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Parâmetros de Legendagem para Surdos e Ensurdecidos (LSE) no Brasil: uma revisão de literatura Prof. Ms. Ítalo Alves Pinto de Assis (UVA/PosLA-UECE) Sobre a natureza da legendagem/LSE A legendagem comumente ofertada ao público ouvinte é do tipo interlinguística (JAKOBSON, 1995). Um filme legendado possui três fontes de informação que se sobrepõem: a imagem visual, os diálogos em língua estrangeira e as legendas em língua materna (D’YDEWALLE; DE BRUYCKER, 2007, p. 196). Modalidades de Tradução Audiovisual (TAV): legendagem para ouvintes, a LSE, a legendagem eletrônica ou surtitling, a dublagem, o voice-over e a audiodescrição (FRANCO; ARAÚJO, 2011). Modalidades de Tradução Audiovisual Acessível (TAVa): LSE, audiodescrição e Janela de LIBRAS (NAVES et al., 2016). Sobre a natureza da legendagem/LSE Consiste também de “série de atos de equilíbrio” entre o tempo de leitura, a equivalência da tradução, os objetivos do programa e as especificidades do público-alvo (BAKER et al., 1984, p. 31). A legendagem possui características que a restringem de acordo com seu gênero, espaço, tempo, sincronização e outras características técnicas que estão conectadas à sua distribuição e leitura (readability) (GHIA, 2012, p. 162). Além disso, questões linguísticas e paralinguísticas também estão envolvidas nesse processo (ASSIS, 2016). Sobre a natureza da legendagem/LSE A LSE pode ser caracterizada como intralinguística, intersemiótica e, às vezes, como interlinguística (ASSIS, 2016). A Legendagem para Surdos e Ensurdecidos contempla o público que se encontra nesta condição fazendo com os mesmos tenham acesso à informação veiculada pelo canal oral através do texto escrito em legenda. Sobre os parâmetros da Legendagem/LSE • Parâmetros linguísticos Redução (parcial e total), coesão, coerência e segmentação linguística. Sobre a redução: 1) a versão escrita da fala em legendas é quase sempre uma versão reduzida do texto de partida oral (DIAZ CINTAS; REMAEL, 2007, p. 145). 2) A parcial, ou condensação, pode acontecer tanto no nível da palavra (ao utilizar sinônimos menores, transformar verbos compostos em simples, mudar a classe das palavras, etc.) quanto da oração (simplificar modalizadores, mudar sujeito de uma oração, etc.) (DIAZ CINTAS; REMAEL, 2007, p. 151-153). Sobre os parâmetros da Legendagem/LSE • Parâmetros linguísticos Sobre a redução: 3) A redução total pode ocorrer também no nível da palavra (com a retirada de modificadores, adjetivos e advérbios, palavras de função fática, elementos interpessoais e algumas repetições) e no da oração (orações com carga informacional pequena), esta nem sempre aconselhável (DIAZ CINTAS; REMAEL, 2007, p. 166-170). 4) Apesar de a redução linguística ser um parâmetro comum na legendagem interlinguística para ouvintes, é um assunto controverso quando se trata de LSE (ROMERO-FRESCO, 2009; GHIA, 2012). Sobre os parâmetros da Legendagem/LSE • Parâmetros linguísticos Sobre a coerência: 1) falta de coerência em legendagem acontece devido ao cruzamento confuso de referências ou transições irregulares, levando a um estilo telegráfico do texto, sentenças mal feitas, etc. (DIAZ CINTAS; REMAEL, 2007, p. 172). Sobre os parâmetros da Legendagem/LSE • Parâmetros linguísticos Sobre a coesão: 1) é construída a partir da relação com os outros canais de informação disponíveis ao espectador, atingindo-se, assim, uma “coesão semiótica” (CHAUME, 2004) ou “coesão intersemiótica” (DIAZ-CINTAS; REMAEL, 2007). 2) quando se considera apenas os elementos escritos, temos usos de referência (uso de pronomes), escolha lexical (repetição), tempo verbal e uso de conectivos (DIAZ-CINTAS; REMAEL, 2007). 3) Gaps (vazios) entre referentes e referências podem causar problemas na compreensão do produto audiovisual caso o leitor não tenha lido parte da legenda ou se não se recorde do que havia na legenda anterior (MORAN, 2012, p. 134). Sobre os parâmetros da Legendagem/LSE • Parâmetros linguísticos Sobre a segmentação: 1) Pode ser do tipo linguística, visual e retórica (IVARSSON; CARROLL, 1998; DIAZ CINTAS; REMAEL, 2007; ARAÚJO; ASSIS, 2014). Sobre a segmentação linguística: 1) pode ocorrer tanto na divisão dos blocos de legenda ao longo do texto legendado, quanto entre linhas (também chamada de ‘line break’) (DIAZ-CINTAS; REMAEL, 2007, p. 173). 2) auxilia um processamento mais rápido do texto audiovisual legendado caso siga diretrizes linguísticas que coloquem essa divisão de texto no “mais alto nível sintático possível” (KARAMITROGLOU, 1998). Sobre os parâmetros da Legendagem/LSE • Parâmetros linguísticos Contudo, ainda é muito comum na prática da legendagem a preferência por dividir as legendas a partir da geometria (formato) das mesmas (ARAÚJO; ASSIS, 2014, p. 161-162). Formato Legendas Em forma de retângulo O guardinha me parou por causa de uma bobagem da placa que caiu! Em forma de triângulo com a linha de cima maior Um tutuzinho de feijão, um lombinho. Em forma de triângulo com a linha de cima menor [Deolinda] já imaginava, por isso fiz o tutuzinho logo hoje. Sobre os parâmetros da Legendagem/LSE • Parâmetros Técnicos Espaciais: número de linhas, posicionamento, tipo de fonte e número de caracteres por linha (cpl). Temporais: marcação e duração das legendas, sincronização, intervalo entre legendas consecutivas, velocidade da legenda e tempo de exposição das legendas (DIAZ CINTAS; REMAEL, 2007). Nº de linhas: até 2 linhas na legendagem para ouvintes, mas alguns tipos de LSE usam 3, 4 linhas (Ex: Teletexto, closed caption). Posicionamento: alinhadas à esquerda ou centralizadas na parte de baixo da tela. Nº de cpl: Na tv - até 37; no cinema e DVD – até 40; Em alguns festivais de cinema – até 43. Sobre os parâmetros da Legendagem/LSE • Parâmetros Técnicos Sobre a marcação: 1) deve levar em consideração o ritmo do filme e dos atores, as pausas e outras características prosódicas da fala original (DIAZ CINTAS; REMAEL, 2007, p. 88-89). Sobre a sincronização: 1) responsável por reforçar a coerência interna do produto audiovisual traduzido, além de auxiliar o telespectador a identificar quem está falando (DIAZ CINTAS; REMAEL, 2007, p. 90). 2) Por questões de densidade semântica do diálogo original, uma dose de assincronismo é permitida (DIAZ CINTAS; REMAEL, 2007, p. 90-91). Sobre os parâmetros da Legendagem/LSE • Parâmetros Técnicos Sobre o intervalo entre legendas: 1) sem um tempo de intervalo entre duas legendas, os olhos podem encontrar dificuldade em perceber que uma nova legenda foi inserida (DIAZ CINTAS; REMAEL , 2007, p. 92). 2) um mínimo de 2 a 3 frames de intervalo é necessário, cerca de 80 a 120 milissegundos em uma taxa de 25 frames por segundo. 3) O grupo LEAD-UECE como um todo, um padrão de 100 milissegundos de intervalo mínimo. Sobre os parâmetros da Legendagem/LSE • Parâmetros Técnicos Sobre o tempo de exposição da legenda: 1) A regra dos seis segundos: Mínimo: 1 segundo; máximo: 6 segundos (D’YDEWALLE et al., 1987). 2) O Grupo LEAD-UECE costuma adotar o tempo máximo de 4 segundos. Sobre os parâmetros da Legendagem/LSE • Parâmetros Técnicos Sobre a velocidade da legenda: 1) são três as velocidades normalmente utilizadas: 145, 160 e 180 palavras por minuto (ppm). 2) a velocidade da legenda depende da velocidade de fala dos personagens em vídeo, assim como da capacidade, digamos assim, dos leitores de lerem essa legenda de maneira confortável ou não (DIAZ-CINTAS; REMAEL, 2007, p. 95). 3) se as diferenças em termos de velocidade de leitura são distintas em grupos de ouvintes, no público surdo é ainda mais diverso devido a sua heterogeneidade em termos de constituição e posicionamento (DE LINDE; KAY, 1999). Sobre os parâmetros da Legendagem/LSE • Parâmetros Técnicos Sobre a velocidade da legenda: 1) Existem estudos que mostram vantagens no uso de legendas com uma velocidade mais baixa (e, consequentemente,enfatizando o aspecto positivo no uso de estratégias de redução linguística) (CAMBRA et al., 2009). 2) e estudos que advogam em favor de taxas de velocidade de legenda maiores (SZARKOWSKA et al., 2016). Sobre os parâmetros da Legendagem/LSE • Parâmetros Paralinguísticos (ASSIS, 2016) Sobre a identificação de falantes: 1) O surdo deve ter conhecimento de quem está falando o que em cena, ainda mais quando há várias interlocutores em tela ou quando a câmera não está focalizada em que detém o turno de fala (IVARSSON; CARROLL, 1998, p. 131). 2) Como ocorre: Na Europa (maior parte): diferentes cores para cada personagem; Portugal: cores branca (falas) e amarela (identificação dos falantes e efeitos sonoros), além da a movimentação da legenda sobre o personagem que detém o turno de fala. Brasil: uso de colchetes com os nomes dos personagens dentro. Pesquisas Exploratórias A Universidade Estadual do Ceará vem investigando os parâmetros empregados na Legendagem para Surdos e Ensurdecidos desde 2002. O estudo de Franco e Araújo (2003) teve como participantes 12 surdos de nascença do Instituto de Educação de Surdos do Ceará e 13 ouvintes. Esse estudo propôs uma análise da LSE veiculada na Rede Globo, testando, principalmente, questões relativas à sincronia fala, legenda e imagem. Pesquisas Exploratórias Os resultados mostraram que a falta de harmonia entre os três elementos em questão causou dificuldades na compreensão do filme legendado pelos participantes, o que está em acordo com o que era previsto na literatura da área (DIAZ CINTAS; REMAEL, 2007). Contudo, mesmo assim alguns surdos não entenderam o conteúdo do vídeo. Pesquisas Exploratórias Assim, um segundo estudo foi realizado (ARAÚJO, 2004b). Este consistiu de três estágios: relegendagem dos programas da Globo; reelaboração do questionário - agora com questões abertas e fechadas, diferentemente das questões de múltipla escolha que causaram um pouco de confusão entre os surdos no estudo anterior - e a pesquisa em si. Apesar de resultados melhores do que no primeiro estudo, os resultados não foram satisfatórios, pois alguns participantes entendiam o conteúdo, mas não mencionavam os detalhes ou as imagens, e vice-versa. Pesquisas Exploratórias No terceiro estudo (ARAÚJO, 2008), o foco foi uma reedição ainda maior das legendas. Nesse estudo, participaram 12 surdos vinculados ao CAS (Centro de Apoio ao Surdo), que assistiram aos mesmos programas legendados pela Rede Globo e pela equipe de legendagem, sendo a legenda desta vez baseada nos padrões de edição da legenda para ouvintes, mas com o acréscimo de informações adicionais necessárias aos surdos entre colchetes. As respostas dos surdos apontaram algumas questões sobre o formato ideal para a legenda para surdos, assim como a velocidade ideal de 145ppm: 1) a cor deve ser amarela em um fundo transparente; 2) a identificação de falantes e os efeitos sonoros devem aparecer entre colchetes; 3) a voz filtrada (voz fora da tela, vinda da televisão, por exemplo) deve estar em itálico; e 4) a linguagem utilizada deve ser o português formal. Pesquisas Exploratórias O Projeto MOLES. Dando prosseguimento a esse percurso de pesquisas exploratórias com LSE no país, um estudo nacional com 34 surdos em 4 regiões brasileiras foi realizada (ARAÚJO; NASCIMENTO, 2011; ARAÚJO, 2012; ARAÚJO et al., 2013). Hipóteses: 1) quando a velocidade da legenda é de 145ppm, os surdos conseguem entender o conteúdo do filme, bem como seus detalhes;. 2) quando a velocidade de legenda é de 160ppm, os surdos conseguem entender o conteúdo do filme, mas não os seus detalhes; 3) quando a velocidade da legenda é de 180ppm, os surdos não conseguem entender o conteúdo do filme e tampouco os detalhes; 4) quando o sistema português de legendagem é utilizado (cor branca para as falas e amarela para identificação dos falantes e efeitos sonoros, além da movimentação em tela para acompanhar o personagem que detém o turno de fala), a recepção é dificultada. Pesquisas Exploratórias Hipótese 3 - Uma vela para Dario, 8 minutos. Diretora: Soraya Ferreira Alves – 180 ppm. “Logo quando começou, ficou um pouco trêmula, a imagem. Parecia que o carro tava buzinando e o sinal de trânsito tava vermelho [inaudível] e passando o verde, continuou tremendo e foi nessa hora que começou a buzinar. E... dentro tinha umapalavra que não conhecia...Tá, eu não conheço essa palavra [A palavra era "barulho"], o resto eu consegui”. (participante surdo do Rio de Janeiro) Hipótese refutada: os surdos, de uma forma geral, tiveram uma recepção bastante satisfatória do filme que testava essa hipótese. Pesquisas Exploratórias Hipótese 4 - Águas de Romanza, 10 minutos. Diretoras: Patrícia Baía e Gláucia Soares. Sistema europeu e velocidade de 145ppm. “Por exemplo, aqui eu entendi que era a vó [sic] não entendi que era a menina. Mas não mostrava “aqui é fala da vovó” aí eu tinha que olhar a legenda e relacionar com a pessoa que estava abaixo. Não mostrava, mas outras pessoas surdas podem confundir, porque não conseguiram acompanhar, mas isso varia”. ( participante surdo do Rio de Janeiro) Hipótese refutada: os surdos tiveram uma recepção eficiente para este tipo de legendagem. O estranhamento estaria mais relacionado à falta de costume da comunidade surda brasileira com esse tipo de legendagem do que a uma impossibilidade de se utilizar esse sistema de LSE. Pesquisas Exploratórias Os resultados de Araújo (2012) sugeriram que, ao invés da velocidade da legenda e da edição linguística necessária para a adequação às velocidades da legenda (145, 160 e 180ppm), talvez o parâmetro da segmentação linguística, presente em todos filmes utilizados no estudo, fosse o responsável pelo processamento bem sucedido dos filmes legendados pelos participantes surdos. Pesquisas descritivas baseadas em corpus A Linguística de Corpus (LC) é o ramo da Linguística que trata da análise eletrônica de linguagem natural através de computadores, coletando e explorando corpora, ou conjunto de dados linguísticos textuais criteriosamente armazenados, para o estudo de uma língua ou de uma variedade linguística (BERBER SARDINHA, 2004, p. 3). O uso da Linguística de Corpus pelos Estudos da Tradução remonta ao trabalho de Baker (1993). No âmbito do grupo LEAD, o uso da LC se deu através de etiquetagem e utilização de software de análise linguística Wordsmith Tools descrição-classificação ares de análise linguística, para de problemas de segmentação linguística. Pesquisas descritivas baseadas em corpus Trabalhos realizados no âmbito do grupo utilizando essa metodologia: Chaves (2012) sobre LSE de filme em DVD; Assis (2013, 2016), Araújo e Assis (2014), Gabriel (2015) e Araújo et al. (2017) sobre LSE de telenovela; Franco (2016) sobre LSE de séries. Arraes (2015) sobre LSE de filme veiculado em TV. Os trabalhos sobre LSE na TV, de uma forma geral, apontaram um número grande de legendas com problemas de segmentação linguística, principalmente em legendas rápidas e de 3 linhas (ARAÚJO et al., 2017). Pesquisas descritivas baseadas em corpus Após a anotação do corpus com etiquetas de parâmetros técnicos e linguísticos da LSE, o arquivo está pronto para ser analisado quantitativamente pelo Wordsmith Tools 5.0 (ASSIS, 2016). Pesquisas descritivas baseadas em corpus Casos de PROSEGL no corpus (ASSIS, 2016) Pesquisas descritivas baseadas em corpus TCR No. de linhas Duraçã o Velocidade Legenda 00:06:28,754 - -> 00:06:31,555 2 2,8s 180ppm (alta) EU NÃO QUERIA TRAZER PROBLEMA PRA VOCÊS Legenda com sugestão de ressegmentação (ASSIS, 2016) Eu não queria trazer problema para vocês. Legenda com caso de PROSEGL (ASSIS, 2016) Pesquisas com rastreamento ocular A tecnologia baseada em rastreamento ocular tem sido efetiva ao dizer “[...] onde as pessoas olhando, mesmo em situações semioticamente densas, como a recepção de um filme legendado”(PEREGO, 2012, p. 7). Tendo sido utilizado por Gery D’ydewalle e parceiros (D’YDEWALLE et al., 1987) primeiramente nos anos 80, a atenção da tradução audiovisual voltou-se novamente as possibilidades do rastreamento ocular nos últimos anos. Assim, o Grupo LEAD iniciou o projeto ExLeg (Estudos Experimentais em Tradução Audiovisual para Surdos: Análise da Velocidade e da Segmentação), tendo os trabalho de Monteiro (2016) e Vieira (2016) investigando a segmentação linguística em campanhas publicitárias e documentários de TV, respectivamente. Pesquisas com rastreamento ocular Jensema et al. (2000a) apontam que a aparição das legendas transforma o processamento de um vídeo de um processo de visualização para, principalmente, um processo de leitura (hipótese da automaticidade). Mapa de calor da mesma cena vista sem e com legenda (KRUGER et al. 2015, p. 4) http://refractory.unimelb.edu.au/wp-content/uploads/2015/02/3-Kruger.png http://refractory.unimelb.edu.au/wp-content/uploads/2015/02/3-Kruger.png Pesquisas com rastreamento ocular O acompanhamento da movimentação ocular de legendas pressupõe uma inspeção manual das fixações. No caso do Tobii Studio, isso pode ser feito através da ferramentaGazePlot. GazePlot durante inspeção da movimentação do olhar Pesquisas com rastreamento ocular D’ydewalle et al. (1987) – estudo basilar da área sobre a ‘regra dos seis segundos’ e número de linhas. Verfaillie e D’ydewalle (1987) – estudo sobre o uso de interpretação de língua de sinais e legendas por pessoas surdas. De Linde e Kay (1999) – estudo sobre vários parâmetros de legendagem, dentre eles o de velocidade da legenda, com participantes surdos, ensurdecidos e ouvintes. Pesquisas com rastreamento ocular Pesquisas com rastreamento ocular e legendagem na UECE Vieira (2016) – estudo sobre a influência da segmentação linguística e velocidade no processamento de legendas de um documentário televisivo por surdos e ouvintes. Monteiro (2016) – estudo sobre a influência da segmentação linguística e velocidade no processamento de legendas de propagandas políticas por surdos e ouvintes. Assis (em andamento) - estudo sobre a influência da do número de linhas (1 ou 2) e velocidade no processamento de legendas de filme. Proposta de Relegendagem (ASSIS, 2016) Parâmetros Paralinguísticos (identificação dos falantes) Proposta de Relegendagem (ASSIS, 2016) Relegendagem dos parâmetros técnicos e linguísticos TCR Duraçã o N° de caracteres Velocidad e da legenda Legenda 00:31:56,380 --> 00:32:03,185 6,8s 62c 9,1cps (baixa) E AÍ, ELE PASSOU POR AQUELA EXPERIÊNCIA DE QUASE MORTE... A EQM. TCR Duração N° de caracteres Velocidade da legenda Legenda 00:05:02,125 -- > 00:05:05,254 3,1s 52c 16,7cps (média) E aí ele passou por uma experiência de quase morte... 00:05:05,454 -- > 00:05:06,651 1,2s 6c 5cps (baixa) A EQM. Trecho da LSE de partida com problema de segmentação retórica Proposta de relegendagem de LSE com problema de segmentação retórica Proposta de Relegendagem (ASSIS, 2016) Relegendagem dos parâmetros técnicos e linguísticos Exemplo de redução/condensação na proposta de relegendagem Exemplo de redução/condensação na proposta de relegendagem TCR N° de caracteres Velocidade da legenda Legenda 3,9s 74c 19cps (alta) [JULINHO] QUE É ISSO? NÃO FOI ISSO DAQUI QUE A GENTE COMBINOU, NÃO, BROTHER! 3,9s 55c 14,1cps (baixa) [Julinho] Que é isso? Esse não foi o combinado, brother! TCR N° de caracteres Velocidade da legenda Legenda 3,8s 84c 22,1cps (alta) O QUÊ QUE VOCE ACHA DE VOLTAR A CUIDAR DE BÚFALOS NUMA FAZENDA AQUI NO RIO DE JANEIRO? 3,8s 59c 15,5cps (baixa) Que tal voltar a cuidar de búfalos numa fazendo aqui no Rio? Proposta de Relegendagem (ASSIS, 2016) Relegendagem dos parâmetros técnicos e linguísticos LSE de partida com problemas técnicos e linguísticos e a proposta de relegendagem TCR N° de caracteres Velocidade da legenda Legenda 4,7s 79c 16,8cps (média) [GABRIEL] NÃO, FILHA, COINCIDENTEMENTE, EU ACABEI DE LER UMA REPORTAGEM, ENFIM... 3,9s 58c 14,8cps (baixa) Filha, coincidentemente, eu acabei de ler uma reportagem... Considerações Finais O processo tradutório da legendagem não deve ser visto como algo prescritivo, mas que abarca determinados parâmetros que devem ser apropriados pelo tradutor quando se está legendando, ao mesmo tempo em que há espaço para as idiossincrasias do legendista. Os parâmetros da tradução audiovisual (legendagem inclusa), teoricamente, são estabelecidos pelos leitores a partir da sua capacidade de recodificar a informação presente nos vários canais de informação que compõe a compõem (MORAN, 2012, p. 184). [...] se um leitor não consegue processar a legenda durante o seu tempo de exposição, o conteúdo e a qualidade da legenda são irrelevantes” (MORAN, 2012, p. 184). Considerações Finais Sendo assim, os caminhos das pesquisas em TAV no âmbito do Grupo LEAD apontam para o uso do rastreamento ocular no estudo de outros parâmetros da legendagem, como o número de linhas, caracteres por linhas, redução, etc. Referências Bibliográficas ARAÚJO, V. L. S. Closed subtitling in Brazil. In: Topics in audiovisual translation. Amsterdam: John Benjamins Publishing Company,, v.1, p. 199-212, 2004. ARAÚJO, V. L. S. Por um modelo de legendagem para Surdos no Brasil. In VERAS, V. (org.). 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Disponível em: http://www.uece.br/posla/dmdocuments/Disserta%C3%A7%C3%A3o_%C3%8Dtalo%20Alves.pdf.pdf. ARRAES, D. A. Legendagem para surdos e ensurdecidos: análise baseada em corpus da segmentação linguística do filme “Virada Radical”. 70 f. 2015. Monografia (Bacharelado em Letras Inglês) – Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza, 2015. BAKER, M. Corpus Linguistics and Translation Studies: Implications and Applications. In: Baker, M.; Francis, G.; Tognini - Bonelli, E. (orgs.). Text and technology: In honour of John Sinclair. Philadelphia, Amsterdam: John Benjamins, p. 233- 250, 1993 CAMBRA,C. et al. Comprehension of television messages by deaf students at various stages of education. In: American Annals of the Deaf, 153(5), p. 425–434, 2009. https://doi.org/10.1590/010318138649264276381 Referências Bibliográficas CHAVES, É. G. Legendagem para Surdos e Ensurdecidos: um Estudo Baseado em Corpus da segmentação nas legendas de filmes brasileiros em DVD. 100f. 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