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Guia prático LAFFORBA: Desmistificando a Perícia Fonoaudiológica Apresentação A Liga Acadêmica de Fonoaudiologia Forense da Bahia (LAFFOR-BA) foi fundada por discentes da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e tem como objetivo principal o estudo da Perícia Fonoaudiológica , reconhecida pelo Conselho Federal de Fonoaudiologia como especialidade em dezembro de 2020 . Atualmente , formamos uma equipe que conta com vinte e dois graduandos do curso de Fonoaudiologia , regularmente matriculados , e supervisão da fonoaudióloga e docente Renata D 'Arc Scarpel . A l iga recebe ainda apoio de especialistas na área para a realização de projetos como este que você terá em mãos . É com imenso prazer que apresentamos nossa primeira produção a respeito da perícia em Fonoaudiologia , o "título" . Neste material , você terá acesso a respostas para as dúvidas mais frequentes quando o assunto é perícia , além de dicas e opiniões de nossos colaboradores ! Desejamos a você uma boa leitura ! Atenciosamente , Equipe LAFFOR-BA Índice 10. Quais os principais desafios de trabalhar com perícia? 1. Qual o processo de formação para quem pretende seguir na área de Perícia Fonoaudiológica?. 2. Existem pré-requisitos para atuar nessa área? 3. Principais diferenças entre o trabalho clínico e o pericial 4. Quais os conhecimentos da área de Direito o fonoaudiólogo precisa ter para atuar na área criminal? 5. Pode um fonoaudiólogo que atua em perícia no Brasil realizar laudos ou pareceres em outros países? 6. Qual a porta de entrada para quem deseja ser perito judicial? 7. O que não pode faltar na preparação de quem deseja prestar concurso para perito criminal oficial? 8. A perícia fonoaudiológica pode ser decisiva para a conclusão de um caso na ausência de demais provas criminais? 9. Qual a sua opinião sobre a inserção da Perícia Fonoaudiológica no cronograma curricular do curso de Fonoaudiologia? Maria do Carmo Gargaglione Diretora da DEDIT-CSI/MPRJ "O processo de formação é amplo e contínuo, pense sempre na sigla LLL (Life Long Learning), pois trata-se de um aprendizado constante. O tema central da formação sempre estará ligado à ciência da comunicação, entretanto, todos os meios que permitem a interação humana deverão ser conhecidos. Além dos temas comuns da profissão, conhecimento de fotografia, telecomunicações, sistemas de biometria, segurança eletrônica, pesquisa em fontes abertas e modalidades de crime cibernético são apenas algumas das áreas que o perito precisa avançar no conhecimento." 1 . Qual o processo de formação para quem pretende seguir na área de Perícia Fonoaudiológica? 3 "O processo de formação para quem deseja seguir a área de perícia inicia na própria graduação, dedicando-se a formação de base, no nosso caso a Fonoaudiologia. Vale ressaltar que a depender do tipo de perito que deseja se tornar (judicial ou criminal), os caminhos a serem trilhados em termo de formação, podem ser diferenciados. Destaca-se que independente da área escolhida, é de suma importância o domínio técnico-científico a ser empregado de forma responsável no desempenho das atividades periciais. Este processo de aprendizado, pode passar por cursos de formação, capacitação, especialização e pós-graduação stricto sensu ou lato sensu." Anderson Fernandes Residente em TI - UTI Fonoaudiólogo, BA "Legalmente falando, o profissional fonoaudiólogo não possui exigência de ter formação específica para atuar como Perito. Ao lermos o CPC, depreendemos, em seu artigo 156, que o profissional precisa ser graduado e estar regular com seu Conselho de Classe." 4 Carla Vasconcelos SEPLAG-MG e Núcleo de Otorrino BH Fonoaudióloga Perita, MG "NA ÓTICA DO JUDICIÁRIO (CPC, Art.156) O juiz será assistido por perito quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou científico. § 1° (...) nomeados entre os profissionais Quando consideramos também as Resoluções do Conselho Federal de Fonoaudiologia, não encontramos exigência de realização de curso de especialização ou aperfeiçoamento em Perícia para que o profissional inicie sua atuação. Vide a seguir as principais legislações do CFFa a respeito (para maiores informações, favor ler as legislações citadas). habilitados* e os órgãos técnicos ou científicos devidamente inscritos em cadastro(...) § 5° (...) Na localidade onde não houver inscrito no cadastro disponibilizado pelo tribunal, a nomeação do perito é de livre escolha pelo juiz e deverá recair sobre profissional ou órgão técnico ou científico comprovadamente detentor do conhecimento necessário à realização da perícia. (* Grifos meus). Quando consideramos também as Resoluções do Conselho Federal de Fonoaudiologia, não encontramos exigência de realização de curso de especialização ou aperfeiçoamento em Perícia para que o profissional inicie sua atuação. Vide a seguir as principais legislações do CFFa a respeito (para maiores informações, favor ler as legislações citadas)." "Segundo o Conselho Federal de Fonoaudiologia – CFFa, qualquer profissional fonoaudiólogo registrado sob número de registro de Conselho Regional, pode atuar como perito, a instância também reconhece como especialidade da profissão a “Perícia Fonoaudiológica”. Vale pontuar que o perito precisa ter domínio do conteúdo a ser periciado e utilizar de expertises acerca de sua formação de base e ou conhecimentos correlacionados ao habitual na Ciência Forense." 2 . Existem pré-requisitos para atuar nessa área? 5 Anderson Fernandes Residente em TI - UTI Fonoaudiólogo, BA Maria do Carmo Gargaglione Diretora da DEDIT-CSI/MPRJ "Capacidade de identificar e lidar com problemas simultaneamente, discriminando partes de um todo, englobando-as em uma percepção geral. Capacidade de reagir de modo apropriado às situações imprevistas. As necessidades são mais de ordem do comportamento e habilidade em lidar com as de demandas da área pericial, do que propriamente o conhecimento acadêmico. Como forma de se ter um profissional mais experiente, ter ao menos uma especialização é uma boa linha de corte." "São diversas as diferenças entre o trabalho clínico e o pericial. A primeira abrange a questão da formação do profissional, pois o fonoaudiólogo clínico se preocupa com o diagnóstico fonoaudiológico e o prognóstico do paciente do ponto de vista terapêutico. Já o perito, além do diagnóstico terá que estimar a extensão ou efeito, sobre a vida do periciando, no caso as perícias ocupacionais, bem como definir sobre a concessão ou não de benefícios. 3 . Qual a principal diferença entre o trabalho clínico e o pericial? 6 Carla Vasconcelos SEPLAG-MG e Núcleo de Otorrino BH Fonoaudióloga Perita, MG A segunda diferença é quanto ao exame. Enquanto na clínica o profissional conta com a colaboração do paciente para a descoberta e tratamento de suas alterações de saúde, no contexto pericial o fonoaudiólogo precisa, muitas vezes, diagnosticar as alterações sem contar com a colaboração do periciando. Há, quase sempre, uma relação de desconfiança mútua entre o periciando e o perito. A terceira diferença é que, no contexto pericial, os resultados das avaliações não são entregues somente ao periciando, como ocorre no contexto clínico, em que os resultados de exames são entregues somente a paciente ou a seus familiares. Na área pericial o resultado será sempre encaminhado para a autoridade que solicita a avaliação, seja o juiz, delegado, promotor, autoridade administrativa ou semelhante sendo que a decisão pericial pode ser totalmente contrária aos interesses do periciando. " “No trabalho clínico o resultado é individual, beneficia o sujeito e seu entorno, já no trabalho pericial, quando atrelado à justiça, os resultados beneficiam a sociedade, trazendo um alcance muito maior para o resultado. Existem diversas diferenças como: o vínculo estabelecido com o periciado e o paciente, o prazo de duração do trabalho,o valor financeiro da hora de trabalho e os limites da atuação são bem diferenciados, bem como a responsabilidade e suas consequências." 7 Maria do Carmo Gargaglione Diretora da DEDIT-CSI/MPRJ "Além dos conhecimentos técnicos, relativos à sua área de formação, será necessário entender que o funcionamento da perícia criminal é completamente diferente das outras áreas do Direito. Exigirá saber o papel do perito criminal oficial e como ele, na condição de Assistente Técnico (AT), poderá contribuir na defesa dos interesses de seu contratante. Por exemplo, dificilmente o AT terá acesso às provas materiais antes da entrega do laudo oficial. Outra coisa é que a atuação do AT é regulada no Código de Processo Penal. Como Fonoaudiólogo, todos os crimes envolvendo sua área de conhecimento (voz, fala, vídeo, áudio, textos, linguagem, anomalias pertinentes etc) comporta sua atuação como AT - desde que contratado pela parte interessada." "Considerando a atuação enquanto peritos ou assistentes técnicos de processos na área criminal, é desejável o conhecimento de noções de direito processual penal e direito administrativo." Adv. Marivaldo Cazumbá Andressa Boer P. Criminal do IGP/SC Fonoaudióloga, SC "As leis não podem ser interpretadas “friamente”. Por isso, é importante que se realizem cursos voltados a essa formação ou se busque a supervisão de um advogado. Todas as leis são elaboradas baseadas em princípios, ou seja, ideias jurídicas que embasam o ordenamento jurídico, que podem ou não estar explícitos. " 4. Quais os conhecimentos do direito o fonoaudiólogo precisa ter para atuar na área criminal? Qual a relação entre essas áreas? Denise Berejuk P. Criminal Oficial Fonoaudióloga, PR 8 "Todos os ramos do Direito precisam respeitar os princípios. Conhecer profundamente os princípios constitucionais é condição essencial. Dessa forma, se o especialista desejar atuar como assistente técnico na área criminal, é importante aprofundar muito seus conhecimentos em Direito Penal e Processual Penal. É necessário ainda que, após tomar conhecimento do tipo penal que se refere ao caso, estude a lei específica. Por exemplo, se envolver menor, deve-se aprofundar em Estatuto da Criança e do adolescente, se envolver organização criminosa, deve estudar a Lei de Organização Criminosa. As leis não podem ser interpretadas “friamente”. Por isso, é importante que se realizem cursos voltados a essa formação ou se busque a supervisão de um advogado. Todas as leis são elaboradas baseadas em princípios, ou seja, ideias jurídicas que embasam o ordenamento jurídico, que podem ou não estar explícitos. Todos os ramos do Direito precisam respeitar os princípios. Conhecer profundamente os princípios constitucionais é condição essencial. Dessa forma, se o especialista desejar atuar como assistente técnico na área criminal, é importante aprofundar muito seus conhecimentos em Direito Penal e Processual Penal. Uma lei importantíssima à atuação em perícias de áudio é a Lei de Interceptações Telefônicas, pois na ausência de observância de certos preceitos, o perito pode violar princípios e ser responsabilizado por isso. Se o perito deseja atuar como assistente técnico ou perito judicial nas áreas cível e trabalhista, necessita conhecer o Código Civil e Código de Processo Civil, além das leis trabalhistas." "Extrajudicialmente para atender demandas particulares sim, desde que o material esteja de sua posse aqui no Brasil. Eu, mesma, já realizei uma perícia para cidadão português (ele queria a transcrição de um arquivo de áudio, a identificação dos falantes e a verificação de edição fraudulenta). Mas vejam, esse caso foi para uma satisfação pessoal do cliente. No entanto, para trabalhar em casos com reconhecimento legal no exterior, em âmbito judicial ou previdenciário, o profissional precisa estar habilitado no país onde há a demanda pericial." "Sim, desde que domine bem a língua do país onde deseja atuar, ou se o objeto da perícia se relacione com sua língua nativa." 11 9 5 . Pode um fonoaudiólogo que atua em perícia no Brasil realizar laudos ou pareceres em outros países? Carla Vasconcelos SEPLAG-MG e Núcleo de Otorrino BH Fonoaudióloga Perita, MG Maria do Carmo Gargaglione Diretora da DEDIT-CSI/MPRJ "O profissional precisa se cadastrar nas varas, fóruns ou tribunais de sua cidade. Alguns fóruns têm setor próprio e geral de cadastro dos peritos. Outros optam por se cadastrar por vara. E ainda existe a possibilidade de cadastramento no– Tribunal de Justiça. Para se cadastrar, o fonoaudiólogo precisa levar cópia do seu currículo, do diploma, da Cédula de identidade profissional e a certidão de nada consta do Conselho da sua jurisdição. Os documentos exigidos podem variar um pouco dependendo da vara, então é importante ligar antes ou ir até o fórum para verificar a documentação exigida." "Conhecer as áreas de atuação de acordo com sua formação e especialidade. Alguns tribunais exigem uma formação mínima ou cursos específicos para determinada área do conhecimento como a documentoscopia. O ideal é visitar o site dos tribunais que pretende atuar, procurar pelo campo “auxiliares da justiça” e identificar toda a documentação para cadastro. Cada estado tem suas peculiaridades, assim de posse dessas informações você poderá providenciar toda a documentação e se cadastrar de acordo com a área e localidade de atuação pretendida. E não esqueça de fazer um curso de noções em perícia judicial para compreender o universo jurídico." 12 10 6. Qual a porta de entrada para quem deseja ser perito judicial? Carla Vasconcelos SEPLAG-MG e Núcleo de Otorrino BH Fonoaudióloga Perita, MG Lucilene Cazumbá Servidora do MPSP (F. Forense) Fonoaudióloga, SP Maria do Carmo Gargaglione Diretora da DEDIT-CSI/MPRJ "Justiça Gratuita é a principal porta de entrada, ir ao Tribunal de Justiça de sua comarca e procurar se informar sobre o cadastro para peritos judiciais. Há também o TRT (Tribunal de Justiça do Trabalho), que, em geral, mantém um cadastro de peritos para consulta dos magistrados." 13 "Minha primeira dica é ler o Edital do Concurso. É nele que terão todas as informações sobre a descrição das atribuições do cargo que você estiver concorrendo, datas das provas, número de vagas, graduações admitidas, o valor dos proventos, o conteúdo da prova de conhecimentos gerais e específicos, se terá, ou não, teste de aptidão física, teste psicotécnico, prova de títulos, além dos requisitos da investigação social e inspeção de saúde. Após a leitura do edital, você deve organizar seu cronograma de estudos para a prova teórica e se preparar fisicamente para o teste de aptidão física, caso for necessário para a investidura no cargo. " 11 7 . O que não pode faltar na preparação de quem deseja prestar concurso para perito criminal oficial? Andressa Boer P. Criminal do IGP/SC Fonoaudióloga, SC "Os concursos para perito criminal, geralmente, não exigem formação específica em fonoaudiologia. Qualquer profissional de nível superior pode se candidatar. Os interessados precisam ler cuidadosamente o Edital do concurso para saberem o conteúdo que será cobrado, eventualmente participar de cursinhos preparatórios e estudarem muito, pois as provas costumam ser bastante concorridas. Saliento, entretanto, que um fonoaudiólogo não precisa, necessariamente, prestar concurso público para atuar na área criminal. Não precisa se tornar um policial civil. O profissional pode se cadastrar nas varas a onde tem interesse de trabalhar e atender as demandas ad hoc." Carla Vasconcelos SEPLAG-MG e Núcleo de Otorrino BH Fonoaudióloga Perita, MG 15 "Os editais para concursos da perícia oficial costumam variar muito de acordo com o estado e a banca. Há estados que realizam concursos para formação específica (por exemplo, Paraná), divididos por áreas, enquanto outros preferem aceitar algumas formações que prestam o mesmo tipode prova (por exemplo, São Paulo)." 12 Denise Berejuk P. Criminal Oficial Fonoaudióloga, PR "Um primeiro passo é buscar pelos editais e provas anteriores de alguns concursos, de estados que sejam de seu interesse. Ao verificar o conteúdo, deve-se iniciar os estudos pelas matérias que são comuns a todos, que geralmente compreendem: Direito Constitucional, Direito Penal, Direito Processual Penal, Direito Administrativo, Língua Portuguesa (incluindo redação), alguma língua estrangeira (geralmente inglês, mas alguns estados podem oferecer uma segunda alternativa), Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei Maria da Penha, Lei do Feminicídio, Pacote Anticrime, Estatuto do Idoso. Quando o concurso é para área específica (Fonoaudiologia), a prova costuma contemplar questões da própria formação, geralmente sem relação com a área de perícia. Quando o fonoaudiólogo pode prestar o concurso para a área geral, as matérias mais frequentes são Biologia, Física, Química, Raciocínio Lógico, além das já citadas acima. A dica é: estude antecipadamente o que costuma cair na maior parte dos concursos e, quando abrir o edital, dedique-se a estudar as matérias que sejam diferentes. Pode ser que você não encontre, de modo contínuo, cursos preparatórios para concursos de perito para estudar as matérias básicas. Veja outros cursos de carreiras policiais e inicie seus estudos (Delegado, Escrivão, Papiloscopista, Investigador)." 13 13 8 . A perícia fonoaudiológica pode ser decisiva para a conclusão de um caso na ausência de demais provas criminais? "A prova pericial pode ser decisiva para a conclusão de um caso, uma vez que a depender da matéria julgada o juiz não terá conhecimento suficiente para entender determinado litígio e precisará contar com auxílio de um expert, e embora o laudo pericial pode ser descartado pelo juiz, ou por algum motivo a sentença pode divergir da conclusão pericial, em regra o resultado da perícia aponta para o resultado da decisão. Mas devemos lembrar que o perito não julga! O perito apresenta provas, e quem julga é o juiz." Danilo Gil P. Judicial filiado ao CONJEP Fonoaudiólogo, BA "Muitos autores classificam a perícia como a rainha das provas. A prova técnica quando bem feita e estruturada na ciência será, certamente, um peso muito importante na conclusão do juiz." Maria do Carmo Gargaglione Diretora da DEDIT-CSI/MPRJ 17 "A perícia é a análise técnica de uma situação, fato ou estado realizada por um especialista em uma determinada área do conhecimento ou disciplina, neste caso a comunicação humana. Na ausência de outras provas a perícia fonoaudiológica poderá subsidiar a decisão do magistrado/juiz. Inúmeros são os casos em que a voz/fala/linguagem é a única “testemunha” de um fato ou ameaça, considerando o avanço tecnológico que atingimos e o volume de informações compartilhadas cotidianamente que se tornam material para comprovação de algo. Pode-se dizer o mesmo das inúmeras possibilidades de identificação de pessoas em imagens captadas pelos equipamentos de segurança elucidando um crime ou absolvendo um inocente." 14 Lucilene Cazumbá Servidora do MPSP (F. Forense) Fonoaudióloga, SP 18 "A inserção da perícia na grade curricular dos cursos de fonoaudiologia representa um avanço na evolução do nosso curso. Hoje a perícia fonoaudiológica é uma especialidade reconhecida pelo CFFa, embora antes fonoaudiólogos já eram habilitados a realizar pericia, respaldados por outras legislações, hoje a especialidade ganha força. Eu posso assegurar que eu me formei (há mais de 10 anos), sem ter ouvido falar em perícia na graduação. Hoje os alunos já podem sair da faculdade com conhecimento suficiente para dar os primeiros passos no mundo da perícia." "A "perícia Fonoaudiológica” sobretudo, como toda especialidade reconhecida pelo conselho federal, ou área de inserção do profissional fonoaudiólogo, merece ser contemplada no processo de formação deste profissional. O profissional necessita de uma formação integrada que possa garantir a plena autonomia de poder exercer a sua profissão com recursos básicos adquiridos em sua formação. Cabe ao profissional, exercer seu papel em educação continuada, a fim de estar sempre atualizado sobre a área, buscando aprimorar suas atribuições." 15 9. Qual a sua opinião sobre a inserção da Perícia Fonoaudiológica no cronograma curricular do curso de Fonoaudiologia? Danilo Gil P. Judicial filiado ao CONJEP Fonoaudiólogo, BA Anderson Fernandes Residente em TI - UTI Fonoaudiólogo, BA 19 "Acredito que a perícia deva ser incluída de forma informativa e geral, que apresente as possibilidades de atuação." "Hoje, eu diria que muitos promotores e juízes do Estado do Rio de Janeiro conhecem mais as capacidades de um fonoaudiólogo atuando como perito, do que muitos profissionais. Esse conhecimento se dá pela quantidade de laudos produzidos por fonoaudiólogos no MPRJ, que é a grande vitrine da perícia em fonoaudiologia no Brasil. Para formar melhor a mão de obra futura, conhecimentos mínimos deveriam fazer parte do cronograma curricular não só no curso de Fonoaudiologia, mas também do Direito, como meio informativo aos futuros operadores do Direito." 16 Denise Berejuk P. Criminal Oficial Fonoaudióloga, PR Maria do Carmo Gargaglione Diretora da DEDIT-CSI/MPRJ Carla Vasconcelos SEPLAG-MG e Núcleo de Otorrino BH Fonoaudióloga Perita, MG "Creio que as IES (Instituições de Ensino Superior) deveriam avaliar a possibilidade da inclusão de um conteúdo ao menos introdutório sobre a 13ª especialidade da Fonoaudiologia. Digo não somente pelo fato de ser uma das especialidades, mas devido também à grande demanda por peritos, seja na área previdenciária, judicial ou securitária, no Brasil todo e a carência de profissionais com conhecimentos mínimos para atender a essa demanda reprimida." Andressa Boer P. Criminal do IGP/SC Fonoaudióloga, SC "É salutar a inserção desta disciplina no cronograma curricular, haja visto ser uma possibilidade de atuação no campo da Fonoaudiologia." 10. Quais os principais desafios de trabalhar com perícia? "O primeiro deles é saber da responsabilidade do trabalho realizado, já que pessoas podem ser absolvidas ou condenadas, além de tantas outras situações que envolvem a perícia como demandas trabalhistas, de família, previdenciárias etc. Sabendo da importância de cada conclusão em um exame finalizado deve-se, então, pensar que não há perícia sem estudo diário, sem o conhecimento aprofundado do tema em análise e acima de tudo da necessidade de imparcialidade nos resultados. Pensar fora da caixa é a melhor forma de pensar perícia, sempre observando tudo o que é possível, para além dos limites das análises, alcançando assim sempre o melhor resultado." Lucilene Cazumbá Servidora do MPSP (F. Forense) Fonoaudióloga, SP Maria do Carmo Gargaglione Diretora da DEDIT-CSI/MPRJ "O maior desafio está no desconhecimento da classe. Por ser uma área bastante estimulante, muitos se lançam no mundo pericial de forma aventureira. Manter o respeito conquistado pelo trabalho de excelência é uma tarefa árdua que requer preparação séria e responsável dos futuros peritos da Fonoaudiologia." 19 17 21 18 "Em minha experiência, compreender a diferença entre a avaliação clínica e pericial. Na avaliação clínica, temos maior liberdade e conforto teórico, enquanto na pericial dependemos de conhecimentos bastante distantes da Fonoaudiologia. Outro aspecto desafiador é a pressão existente dentro do meio. Por mais que existam responsabilidades na área clínica, dificilmente somos questionados incisivamente sobre procedimentos e intervenções realizadas. Na área criminal, isso é uma rotina. Ter seu laudo contestado por juízes, delegados e assistentes técnicos é esperado e é preciso compreender como dar uma resposta formal e materialmente adequada. Por fim, pertencer à área de Segurança Pública é desafiador or exigir umperfil diferente, assim como responsabilidades e deveres que extrapolam o código de ética de cada profissão. " Denise Berejuk P. Criminal Oficial Fonoaudióloga, PR COLABORADORES Anderson Fernandes Residente em TI - UTI Fonoaudiólogo, BA Denise Berejuk P. Criminal Oficial Fonoaudióloga, PR Andressa Boer P. Criminal do IGP/SC Fonoaudióloga, SC Carla Vasconcelos SEPLAG-MG e Núcleo de Otorrino BH Fonoaudióloga Perita, MG Danilo Gil P. Judicial filiado ao CONJEP Fonoaudiólogo, BA Lucilene Cazumbá Servidora do MPSP (F. Forense) Fonoaudióloga, SP Maria do Carmo Gargaglione Diretora da DEDIT-CSI/MPRJ Renata D'arc Scarpel Fonoaudióloga, BA Marivaldo Cazumbá Advogado, SP Comissão organizadora Brenda Maiavy da Silva Barbosa Laila Maria Sousa Campos Vitória Fonseca Pinto Daniela de Jesus Nobre Stephanie Vivas Pinto Silva Aline Nocrato Braga Guilsa Silva de Almeida Vanessa Rastelli Cruz Silva Lucicleide Macedo De Almeida Márjorie Rabech da Silva Teixeira Hercilia Kayla Santos de Carvalho Quêmelli Suenne Cavalcante Mangueira Lorena dos Santos Dias Taíne dos Santos do Nascimento Guia prático LAFFORBA: Desmistificando a Perícia Fonoaudiológica
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