ Comorbidades: paciente com muitas comorbidades não podemos encaixar mais uma quimioterapia na vida dela. Ajustar as condições clínicas Lembrar que o tratamento oncológico é individualizado/personalizado e isso se refere a: 1. Tamanho de cirurgias: ✓ Conservadora/radical/reconstrução mamária ✓ Esvaziamento axilar (cada vez mais em desuso) / Linfonodo sentinela (fazer sempre para saber se tem positividade ganglionar) 2. Condições financeiras da paciente: discrepância entre SUS e convenio 3. Tratamento adjuvante ✓ Radioterapia: não são todas que vão fazer, mas é mandatório numa complementação de tratamento com intuito curativo que se eu não tiro a mama toda e/ou se temos positividade de linfonodo (LFN+) temos a obrigação de fazer radioterapia adjuvante. Então todas as pacientes que tiveram câncer e que não tiraram a mama toda ou que tiveram linfonodo positivo é mandatório fazer radioterapia complementar para minimizar a possibilidade de recidiva. ✓ Quimioterapia adjuvante: vai depender de muitos fatores como a histologia, classificação molecular, depende do TNM, condições clinicas do paciente para definir qual esquema de protocolo iremos fazer. Terapia adjuvante 1. Terapia Biológica ✓ Usamos anti her2 em quem tem Her-2 expresso ✓ Trastuzumabe / Pertuzumabe ✓ Cardiotóxicas: temos que definir o perfil de tolerabilidade da paciente, se já tiver cardiopatia o cardiologista deve ser procurado para acompanhamento ✓ Reduz recorrência em 40% e morte em 37% 2. Hormonioterapia ✓ Se receptor hormonal (estrógeno e/ou progesterona) + ✓ Depende do status menopausal ✓ Duração de 5 ou 10 anos no cenário adjuvante ✓ Iniciar após término da QT ✓ Não possuem efeitos de imunossupressão, mas pode causar varizes, fogachos, trombólises, aumento do endométrio ✓ Inibidores de aramotase (pra quem já entrou na menopausa) / Tamoxifeno Não é o tratamento todo igual, depende se a doença é volumosa ou não, local, classificação molecular e da classificação histológica. Não podemos colocar todas os pacientes na mesma classificação. Então, a nossa conduta vai depender do estadiamento, das características, dos exames de imagem, se é menopausada ou não e suas características clínicas. Geralmente em doenças metastáticas deixamos a quimioterapia 6 ESQUEMAS DE TRATAMENTO EFEITOS COLATERAIS para quem precisa de destruição mais ativa, quando ela tá maior e mais volumosa, ou seja, precisa de um resultado mais rápido. Nessa foto temos a questão de onde biopsiar, se for mais ao centro tem chances de não vir câncer e mais na periferia há mais chances de vir câncer. Há uma grande discussão entre usar a Branca ou a Vermelha (que são os esquemas mais usados). Algumas pacientes veem sua colega de tratamento tomando a branca primeiro e questiona o por que. O tratamento é individualizado e tem aqueles que nem vão tomar a branca e nem a vermelha, pode ser o alaranjado. A cor que desce na quimioterapia se refere apenas se ela é fotoprotetora ou não, e a forma como se apresenta no laboratório. Na quimio o maior medo é a Alopecia, mas não é toda quimio que cai o cabelo e é reversível (quando acaba o cabelo cresce de novo). Temos náusea, vomito, diarreia, inapetência, mucosite, pele ressecada, afta, cardiotoxicidade (principalmente nas terapias de câncer de mama), neuropatia e cefaleia. 7 A maioria das recorrências acontecem nos primeiros cinco anos e por isso após esse tempo a chance de cura é maior. No entanto, se volta muito precoce (quando acabou de fazer o tratamento) significa que pode ser uma doença mais agressiva. Apesar de tudo que foi feito a doença conseguiu criar uma resistência, crescer e retornar em outro lugar. A sobrevida global nesses cinco anos depende do estadiamento e sempre em pacientes mais novos vai ter pior prognóstico assim como em pacientes mais velhos.
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